sábado, 20 de dezembro de 2008

MARISA E WELITON

Filho coloca um rock. Arruma a sua cama. Ajeita as bagunças do seu quarto. Tenta deixar o ambiente agradável. Acende um incenso. Examina cada canto. Ouve batidas na porta. Abre. É a sua mãe. Deixa – a entrar.


MÃE – (invade o quarto) Não tenho muito tempo. Termina logo com esse mistério.
FILHO – (aponta a cama) Senta aqui, mãe.
MÃE – (olha ao redor) Nossa, vou pegar a filmadora pra registrar isso aqui. Nunca vi esse quarto tão arrumado e cheiroso. Realmente tá com cara de quarto.
FILHO – Eu só mexi numas coisas.
MÃE – Olha, você não sabe o quanto eu queria que você mexesse em algumas coisas de vez em quando.
FILHO – Tá legal, mas senta aqui, mãe.
MÃE – É sério, você já tá com 22 anos, devia se acostumar a manter seu quarto assim. Sabia que o jeito que cuidamos de nosso quarto demonstra a forma como encaramos a nossa vida? Já perdi as contas de quanto eu já repeti isso pra você.
FILHO – Dá um tempo, mãe, eu que te chamei pra conversar. Abandona um pouco os seus interesses e me ouve.
MÃE – Tá bom, mas vê se não demora que eu tô esperando visita.
FILHO - Papai não chega hoje?
MÃE – Não, ligou agora a pouco avisando que perdeu o vôo e vai ficar mais um dia em Manaus.
FILHO – Agora eu entendi a sua pressa...
MÃE – Vai me recriminar agora, é? Você tá careca de saber que ele não perdeu vôo nenhum. Vai é ficar com aquela vadia... (recalcada) e HO - iminar.
ca pra um moleque com a cara do teu pai te chamo de irm se vade. nrsque se diz atriz! Ela tá é arrancando o dinheiro do seu pai. Não demora muito, você vai tá atendendo a porta pra um moleque parasita te chamando de irmão. Aí eu quero ver você me recriminar.
FILHO – Se você fosse menos exigente, talvez papai não sentisse necessidade de buscar outros corpos lá fora.
MÃE – E o que tem de errado com esse corpinho aqui? Fique sabendo que eu tô dando banho em muita garotinha por aí. E vem cá, agora eu é que sou a culpada? Só me faltava essa. Vou te dizer uma coisa, o seu pai sempre foi assim, desde a época de namoro. Os homens são assim. Não convivem bem com a monogamia, sei lá, já faz parte deles, entende? Que culpa tenho eu de exigir mais atenção, mas olha, nada que seja demais, o suficiente pra eu me sentir importante e necessária uma vez na vida!
FILHO – Você às vezes sufoca.
MÃE – Pera aí, que discurso é esse? Então quer dizer que você concorda com a postura do seu pai?
FILHO – Não é isso, mãe...
MÃE – Não é isso o quê? Você aprova a atitude do seu pai sim, lógico, é um homem. Você pensa igual a ele. Mesmo com toda essa aparência liberal, você no fundo é conservador. E torce por ele.
FILHO – Que conservador, mãe, não é nada disso, eu só acho que as pessoas tem o direito de serem felizes, e que todos deveriam respeitar as decisões dos outros.
MÃE – Então respeite a minha. Ele sai e eu abro a porta pra felicidade. Mereço um pouco também. Mas como você mesmo disse, eu não vim aqui pra falar de mim. Desembucha logo, que assunto importante é esse que você tá a semana inteira me preparando?
FILHO – Calma, o papo tá bom. Sabia que a senhora pouco entra aqui.
MÃE – Mas não tem nenhuma novidade aqui, eu comprei tudo, a única coisa que me surpreendeu foi a arrumação. Parece até que passou uma empregada por aqui.
FILHO – Eu já tô afim de falar com a senhora faz tempo...
MÃE – Tá, mas não me vem com esse discurso de filho carente, que eu não apareço, você sabe, nós não te educamos assim.
FILHO – Fica quieta, mãe, deixa eu falar agora. Nossa, você fala muito!
MÃE – Tá bom, calma, eu sou toda ouvidos.
FILHO – Então, eu já tô com 22 anos, como a senhora mesma disse. Já sou responsável pelas minhas escolhas e...a senhora sabe, nem tudo que a gente escolhe ser, viver, experimentar, as pessoas lá fora aceitam, não é verdade?
MÃE – Você tá dizendo...
FILHO – Mas é mesmo. Veja o seu caso, por exemplo, a senhora tem um amante. A sociedade recrimina isso, mas a senhora não tá nem aí, quer dizer, tá. É, porque senão, não ficaria às escondidas.
MÃE – Tá...continua...
FILHO – Olha, mãe, não pense que eu sou contra a sua decisão. Eu posso não demonstrar, mas eu aceito a sua opção. Tá certa, é isso mesmo, tá infeliz? Então precisa mudar. Confesso que eu queria que você e o papai se dessem bem, mas fazer o quê? A vida nos apresenta cada surpresa, não é mesmo?
MÃE – Eu não faço isso por vingança. Eu sinto falta mesmo. Não de um rosto específico, seu pai foi uma surpresa na minha vida, como poderia ter sido com qualquer um. Eu não consigo é conviver com aquela sensação de não ser desejada. Toda mulher precisa disso. Os homens não entendem, não precisa nem de amor, isso é coisa de cinema, é invenção, nós sentimos falta mesmo é de sermos desejadas. Todas as mulheres só querem isso. Mas vocês não entendem...
FILHO – Entendo sim, mãe, eu também sou assim. Eu preciso ser desejado, eu preciso perceber que sou importante, sabe? Que a minha presença desestabiliza alguém completamente seguro de si. E eu queria falar contigo sobre isso. Sobre o que eu sinto há anos. Sobre o que eu não compreendo porque sinto, e que eu não me preocupo nem um pouco porque eu sinto isso. Eu já fiquei muito confuso, mas agora resolvi dar um basta a toda essa confusão.
MÃE – Pra isso me chamou aqui?
FILHO – Isso mesmo, eu não agüentava mais esconder isso da senhora. Não que eu esteja buscando aprovação, não sei, vai ver até que é, mas o que mais me tá claro é que eu preciso de um aliado dentro da minha casa. Eu não queria achar importante a opinião de alguém daqui, mas porra, eu acho, que merda! Seria tão mais fácil ligar o botão do foda-se e viver a vida do jeito que eu quisesse, mas não, essa bosta dessa necessidade de falar, de obter aprovação. Eu não queria ser assim, mãe, eu juro que eu queria não me importar pra o que você pensa sobre mim.
MÃE – São os laços que nos unem, eu também nunca gostei disso. Cansei de tomar atitudes contrárias aos meus valores só pra não contrariar os valores dos meus pais.
FILHO – É isso, assim mesmo que me sinto! Nossa que alívio. Ô, mãe, que bom que a senhora entende, eu pensei que fosse mais difícil, mas a senhora é cabeça mesmo. Obrigado.
MÃE – Tá legal...e então?
FILHO – Então o quê?
MÃE – Não foi pra isso que você me chamou até aqui, foi?
FILHO – (nervoso) Não, quer dizer, mas faz parte...é tudo uma coisa só...se a sua reação foi legal com essa parte teórica, tenho certeza que na prática se eu falar pra senhora que eu adoro meninos, pôxa, a senhora vai entender numa boa, não é mesmo?
(Pausa)
FILHO – A senhora quer um cigarro?
MÃE – Parei faz uma semana...
FILHO – Ei, e isso aqui? (apanha dentro do criado-mudo uma garrafinha de uísque)
MÃE – (arranca a garrafinha das mãos dele e dá logo uma golada) Acho uma boa hora.
FILHO – Olha, mãe, não precisa falar nada agora e nem nunca...fique à vontade pra ser você.
MÃE – Se eu fizer isso você não sai vivo deste quarto.
(Pausa)
MÃE – Acho que acabamos. (levanta-se para sair do quarto).
FILHO – (segura a mãe) Pera aí, mãe, não sai assim, vamos conversar...
MÃE – De que adianta, você me parece bem decidido, mas não me venha pedir que eu aceite isso, que você sabe muito bem que eu não aceito. Um filho viado, era só o que faltava na minha vida.
FILHO – Viado, não!
MÃE – Viadinho sim! Qual é?
FILHO – Eu nunca pensei que.. você fosse ter uma reação como essa, que decepção.
MÃE – Decepção? Vai te à merda! Meu filho diz que adora um macho e você é que se dá o direito de se decepcionar? Mas não mesmo.
FILHO – Você me enganou direitinho, toda liberal, amamentando um amante dentro da nossa casa, jogando pro alto o casamento na maior, nossa, quanta contradição.
MÃE – Olha, a minha vida não está em cheque aqui. Não fui eu que te procurei pra falar das minhas obsessões. O que eu faço ou o que eu deixo de fazer não te interessa. Vai pagar umas contas aqui de casa pra depois vir me dar espôrro.
FILHO – É mesmo é? Então agora é assim, me coloca no mundo sem me consultar e depois me sufoca com um monte de cobranças? Nada disso, mãe, esse peso a senhora vai ter que carregar comigo. Não foi a senhora mesma que disse que não escolhemos família? Então, essa barra eu não vou segurar sozinho. Percebeu?
MÃE – Não quero nem saber, isso é assunto pra teu pai. Se você fosse uma menina, na certa ele iria te empurrar pra cima de mim. Vai lá procurar aquele filho da puta, e aproveita e diz pra ele que eu não tô nem um pouco com saudade.
(Pausa)
FILHO – Vocês nunca pararam nem um instante pra me ouvir. Me lembro que as poucas vezes que experimentei a atenção de vocês, senti a ausência de suas almas. Vocês estavam ali, de corpo, mas o pensamento não conseguia abandonar suas necessidades. Vocês sempre foram muito egoístas, acredita que quando eu tinha meus 17 anos, cheguei a pensar que eu era filho adotado? Mãe, vocês nem perceberam que eu cresci, que eu sou alguém com vontades. Olha, embora eu queira tanto dividir isso contigo, e que essa dependência me deixa puto, tô preparado pra não te ouvir mais. Eu sei que a gente não vai mais falar nesse assunto, e que a senhora vai fingir que nada aconteceu. Não me importo em te ver brincando de realidade pela casa. Nisso somos iguais. Nem eu e nem a senhora somos pessoas de agüentarmos a convivência com um calo desgraçado apertando o nosso pé. Fingimos que ele não existe.
(Pausa. Mãe abre a porta).
MÃE – Vou preparar o teu lanche. Liga pra Flavinha vir lanchar contigo. Ela arrasta uma asa pro teu lado.
(Filho pega o fone de ouvido, coloca no seu rádio e se deita na cama. Mãe sai).







O QUE CRISTO TERIA DITO?



como é que a prática leva à perfeição se perfeição catolicamente falando é um desejo obssessivo inatingível?
o que Cristo teria dito?
vai pensando...








DEVAGAR TAMBÉM É PRESSA



não dá pra passar a vida toda contando as perdas
não posso me dar ao luxo de ostentar este tempo
o relógio marca outro horário
legitimado pela sociedade
mas em hipótese alguma tudo aquilo que cheire real







sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

JOGO RÁPIDO


Esse ano eu insisti muito com as pessoas sobre a importância que tem a ferramenta internet. Nos movimentos ela é essencial. E o Teatro é um movimento. Trabalhamos com cultura, não dá pra perdermos tempo. Não somos os tipos que usam cartas escritas à mão na sua comunicação com o que tá do outro lado. Isso a gente faz em cena. Fazer teatro é urgente. Um desejo urgente, quase fisiológico. Não posso pensar de outro jeito. Ou eu me conecto com o mundo o mais rápido possível, ou então eu vou fazer psicodrama medival em pleno 2009. Um realismo exagerado e completamente ultrapassado. Olha como a internet é foda de boa, eu nem preciso me alongar muito por aqui. Já escrevi o necessário, mais, seria muita pretensão da mina parte. Completamente ilustrativo. Demais.
Duplo sentido. Só isso.






2008 SE FOI...



Achei que tava acostumado com as supresas da vida. Mas me enganei. O pior que não sou marinheiro de primeira viagem. Por pior que fosse a minha situação, eu sempre alimentava obssessivamente a certeza da virada. Não se trata de questões filosóficas. É pura matemática. Se eu não atravessar a rua nunca passo pro outro lado. E é por aí. Não vou ficar de rodeios como faço todo fim de ano. Minha avaliação é a apreciação da minha liberdade.








quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

FIM DAS FICHAS




cada vez sem reação
é um soco no estômago
tudo isso sem o menor jeito pra entender
o esquisito é o inesperado
o acaso é programado
um instante sem noção
um grito
um pedido de socorro
incompreensão
um susto dentro de um monte de palavras desarrumadas
conferir a hora que acalmou dentro do peito
virar o copo até revelar o fundo
velar o desejo
castigar as vontades
esconder-se bem mais que meio-dia










terça-feira, 16 de dezembro de 2008

NO OLHO DO FURACÃO

eu escrevo o que eu não digo
o que eu não posso falar
porque não posso falar
eu rabisco os meus delitos
porque não posso berrar
não posso berrar mas escrevo sem parar
inquietantemente inquieto
sem nem pensar em enfeitar meu verso
sem parar sem berrar sem falar nem pensar
nem pensar em reprimir o pensamento
fortalecer
distante
no olho do furacão








O QUE NÃO FOI



o certo é que nada tá certo
o engano existe para nos desculpar
de tudo aquilo que não foi
e que nem tem tanto peso assim
o excesso de sofrimento pelo que não aconteceu
acabou por esconder uma derrapada que nunca aconteceu
e se aconteceu algo tão diferente e sem nexo algum
aconteceu
foda-se
vou viajar na realidade que nunca existiu
vou apostar as fichas na imagem que não chegou a ser construída
vou ficar à espreita
esperar o seu bote fatal








domingo, 14 de dezembro de 2008

QUE DIA É HOJE?

Esses dias esqueci o aniversário de meu pai.
Minha mãe me odiou.
Julgou toda uma vida em uma ridícula data.
Não é uma pessoa globalizada.
Dei um desconto.
O que mais me perturba nessa história
É a indiferença de meu pai cinco dias depois.
Aceitou as desculpas sem resmungar.
A dor sabe representar bem seu papel.








AO ACASO




por mais que se tente fingir os resultados da vida
nada se assemelha ao acaso
a surpresa de mais um dia
sem a menor noção do que irá acontecer
sempre o vácuo
o imenso buraco sem fim






UM SURTO



nos pés descalços e molhados de suor noturno
da sombra do abajur do lado
que é objeto e companhia
do solitário onanismo sem rosto
apenas mecanizado
um alívio na tempestade de desejos e tesões sem mágoas
um estalo bem dentro e bem forte
um espasmo descontrolado e sem nenhuma preocupação
mais um segundo se foi








OS RESTOS DO QUE NÃO EXISTIU

Nunca quis entrar em detalhes com os seus sentimentos, sempre ignorou a possibilidade de aproximação. Mas não podia imainar que as coisas fugissem ao controle. Acordou muito cedo para um domingo qualquer, preparou seu altar sagrado e acendeu 12 velas vermelhas. Não queria ter que fazer tudo novamente. Empurrou um café amargo e requentado. Beliscou um pedaço de pão. Agarrou sua garrafa. Só queria que o tempo passasse com mais dignidade. Refez toda a trajetória do pensamento equivocado e não sentiu culpa. A corda também pesa para o outro lado. Ficou tranquilo. A vida não o surpreendia mais. Ligou o computador na garagem. Escreveu sem parar. Riu sozinho da situação deturpada.








sábado, 13 de dezembro de 2008

O ANO QUEM VEM PROMETE



Caminhamos para a segunda quinzena de dezembro e amanhã a FETEARR fará uma reunião de avaliação de 2008 e planejamento de 2009. É muito importante começarmos o próximo ano sabendo o qu e virá pela frente. O ano de 2008 foi muito rico para a Federação de Teatro de Roraima, se eu não me engano tivemos uns oito espetáculos ao longo deste ano e tudo indica que em 2009 iremos ultrapassar esta marca. Para o estado de Roraima isto é muita coisa. O momento atual está favorável ao teatro. O poder público passa a se importar e até já investe mais do que em outros anos, as instituições e empresários locais também estão antenados de que alguma coisa diferente está acontecendo por aqui. A hora é essa e quem bobear vai ficar para trás. Acredito que o ano de 2009 vai ser um divisor de águas. Vai ser o ano em que as pessoas irão mais ao teatro em Roraima, vão falar mais de teatro por aqui e muita gente nova vai surgir no pedaço. Aposto nisso de verdade.






quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

ESCREVER É BOM PRA CARALHO.



Escrever é bom pra caralho. Algo com um gosto de pizza de calabresa no meio da fome nervosa, o cheiro do mato queimado, o calor do brasão, o brilho da noite nos olhos dos solitários, o grito estridente perfeito do recém-nascido na vala, o cogumelo no esterco molhado de orvalho do resto que não foi, a onda perfeita, o tubo cinematográfico, apoteótico, escrever não deve ser muito diferente disso. Um mergulho no vazio, um tsunami sem direção, um beijo clichê de novela, um estereótipo simpático, um assalto, o instante precedido da morte, mas nunca o final. Escrever é bom pra caralho.






domingo, 7 de dezembro de 2008

MUDA CONSELHO!



Meu caro jornalista Edersen Lima, não te conheço mas já sou seu fã. Muito boa a lista do conselhão. Não resisti e resolvi copiar e colar a mesma por aqui. Então, com a sua licença...


Lista do Conselhão
por Edersen Lima

Como prometido, a coluna publica lista do Conselhão Mamão (com açúcar), que há 12 anos promove a "tar de curtura" em Roraima. Cabe reconhecer que alguns membros até têm méritos, porém, 12 anos, já deu para dar a sua contribuição e agora deixar que as coisas se renovem. Já outros membros estão lá por puro apadrinhamento. Não têm noção da importância do setor:

LAUCIDES OLIVEIRA
- Nome inquestionável, pelo trabalho e contribuição à Cultura do estado, mas já podendo se aposentar, abrindo vaga para outros expoentes na área , com mais fôlego para atuar e intervir na produção cultural do estado; O Governo, por seus préstimos, deveria dar-lhe uma cadeira honorífica, deixando vaga para outro;
HELENA FIORETTI - Técnica de valorosos conhecimentos, única realmente na ativa e com projetos significativos na área cultural para o estado à frente do Museu Integrado. Conhece os mecanismos e todos os meandros da área de Cultura e o caminho das pedras, quando o assunto é buscar parcerias. Mas não divide seus conhecimentos e termina prejudicando o processo;
ANÍSIO FERNANDES - Artista-plástico de fim de semana e que nunca se firmou no mercado. Depois que entrou para o Conselho nunca mais pintou açlgo se se pussa chamar de arte. Não se conhece dele nenhum trabalho realmente significativo para a cultura do estado. Parece estar ali mais por ser o marido da Dra. Glair Menezes do que por mérito próprio.
ZIGOMAR MAIA - Outro artista que, depois que virou conselheiro fez do Conselho profissão e abandonou a música. Nunca mais se ouviu falar ou cantar ou compor. O Fêmur esteve aí nada do Zigo. Está mais do que na hora de ser substituído. Assim como ele, existem vários outros músicos que poderiam estar ali contribuindo;
AUGUSTO CARDOSO - Nome fulgurante nas artes plásticas de Roraima, além de conselheiro todo mês vende um ou dois quadros para o Governo. Faz o gênero em cima do muro e jamais opinaria de forma significativa em favor da Cultura, se isso fosse contra os seus mecenas. Se já articula no Governo por outros lados, poderia abrir mão da vaga para outro artista plástico.
MEIRE SARAIVA - Técnica do Departamento de Cultura há anos. Ao que se sabe, sua única credencial para estar no Conselho.
DALVA HONORATO - Da área da Educação, também das antigas. Dizem que também é música, mas nunca se ouviu ou se expressou publicamente ou, melhor dizendo, artisticamente.
WALNIRO SOUSA - Também artista plástico de antigos pincéis. Fez relativo sucesso e andou vivendo da arte até.... fazer do Conselhão, profissão. Nunca mais fez exposição nem se viu obra sua. Tem como respaldo capa preta na família.
SHIRLEY RODRIGUES - Jornalista cujo trabalho na área de cultura é um livro... sobre a cultura dos índios Pemons, da Venezuela! No mais, é outra em cima do muro ou sempre do lado mais forte. Usa a sua página para divulgar a cultura - mas isso é cultura? -. Este ano se notabilizou fazendo destacada campanha durante a campanha eleitoral contra a pedofilia no estado, assunto esse que ainda hoje bate com veemência. Poderia dar mais brilho ao Conselho Tutelar da Infância, lá deve ter jeton, também.







CHURRASCO NA SEDE DA CIA. DO LAVRADO

Tudo calmo. Ontem foi a última apresentação do espetáculo Homens, Santos e Desertores, de Mário Bortolotto. O público compareceu e foi uma apresentação tranquila. Para encerrar as atividades da Cia. do Lavrado, vamos fazer um churrasco lá na nossa sede. Um churrasco com faxina. Isso mesmo, vamos fazer uma faxina geral na nossa sala. Tá uma bagunça federal. Ainda não marcamos a data, mas depois coloco aqui e quem quiser aparecer pra ajudar na faxina e comer um churrasco, será muito bem vindo. É só levar um pedaço de carne e algo pra beber, lógico.







sábado, 6 de dezembro de 2008

ÚLTIMO DIA

Hoje é o último dia de apresentação do espetáculo Homens, Santos e Desertores, de Mário Bortolotto. Nem me lembro quantas apresentações nós fizemos, só sei que compramos os direitos de oito apresentações, mas acho que com essa de hoje chegaremos a nove. Acredito que o autor não ficará zangado se fizermos uma a mais do combinado. Não foi de propósito, nos atrapalhamos mesmo. Queremos muito apresentar de novo no próximo ano, mas ainda não fizemos contato com o autor, que é um cara de teatro, trabalha pra caralho e quase não tem tempo de trocar essas idéias. Mas faremos a proposta de realizarmos em 2009 mais oito apresentações. Se ele concordar, ganhamos todos.
Quem ainda não assistiu, apareça hoje às 20h no centro de Cidadania Nós Existimos. Eu estive em São Paulo e assisti a mesma montagem, mas com o autor em cena. Foi foda de boa. Os caras mandam muito bem, mas olha, nossa montagem não está igual, e nunca ficará, lógico, não é por nada não, mas o nosso trabalho tá bem legal. E vale a pena assistir. Vamos gravar hoje para mandar para o Mário Bortolotto. É por isso também que passamos das oito combinadas. É isso, apareçam.







sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

TÁ NA HORA DE MUDAR



Muito boa a sacada do jornalista do Fonte Brasil. Aquela turma precisa se mandar de lá o mais rápido possível. A cultura sofre com aquele time de incompetentes e desinformados.







terça-feira, 2 de dezembro de 2008

FALSOS MORALISTAS

Quando eu estava de partida pro Rio, recebi um telefonema do Departamento de Cultura, na verdade da consultoria da Secretaria de Educação. O cara disse que queria falar comigo sobre o meu projeto da peça de teatro. Eu mandei pra lei de incentivo do estado o texto Apenas um Blues e uma parede pichada. Pedi pra Tati visitar o cara e saber do que se tratava. Hoje fiquei sabendo que eles não querem aprovar o meu projeto. Até aí tudo bem, perguntei a razão e fui surpreendido com uma bomba. Eles sugeriram que eu mudasse o meu texto pra se adequar à eles. O cara disse que não iria ficar bem falar de droga nas escolas. Agora me diz, só porque a personagem conta a sua experiência com drogas e detalhe, ela não usa mais, eu vou ter que mudar o meu texto? No cú deles. Não aprova porra nenhuma então. Moralistas de merda, isso sim é que eles são. Já vi que esse texto vai dar o que falar em 2009. E sem motivo. Tem tanto adolescente usando e experimentando drogas nas escolas, que uma discussão como essa eu acho muito rica. Vejam bem, o texto não motiva em nenhum momento ao jovem usar drogas. E fala de suicídio. E daí? A molecada tá se matando mesmo! E a comunidade roraimense não tá nem aí pra essa tragédia. O índice de suicídio entre jovens em Roraima é o mais alto do Brasil. E eu tenho matéria da Folha de Boa Vista pra provar isso. Bom, o que eu vou esperar de uma sociedade em que até a classe artística é extremamente conservadora, o que dirá dos caras que avaliam os projetos. O Conselho de Cultura não tem ninguém do teatro. Nada contra idosos, mas tem gente lá que já devia estar em casa, na sombra e na rede. Tá na hora de exigirmos uma cadeira no Conselho de Cultura, uma cadeira pra um representante do teatro. Tá na hora de abrir a mente desse povo. O que me deixa feliz e tranquilo é que esse texto mesmo sem a lei de incentivo do estado vai entrar em cartaz em 2009. A grana já existe, afinal esse mesmo projeto ganhou um prêmio da FUNARTE - Fundação Nacional de Artes e é até engraçado, o prêmio veio de fora do estado. Com certeza esses caras que avaliam projetos em Roraima estão completamente por fora do que acontece no resto do Brasil. Às vezes, Roraima parece até LOST. A diferença é que na série LOST não existe internet na praia.






SAUDADES


Ontem fui visitar a minha escola de teatro. Para a minha sorte estava rolando um espetáculo de término de período. Assisti A GAIVOTA, de Anton Tchekhov. Gostei muito do que vi. Pude perceber que a CAL, Casa das Artes de Laranjeiras, ainda é um dos melhores lugares para se aprender teatro. Vem gente do Brasil todo pra estudar lá. Queria ter tirado umas fotos, aliás, eu fui na escola com esta intenção, não tinha nem passado pela minha cabeça que haveria um espetáculo para eu assistir. Acabei que esqueci a máquina e de lambuja ganhei um puta espetáculo.
Hoje fui almoçar com um grande amigo, Paulo César de Oliveira, em Ipanema. O cara simplesmente é uma referência na minha vida profissional. Ele e uma outra diretora, Ticiana Studart, foram na verdade as pessoas que eu consegui fazer uma leitura simples do teatro que eu queria fazer. Se hoje eu busco viver de teatro todos os santos dias, foi graças a presença desses dois profissionais que eu tive a certeza do que eu iria fazer pro resto da minha vida.
Depois fui à praia. Ano passado peguei só chuva no Rio e este ano dei mais sorte. Hoje fez um baita de um sol e consegui dar um mergulho no fim do dia. Bom, agora vou ao cinema. Amanhã bem cedo eu embarco de volta e quero aproveitar a Cidade Maravilhosa até o último instante. Mas quer saber? Não tenho a menor vontade de voltar a morar no Rio. O Rio é lindo, mas Boa Vista é foda de bom.






segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

TEATRO DO OPRIMIDO



Nos dias 28, 29 e 30/11 a Cia. do Lavrado esteve presente no Centro de Teatro do Oprimido, no Rio de Janeiro. Os atores Marcelo Perez e Renildo Araújo participaram do Módulo I da oficina que é ministrada pelos Curingas do CTO-RIO. Foram três dias de experimentações, vivências e muitas trocas riquíssimas para o teatro de Roraima.

O formato da oficina proporcionou aos atores da Cia. do Lavrado participarem do processo de montagem de uma cena de Teatro Fórum, uma das técnicas do Teatro do Oprimido, em que o público diante de um conflito real tem a oportunidade de sugerir alternativas para a resolução do conflito. O espect-ator, como eles chamam, sai da condição de platéia e passa a experimentar em cena o que mais tarde pode ser utilizado na vida real.

A Cia. do Lavrado desde 2006 experimenta as técnicas criadas pelo teatrólogo Augusto Boal, criador do teatro do Oprimido, no seu trabalho de prevenção às DST/HIV/AIds. O espetáculo Quem disse que a decisão deve ser dele? é baseado nesta metodologia. Este espetáculo já foi apresentado nas penitenciárias masculina e feminina, postos de saúde, instituições de ensino, abrigos, projetos sociais da prefeitura de Boa Vista, maternidade, hospitais, Faculdades, na UFRR e pelas ruas e praças de Boa Vista.

A idéia da Cia. do Lavrado é desenvolver cada vez mais esta linguagem dentro do seu trabalho de prevenção, por isso a ida de dois integrantes para a oficina do CTO-RIO. Sabemos das dificuldades encontradas no que diz respeito a capacitação na área de teatro em Boa Vista e acreditamos ser de extrema importância e urgência a participação de integrantes de grupos de teatro em oficinas fora do estado de Roraima.


CTO - RIO / TEATRO DO OPRIMIDO
Tel: 021 2232 - 5826






quarta-feira, 26 de novembro de 2008

AO AMIGO PALHAÇO ANDRÉ GARCIA



Abriu a janela. Colocou a prancha pro lado de fora. Desligou a tv e se jogou num mergulho infinito. Um salto ornamental. A vizinha depressiva da esquerda descansava o gordo corpo e vigiava o movimento lá embaixo. O corpo de um rapaz magrelo cruzou seu campo de visão como uma bala disparada. Ela apenas riu. Desesperada. Foi à cozinha e apanhou atrás da geladeira uma grande prancha. Colocou a prancha pro lado de fora. Desligou a tv e se jogou num mergulho infinito. Esse dia ficou conhecido como o Dia do Salto. O dia em que toda a vizinhança se tocou de que precisavam mudar. Foi o salto pra uma nova história.








PARABÉNS GEORGE FARIAS

Hoje tem aniversário do cantor George Farias. Um amigo que canta muito. E toca também. Muito. Os amigos vão se reunir lá na Esquina Cultural, do Evandro, no centro. Vai ser muito bacana. Eu acho que vou pra lá. Depois da reunião que vou ter sobre a Federação, a FETEARR. É isso. Nem sei se é festa fechada, mas acho também que é só chegar e pagar o que consumir. E dá um abraço no aniversariante, é claro.






segunda-feira, 24 de novembro de 2008

CORRERIA

Ei, pessoal, tô ausente do blog por causa da Universidade. Final de semestre é sempre a mesma correria. Torço pra que chegue logo Dezembro, lá pelo dia 10 eu volto a escrever todos os dias. Por enquanto, tá rolando o Seminário do Plano Nacional de Cultura, lá no Palácio da Cultura. Não posso falar muito sobre o evento, pois hoje pela manhã foi só blá-blá-blá. Na parte da tarde fui pra federal. Amanhã é o último dia, infelizmente não vou participar. Talvez viaje para o Rio de Janeiro no fim de semana e preciso deixar todos os trabalhos prontos da federal. É a penúltima semana de aula.
É isso. Vou estudar.






terça-feira, 18 de novembro de 2008

ENCONTRO DA REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA EM SÃO PAULO

O Amir Haddad entre seus seguidores.
Foto: Um linda mulher que passava por ali...

Este final de semana (14, 15 e 16/11) em São Paulo foi muito rico em vários aspectos. Desde o início da semana passada estava acontecendo a 3ª Mostra de Teatro de Rua de São Paulo. Quanta experiência bacana eu pude presenciar. Os caras conseguiram reunir através da internet, do grupo de discussão, uns 100 artistas de teatro de rua. O circo também tava presente.

Como em toda Mostra ou Festival, sempre tem alguma atividade extra. E a reunião da Rede Brasileira de Teatro de Rua – RBTR aconteceu nos três últimos dias da Mostra. Os grupos que participavam da Mostra se juntaram a nós e ficou muita gente discutindo política cultural e teatro de rua.

Fiquei muito impressionado com o poder de articulação da Rede que faço parte hoje. A RBTR tem uma existência recente e conseguiu reunir em São Paulo articuladores de 18 estados da federação pra discutirem teatro de rua. Que fique claro, ninguém tava representando nenhum estado. Eles criaram uma dinâmica de funcionamento bem legal. A RBTR não tem hierarquia. É uma rede que funciona de baixo pra cima, de dentro pra fora, todo mundo diverge, mas conseguem priorizar o teatro de rua.

Na sexta teve a abertura, no qual todos os articuladores dos estados, isso mesmo, o termo usado é este. Qualquer pessoa de qualquer estado pode ser um articulador da rede, é só ir à reunião e entrar na rede virtual de discussão. Não existem representantes. Durante as apresentações pude perceber que a realidade dos outros estados não é muito diferente da realidade do estado de Roraima. A dimensão é que é outra. Quanta vivência interessante. Até mesmo as dúvidas são muito parecidas.

No final da manhã do sábado recebemos uma ilustre visita. O Amir Haddad, do Grupo Tá Na Rua/RJ. O cara simplesmente foi ovacionado. Todo mundo de pé, aplaudindo o mestre do teatro de rua no Brasil. Ele entrou e sentou-se. Depois de um momento de silêncio ele começou a falar. Disse que quando tava no elevador pensava que se ele entrasse ali dentro e não fosse aplaudido seria uma merda. Afinal de contas, ele sabia que era uma figura importante. Dedicou a vida ao teatro de rua. Sua saúde não estava nada legal. Mas ele fez questão de estar ali. O coração dele tá com uma bandeira de trégua, a pressão alta e mesmo assim ele disse isso tudo. Os artistas se emocionaram com a sua fala e o Amir também, é claro. Foi um momento bem legal. Como um ritual.

O Amir falou muita coisa, com um discurso extremamente político. Muito forte mesmo. Fez um alerta de que o mundo tá ruindo. Que desde o 11 de Setembro que o mundo começou a despencar e com isso, o teatro de rua tem um papel contemporâneo nessa sociedade em processo de implosão devido ao sistema capitalista.
O teatro de rua tá mais vivo do que nunca. Acredito que essa rede, que apesar de nova, já se mostra muito mais articulada do que as outras redes. Até mesmo do teatro. Um discurso libertador.


Na parte da tarde continuou o mesmo esquema de apresentações. No domingo, discutimos propostas para serem entregues na parte da tarde pro representante do MINC. A presença do cara do MINC foi fundamental pra que a articulação evoluísse. A urgência por mudança fez com que os artistas encontrassem rápidas decisões. E todas bem discutidas, articuladas dentro do grupão.
O cara veio à reunião no intuito de discutir o Plano Nacional de Cultura, mas acabou que levou um monte de reivindicações pertinentes aos anseios da rede. As questões ditas de governo foram resolvidas com tranqüilidade e sabedoria. A Rede Brasileira de Teatro de Rua tá sabendo muito bem o que deseja. Então, não foi difícil.

Conseguimos terminar o dia com uma carta direcionada ao MINC, que foi feita ali, na hora. Uma comissão muito competente composta por artistas de vários estados se reuniram e integraram as idéias que foram discutidas e sugeridas na reunião. Foi show de bola.

Além da política cultural discutimos também o fazer. E foi muito importante. Uma troca valiosa de experiências com teatro de rua em diversos estados do Brasil. Um encontro organizado, com uma equipe responsável e pilhada pra que tudo corresse bem. Não faltou nada. Até festa teve. É, porque confraternização era a todo momento. A cada almoço, café da manhã, durante a cerveja do boteco, estávamos sempre discutindo teatro de rua, nos articulando bastante e nos conhecendo. Não estávamos ali para perdermos tempo.

É preciso urgência, a Rede Brasileira de Teatro de Rua veio pra ficar e fazer a diferença. Foi muito bom saber que existe muita gente fazendo teatro de rua no país. Que os próximos encontros sejam melhores ainda. E que tenha sempre esse espírito inclusivo que eu senti nesse encontro.

Viva o Teatro de Rua!












O TEATRO EM RORAIMA TÁ CADA VEZ MAIS VIVO!

Sempre que volto de algum encontro com artistas minha vida dá uma girada total. Revejo meus conceitos, me sinto fazendo mais parte, entendem? Tem muita coisa pra ser feita aqui em Roraima. O teatro em bem pouco tempo vai estar na boca do povo daqui.

Encerrou esses dias as inscrições pra um edital de fomento. O estado vai dar 10 prêmios de R$ 20.000,00 para que 10 grupos produzam em 2009. A situação aqui é tão esquisita que nem conseguiram completar as inscrições, ou seja, apenas 08 grupos se inscreveram. Bom, registrados na FETEARR - Federação de Teatro de Roraima existem hoje apenas 06 grupos. Isso quer dizer que tem mais 2 grupos que surgiram agora na época do edital. Nem sei quem são. Não acredito no oportunismo. Quero crer que eles irão fazer bom uso do dinheiro público. Torço pra isso. E só quem ganha é Roraima.

Na prática, em 2009, teremos obrigatoriamente no mínimo 08 espetáculos. Só a Cia. do Lavrado tem mais dois pra estreiar no primeiro semestre do próximo ano. Aí já são 10. Acredito que os outros grupos também estão em fase de produção. Vai ser foda. Uma coisa que em quase cinco anos morando aqui eu nunca vi. Isso me leva a crer que estamos no caminho certo, que estamos fazendo a coisa do jeito certo, mesmo com toda a nossa frágil articulação estamos fazendo a diferença. Vamos bombardear o povo de Roraima com muitos espetáculos em 2009. É o teatro de Roraima cada vez mais vivo!


E quem ainda não viu o espetáculo da Cia. do Lavrado, não perca tempo. Temos mais uma apresentação neste sábado 22/11. O serviço tá aí embaixo. Vai lá trocar uma idéia conosco.



HOMENS, SANTOS E DESERTORES

DIA: 08/11
SÁBADO, às 20h.
LOCAL: Centro de Cidadania Nós Existimos
Rua Floriano Peixoto, 402 - Centro
BOA VISTA / RR
Em frente à Orla Taumanan, ao lado da Escola São José.

Texto: Mário Bortolotto
Direção: Graziela Camilo
Elenco: Marcelo Perez e Renato Barbosa
Música: Gilson LarialpDesenho de luz: Renato Barbosa
Operador de luz: Ivan Andrade

Ingressos: R$ 10,00 + 01 kg. de alimento não perecível (inteira)
R$ 5,00 + 01 kg. de alimento não perecível (meia)

APOIO:
JORNAL RORAIMA HOJE
PERIN VEÍCULOS
LB CONSTRUÇÕES
FETEARR
NÓS EXISTIMOS

TEXTO ADULTO







sábado, 15 de novembro de 2008

QUE SITUAÇÃO ESQUISITA.

Hoje eu vivenciei uma história muito esquisita. Tô aqui em São Paulo para um encontro de teatro de rua e resolvi assistir a Homens, Santos e Desertores, é o mesmo espetáculo que faço em Boa Vista e tive o prazer de assistir com o próprio autor em cena. Foi foda. Mandaram bem pra caralho! Uma experiência muito maluca. Ao término, fui falar com o Mário Bortolotto, que é o autor do texto. Depois de elogiar bastante o trabalho do cara, ele vira e me parabeniza pelo prêmio que recebi. Fiquei feliz e comentei que o YAMIX foi muito legal. Aí a esquisitisse começou. Ele me disse que tava me parabenizando pelo prêmio da FUNARTE.
- como é que é? perguntei.
- o prêmio da bolsa de estímulo à criação... o de dramaturgia...Roraima levou. Ele disse.
Porra, pirei.
É isso, Roraima levou mais uma. Agora nós somos premiados também por dramaturgia. Que situação esquisita.








quinta-feira, 13 de novembro de 2008

NA ESTRADA, QUER DIZER, NO CÉU.


E eu estarei lá. Muito legal, vou chegar no final da Mostra, mas participo das reuniões dos articuladores. Ainda consigo assistir três espetáculos na sexta, de dia. E à noite, de quebra, vou assistir ao espetáculo Homens, Santos e Desertores, isso mesmo, o mesmo que faço aqui em Boa Vista com a Cia. do Lavrado. Nunca me aconteceu uma coisa dessa. E o legal é que quem faz um dos personagens é o próprio autor do texto. Uma responsa...é isso. E na semana que vem, vou para o Rio de Janeiro. Capacitação no Centro de Teatro do Oprimido - CTO-RJ. Não é moleza não...capacitação só fora do estado mesmo. Por enquanto.












terça-feira, 4 de novembro de 2008

TEATRO NESTE SÁBADO - 08/11

Foto: FMRezende


A Cia. do Lavrado está em cartaz com o espetáculo:

HOMENS, SANTOS E DESERTORES
DIA: 08/11

SÁBADO, às 20h.

LOCAL: Centro de Cidadania Nós Existimos
Rua Floriano Peixoto, 402 - Centro
BOA VISTA / RR
Em frente à Orla Taumanan, ao lado da Escola São José.


Texto: Mário Bortolotto
Direção: Graziela Camilo
Elenco: Marcelo Perez e Renato Barbosa
Música: Gilson Larialp
Desenho de luz: Renato Barbosa
Operador de luz: Ivan Andrade

Ingressos: R$ 10,00 + 01 kg. de alimento não perecível (inteira)
R$ 5,00 + 01 kg. de alimento não perecível (meia)



APOIO:

JORNAL RORAIMA HOJE
PERIN VEÍCULOS
LB CONSTRUÇÕES
FETEARR
NÓS EXISTIMOS

TEXTO ADULTO












É VERDADE...



hoje acordei esquisito
sem vontades contrárias
se deixar vou pra qualquer direção
resolvi esquecer meu apito em casa
sem a menor culpa
me sinto suficiente e sem espaço pra mais nada
uns tragos, uns goles
uma piração
uma pedalada saudável e discreta pelo meu bairro
exercício forçado e necessário
caminhos que nunca foram percorridos de carro
não tô com pressa alguma
eu deixo o tempo me colocar no meu lugar
e ficar,
é difícl pra caralho







VÁ AO TEATRO!

Tava lembrando do Yamix e percebi que este prêmio que a Cia. do Lavrado recebeu, na verdade, foi o segundo prêmio da Federação de Teatro de Roraima - FETEARR. O primeiro acho que foi o Criart que recebeu no Festival de Teatro da Amazônia, melhor ator. Agora nem lembro se esse é o segundo, sei lá, o fato é que a FETEARR tá conquistando seu espaço em Roraima. Cada vitória dessa é festejada por um coletivo imenso. Tem muita gente que faz teatro em Roraima, não parece, mas tem sim. Somos um grupo grande de artistas, que nem sempre falam a mesma língua, mas que juntos fazemos a diferença. No próximo ano realizaremos a II Mostra de Esquetes de Roraima, manter um evento no calendário é muito complicado e nós vamos conseguir realizar esta mostra. O Banquete Teatral vai para a sua segunda edição. Pensamos em agregar mais grupos, chegar até o interior e quem sabe um dia até realizarmos uma Mostra de Teatro de Rua. Nos últimos semestres temos conseguido aprovar vários projetos. O dinheiro tá chegando nas nossas mãos e sendo repassado para a população em forma de cultura. Esse é o verdadeiro social que a FETEARR vem realizando e os seus grupos em particular. Tem muita gente que ainda não assistiu a um espetáculo teatral, mas em breve teremos um público muito maior com sede de cultura e que não perderá nem mais um espetáculo teatral. É isso, VÁ AO TEATRO! E ME CARREGUE JUNTO.








sábado, 1 de novembro de 2008

YAMIX

Ontem foi o encerramento do YAMIX, evento promovido pelas Universidades Estadual e Federal, Faculdades Cathedral e Atual e o CEFET. A Cia. do Lavrado participou da Mostra competitiva de Teatro, com o espetáculo Homens, Santos e Desertores, de Mário Bortolotto. E para a nossa surpresa, ganhamos. Digo surpresa, porque os outros trabalhos que disputavam conosco eram comédias. E a turma mandou bem. Nosso espetáculo é um drama e pensamos que não teria grande aceitação, sabem, o pessoal não tem muita paciência pra isso. Mas aconteceu o contrário. O dia de apresentação de teatro ficou lotado. E ganhamos os votos dos jurados. De fato, este é o primeiro prêmio da Cia. do Lavrado. Comentei com o grupo que muito mais do que ganharmos esta Mostra, este prêmio significa muito pra gente, mais como um conjunto do que nós já fizemos até aqui. Só existimos há três anos. Estamos produzindo significativamente. Arriscamos sempre. Não só pelo trabalho realizado de pesquisa teatral, mas tem também o nosso trabalho de teatro voltado pra área de prevenção. Então, ficamos felizes sim. Estamos contribuindo efetivamente com o processo de formação de público de teatro em Roraima. E fazer parte deste processo é muito bacana.
Parabéns Cia. do Lavrado! Vamos em frente, sempre.


Ei, pessoal, hoje tem espetáculo. É só dar uma olhada no post abaixo que trás todo o serviço.

















sexta-feira, 31 de outubro de 2008

VELHO CAIXÃO



não posso deixar de dizer
que tudo isso não presta
não serve pra nada
só não é inexistente
porque de fato existe
e isso é aceitável pela sociedade
filtro hipócrita imundo
legitimadora das dores do mundo
sugestão moral inabalável
embalada numa puta necessidade de aceitação
produto fácil
somos presas perdidas peladas
seguimos o enterro
e nem reparamos os nossos corpos modelados
entrevados em gritos
agonizantes de dentro do velho caixão








quinta-feira, 30 de outubro de 2008

RIO BRANCO


Ontem atravessei o rio. Fui lá pro outro lado no final da tarde. Li Machado de Assis. Só ouvia o Machado e os sons da natureza. Foi bom demais. Tem vezes que é preciso buscar um refúgio. Construir um ambiente adequado para a obra que eu vou ler. Tudo me pareceu mais claro. As imagens não eram desconstruídas. Não tinha distração. Um banho de rio é extremamante relaxante. Troquei idéia com o dono do bar, o Babazinho, na volta, no barco. Já fiz uma entrevista com ele pro site Overmundo, mas acho que o cara nem se lembra mais. Ele me confessou que estava muito satisfeito com sua vida e coisa e tal...e que se sentia super jovem. E é verdade. Também, em um lugar como aquele... O cara tava puto porque tinha acabado de atravessar umas barangas e as meninas tiveram a infelicidade de chamá-lo de tio. - porra, ser chamado de tio por essas barangas, tá de sacanagem, são muito caidinhas. Tio é o caralho. Eu tô bem melhor que elas todas juntas. Terminou assim e eu fiquei sem argumento algum. Vocês precisam ir mais ao outro lado do rio, assim, terça ou quarta ou quinta... o legal mesmo é quando tá bem vazio.













DE GRÁTIS!

Foto: FMRezende


Ei, pessoal, hoje tem YAMIX. Um evento organizado pelas Universidades e Faculdades de Boa Vista. A Cia. do Lavrado vai apresentar o espetáculo HOMENS, SANTOS E DESERTORES, no Palácio da Cultura. Vão ter mais três apresentações de outros grupos. Vai ser bem legal, pelo menos promete. Tudo isso a partir das 19h. E de grátis!

Apareçam!

















A MORTE PEDE CARONA

Comunicou-se com a ex-mulher. Uma mensagem tranquila. Simples. Sem segundas intenções. A separação se encarregava de manter algumas obrigações. Chegou meia hora adiantado. Não se sentia nervoso, mas bebeu uma latinha de cerveja e fumou três cigarros. A mulher parou com o carro na sua frente. Acendeu o farol alto. Colocou a mão para fora, o suficiente para chamar a sua atenção. Foi em direção do carro no vácuo do vento forte que berrava. Encostou-se. A mulher o abocanhou. Foi lambido até o último pedaço da carne do seu rosto. Tentou fugir desesperadamente e sem fôlego, tropeçou e foi alvejado com um tiro certeiro de 12 nas costas. A mulher passou por cima do corpo sem a menor piedade. Ganhou estrada. Sumiu.








domingo, 19 de outubro de 2008

O QUE TÁ ESPERANDO PRA NOS ASSISTIR?

Marcelo Perez e Renato Barbosa
Foto: FMRezende
Ontem teve apresentação do espetáculo Homens, Santos e Desertores, lá no Centro de Cidadania Nós Existimos. E para minha surpresa, a casa tava lotada. Tinha mais de 30 pessoas. E quem conhece o espaço, já sabe porque eu digo isso. Não cabe mais de 40 pessoas. O espaço não é um teatro, e sim uma sala de exposições e conseguimos adaptá-la muito bem. A utilização das janelas, das portas e do corredor, como se fizessem parte da história foi uma sacada bem legal. Essa semana não vi divulgação da peça nos jornais, acredito que não tenha rolado nanhuma matéria. E a felicidade vem bem daí, o povo todo que tava lá ontem ouviu o amigo, do amigo do amigo comentar que a peça é bacana. O infalível boca-à-boca funcionou. Essa resposta que estamos tendo do público demonstra que a Cia. do Lavrado tem feito um ótimo trabalho nesses últimos tempos. Estamos contribuindo para a formação de público e aos poucos adquirindo respeito com relação ao trabalho que estamos realizando.
Bom, não tô muito afim de escrever hoje, mas precisava dividir isso aqui. O espetáculo de ontem foi ótimo. Quem ainda não assistiu, agora só em novembro. Estamos muito felizes com a realização deste trabalho, já até pensamos na possibilidade de negociarmos com o autor para que possamos realizar mais apresentações, quem sabe até o ano que vem. É isso. Vou almoçar e partir para o rio. Depois da noite de ontem, só mesmo um ótimo mergulho no rio Branco.

















sexta-feira, 17 de outubro de 2008

TEATRO NESTE SÁBADO - 18/10

Foto: FMRezende


HOMENS, SANTOS E DESERTORES



Sábado, 18/10

Centro de Cidadania Nós Existimos(em frente a Orla Taumanan)


Horário: 20h.


Ingressos: R$ 10 + 1Kg de alimento (inteira)

R$ 5 + 1Kg de alimento (meia)



Texto: Mário Bortolotto

Direção: Graziela Camilo

Elenco: Marcelo Perez e Renato Barbosa

Músicas: Gilson Larialp

Desenho de luz: Renato Barbosa

Operador de luz: Ivan Andrade



APOIO: JORNAL RORAIMA HOJE, PERIN VEÍCULOS, LB CONSTRUÇÕES, FETEARR, NÓS EXISTIMOS



Assessoria de comunicação: Edgar Borges - 9111 - 4001



quinta-feira, 16 de outubro de 2008

E SANGROU ATÉ SECAR.

Evadiu-se da cama sem fôlego e enfiou a cabeça para dentro da pia. Vomitou sem parar. Lavou a cara. Enxugou o cabelo suado. Perguntou-se diante do espelho testemunha se ele realmente era feliz. Abriu um imenso sorriso e por um momento sentiu o prazer da intensa felicidade. Era um sujeito bem sucedido na vida, tinha uma ótima esposa infiel e nem por isso se sentia um pouco infeliz. Jogou água fria no corpo, em seguida tomou outro banho. De perfume. Queria cair nos braços de sua mulher. Saiu às pressas do banheiro e caminhou até a cama. Ao acender a luz do abajur, deu de cara com um ambiente cubista, um quadro de deixar, até os mais fodões, completamente perturbados. Havia uma mulher retalhada e quase submersa por uma poça de sangue. Serviço digno de um puta açougueiro com Mal de Parkinson. O pensamento interrompido, um silêncio cinzento bem dentro da mente de um ingênuo marido, que estancou de medo da imagem bizarra que encontrou pela frente. O inquietante instante seguido levou um pouco mais que uma eternidade, afinal de contas, não entendia o que havia ocorrido ali. Uma jovem morta, pelada. E um quarto vermelho, do teto ao chão. A dúvida lhe tirou o sossego. Começou a lembra-se vagamente, e só alguns flashs foram o suficiente para convencê-lo do homicídio que acabara de cometer. Pegou o terçado cravado no peito do presunto e rompeu a sua jugular com apenas uma lapada. Caiu ao lado da cama. E sangrou até secar.






quarta-feira, 15 de outubro de 2008

MACHADO



que abismo que há
entre o espírito
e o coração!

Machado de Assis










terça-feira, 14 de outubro de 2008

AO ACASO



adoro criar momentos de comemoração em minha vida
quando não tenho nada pra comemorar
não perco o meu tempo pra baixo
faço festa ao acaso







sábado, 11 de outubro de 2008

NADA A VER



eu não sei o que foi que eu fiz
pra você vir e me tratar tão mal
fique sabendo que eu tenho a consciência limpa
você não tem motivo pra fazer ninguem sofrer
tentei lembrar , recordar se de algum jeito eu tenha razão para tal
acho que não tenho nada a ver com isso não
nada a ver nada a ver isso não tem nada a ver
nada a ver nada a ver isso não tem nada a ver
não tenho nada a ver com isso
isso não tem nada a ver
então começo a desconfiar que problemas são fáceis de se inventar
ter razões pra imaginar
que é da sua cabeça que tudo isso vem
consequentemente eu passo a pensar
que posso ter motivos pra me livrar de incertezas como essa
faço bem e também fácil de se viver sem
nada a ver nada a ver isso não tem nada a ver
não tenho nada a ver com isso
isso não tem nada a ver
não entendo de onde vem inspiração para este tipo de criatividade
você declara sua inocência
eu continuo com a minha curiosidade
calma aí quem entende de ingênuidade aqui sou eu
nada a ver nada a ver isso não tem nada a ver
não tenho nada a ver com isso
isso não tem nada a ver

Nada A Ver
Autoramas
Composição: Gabriel Thomaz, Simone Do Vale, Bacalhau







terça-feira, 7 de outubro de 2008

DECOMPOSIÇÃO DESCONTROLADA DA ALMA



tudo gira ao redor
mundo exausto
pesado demais pra existir sozinho
catástrofe profetisada muito antes do batismo
equívoco na relação sexual
acidente de trabalho perverso
virada na vida maldita
beira das calçadas ingratas da falsa cidade
é tudo perversão
é tudo alucinação
é tudo invenção
é tudo uma merda de um monte de vermes famintos pela minha insatisfação
decomposição descontrolada da alma









segunda-feira, 6 de outubro de 2008

JOSEPH GLANVILL



e no seu interior permanecerá a verdade que nunca morre. quem conhece os mistérios da vontade, com todo o seu vigor? Pois o próprio Deus é apenas uma grande vontade penetrando todas as coisas por força da natureza de Seus propósitos. o homem não se submete aos anjos, nem se rende inteiramente à morte, a não ser apenas pela debilidade e fraqueza de sua vontade.








sábado, 4 de outubro de 2008

CARTA PARA UM LEITOR DESAVISADO


Para início de conversa, pode interromper sua leitura no próximo ponto. (Pausa dramática) Já que continuou, deve ter percebido que esta carta é direcionada aos leitores desavisados. Você não se enquadra aqui. Até daqui a pouco. Agora, vocês, desavisados, não são melhores que os outros. Somos todos iguais (Outra pausa dramática. Dá até pra fumar um cigarro). É, pelo visto só tem desavisados por aqui. Se é assim, vamos em frente, vamos ao que realmente parece nos interessar. Somente por questões de uma possível curiosidade sua, este livro começou a ser escrito no mês de Março de 2008. Seu último e fatídico ponto ocorreu no mês de Outubro do mesmo ano, portanto, é uma obra isenta de qualquer tipo de especulação. Toda essa ficção embaralhada nesse monte de realidade pode até te parecer familiar, não questiono isso. Mas esteja certo que nem por um momento eu deixei de ser intenso, um, egoísta olho a penetrar dentro do próprio umbigo. Boa leitura, cara. Depois nos falamos com mais calma.








sexta-feira, 3 de outubro de 2008

CHACAL É BOM DEMAIS.



adoro poesia marginal
eu curto Chacal
sua poesia complicadamente simples
mas nada de anormal
não sou muito de rimas
faço os versos sem sabê-los, às vezes
solto o verbo sem entendê-lo, tem vezes
germino o seco com a maior das boas intenções
apenas arrumo as letras
de uma forma que me sinta tranquilo
junto aqui, junto ali
sem teorias, sem os vícios das academias
acredito que nunca perco o meu tempo









POEMA, ASSIM, DE BOCA.



desculpa, mas tem um poema de boca
que eu quero muito colocar pra fora
uma impulsividade muito louca
me pegou de baixo do chuveiro
então, de boca, eu caio é agora!
a boca tá sempre molhada
mas também fica seca de tesão
a boca tá sempre em festa
lotada de dentes ramgendo um puta som
a boca é maldita
do lixo
miúda
a boca é maluca
por gostos
por beijos
por líquidos
por tudo que possa caber dentro dela
e sair
são só palavras







SHAKE TOTAL.


gosto de ver minhas palavras
misturadas com o mundo
gosto de toda essa bagunça literária
leio sempre que posso, estudo
experimento o gosto diverso da divulgação
escrevo umas palavras sem verso
uns pensamentos esquisitos
que parto, que inferno
uma insistência sem julgamentos
sem tempo
apenas letras ensinadas
uma derrapagem de idéia pelo meu pensamento








BOM DIA É O CARALHO!


Bom dia. Ouvi isso de um cara hoje de manhã. Porra, de manhã. Difícil saber disso às seis horas da manhã. Ele tava saindo. Eu tava chegando. Vai dar razão pra quem? Acho que as pessoas falam muitas vezes sem pensar. É verdade. É o inconsciente coletivo. Uma dessas teorias que algum teórico sem sexo inventou. Pior que bom dia é quando ouvimos um inconveniente dizer, - nossa, como você engordou, ou – nossa, você tá mais magro. Estamos mudando o tempo todo. Sério. Olha só pra minha barba. Hoje de manhã passei a navalha e olha só como já cresceu. Em menos de um dia eu já mudei. Mudamos a todo instante. Bom dia...bom dia só se for pra ele. Talvez sempre quando me veja na rua pra ele seja bom dia. Vivemos na contra-mão, e ele insiste em achar que é melhor do que eu. Acho que é recalque por ter a certeza de que no fundo todos somos iguais. Mas alguns experimentam de verdade. Bom dia pra vocês também.






HOMENS, SANTOS E DESERTORES


Ei, não se esqueçam que amanhã tem espetáculo, valeu?
O serviço do espetáculo tá num post abaixo.







JÁ ERA, QUER DIZER, SEMPRE SERÁ.




E o cara morreu. Chegou aos 83 anos. Já sabia disso desde o dia em que se foi. Vi um documentário esta semana que falava do clássico Butch Cassidy and the Sundance Kid, quem não viu tá vacilando. Sempre achei que ele daria um ótimo Stanley, de Um Bonde Chamado Desejo, nada contra o Marlon Brando, sei lá, sempre achei isso. Ele não tem um jeitão de Stanley? O cara era foda mesmo. Deve tá pela área, artistas como ele nunca vão, ficam por aí.










NÃO TEM PREÇO QUE PAGUE.

A família nunca aceita as minhas vontades. Acho que todas as famílias são assim. A família nunca aceita as minhas escolhas. Acho que todas as famílias são assim. Chegam ao cúmulo de rejeitarem até a minha sincera felicidade. Como se isso fosse a coisa mais natural da vida. É como ver crianças nas ruas de qualquer cidade grande nojenta do nosso país e não se incomodar com a triste realidade que nós produzimos. Acho que todas as famílias são assim. Foram programadas para reconhecerem profissões clichês. Advogado, médico, contador, são as únicas alternativas pro pobre mortal viver um pouco mais feliz. Conversa. Ser artista? Ser artista é uma incógnita. Até pros artistas. A todo momento o artista é. E não é. O padrão de comparação ou de uma merda de um julgamento qualquer gira sempre em torno de valores financeiros. E o artista, tem. E não tem. Viu como é difícil de argumentar com a família as minhas escolhas pro resto da minha ignóbil vida? Eles não são capazes nem de discutir filosofia. Filosofia de vida, de rua, da esquina, coisa simples que todo ser humano carrega abarrotado dentro si, das suas palavras, de suas idéias. Dos seus suspiros em busca de um abrigo impenetrável. Acho isso egoísmo. Mas sou eu quem acho. Só isso. Quando pedem pra conversar comigo, imagino logo aquele sermão, de cabeça baixa, olhos vidrados no chão. Coisas de infância. E sem concordar com nada que seja dito. Coisas de criança. Coisa de militância. Pura ditadura que castra os meus restos na guerra. Tortura moral enraízada. Frases que entram por um lado e saem pelo outro, cheias de pressão. Opressão. Aí, quer saber? Continuo levando minha vida dividindo os meus pensamentos esquisitos. Porra, cara, isso não tem preço que pague.