segunda-feira, 31 de março de 2008

TEVE ATÉ PIZZA...


Chegamos ao fim. O segundo dia da I MOSTRA DE ESQUETES DA FETEARR foi muito bacana. O público compareceu e até foi possível encontrar pessoas que estiveram no dia anterior. O clima entre as pessoas dos grupos estava bem agradável, digo isso porque nem sempre é assim. A maioria estava disposta a ajudar. É lógico que tem sempre aqueles que só querem se apresentar e ficar de platéia, mas estes provavelmente não se sentem parte de tudo aquilo que estava acontecendo. Acredito eu. Ao término do evento conseguimos deixar a casa em ordem. Depois aconteceu um milagre, conseguimos sair para comer pizza juntos, quer dizer, alguns da Cia. do Lavrado e alguns da Cia. Arteatro. Digo milagre, porque sempre os convidamos pra fazer uma social e eles sempre pulam fora. Foi bacana. Comemos bastante, falamos mal de quem não estava ali, como sempre, rimos muito com algumas coisas que aconteceram durante os dois dias e ao final concordamos que o evento foi o maior sucesso. Foi o primeiro. De uma Federação que realmente está fazendo alguma coisa. É isso aí, não vou me alogar, pois a gripe me pegou legal. Já coloquei fotos no orkut.


Ah, não posso deixar de registrar a ótima apresentação das meninas da Cia. do Lavrado. Graziela Camilo dirigiu muito bem Cora Rufino e Sony Ferseck, que arrebentaram. Um texto de Mário Bortolotto, que arrancou muitas risadas simpáticas da platéia. Elas mandaram bem. Foi estréia da Sony e começou com o pé direito. Ela ficou até com uma baita de uma azia...nervosismo... mas mandou bem. Na foto acima, em cena, com Corita Rufino.

sábado, 29 de março de 2008

LAVAMOS A ALMA!


Esse aí ao lado é o cara que escreve essa merda toda...


Cara, foi demais. A primeira noite da I MOSTRA DE ESQUETES DA FETEARR foi du caralho! O público lotou as arquibancadas e cadeiras do Espaço Multicultural do SESC e as apresentações foram bem legais. Moçada jovem, que faz teatro há pouco tempo e que sem pieguices, são o futuro dessa merda toda. Vi um público diferente lá. Um público que tá acostumado a assistir ao Palco Giratório, do SESC, mas que nem sempre iam aos espetáculos dos grupos locais. Teve de tudo. Para o público infantil e para o adulto. Não é por nada não, mas tinha gente que não botava fé nessa pôrra...lavamos a alma! O teatro em Boa Vista tá mudando de cara. Os inimigos do teatro estão cada vez mais à mostra. Quer saber? Não me preocupo mais com eles como antes, até mesmo porque agora que eu já tenho a certeza de seus interesses, não dá nem mais pra me decepcionar. Foda-se! Continuo com o teatro sério, o teatro que me dá prazer e alegria, antes de dar isso a qualquer pessoa. É isso mesmo, na época da escola de teatro a gente aprendia a repetir um monte de baboseiras que nada mais eram opiniões de um universo coletivo. Hoje, eu só subo no palco pra me agradar em primeiro lugar. Se eu não sentir prazer, como posso dar isso ao público?

FALA SÉRIO, MARCINHA

Chegou a hora da Mostra. A I MOSTRA DE ESQUETES DA FETEARR. O pessoal de São João da Baliza chegou cedo. Na hora do almoço. E já foi a maior correria. Encontramos com eles na rodoviária e os levamos para o Totozão. Providenciamos a alimentação do almoço. Frango com baião, lá do frangão. No fim da tarde, eu e a Tati, levamos o lanche deles. Pão, refri, queijo e presunto. Cara, o tempo todo me lembrei de Manaus. Da péssima experiência que passei por lá no último Festival de Teatro da Amazônia. Nos trataram mal pra caralho! Me senti um bosta! Desde aquela época que venho falando pra todo mundo que não podemos deixar que a moçada do interior se sinta assim. E acredito que eles não estão se sentindo. Na medida do possível, estamos lá. Cara, esses moleques devem tá se sentindo bem pra pôrra, meu. Tão viajando, pra fazer teatro, com a turma...pôrra, eu também já fiz isso. É do caralho! Em Julho, vamos pra estrada também. Dez pessoas na Latrina. Vai ser bacana...É uma aventura fazer teatro. Outro dia a Márcia Seixas (jornalista daqui) perguntou numa entrevista pro Francisco, ator da Cia. do Lavrado, se dava pra ganhar dinheiro com teatro aqui em Boa Vista e ele, muito tímido, respondeu que não. Falou do prazer, essas coisas todas. Mas confesso que me deu uma vontade de responder a pergunta com outra pergunta. Pôrra, e dá pra ganhar dinheiro como jornalista nessa cidade? Quem me disser que dá é porque tá roubando de alguém...Meu, quem ganha dinheiro aqui é político e quem tá de frente nos setores de licitações dos órgão públicos da vida...fala sério, Marcinha...

quinta-feira, 27 de março de 2008

COMEMORAR O QUÊ?


Hoje é o Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo. Fiz entrevista pra dois programas, um de TV e outro de rádio. Foi bacana. No de rádio pude gritar ao final da entrevista, - não vamos desistir! Depois pensei, - pôrra, tem uns filhos da puta que estão andando na contra-mão...será que isso vai dar certo? Será que esse grito foi para o poder público, que gasta todo o dinheiro que deveria ser investido na cultura, ou seja, no teatro também ou será que foi mais um grito angustiado por sentir que estou no meio de traidores?

VOU PRO MAR

"Não há nada que um bom dia de surf não cure..."
Saudades...
Que sol lindo.
Que dia Maravilhoso!

quarta-feira, 26 de março de 2008

PROFESSORES ENROLADORES

Marquei hora com a Carla do SESC pra tratar assuntos da I Mostra de Esquetes da FETEARR e como cheguei cedo resolvi marcar um tempo na Nobel Livraria. Diga-se de passagem, sou um perigo dentro de livraria. Sou viciado naqueles livros de bolso, a coleção L&PM. Lembrei até que precisava de uma gramática, mas acabei no stand dos de bolso. Encontrei Edgard Alan poe e comprei, encontrei um livro de contos de Tchecov e comprei, encontrei dois livros de Bukowsky e não resisti. Pôrra, dois do velho Buk...não dá, eu preciso comprar, pois não sei quanto tempo vai levar pra aparecer novamente e nem sei se esses vão voltar a aparecer. Peguei ainda um do Kerouac, mas acabei não comprando. Me lembrei que ainda tô em casa com o Tristessa (acho que é assim que se escreve) e não li ele todo. Enfim, deu a hora e me mandei. Ufa! Quase fico duro. Mas depois pensei, cara, tô comprando livro. Eu gosto de ler. Deveria ler mais. Eu adoro escrever. Deveria escrever mais. Mas quer saber? Faço o que posso e quando posso.

Na UFRR os professores fazem o maior discurso de que os alunos não estão nem aí pra leitura. Dizem que a população não é incentivada à ler. Ouço esses bostas vomitando e me lembro que tem professores nessa mesma UFRR que passam, por semestre, seis livros para os alunos lerem, além de várias apostilas de teóricos pra se estudar e além disso, outros teóricos que irão acompanhar a execução do trabalho que será avaliado. Vai tomar no cú! Como é que esses caras, que cagam a maior goma dizendo que são doutores querem que seus alunos gostem de ler? Podem até ter o título, mas cara, educadores mesmo, eles não são. É isso que a educação do Brasil precisa. Mais educadores e menos enroladores.

domingo, 23 de março de 2008

PÁSCOA?

Páscoa. Não comprei chocolates. Não fiz questão de entrar nessa sintonia. Meu, não sou católico. Minha mãe dizia que eu era. Mas hoje eu acredito que pra ser alguma coisa de verdade você tem que se apegar à ela. Meus vizinhos estão na maior festa desde ontem. Viraram a noite e me parece que irão virar mais outra. Não, eles não me parecem religiosos. São festeiros mesmo. Em outras épocas eu estaria promovendo também uma reunião dessas. Eu passei o dia no Aqua Mak. Muita sombra, água e descanso. Precisava disso. Depois fui com minha mulher pra festa de um ano do Yago, filho do Renildo. O Renatão não quis ir. Disse que não tem a menor paciência pra festa de criança. Eu o entendo. Também não tenho muita paciência pra crianças. Não as destrato. Simplesmente me sinto inadequado pra me relacionar com elas. São surpreendentes. Sou sempre pego de surpresa e não sei como me livrar de certas situações. Por exemplo, lá no Aqua Mak um pivete cismou de conversar comigo. E aí? O pai ficou olhando e nem percebeu a minha inabilidade em manter um diálogo com o filho dele. Ontem na apresentação um outro pivete se aproximou dos cavalos cenográficos da peça e começou a mexer neles. Eu chamei a atenção, assim, numa boa, e o pai ainda fez cara feia pra mim. Foda-se! Ele tinha que ensinar ao seu filho de não mexer no que não é dele...então, como não sei se vou acertar, acho mais prudente nem me aproximar. É isso. Vou continuar a escrever minha nova peça. Tô empolgado com a história. E preciso aproveitar essa empolgação, porque sei que ela não irá durar muito tempo. Sou indisciplinado pra caralho.

JÁ CANSEI DE DORMIR COM A LUA


Essa é a capa de um livro de poemas de José Antônio de Freitas Gonçalves. Essa frase é tudo, é madrugada e sinto. Me define legal...acabei de escrever essa aí...




Ei, baby, vamos tomar outro copo
daquele wiskie barato
acender nossas guimbas sem respeitar intervalos
como se necessitássemos da fumaça pra sobreviver (e necessitamos mesmo)

Vamos chutar o balde e
enfiar o pé na jaca
vamos falar palavrões
vamos fuder na escada de casa

Ei, baby, todo mundo se foi
mas o sol veio nos acompanhar
não vá
já cansei de dormir com a Lua
já cansei de implorar a média no botequim fedido da esquina
já cansei de mijar no tanque pra não acordar meus pais
Ei, baby, eu não tenho garantias de acordar amanhã
e isso me torna vulnerável demais...






O SEGUNDO DIA

O segundo dia no teatro é sempre uma merda. Não tô dizendo isso porque foi uma merda a nossa segunda apresentação, muito pelo contrário, foi du caralho. Já é tradição essa questão do segundo dia...mas pelo visto nem sempre funciona assim. Tá certo, acho também que as músicas não foram tão legais como deveriam ter sido, mas cara, ninguém ali é músico. Foi feito o melhor possível de hoje. Amanhã faremos melhor ainda. Por hora, tô feliz porque depois todo mundo foi pra pizzaria. E cara, é legal pra caralho a turma reunida. E não falamos só de teatro. Falamos de um monte de outros assuntos. Ah, o Oribe deu um bolo. Ficou de tirar as fotos do espetáculo e não apareceu. Se ele não me ligar essa semana vou fazer contato com o Tana Halu, que também é fotógrafo.

Hoje o pessoal do teatro veio falar conosco. Acho que alguém disse que ficamos chateados na semana passada. Só pode ser... Mas quer saber? Foda-se. Já passou. Fiquei chateado mesmo. Chateado por acreditar muito em uma coisa que não sei se tá acontecendo ou sei lá, se vai acontecer. Uma Federação de Teatro em um estado tem um poder que essas pessoas não tem a menor idéia. Elas ainda acreditam que com o seu grupo, sozinho, vão conseguir algo além do que elas tem. Pura utopia... cara, não dá! Se não for no coletivo, não dá, caralho! Queria poder abrir a cabeça desse povo e dar um grito lá dentro, - pôrra, eu não quero trapacear ninguém! Dá pra confiar em mim? É, mas a realidade é outra. Fazer o quê? Semana que vem acontece a I MOSTRA DE ESQUETES DA FETEARR e torço pra que tudo dê certo. Temos poucas inscrições, mas tô com esperanças de que o povo se inscreva em cima da hora. Vamos ver... Vamos ver o resultado desse trabalho coletivo.

sexta-feira, 21 de março de 2008

REALIDADE EM QUADRINHOS - PRIMEIRA CENA


(Felipe entra em casa. Sônia está sentada à mesa. Ela trabalha em seu romance. Ele vai à geladeira e pega uma garrafa de água).

Felipe – Calor, filho da puta! (bebe a água. Pausa) E esse vizinho não contribui em nada com essa merda de música alta. Esse aí do forró é o mesmo puto que põe fogo no lixo de noite. (bebe mais água. Pausa) Quer saber? Caguei pra ele.
(Pausa)
Felipe – E você? Como é que consegue se concentrar com esse barulho? Tô até imaginando como deve tá esse livro...
Sônia – Ainda continua desempregado...
Felipe – O quê?
Sônia – Eu disse que você ainda continua desempregado, por isso que tá assim azedo. A entrevista foi uma merda. De novo.
Felipe – Foi sim. A mesma chatice de sempre. Uma entrevistadora deliciosa, um pessoal descolado na editora, mas como sempre os meus desenhos não se enquadram no mercado atual. Foda-se o mercado! Esses caras são uns esnobes. Eles pensam que eu não sei que são eles que criam o mercado, sacou?
Sônia – Exatamente. E eles não querem vender você. Pelo menos, não esse Felipe.
Felipe – Como é que é?
Sônia - Felipe, o lance agora é mangá, entendeu? Esses seus traços são bacanas, olha, você sabe que ninguém mais do que eu adoro seu trabalho. Pôrra, cara, sou sua fã de carteirinha, mas... cai na real, o que tu faz hoje não vende. E esse caras só pensam em números.
Felipe – São frios. Uns matemáticos filhos da puta, isso sim. Como é que eles conseguem convencer tanta gente com toda essa frieza? (mostra seu book) Olha aqui, ó, aqui tem alta temperatura. Foda-se esses traços de mangá. Umas merdas de uns japoneses que eles empurraram goela abaixo de todo mundo. Filhotes da televisão. Isso é o que são. Se não fossem esses programas de tv, esses desenhos não teriam tanta banca assim.
Sônia – E daí, cara, tu acha que o Walt Disney se deu bem porquê?
Felipe – Não fala besteira...
Sônia – É mesmo. Se não fossem esses programinhas merdas...
Felipe – Desculpa te cortar, mas tá falando bobagem. Muito antes desses programinhas passarem os desenhos do Disney, o cinema já apresentava a sua obra. E pro mundo todo. Pôrra, você há de convir que é uma apresentação muito mais nobre. Show da Xuxa é sacanagem...
Sônia – Tá legal, mas nada disso vai resolver o teu problema, vai? Tá desempregado. Os caras não querem saber dos seus desenhos. Muda, Lipe. Não se deixa virar uma vítima desses putos.
Felipe – Aceitar esse jogo é assumir o papel de vítima. Deixa quieto. Vou dar meu jeito. Como sempre fiz.
Sônia – Tomara que esteja certo. E que ainda tenha tempo pra... sei lá, fazer com que o seu jeito funcione. Tu é um doido...
Felipe – Um idealista.
Sônia – Legal.

MINHAS MÚSICAS, MEUS HÁBITOS, MINHAS PUNHETAS...


Hoje acordei super tarde. E foi uma maravilha ficar na cama. Comemoro assim porque todos os dias acordo muito cedo. E durmo muito tarde. Não consigo deitar antes das duas da manhã. O computador me pega legal. Sento aqui e começo a escrever, às vezes a passear pela net, e quando vou ver as horas, já era. Antigamente eu acordava tarde todos os dias. Me lembro de uma época em que eu trabalhava como vendedor de loja de shopping. Pegava às 16 horas. Cara, todos os dias eu acordava lá pelas 10 e ía pra praia. Voltava pra casa faminto, lá pelas duas e era só o tempo de bater o rango e ir trabalhar. Era uma vida bacana. Mar, onda, mulher e maconha... e de noite cerveja. Não tinha muitas responsabilidades, aliás, não tinha nenhuma. Acho que era a época daquilo mesmo. Não me arrependo de nada. Às vezes eu penso que meu interesse por literatura poderia ter surgido naquela época. Já pensou, naquela época eu ter conhecido Bukowsky, Kerouac, Nelson Rodrigues, Tenesse Williams, sei lá, ter lido várias peças do Plínio Marcos? Mas não. Eu não queria saber de ler. Eu só queria me endoidar com qualquer substância que aparecesse pela frente, ligar o botão do foda-se e nem olhar pra trás. E fiz tudo isso. E por muito tempo. Esses dias conversei com amigos de infância pelo orkut e engraçado, falei muito de minha vida e pude perceber que mudei muito pouco. Tá legal, já não me endoido mais, é verdade, não bebo e nem uso qualquer substância química que me deixe "ligado". E não é de hoje que faço isso, já são mais de 11 anos. Tô bem assim. Me sinto como uma pessoa que um dia andando pelas beiradas de um caldeirão mágico, sem querer, tropeçou e caiu lá dentro. Se é que me entendem, não preciso mais de drogas pra pirar. Já pirei pra vida toda. Continuo escutando Led Zeppelin e Rock Brasil da década de 80. Ando largado pra caralho. Apesar de trabalhar bastante, sou um puta de um preguiçoso. Meus hábitos não mudaram muito, adoro tocar punheta, mesmo tendo uma vida sexual abençoada...fazer o quê? Adoro putaria, filmes pornográficos, não coleciono mais figurinhas, como antigamente, mas coleciono fotos de mulheres nuas no meu computador. Depois de alguns dias as deleto. Penso que se eu deixar tudo isso de lado a vida não vai ter mais graça. Sou muito ligado ao passado. Se eu deixar de ouvir essas músicas, se eu deixar de tocar uma, se eu abandonar meus velhos hábitos, sei lá, penso que... pôrra, penso nada. Aí é que tá o lance. Não penso em nada. O meu passado tá entranhado em tudo que sou hoje. É uma coisa só. E é melhor não mudar. É isso, não quero mudar.

quarta-feira, 19 de março de 2008

LAMENTOS DE BAR

Entre um copo
e um trago
eu deixo um pedaço meu na mesa de um bar.
Entre um copo
e um trago
eu me entrego ao passado.
Entre um copo
e um trago
eu desvio a atenção pro seu lado.
Nem disfarço
tô morrendo de amor por não ter
Entre um copo
e um trago
eu desmaio
eu mendigo
subtraio
eu recaio em sentimentos fudidos
ao dizer que te amo demais.
Entre um copo e um trago
a vida me convence que eu perdi
e isso é inaceitável...

NINGUÉM É NADA

A Cia. do Lavrado agoniza. E parece que só eu percebo a gravidade da situação. Mais uma vez bati boca, quando na verdade eu apenas queria chamar atenção pra um problema grave. Mais uma vez saio com a impressão de que realmente o errado sou eu. Errado por me dedicar demais e não ter pessoas ao meu lado que se dediquem também. Errado por atender primeiro aos gritos de socorro de um grupo de teatro, enquanto que outras áreas da minha vida também agonizam. Continuo acreditando que se todos fizessem um pouco mais, não estaríamos passando pelo que estamos passando. A maior merda disso tudo é ser chamado de vítima. Pôrra, como é que eu vou pedir socorro sem aparentar ser uma vítima?

Olha, o teatro se tornou muito sério pra mim. E não é de hoje. Já tô nessa há 18 anos. O teatro em Roraima precisa ser encarado com mais seriedade ainda, pois por aqui as coisas são mais difíceis mesmo. Faço parte de uma federação no qual os grupos não estão nem aí pro coletivo. É verdade, cada um olha pro seu umbigo. E quer saber? Tô de saco cheio dessa pôrra, dessa gente toda que se acha e que nem percebem que cagam bem fedido igual a todo mundo. Me preocupo demais... eu não desejo que a Cia. do Lavrado tenha atores fodões, que saibam Stanislawsky de trás pra frente, ou qualquer outro teórico. Desejo sim, que o grupo esteja cada vez mais pensando no coletivo e que este coletivo não fique apenas no nosso umbigo, que possamos trocar com outros grupos. Sei que isso é complicado quando se trata de Roraima. A moçada por aqui não entende muito bem o que é isso. Questão de educação. Mas eles não são culpados. Nunca tiveram nada. Sempre sugaram do poder público. É normal que quanto mais gente nova apareça por aqui, eles se sintam mais ameaçados de perderem o pouco que eles pensam que tem. Ninguém tem nada. Ninguém é dono de nada. Ninguém é nada. Caralho, comecei falando sobre uma coisa e terminei falando sobre outra...

segunda-feira, 17 de março de 2008

NÃO ACREDITO

- Ei, cara, beleza?
- (umacaradesemamigos) mais ou menos...
- hiii, tá com uma cara...
- (olhardetransformarvocêempedra) é assim mesmo...
- mas tá bem, né?
- (completamenteirrritado) de saúde tô.

(Se afasta e pensa) - Pôrra, será que o cara comprou as dores da mulher? Caguei pros dois!

E AGORA...

Que maravilha! Acordei às 10 da manhã. Mas fiquei na cama até às 11h. Há muito tempo que não fazia isso. Hoje levantei com outra perspectiva. Já tô pensando no próximo projeto. Agora eu quero ir pra cena. Passo a direção pro Renatão, que é muito competente, e vou me esbaldar com meu novo personagem. Quero algo urbano, pra fazer em palco italiano. Quero me inscrever em festivais. É isso, A RETRETE OU A LATRINA já tem o seu início de vida traçado. Vamos ver o que nos reserva para o segundo semestre.

domingo, 16 de março de 2008

TÂO ACHANDO QUE EU SOU TROUXA...

Finalmente estreiamos. E deu tudo certo. O céu esteve lindo o dia todo e à noite não foi diferente. Maravilhosa. Chegamos cedo à praça e montamos toda a estrutura do espetáculo. Esse ano consegui diminuir o cenário, mas apesar de não termos muitos objetos grandes, ficamos com muitos outros menores pra carregar. Tive que dar umas três viagens e confesso que foi um saco. Fazer o quê? Às vezes penso que se eu amolecer, essa pôrra toda desmorona.

O público compareceu e lotou a praça. Vi muitos conhecidos. Estranhei que ao fim do espetáculo fui cumprimentado apenas pela minha irmã, o Luis e a Marisa (diga-se de passagem que só a Marisa é da Federação). Cara, tinha um monte de atores presentes. Tinha até Diretor... Não esperava que alguém viesse me dar sua opinião, até porque eu caguei pra opinião de qualquer um deles. Se eu quisesse opinião, ao término do espetáculo eu falaria bem alto no megafone, - Ei, agora queremos saber a sua opinião! O fato é que somos parte de uma Federação. Acredito que os atores ali presentes deveriam se aproximar de todos os atores do nosso espetáculo e cumprimentá-los. Percebi até que teve gente que cumprimentou porque o colega tava do lado e foi na direção do ator, ou seja, se sentiu pressionado. Vai tomar no cú! Tá no lugar errado. Não devia estar fazendo teatro. Cumprimentar os colegas é mostrar respeito, nobreza de gestos, solidariedade, afinal de contas estamos buscando o mesmo objetivo maior. Por mais que a gente diga que a realidade mudou, ou seja, falo da relação entre as pessoas, ainda vejo um puta jogo de esconder informações, uma desconfiança de que o outro vai roubar idéias, e um medo desgraçado de fazermos melhor do que eles... tudo babaquice! As pessoas ainda fazem coisas pelas costas. Quando esse povo todo que tava lá estreiar algum espetáculo, sabem o que vou fazer? Vou cumprimentá-los, um a um, como sempre fiz. Vou fazer tudo que eles deveriam ter feito, mas não fizeram. Acreditem, ou existem coisas que não estão nos livros teóricos de teatro ou as pessoas não estão sabendo estudar direito.

sábado, 15 de março de 2008

QUE CARA AMADOR

Hoje foi o nosso último ensaio na Av. Ene Garcez. As pessoas que estavam próximas reagiram bem ao que viram. Gostei muito disso. O processo de ensaio de um espetáculo é muito desgastante e quando eu digo que só faz teatro quem gosta mesmo, é verdade. Está visivelmente estampado no rosto dos integrantes da Cia. do Lavrado o maior cansaço. Lógico, aproveitamos as férias e ensaiamos todos os dias. -Ensaiar todos os dias? Olha, eu quero muito fazer teatro, mas eu... enfim, essas e outras frases estamos cansados de ouvir. Rapadura é doce, mas não é mole não. Essa turma é guerreira!

Conseguimos realizar dois passadões (ensaios corridos, sem parar). O primeiro a energia tava baixa e o segundo foi du caralho. Amanhã teremos a agenda lotada. Às oito tomaremos café juntos, lá na sede da Cia do Lavrado, no Centro de Cidadania Nós Existimos. Um café reforçado, com suco, presunto, queijo, pão, manteiga e café com leite. E o resto da pizza que comemos agora à noite. Depois iremos para uma sessão de pesquisa de maquiagem. Acertaremos os últimos detalhes que precisam ser comprados. E faremos dois passadões na rua. Em frente à sede. Depois é só relaxar e acreditar que à noite dará tudo certo.

O nosso preparador musical, Gilson Larialp, é um figuraça. Conhece o grupo faz pouquíssimo tempo, mas todo mundo o sacanei pra caralho. O cara chegou num momento bem harmônico do grupo e ele é o responsável por criar tiradas magníficas, no qual todos ficam repetindo outras vezes. Como por exemplo, volta e meia ele chamava, na brincadeira, alguém de amador. Pronto, agora é só ele abrir a boca que chamamos ele de amador. Essa maravilhosa convivência também reforça o meu desejo de nunca mais largar o teatro.

quinta-feira, 13 de março de 2008

NINGUÉM É SANTO PÔRRA NENHUMA

Esses dias recebi uma notícia ruim. Um amigo de infância morreu. Câncer. No fígado. O Aninha ou o Piranha ou o Carlos, seu nome verdadeiro era uma cara incompreendido. Bebia todas. Fumava todas. Batia de frente com as pessoas, mas e daí? Viver numa sociedade hipócrita pra aqueles que não tem papas na língua é uma dor fudida. E o Piranha falava o que pensava. Na hora. Lembro de várias pasagens com ele. Nenhuma heróica. Pôrra, também não éramos heróis mesmo...assisti com ele no cinema o filme Missipi em Chamas, esse mesmo que já passou 300.000 vezes na tv, em um cinema poeirinha no Bairro de Ramos. Acho que ele nem existe mais. Provavelmente virou uma Igreja de uma religiãomerdaqualquer. Voltamos à pé pra casa. Conversamos bastante e lembro que nesse dia me senti super bem de estar com ele, pois o cara era mais velho e eu me amarrava em sair com o pessoal mais velho. Tive poucos amigos da minha idade. Outra vez foi a Copa do Mundo de 82. Resolvemos fazer vários litros de batida de limão. Todo mundo ficou muito louco. Não sei quem deu a idéia de misturarmos a caipirinha com Optalidon. Pôrra, esses comprimidos, que nem lembro pra que servem, tinham uma fórmula que ao misturar com o álcool, me Deus, era foda! Cheguei em casa às três da manhã e fiquei sentado no chão, apoiado na privada com a cara lá dentro vomitando água até cinco e meia. Essa foi uma das vezes que tive a ligeira impressão de que ía morrer. Essas e outras maluquices me fazem lembrar do Aninha. Mas dentro dessa loucura toda tem muito espaço pra lembrar que ele era um cara amigo, companheiro, generoso, sabia dividir o pouco que tinha, era humilde, e talvez, sei lá, se entorpecer demais era forma que ele encontrou de conviver nessa sociedade filha da puta em que vivemos. Ninguém é santo pôrra nenhuma!

quarta-feira, 12 de março de 2008

SEM RESSENTIMENTOS

Finalmente a Federação de Teatro de Roraima está reconhecida juridicamente. Hoje peguei o número do seu CNPJ. Passeia a semana toda autenticando e reconhecendo assinatura e hoje dei entrada. E para minha surpresa o CNPJ saiu na hora. Que conquista! Foi um sufoco pra conseguirmos registrá-la, pois como não tínhamos um advogado, toda hora o nosso estatuto voltava para ser corrigido. E além disso, eu e a atendente do cartório não nos demos bem, quer dizer, na primeira vez que fui dar entrada caí na asneira de questionar um detalhe. A mulher me detonou. Passou a criar todos os tipos de empecilhos. Para conseguirmos o registro tivemos que ir dez vezes no cartório. Acredita? Teve uma vez , perto do carnaval, que eu resolvi conquistá-la, sabe como é, se não pode com eles, junte-se a eles. Entrei e fui direto ao seu balcão com um enorme sorriso no rosto, Então, tá animada pro carnaval? Feliz assim, com um tom conciliador e ela respondeu seca, De-tes-to Carnaval. Dalí pra frente joguei a toalha e vi que não ia ser fácil. Durante um tempo me senti como se estivesse caído da onda, como se tivesse levado um caldo, um caixote, como na gíria do mar. Chamei três pessoas pra me ajudarem, mas foi em vão. Só mesmo quando eu larguei de mão e não fui mais lá é que o registro saiu. Ontem eu voltei ao cartório e não tem como não olhar pra ela. Ainda bem que tô sempre de óculos escuros e dá pra disfarçar legal. Mas quer saber? O mundo dá muitas voltas, Boa vista é um ovo e um dia, tenho certeza que ela ainda irá precisar de mim. O que eu vou fazer? Vou rir muito por dentro, de satisfação e prontamente irei ajudá-la.

QUE VENHA A PRÓXIMA HISTÓRIA


A estréia se aproxima e esse momento é foda. Quem faz teatro há muito tempo sabe que vai passar. E que o resultado será positivo. Essa adrenalina é ótima. Aliás, conversando tanto com meus amigos de infância, lá no orkut, percebi que sempre fui um viciado em adrenalina. Hoje, não vivo mais daquele jeito, mas o teatro me proporciona a dose necessária pra que eu durma todos os dias bem tarde. O ensaio de hoje foi na rua. Nós temos uma parceria confortável com a Escola Estadual Monteiro Lobato, que nos empresta a sala de música para ensaio. Só que as aulas retornaram e como nosso espetáculo tem muitas músicas ao vivo, não dá pra ensaiar lá. Outro dia ensaiamos na quadra. Hoje, ensaiamos no estacionamento de uma praça de alimentação daqui do Centro. Na maior cara de pau, estacionamos nossos carros, colocamos os instrumentos pra fora e começamos o aquecimento vocal. As pessoas não entendem o que tá acontecendo. Mas param, curiosas que são. Ou continuam andando e olhando ao mesmo tempo. O local é amplo, bem iluminado e nos deu uma proporção de como será nas ruas, embora o ensaio foi só de passagem das músicas. Sem cenas. Na sexta de noite, se São Pedro ajudar faremos um ensaio com tudo. Já um ensaio geral. Um passadão como chamamos no teatro. Que processo longo. Tô louco pra estreiar e dar início ao próximo. Que venha a próxima história.

domingo, 9 de março de 2008

SE O FUSCA FALASSE...

Para Marcos e Hélio


Noites em fuga dentro de um fusca
A alma ofuscada na fumaça de um trago
Lanternas vermelhas no centro da cara
Três caras mergulham no meio do nada

A floresta é cúmplice de toda loucura
É hospício escondido no alto da Boa Vista
É inspiração pra delírios e viagens sem luxo
É caminho sem volta, é acidente na pista.

A lei aqui é não deixar cair a erva
Até as cinzas tem seu destino, a terra.
A natureza bela não reprova a festa
Depois dos gritos, ninguém mais sabe onde está

O brasão incendeia as idéias do cara
Na amplificada, Soutains of swing arregaça
A fala atropela e nem deixa seu rastro
E são apenas oito da noite de uma quarta qualquer

SUPERAMIGOS


Cara, falei com meu amigo Marcão. Por um momento passou um filme da minha vida num instante. A amizade com ele e com um outro cara, o Hélio, foi muito marcante na minha juventude. Pô, a gente rodava o Rio de Janeiro dentro de um fusquete, de vidro fechado e completamente enfumaçado. Aprontamos horrores...quer saber, não vou poupar histórias. Bebíamos todas e fumávamos todas mesmo. Era a época pra aquilo. E era divertido pra caralho. Tinha vezes que tínhamos ataques de risos, que pareciam que nunca mais iriam acabar. Estávamos sempre juntos. O Marcão, uma vez, quando o THE CURE esteve no Brasil pintou o cabelo de azul, se não me engano, e depois os três rasparam a cabeça, numa época em que o cabelo comprido era a onda. Era década de 80. Bairro de subúrbio. O povo ficou atordoado. Uma vez o Marcão foi preso em Minas Gerais. Foi mijar no canto da árvore, num lugar super entocado, mas quando ele terminou foi dar aquela tradicional balançada na pica e o guarda imediatamente o prendeu. Só podia ser um manja-rôla. Chegando na delegacia foi a maior confusão. Pôrra, atentado ao pudor? O guarda disse que se ele não tivesse balançado o pau não seria atentado ao pudor. Acreditam? Só por causa de uma balançada... Taí, essas e outras histórias que não saem da minha memória. O Marcão hoje tem dois filhos e o Hélio acabou de ter o primeiro. Que responsa esses dois vão ter que passar pra essa molecada. Se esses pirralhos soubéssem o que os pais deles já aprontaram... nossa, tô na maior nostalgia.

sábado, 8 de março de 2008

ROSANA É SACANAGEM


Parabéns, mulheres! Hoje teve apresentação teatral em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres no Clube dos Servidores. Posso dizer que foi meia-bomba. É verdade. Eu esqueci a vassoura, o megafone, as filipetas, mas também ninguém me lembrou. Isso deveria ser preocupação de todos, mas neguinho não tá nem aí. A Cora foi com uma blusa vermelha, e era pra ir com a branca do projeto. Eu até levei uma da Tati, mas ela nem se interessou em vestir. É foda. Eu aprendi na escola de teatro que o ator esperto, que não quer ser surpreendido deve cuidar dos seus objetos de cena. Deve sempre fazer sua revisão. E, pôrra, eu é que fico guardando os instrumentos do povo. Caralho, outro dia no BANQUETE TEATRAL fizemos uma cena sem um dos instrumentos. O ator responsável não sabia onde estava. E fez uma puta diferença. Lógico, senão eles não estavam lá. Enfim, estamos todos estressados com a chegada da estréia do nosso espetáculo, que acabou saindo desorganizado este evento. O recado foi passado, mas não podemos perder de vista a nossa postura profissional. Esse é o nosso diferencial.

O ensaio de hoje foi bacana. Ensaiamos na quadra da Escola Estadual Monteiro Lobato. O Renatão acertou sua música três vezes. Isso é uma puta conquista. O grupo todo tá se entrosando com os instrumentos, com as músicas e acredito que vai ser super legal esse trabalho.

Hoje, depois da minha pedalada, da minha caminhada e do meu mergulho na piscina, fui jantar fora com minha pequena. Ela queria comer Yakisoba e eu sabia de um restaurante novo. Quando entrei e vi o lugar lotado já me deu uma agonia. Não gosto de lugares lotados. Não parece, mas sou anti-social pra caralho. Brinco, me divirto, insisto, mas disfarço muito. É a sobrevivência. Ficamos plantados à porta e os garçons nem pra se aproximarem e, sei lá, no mínimo nos dar boa noite. O atendimento ao público em Boa Vista é uma merda! Tá legal, a Tati insistiu e viu uma mesa jogada no canto do ambiente. O local mais quente e atrás da TV. Ficamos de frente pra todo mundo. Comecei a sentir uma agonia. Olhei pro rosto das pessoas, a maioria calada, o ambiente era sem graça, tocava uma música na TV, era Como uma Deusa, em Inglês (saca, Rosana?). Puta, meu, eu comecei a ficar deprimido. E por pouco não fui embora. É foda tentar não transparecer o que tá sentindo e eu sou mestre em não conseguir isso. Tá na minha lata. Não dá pra mentir. Acabamos por ficar e a comida demorou pra caralho e o suco que pedimos a mulher jogou a a jarra na mesa de qualquer maneira e ela nem trouxe os copos e ela nem trouxe guardanapos, puta que pariu, nunca mais volto naquele lugar. Hoje, dia 08/03, além de ser Dia Internacional da Mulher também é o aniversário meu e da Tati e cara, encarar um programa desse, só mesmo amando essa mulher.

REALIDADE EM QUADRINHOS


Esse quadrinho aí é em homenagem ao novo espetáculo da Cia. do Lavrado, A Retrete ou a Latrina, que foi contemplado com o Prêmio Myriam Muniz de Teatro e tem o patrocínio da PETROBRAS, através da FUNARTE. Estréia no próximo sábado, 15/03, às 20h na Praça das àguas.
Ontem eu terminei de escrever Nova York é muito distante daqui , meu último texto teatral. E mesmo sem revisá-lo, acabei por iniciar um outro texto. A história já tava armada na minha cabeça (assim como outras), quer dizer, tava rascunhada atrás de um texto de universidade. Rascunhei durante uma das aulas chatas do Manoel. Na verdade as aulas dele não eram chatas, apenas o início. O cara falava muito. Ficava dando lição de moral. - Pôrra, vai tomar no cú! Dá a tua aula e deixa que o povo segue o enterro. O cara me deixou pra prova final por 0,06, acredita? Muito mesquinho... passei, Manéel!
Desabafos à parte, o texto tem um título provisório de Realidade em Quadrinhos, isso porque um dos personagens é desenhista de HQ. A sua colega de apartamento é uma jornalista que têm como meta principal de sua vida escrever um romance. Legal, tudo muito bom, mas cadê a disciplina? Cara, como eu quero me tornar um cara mais disciplinado em 2008. Acredito tanto nas coisas que faço que sei que não as faço melhor porque não sou disciplinado o bastante. Resolvi voltar a escrever em blog porque é uma forma de eu exercitar minha escrita, minha criatividade, enfim, alimentar minhas idéias. E os livros? Tô devagar pra caralho. Tô lendo o romance Mamãe não voltou do supermercado, de Mário Bortolotto, mas o livro, que é bem pequeno, tá lá no banheiro e nem sempre que eu vou cagar eu o pego pra ler. Aliás, tenho cagado mais rápido e a estratégia do banheiro não tá funcionando mais. Vou comprar um abajur pra ler na cama. Enfim, tudo balela diante de um caso de indisciplina crônica. Mas o pior mesmo é quando eu penso que poderia estar melhor do que estou, quando eu poderia ter escrito mais textos, encenado mais peças e aí...fudeu tudo. Da última vez que fiquei assim quase comprei uma garrafa de Wiskye, um maço de cigarros e enfiei o pé na jaca. E olha que eu não bebo há 11 anos...

quinta-feira, 6 de março de 2008

UM DIA FRIO NO INFERNO OU OLHA O PICOLEZEIRO!


Hoje eu tive o prazer de conhecer a música de Gary Moore. Dirigi a tarde toda ouvindo os seus blues. Lembrei da minha gaita e me deu uma vontade de tocá-la. Mas não toco gaita. Apenas me divirto com ela. Uma vez eu voltava do município de Amajari com meus amigos de trabalho e lembrei que tava com a gaita na bolsa. Resolvi tocar. O Foca, meu brother capoeirista, disse que eu tava parecendo um picolezeiro. Saca aquele apito chato que ouvimos toda hora pelas ruas de Boa Vista, então, eu, um picolezeiro...fiquei sem graça pra caralho e parei de tocar. Por outro lado, o maluco do Renatão pediu pra eu fazer um fundo musical na poesia que ele iria dirigir em um concurso de poesia. E não é que eles ganharam o prêmio. Eu não devia tá tão ruim assim...

Desde o trabalho do Projeto Mulheres em Ação, com a peça Quem disse que a decisão deve ser dele? que é toda musicalizada, em ritmo de forró pé-de-serra e super animada que eu sinto a necessidade de aprender a tocar um instrumento. Eu toco aqueles instrumentos de percurssão que a Cia. do Lavrado têm, mas eu quero aprender alguma coisa de verdade. Vai contribuir pro meu trabalho de ator, contribuir com o meu desenvolvimento como ser humano, porque música é foda de bom cara. Agora tô na dúvida do que tocar. Pensei em sanfona, que é super popular e como estamos trabalhando direto nas ruas e tenho planos de montar um Shakespeare no próximo ano, nas ruas também, então a sanfona cairia bem. Mas tem também o violão. Instrumento que dá harmonia. Sem instrumento de corda fica muito ruim. O forró deu super certo na outra peça porque não precisou do violão. Agora, tenho uma puta vontade de aprender a tocar gaita de verdade. É sem dúvida o instrumento que mais gosto. Quem sabe eu até acabe voltando a escrever letras de músicas. É verdade, minha história com a escrita foi através de letras de músicas bem escrotas, bregas, meladas, sabem aquelas bem rimadas onde amor rima com dor e paixão rima com azulão. Nada com nada. Depois comecei a escrever letras punk. Que salto louco, não é? Já fui até vocalista de banda punk. Saca só como eram as letras, O que fede não é a merda/e sim de onde ela vem/eu vou falar pra você/o efeito que tudo isso tem. O caras não entenderam o recado. Fui expulso da banda. Mas isso é uma outra história.

É FACA NA CAVEIRA, SEU MANÉ...


Quer saber? Tô de saco cheio de gente que faz corpo mole! Caralho, corro o dia todo pra tudo quanto é lado pra que o espetáculo estreie dia 15/03 numa boa e chega na hora do ensaio tem gente que faz corpo mole? Não. Tem alguma coisa de errado. Não entendo porque o cara tem que posar de mau-humorado e preguiçoso. Tudo é difícil.... O pior que ele é o que mais precisa de ajuda no seu trabalho de ator. Meu, quando eu venho com minha tradicional frase "quando eu cheguei em Boa Vista..." o cara fica puto. Que se foda! O fato é que quando eu cheguei aqui tive que ralar muito pra me manter de pé. Vendi muito colar de miçanga na praça, em época de Festa Junina, pra comer o lanche da noite e se hoje eu tô assim, legal, é porque eu perseverei. Me interessei por teatro em 1990 e de de lá pra cá não saí mais. Fiz incontáveis cursos. Sou formado por escola de teatro. Já fiz diversos trabalhos. Pôrra, alguma experiência eu tenho pra dividir. Já vi muita gente fazendo teatro e sei que esse comportamento não é o legal. Não é o caminho pra quem quer seguir em frente. Vou todos os dias pro ensaio com um enorme prazer, lógico, faço o que eu gosto. Ninguém me obrigou a fazer teatro. Poder trabalhar com amigos é o que mais me motiva. O bate-papo do café antes do ensaio, as risadas que damos uns dos outros durante, o bate-papo do final, quando já estamos indo embora. Olha, todos os dias eu e o Renatão somos sempre os últimos a irem embora. Antigamente, tinha a desculpa do último cigarrinho, mas agora vejo que gostamos mesmo é de falar pra caralho. O Renatão tem muita história pra contar. Enfim, essas são algumas das minhas motivações. Saber que estamos preparando um produto muito bacana para a população de Boa Vista, quer dizer, nesse caso, de Roraima, pois vamos para três municípios também, me deixa muito excitado. O que é que o cara quer mais? Tá dentro de um grupo que só tem gente fina, pôrra, será que ele ainda não percebeu o valor das pessoas que o cercam? Aí, confesso que chamar pra conversar de novo, eu não chamo não. Não sei porque, mas algumas falas do Tropa de Elite não saem da minha cabeça - Tu é um fanfarrão! Pede pra sair!

quarta-feira, 5 de março de 2008

TÔ ACHANDO QUE SÓ EU SOU O OTÁRIO NESSA HISTÓRIA OU JÁ, JÁ PULO FORA DESSE BARCO...


Por que as pessoas tem tanta dificuldade para trabalharem em grupo? Pra que tanta mesquinharia? Não é mais fácil dividir para que todos possam crescer e acrescentar para o desenvolvimento do teatro no estado? Caralho, tem horas que eu fico puto! Será que só eu penso assim? Será que eu sou o único a ser enganado? Será que sou o único otário nessa história? Sinceramente, não confio em ninguém e sofro muito com isso. Só mesmo um pouco de Nirvana pra me acalmar...
RAPE ME

EU ERA FELIZ E NÃO SABIA...


Estou nostálgico esses dias. É verdade, cismei de atualizar meu orkut, que desde o dia em que o criei nunca mais o usei. Depois do esporro da Grazi dei uma geral e de lá pra cá não páro de encontrar velhos amigos. Cara, quanta recordação. Eu não sabia que eu gostava tanto do Bairro de Bonsucesso. Hoje, olhando de fora, de cima, eu percebo que o lugar era muito bacana. Tudo acontecia ali e nas redondezas. Todo mundo se conhecia. Dificilmente eu saía na rua e não cumprimentava alguém. Algo parecido com Boa Vista. Lembro que eu quis muito me mudar de lá. Era uma época difícil e que a mudança não adiantou de nada, pois minha vida ficou pior fora daquele bairro. Sei que é clichê, mas eu era feliz e não sabia... como me deu vontade de voltar ao passado, de colocar meu jeans e minha blusa hering branca, que eram meus uniformes e ir para o boteco debaixo do prédio pra tomar umas doses de conhaque com cerveja, ouvir conversa jogada fora por um bando de bêbados malucos. E depois que já estivesse bem alto, pegaria um ônibus até a Lapa e entraria no Circo Voador e quem sabe até assistiria um show. Comeria de graça os amendoins do sinhôzinho e ficaria à tôa, sentado no bar do Circo vendo todo aquele povo sem rumo, pra lá e pra cá, como no filme A Noite dos mortos vivos, só que com muito mais emoção.

FINALMENTE BLACK DOG


Sábado quente. O cabelo já começava a incomodá-lo. Resolveu que daria um jeito naquela tarde. Foi ao barbeiro de costume, embora receioso, pois o mesmo de vez em quando dava um talho na sua pele. Estacionou o carro e ainda ouviu Black dog até o fim. Saiu do carro com a melodia na cabeça e a guitarra zunindo no fundo de seus ouvidos. Olhou de longe o barbeiro, que tranquilamente estava sentado à porta de seu estabelecimento tirando um cochilo. A música ainda na cabeça e a sensação de que havia alguma coisa de errado tomou conta no momento em que atravessava a rua. Pensou em desistir e quando ensaiou meia-volta, o barbeiro o avistou. - Tarde... pode entrar, disse o barbeiro. - ôpa, disse ele com a voz embargada. Como não tinha mais jeito, entrou e sentou-se. - Passa dois nele todo, disse. O barbeiro, como sempre, começou a puxar conversa, - sabe, lá no Ceará tinha um cara que dizia que quando tava rouco ou ruim da garganta ele fazia chá de barro. Contei isso aqui em Roraima e ninguém acreditou. O fanático por Led Zeppelin pensou, - pôrra, o que é que eu tenho a ver com isso? Que se foda, devia é tomar leite de minhapica! O barbeiro, que apesar de não ter o poder de ouvir pensamentos, só pode ter tido uma intuição, sei lá, uma vibração negativa para o seu lado, pois em seguida pegou a gilete, armou a navalha e começou a fazer o pé do cabelo. Essa é a parte mais perigosa. Fez a orelha direita. Fez a nuca. E... - ai! O louco por Led Zeppelin deu um grito desesperado por dentro. Olhou para o barbeiro, que continuou cortando o cabelo como se nada tivesse acontecido. Seu sorriso estampado na cara não era dos mais felizes. Colocou talco no pescoço e na nuca, deixando seu cliente igual a uma bundinha de bebê. Na saída, cabreiro, resolveu molhar a cabeça na pia pra tirar o excesso de cabelos cortados e nesse momento sentiu uma ardência por toda a nuca. Pagou o barbeiro, que ainda estava com a navalha nas mãos e se mandou dali. Mais uma vez prometeu que nunca mais pisaria naquele estabelecimento. Entrou no carro. Ligou o som. Finalmente Black Dog.

terça-feira, 4 de março de 2008

JUSTIÇA SEJA FEITA


Como eu não coloquei uma foto da Virgínia, nada mais justo do que colocar uma foto do seu novo filme, A HERANÇA. Se bem a conheço, esse filme deve ser do caralho.

VIRGÍNIA, A LOUCA


Outro dia na pizzaria(ainda não tava de dieta) falamos demais, eu e o Renatão, de nossa amiga Virgínia, que hoje é uma respeitada Diretora de cinema no Rio. Lembramos de situações que só aconteciam com ela, de como ela era uma pessoa carismática... Quando ela chegava em qualquer ambiente, poderia ter mais de cinco grupos diferentes conversando sobre assuntos os mais diversos e ela era capaz, com a sua loucura, de participar de todos os grupos e o pior, sempre desestruturava tudo. Isso era muito legal. Era uma pessoa muito querida. Já imaginaram uma pessoa estar grávida de, sei lá, uns cinco ou seis meses e não saber que tava grávida? Essa era a Virgínia. O Renatão e ela foram as pessoas com quem eu mais tive afinidade na escola e que não por coincidência, são os únicos que eu mantenho contato até hoje. E o Renatão, eu convivo com ele...

Tô falando dela porque acabei de mandar um e-mail gigantesco pra ela. Contei minha trajetória aqui em Boa Vista desde o dia em que cheguei. Soube que tá dirigindo outro filme e fiquei amarradão pra assitir. Por uns instantes me deu saudades da época em que eu ia buscar receita médica na casa dela e ficávamos batendo papo de tarde. Adicionei-a no orkut e acabei por entrar na maior nostalgia. A partir da Virgínia eu fui parar nas comunidades da Rua Cardoso de Moares, da Rua Teixeira de Castro, do Bairro Bonsucesso, do Colégio Capitão Lemos Cunha, da escola Pedro Lessa, pôrra, muita imagem na mina cabeça. Fui dormir ontem às quatro da madruga e completamente entorpecido de imagens do passado. Uma overdose que tá refletindo no meu dia até agora. Tudo isso faz tempo pra caralho, mas parece que foi ontem... a propósito, a foto não é a Virgínia. É outra atriz encenando Maria, a louca, mas bem que poderia ser minha amiga...

SOMENTE 04/03

O ensaio hoje foi produtivo, apesar de não contarmos com a presença do Renatão, que tava na maior caganeira e do Gilson, que provavelmente ficou deprimido, pois antes do ensaio, sua mulher viajou para Manaus. Consegui resolver a cena da Corita e do Francisco, aquela da música do Sidney Magal. Ficou muito legal. Resolvemos a parte musical, pois o Renildo e eu estávamos perdidos e resolvi a marcação da cena toda. Liguei para o costureiro, o grande Agnaldo, que irá confeccionar dois figurinos do espetáculo, pois o restante foi comprado em brechó. Vou comprar essa semana os canos de suporte do cenário e tô torcendo que dê o resultado esperado. É isso, o ensaio não foi desgastante. O grupo tá unido e tá todo mundo ansioso pra estreiar o espetáculo. Amanhã, quer dizer, hoje, vamos começar tudo de novo e tem reunião da FETEARR, tem projeto pra escrever e um monte de outros compromissos pra cumprir. Todos ligados ao teatro. Não adianta, mas enquanto eu não estreiar eu não consigo fazer mais nada. E semana que vem começam as aulas na UFRR e já vou faltar uma semana direto. Fazer o quê?

segunda-feira, 3 de março de 2008

À MEIA-NOITE

Estou de volta às madrugadas. Não adianta eu tentar dormir cedo que a sensação que tenho é de estar vivendo pouco. Sempre quis mais. De madrugada consigo ter minha mente mais calma e aí dá até pra escrever com mais tranquilidade. Já tentei, mas não consigo escrever durante o dia. Sempre fui um cara noturno. Sempre vivi na noite. Sou de cidade grande, muita oferta de diversão a qualquer hora da madrugada, enfim, Boa Vista é um deserto à meia-noite. Meus cachorros também são noturnos. Eles dormem de dia e vivem de noite. A madrugada pra eles é o ápice. Correm pra todo lado, brincam, latem, tentam se surubar... produzem mais a essa hora. São boêmios. Se abrisse o portão de casa toda madrugada eu tenho certeza de que eles iriam adorar dar um rolê pela rua, comer umas cachorrinhas, brigar com uns pitdogs e quando o sol estivesse ardendo e insistindo pra que eles desistissem de tudo, voltariam depressa, como vampiros, em busca de comida, reparos e sossego.

NÃO TEM MOLEZA!

Ei, esse disco é foda! E o título tem muito a ver com o que vou escrever agora.
Fugi da dieta. Tive uma recaída braba nesta segunda. Mas o motivo foi nobre, afinal de contas a Cia. do Lavrado fez três anos hoje. E além do mais, conseguimos registrar a FETEARR no cartório. Dito isso, aquele delicioso bolo de chocolate e aquele maravilhoso refrigerante não irão pesar na minha consciência. Bom, na consciência eu tenho certeza que não.

Nunca gostei de dieta. Na década de 80 e 90 eu tinha um corpo bacana, também... não saía da praia, corria nos parques do Rio de Janeiro, andava de bicicleta e vivia na farra. A farra desgasta muito o ser humano. Verdade, chegar em casa todo dia de manhã deixa qualquer um com o corpo atlético. Pelo menos assim era comigo. Minha alimentação não contribuía, mas como a quantidade era pequena...não tinha muito problema.

Minhas crises de abstinência deram uma trégua. Minha mente e o meu corpo, hoje, estavam bem melhores e quer saber, acredito que é por causa da ausência do tabaco e das caminhadas diárias que tenho feito. Andar é do caralho! hoje eu esqueci o pen drive e foi até melhor, pois pude refletir mais sobre minha vida e perceber alguns entraves que não estão permitindo o meu desenvolvimento. Andar é legal, mas tô louco pra correr. Tá vendo aí? Essa ansiedade ainda me mata.

O ensaio de hoje foi muito cansativo pra todo mundo. Mas é preciso segurar a onda e alguns conseguiram. O Francisco entregou logo os pontos. Não pode ser desse jeito. Faltam duas semanas pra estréia e esse é o momento mais crítico. Precisamos repetir trezentas milhões de vezes pra consertarmos pequenos detalhes. Detalhes que farão a maior diferença no resultado do trabalho. Nessas horas é que percebemos quem realmente tá afim de fazer teatro ou tá apenas dando um tempo. Teatro é trabalho como outro qualquer. Não tem moleza! Tô nessa já fazem 18 anos. É uma vida.

As músicas estão ótimas. O cortejo vai ficar do caralho! Um tremendo bloco de carnaval. Eu sempre quis montar um bloco aqui em Boa Vista. Já falei várias vezes com as pessoas, mas ninguém leva fé. Pôrra, nasci no subúrbio do Rio de Janeiro, em um local onde no carnaval era entupido de blocos. Bloco do vermelho e branco, bloco do azul e branco, bloco das piranhas, bloco do sujo, as alas do Caneco, da Fumaça, do Vagalhão, Funil, Barril, enfim, carnaval popular mesmo. Quem sabe no próximo ano, motivados pelo resultado do espetáculo A RETRETE OU A LATRINA, no qual tocaremos vários instrumentos, inclusive marchinas de carnaval, eu consiga convencer o povo de montarmos um bloco da FETEARR - Federação de Teatro de Roraima.

CENAS DO COTIDIANO

PESSOA - Puta que o pariu! Caralho! Essa merda só acontece comigo!
FÁTIMA – Ei! Dá um tempo aí, tem família nesse prédio, ouviu!
PESSOA - Dá um tempo é o caralho, cuida da tua vida!
FÁTIMA - Eu vou chamar a polícia, hein!
CARLOS – Minha amiga, eu perdi a chave da minha casa, vê se não me perturba!
FÁTIMA – Quer dizer que você está preso?
PESSOA – É... não consigo achar a minha chave, eu tenho uma reunião importante de trabalho e essa merda resolveu sumir logo agora!
FÁTIMA – Posso te ajudar?
PESSOA – Dá uma olhada aí pelo chão, talvez eu tenha deixado do lado de fora...
FÁTIMA – Não... por aqui não deixou.
PESSOA – Se a Gilda estivesse aqui, essa chave não estaria perdida. Ela sempre colocava a chave pendurada atrás da porta. Sempre muito organizada...
FÁTIMA – Sei... liga logo pra essa Gilda! Onde é que ela tá?
PESSOA – Se foi...
FÁTIMA – Você me desculpe, mas eu não sabia. Meus pêsames...
PESSOA – Quem te disse que ela morreu? Não, ela tá em Nova York. Nós terminamos.
FÁTIMA – E você ainda gosta dela?
PESSOA – Eu a amo!
FÁTIMA – Nesse caso, então, quem morreu foi você, não é verdade?
PESSOA – É assim que me sinto.
FÁTIMA – Olha, meu amigo, essa coisa de mulher eu entendo. Quer saber? Vai atrás dela! Não perde seu tempo. Eu ando nas ruas e vejo a solidão estampada na cara de cada Pessoa. A busca insaciável de sua cara metade. O eterno troca-troca que só faz misturar cada vez mais as peças. As pessoas não se dão à oportunidade de se conhecerem de verdade, elas não querem se mostrar, têm medo. Eu já passei por situação parecida. A minha mulher, hoje, mora comigo porque um dia eu fui atrás dela. E eu vou te dizer uma coisa, só se ama uma vez na vida e essa buceta eu não largo jamais!
PESSOA – Obrigado pela ajuda. Eu vou pensar no que você me disse, mas agora eu preciso achar essa chave.
FÁTIMA – Tudo bem. Olha, logo mais eu vou fazer uma reunião lá em casa, é aniversário da minha namorada, se você estiver sem fazer nada... dá uma passada lá no 505.
PESSOA – Pode ser.