terça-feira, 30 de setembro de 2008

ASSIM. EU ME SINTO.


Caminho no escuro
sem nem olhar para os meus rastros
é muito orgulho
não merece a marretada do martelo feroz
Percebo tudo
estou ligado ao que me acontece ao redor
é calculado
são anos e mais anos esquivando a incompreensão
A palavra é o que mais me importa
é unica
torta
me defendo do jeito que posso
e não me esqueço de quem me lavantou um dia
e não me esqueço de ajudar um dia
e um dia
é dia de cão pra caralho
Refaço meus passos
e não esqueço dos meus pedaços
tem uma história interessante por trás disso tudo
não adianta reclamar que eu tô lá
Insisto
supero
dou a volta por cima
quantas vezes achar que for necessário
Continuo o meu caminho
não interrompo a minha jornada
por nada nessa vida
minha arte jamais será ameaçada por vinténs.
Assim. Eu me sinto.









segunda-feira, 29 de setembro de 2008

FESTA NA CASA


MEU CAPETA SEM NOÇÃO
TÁ FESTEJANDO.
MEU INGÊNUO ANJO
TÁ COMPLETAMENTE LIGADO.









sexta-feira, 26 de setembro de 2008

HASTA LA VISTA, BABY


Vou te dar um recado, vê se cresce, cara, ninguém tá te aplaudindo. O que você faz é monstruoso. Porra, se aproveitar, assim, dessas pessoas? Quem tu pensa que é? Chegou aqui ontem e já tá cantando de galo? Pode parar, que não é assim que a banda toca. A gente até agora só te estendeu as mãos e você só com o pé no peito? Se liga, mané, bundão, tu não é quem você pensa que é... já tô de saco cheio dessa viadagem. Toma atitude de homem, com caráter digno de um artista e volta pra fila. Tem muita gente na sua frente pra me enfrentar ainda. É um carma apostar todas as fichas num lugar só. Mas eu tenho disposição e vou levando...








terça-feira, 23 de setembro de 2008

SIGNIFICADO?

por
que
é
preciso
descer
tanto
para
conseguir
uma
frase
rica
em
significado
?









domingo, 21 de setembro de 2008

BECKETT




Achar uma forma de acomodar todo o caos,
essa é a tarefa do artista de hoje.


Samuel Beckett







UM BLUES DESGRAÇADO



Pegue sua jaqueta surrada,
se mande e
não olhe pra trás.
Nós
não
vamos
a
lugar
algum
assim.
Esqueça os planos,
aborte
o sonho e me deixe
sossegada
em
casa.
Dessa vez
não vai ter telefonema desesperado
e
nem
jantares suicidas
pra reatarmos o que não tem mais
jeito.
Invada o primeiro boteco que
encontrar e com uma boa garrafa
de
vodka
despeje todo o meu pensamento num copo.
Não lembre que um dia existi.
Vai ser melhor
assim.
Transforme tudo em realidade
enfim.






REFÉNS DE CORPOS II



Jonas - Não me esqueço do dia dos meus onze anos, ele bebeu todas e fez o maior vexame na minha festa. Quando todos foram dormir, mamãe veio até minha cama pra me dar um beijo de boa noite, ele apareceu na porta e com uma raiva inexplicável invadiu o quarto e a esbofeteou. Eu queria arrancar a cabeça dele fora, a imagem que não saía da minha cabeça era a do seu corpo completamente esquartejado. Algum tempo depois, eu já estava pegando no sono, quando de repente comecei a sentir uma mão subindo as minhas pernas. Era uma mão pesada, meu quarto tava escuro, a casa em total silêncio. Aquele cheiro forte de cachaça invadiu meu quarto e quando tentei me mexer, ele me apertou com força e disse pra eu ficar calado senão ele iria matar a mamãe. Bem devagar, ele foi abaixando o meu pijama e colocou a sua mão na minha bunda. Ficou alisando e dizendo que era só carinho... Eu tinha onze anos, era apenas uma criança. Porque é que aquele filho da puta fez aquilo comigo? E se você tivesse vivido mais tempo lá dentro, também teria sido um escravo daquele verme. Por isso eu digo, ele teve o que merecia. Enforcado na escada do prédio... E morreu sem testemunhas...

Fred –
(Sem graça) Eu não sabia dessa história... Mamãe dizia que você adorava tomar banho com ele, adorava fazer espuma no corpo dele, até brigava por isso. Dizia que quando vocês tomavam banho juntos o tempo parecia congelar.

Jonas –
Mamãe era uma mulher doente e infeliz...

(Fred vai até o cinzeiro e acende uma ponta de um baseado. O cinzeiro tem outras pontas e ele oferece o cinzeiro para o Jonas, que logo pega uma ponta e acende também).

Fred –
Vai?... Agora eu começo a te compreender melhor...








A ABERTURA QUE NÃO ABRIU


Hoje foi a abertura da IV Mostra de Artes do SESC. Ou pelo menos foi isso que divulgaram. Recebi e-mail a semana toda dizendo que iria ser às 18h. Bom, eu fui. Só que não tinha ninguém. Dei umas voltas por perto e depois retornei. E nada. Se não rolou a abertura, isso só vou saber amanhã. E se não rolou mesmo, só posso dizer que isso é um péssimo sinal. Tomara que o público compareça a todos os dias da Mostra. Espero que seja insequecível este ano. No duro.








REFÉNS DE CORPOS


Fred
- (Pega a garrafa de uísque e coloca uma dose dupla no copo) Não preciso fingir que estou sentindo. Eu sinto, porra!

(se dirige ao público. Pouca luz. Foco).

FredEu nunca namorei mulheres. Nem sei o gosto que elas têm. Na adolescência eu já defendia os meus melhores amigos. Sempre escolhia um pra agradar, já era a atração, mas eu não sabia. Era uma época em que tudo era muito reprimido, muitas cobranças. Dois filhos homens - Dois garanhões puro sangue! Assim que papai dizia pro seus amigos. Eu já sentia o peso da imagem me torturando. Se eu apanha-se na rua, levava dobrado em casa. Era de cinto. (Pausa. Nostálgico) Eu gostava era do banho no vestiário da escola... Aquela adrenalina me consumia. Eu ficava louco de tesão pra chegar logo em casa e me trancar dentro do banheiro. Por mais que eu tentasse pensar na vizinha, que costumava trocar de roupa com as janelas abertas pra me provocar, não adiantava. Os pensamentos que me davam prazer mesmo eram sempre os corpos nus de meus colegas no vestiário. O proibido. O desconhecido me excitava. (nervoso com a lembrança) No outro dia, eu não conseguia nem olhar no rosto deles, me sentia culpado, parecia que eles sabiam do meu segredo. Mais tarde conheci os guetos, me disfarcei por um tempo. Misturei o real à ficção. Eu andei no escuro da boemia experimentando vários gostos. Me perdi entre corpos, nem quis saber seus nomes. Em cada esquina do Centro da Cidade, eu aluguei um par. Surubei muito...(ri) Eu deitei com o mundo, imundo... Alimentei minhas urgências sexuais com muito lixo humano. Lixo... O que nós somos? Não importa, mendiguei uns beijos... Eu vivi meus riscos! Mas... Cansei disso tudo. Hoje quero viver na transparência.








NATUREZA MORTA

Por quanto tempo
você acha que eu consigo me manter vivo
embaixo de um monte de bosta de elefante?









MUITAS BALADAS...

O dia amanheceu nublado. Uma forte chuva se aproximava com o cheiro forte de terra molhada. A temperatura oscilava bastante, mas nunca mais que 13 graus. Se arrastou pela cama até ficar de pé, caminhou até à pia, colocou uma xícara de café requentado e sentou-se no sofá. Folheou o jornal do dia anterior. Preparou umas iscas para garantir o almoço. Colocou casacos, luvas e um gorro grosso. Foi para o quintal. Andou por cima do rio congelado, escolheu um bom ponto e ficou. Quebrou levemente um pedaço do gelo. O suficiente para colocar suas iscas para baixo. Acendeu o cachimbo e tirou uma soneca. A refeição desavisada também tentou saciar sua fome. Levantou-se assustado. Deu um puxão repentino que o peixe não percebeu nem porque morreu. Fez uma fogueira na porta de casa. Comeu até o rabo. Guardou as espinhas na sua coleção. Entrou em casa satisfeito. Agarrou uma garrafa de conhaque e voltou para cama. Colocou uma balada bem triste na sua velha vitrola, apagou seu cachimbo e adormeceu abraçado na sua menina.








QUE VERGONHA, AMAZONAS...QUE CARA-DE-PAU...

Não foi nenhuma surpresa o resultado da seleção do V Festival de Teatro da Amazônia. Ou será do Amazonas? Uma vergonha para a classe artística. O prazo curto de inscrição, as dificuldades apresentadas na recepção do material (eles não tinham codec, acreditam?), as informações escondidas, enfim, tudo apontava para esta direção. Os caras assinaram embaixo que venderam o festival para o estado. Para Roraima isto é muito ruim, até porque este era o festival mais próximo de nós e mesmo não tendo grandes surpresas por lá, é bom vermos o que devemos fazer e o que não devemos fazer.

No ano passado a desorganização da FETAM(Federação de Teatro do Amazonas), o evidente despreparo de sua diretoria e a falta de educação com os grupos vindos de fora, mostrava sinais de que havia algo errado. O governo do estado não é bobo nem nada. Sabe que o artista tem muitas dificuldades para sobreviver com teatro e a sua maioria, no Amazonas, não sobrevive dele. E nem aqui. O fato é que R$ 15.000,00 é muita grana e com isso não foi difícil comprar este festival. Veja bem, R$ 15.000,00 para cada grupo que participar do Festival, e só para os gupos do Amazonas.

Recebi e-mail da talentosíssima atriz e assessora de comunicação da FETAM, Fabiene alguma coisa, e ela me confirmou que o V Festival de Teatro do Amazonas só terá participação de grupos de teatro do Amazonas.

Então é isso, mais uma lição que o Amazonas nos dá de como não devemos fazer. Não demora muito e teremos o nosso festival aqui em Roraima e precisamos nos espelhar em outros festivais da nossa região, como por exemplo, Festival de Teatro de Rua Amazônia Encena na Rua, em Rondônia e o FETAC no Acre, onde o tratamento dado aos artistas dispensa comentários.

Agora, no mínimo o que eles deveriam fazer é mudar o nome do festival, que de Amazônia não tem nada. Ou será que eles pensam que a Amazônia é Manaus?















quinta-feira, 18 de setembro de 2008

APENAS UM BLUES E UMA PAREDE PICHADA




(Elas se olham. E bebem mais).

BLACK – Eu queria tanto ter realizado meu sonho. Acho que a maior crueldade da vida é ela te apresentar algo maravilhoso e não te permitir fazer parte dele.
FREE – A maior crueldade da vida é te parir sem seu consentimento.








O DESGASTE DO TEMPO NOS DENTES




Foi avisado pelo dente caído. O tempo acabara de determinar sua passagem. Encostou-se na cama sem sono. Varou a madrugada com sua imagem desbotada na lembrança. Não assumiu nenhuma culpa. Percebeu-se. Distanciou-se. O cansaço o invadiu na idéia do desgaste físico acelerado. Foi ao banheiro e escovou seus dentes com uma calma jamais alcançada. Ajeitou o travesseiro tranquilamente e dormiu um sono sossegado. Sabia que o tempo não determinaria outra passagem tão cedo. Relaxou.














TODOS OS TEMPOS DO MUNDO


O TEMPO É ÚLTIMO,
URGENTE, ATRASADO,
PERDIDO NO TEMPO
DE TODOS OS TEMPOS DO MUNDO








BRINQUEDINHO DA MORTE

Estacionou embaixo de uma árvore imensa e com excessos de sombras. Abaixou o volume do rádio, abriu sua pasta e pegou uma revista para ler. Uma especializada em armas de guerra. Abriu na página marcada. Bombas caseiras. O artigo explicava passo a passo a fabricação de uma. Leu atentamente. Releu. Saboreou um cigarro sem muita pressa, abandonou a revista e começou a trabalhar. Saiu do carro, abriu o porta-malas e retirou umas sacolas de supermercado. Tinha de tudo. Não esqueceu nenhum item para trás. Juntou suas peças, mas quebrou sua cabeça por duas longas horas. Tempo o suficiente para a criação de uma bomba devastadora. Caminhou até a cantina. Sentou-se em uma das mesas. Pediu um refrigerante e com muito cuidado, depositou o desastre no centro da mesa, na parte de baixo. Pagou. Caminhou de volta ao carro e ao som de Raimundos detonou o explosivo caseiro espalhando o terror por todo canto da Universidade. Uma cratera se abrira no centro da lanchonete. As pessoas sobreviventes gritavam, quase em uníssono seus pedidos desesperados de socorro. Vinte e cinco mortos. O cenário era de caos total. O fabricante maravilhado sorriu vitorioso. Voltou para o carro e iniciou a construção de uma outra. Ainda tinha todo um bloco para destruir.









sábado, 13 de setembro de 2008

HOJE TEM ESPETÁCULO

Homens, Santos e Desertores
Marcelo Perez e Renato Barbosa
Foto: FMRezende

Hoje tem espetáculo! Aliás, hoje tem dois espetáculos. Homens, Santos e Desertores, da Cia. do Lavrado e O Poeta e a Musa, do Grupo Criart.
Vamos aos serviços:

HOMENS, SANTOS E DESERTORES
Texto: Mário Bortolotto

Direção: Graziela Camilo
Elenco: Marcelo Perez e Renato Barbosa
Desenho de Luz: Renato Barbosa
Operador de Luz: Ivan Andrade
Músicas: Gilson "amador" Larialp


Centro de Cidadania Nós Existimos
Rua Floriano Peixoto, 402 / B - Centro
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)

Não se esqueça de levar 01 Kg. de alimento não perecível


O espetáculo começa às 20h.


O POETA E A MUSA

Texto: Gean Queiroz

Elenco: Kaline Barroso, Gean Queiroz, Luiz Antonio Corrêa, Cecília Monteles, Celis Regina, Karen Barroso, Lana Francis, Jayne Cardoso, Diogo Silva, Willian Rangel, Thiago Pharias, Marcelo Caliri e Rubens Ribeiro.


Espaço Multicultural do SESC - Centro
Ingresso: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)

O espetáculo começa às 20:30h.






FINADOS

Estacionou no acostamento completamente sem combustível. Precisou descer do carro e empurrá-lo. A chuva não o ajudava em nada. Sabia que este seria um 02 de novembro inesquecível. Acendeu um cigarro e esperou. Apenas o vento falava ao seu ouvido. O rádio ficou mudo. De repente. Tentou dar um jeito. Enfiou a porrada no pobre coitado do aparelho estéreo. Estéril de som continuou. Sentou na calçada molhada e deu os últimos tragos por ali. A temperatura baixou muito rápido. Vestia apenas uma camiseta e uma bermuda. Sentiu frio. Lembrou-se da garrafa de uísque escondida embaixo do banco. Restos do passeio do fim de semana com os amigos. Mamou até a última gota. Precisava esquentar o seu sangue. Tirou a camiseta. Estava quente. Avistou um farol vindo na outra pista da estrada, lá embaixo e em sentido contrário. Correu até a ribanceira e escorregou todo desengonçado. Não podia deixar passar essa carona. Caiu sem jeito na pista ouvindo apenas uma freada brusca. Um velho Gordini azulado com o parachoque bem próximo de sua cara. Levantou-se aos tropeços para pedir ajuda.
- o que o sr. deseja? Perguntou a menina, uma feiosa, com um óculos fundo de garrafa. Ele não deixou por menos.
- Me leva embora, eu não aguento mais! Um pedido de socorro, sem meias palavras. A feiosinha abaixou o resto da janela. O chamou para perto. Parecia querer lhe contar um segredo. Ele imediatamente se aproximou da janela do carro e em seguida levou uma estocada no meio do pescoço. Uma barra de ferro pontiaguda, prateada e muito reluzente ficou cravada na sua garganta. Ele olhou arregalado para a criança, que sem a menor cerimônia puxou a tampa na ponta da barra, enfiou a boca com avidez e sugou todo o seu sangue. Depois de cinco minutos naquela sugação a menininha ingênua e aparentemente bêbada pegou o seu celular.
- mamãe, não precisa me esperar que eu já jantei. Acelerou o Gordini e desapareceu na estrada cavernosa. Ele ficou lá. Seco. E sem ajuda.







VÁ AO TEATRO!


Homens, Santos e Desertores
Marcelo Perez e Renato Barbosa
Foto: FMRezende

O teatro em Boa Vista atravessa um momento de efervescência total. Desde o dia 30/08, data da estréia da Cia. Arteatro com o espetáculo Qualquer gato vira-lata tem vida sexual melhor que a nossa, texto de Juca de Oliveira, no qual lotou o Espaço Multicultural do SESC por dois dias (30 e 31/08). O processo de formação de platéia parece mostrar seus lentos resultados.

Em seguida, a Cia. do Lavrado estreiou o espetáculo Homens, Santos e Desertores, texto de Mário Bortolotto em que lotou também o Centro de Cidadania Nós Existimos. Uma sala com capacidade para pelo menos 40 pessoas e teve gente que ficou em pé.
Ontem, 12/09, o Grupo Criart para a nossa alegria também lotou o Espaço Multicultural do SESC com seu espetáculo O Poeta e a Musa, texto de Gean Queiroz.

Em uma cidadesemteatro, até que os grupos estão fazendo a sua parte, já que os governantes pouco fazem a sua. O Teatro Carlos Gomes agoniza. Mas isso já não é novidade. É história.

O SESC finalmente irá inaugurar o seu teatro, com mais de 200 lugares, no Mecejana. O Espaço Multicultural do Centro deverá ser desativado, pelo menos para o teatro. Espero. O Prefeito anda fazendo campanha e envolvendo a tal da construção do Teatro Municipal no discurso. Espero que não fique apenas no discurso. É uma vergonha uma capital como Boa Vista não possuir um Teatro Municipal. É uma vergonha esses políticos não se interessarem por cultura.

O SEBRAE tomou a frente e inteligentemente resolveu criar uma estratégia para abraçar a cultura a partir de 2009. As idéias são ótimas. Se forem colocadas em prática de verdade, será uma grande vitória para esta instituição, para a cultura, para os artistas e para a população, que é a principal beneficiada. Espaços alternativos como a sala de exposições do Centro de Cidadania Nós Existimos, que foi aproveitada como teatro pelo Grupo Locombia e que hoje é utilizada também pela Cia. do Lavrado, surgem da necessidade em que os artistas tem de apresentarem os seus trabalhos. A rua foi invadida pela Cia. do Lavrado, que encontrou seu público ávido por atividades culturais. Quem disse que não existe público para teatro em Roraima?

Hoje, conseguimos sensibilizar o empresariado local, que já investe no teatro. Todo ano trazemos verbas federais para Roraima. Aprovamos projetos através da FUNARTE. Este ano a Cia. do Lavrado apresentou A Retrete ou a Latrina, que foi fruto do Prêmio Myriam Muniz de Teatro. O Grupo Locombia acaba de ser contemplado com o Prêmio Carequinha, também da FUNARTE, para a montagem de um espetáculo circense. Ninguém está de bobeira.


Temos vários editais abertos:

Lei de incentivo do estado (até 30/09)
Prêmio Myriam Muniz de Teatro (abre na próxima segunda)
Edital da cultura e saúde (até 20/09)
Edital Bolsa de Criação da FUNARTE (até 29/09)
E muito mais, é só entrar no site do MINC.

E ainda, O Grupo Locombia e a Cia. do Lavrado se inscreveram no V Festival de Teatro da Amazônia e esperam a aprovação para as suas participações. Enfim, a FETEARR - Federação de Teatro de Roraima faz a sua parte e conta com o apoio vital do Jornal RORAIMA Hoje, na divulgação de suas ações, que aliás, muito eficiente nas mãos do jornalista Edgar Borges.

Esperamos que o público de Roraima e os grupos de teatro não deixem escapar esta oportunidade que vivenciamos por aqui. É um momento único. E realmente verdadeiro.

VÁ AO TEATRO!








quinta-feira, 11 de setembro de 2008

PARABÉNS!

Hoje, quer dizer, ontem foi meu aniversário. Falei com pessoas que me amam de verdade. Parentes... mas me amam. Me reuni com amigos no bar. Foi ótimo. Fiquei triste por uma amiga minha ter perdido a passagem pra terra dela, fazer o quê? Maluquices da vida. Hoje foi um dia muito esquisito. Não estive nada bem. Tenho a certeza que preciso fazer um monte de coisas, e o foda é que não consigo dar o primeiro passo pra realizá-las. É uma merda! Tô com uma vida bem legal. Não posso reclamar de nada. Cara, pra quem já viveu na sarjeta, cometeu diversos delitos desgraçados de ruim, tô com crédito. Meu, vou em frente. O legal agora é o espetáculo que tô fazendo com amigos. O barato é esse, trabalhar com pessoas que eu gosto, fazer o que eu gosto e o resto, deixo lá no Meu Cantinho...É isso, bebi um monte noite passada e não tô muito afim de digitar porra nenhuma.
Beijão no coração do povo que vai com minha cara. E olha que acho que é uma turma grande....
Valeu!








segunda-feira, 8 de setembro de 2008

JOÃO TEIMOSO

O mais difícil era acertar o urso do meio. O parque todo já havia tentado. O prêmio não era lá grandes coisas. Uma escova de criança, um algodão doce, uma agenda do ano anterior... não arrancavam sorrisos de alegria dos vencedores, mas a fama, essa sim era a desejada por todos. Caminhou com tranquilidade e com um certo ar de superioridade até a barraquinha. Pediu uma ficha. Única. Estava confiante. Recebeu das mãos do funcionário a espingarda. Na noite de sábado passado havia gasto quase todo o seu salário tentando acertar o maldito urso do meio. Foi para casa desconfiado de que alguma estava errada com aquele boneco. Pensou até em verificar se o desgraçado caía para trás de verdade. Desistiu da idéia, não ficaria bem para ele, desconfiar era coisa de covardes. As pessoas se aproximaram da barraca. O cochicho começou de longe - Olha lá, o cara que gastou todo o salário! De uma hora para outra, lotou. A mulherada pedia-lhe autógrafos. Ele os deu. Se deixou levar pela fama repentina. Tinha a certeza de que limparia seu nome de uma vez por todas. O funcionário o apressou. Ele não gostou da atitude do rapaz. Imaginou que fazia parte de um plano para desmoralizá-lo. Respirou fundo. Mirou. Acertou o coelho orelhudo da ponta. Algumas pessoas o aplaudiram. Não demorou muito para ele ouvir de outros, que o tal sr. Orelha era moleza. Ficou irritado. Nervoso. E sem mirar acertou no olho do macaco cabeludo. Gritou de felicidade. Agarrou uma mocinha do seu lado, que em seguida foi arrancada pelos braços por sua mãe. O povo riu da cena. Ele ficou furioso. - Acerta o urso! O grito veio lá de trás e logo tomou conta do meio da multidão, que em coro e uníssono gritou, - O urso! O urso! Ele olhou para trás. O povo se calou. Olhou para o funcionário, que trazia risadas no canto da boca. Pulou o balcão. Foi em direção do urso. Deu uma porrada na cabeça do boneco, que logo tombou para trás. - Tá vendo, tu que é ruim mesmo! Gritou um baixinho lá no final, na fila da roda gigante. Começou a suar desesperadamente. Tremeu. O funcionário caminhou para trás do bonequinho, que mais parecia um João Teimoso. Ele, desesperado, e sabendo que sua situação estava complicada, não bobeou . Mandou um tiraço no peito do funcionário, que perdeu o equilíbrio quando passava na frente do boneco e caiu para trás derrubando o maldito ursinho. Silêncio. Ele saiu abrindo caminho na multidão. Acendeu um cigarro, cheio de moral. Pegou a mocinha fugida nos braços da mãe e caminhou em direção ao trem fantasma. Nunca mais voltou ao parque.




domingo, 7 de setembro de 2008

PARIMOS A CRIANÇA

Foto: FM Rezende

E parimos a criança. Tô muito feliz que o público tenha legitimado o trabalho, apesar de ser a estréia, sabemos que temos muito o que trabalhar. O espetáculo não tá pronto. Tá longe disso. Mas conseguimos perceber que estamos no caminho certo. Foi ótimo ver os amigos por lá. A casa cheia. Mesmo nas suas proporções, não cabe mais que 40 pessoas. Mas tinha isso e mais gente em pé. Tava um puta calor. A sala não tem ar condicionado e durante o dia quebramos nossas cabeças pra encaixarmos três ventiladores nas janelas para que o público se sentisse mais confortável. Um espaço alternativo, que dá pra fazer muita coisa e que estamos adorando trabalhar lá. O texto de Mário Bortolotto, como já disse, sem comentários. A impressão que sinto toda hora no ensaio é de que tô com o meu pai ali fora da sala. Quem nunca viveu um conflito familiar? Quem nunca se sentiu deslocado em algum momento de sua vida? Sei lá, tô curtindo muito estar ali. A temporada apenas começou e já estou louco pra chegar sábado que vem. Não piso nos palcos, com um texto assim, mais denso, mais intimista, desde 2004. Tenho dirigido farsas medievais e trabalhado como ator apenas em peças de DST/Aids. Me sinto mais maduro como ator e tô com um gás da porra de bom. É isso. Vida longa à Homens, Santos e Desertores, de Mário Bortolotto.

Ei, sábado, 13/09, às 20h tem mais, no Centro de Cidadania Nós Existimos.

Valeu todo mundo que compareceu.













sexta-feira, 5 de setembro de 2008

NA VÉSPERA

Chegou o momento tão esperado: A estréia. Esse processo de trabalho foi tranquilo. Não rolou estress. O Renatão, a Grazi, o Larialp (amador) e o Ivan são pessoas que estão afim de verdade. Começamos a ensaiar essa peça no dia 31/07. Praticamente todos os dias. Rolou de tudo, muita cerveja, fumaça e todos com postura bem profissional. Acredito que esse é o melhor trabalho da Cia. do Lavrado e é legal pensar assim. A Retrete ou a Latrina era o melhor trabalho pra mim. Se a cada trabalho que realizarmos for o melhor, legal. Tamo no lucro.
O espaço é alternativo, uma busca da Cia. do Lavrado em romper com a dependência de instituições que não estão nem aí pra gente. Não é um teatro. É uma sala de exposições, mas e daí? O ambiente que criamos é completamente teatral. Cara, é o nosso primeiro trabalho com um desenho de luz. O Renatão caprichou. Palpitamos pra caramba, mas a idéia foi dele. A direção tá afiada, tanto que nem percebemos a mão da diretora. E quando isso acontece é porque ela acertou a mão. Meu, não tem destaque. A unidade é que prima. Tô feliz com tudo isso. O Edgar tá mandando ver na divulgação, graças ao jornal Roraima Hoje. É o primeiro espetáculo que conseguimos os direitos autorais, até porque os últimos foram farsas medievais e os de DST, na sua maioria, eram de minha autoria. Procuramos fazer o certo. Se queremos ser profissionais, então precisamos ter atitudes de profissionais. Esse negócio de montar textos sem direito autoral, só porque tamo longe de todo mundo, não dá. Precisamos fazer o certo e a Grazi é quem pilhou todo mundo pra que isso acontecesse. O próximo passo é pedir direitos autorais das músicas. Nesse espetáculo não tem músicas de outras pessoas. O Gilson é quem vai mandar uma jam session no seu sax invocado. O cara se acidentou e tá com a boca toda fudida, cheio de pontos na cara. Mas vai dar todo o gás do jeito que der. Estamos gostando muito de fazer essa peça, e torcemos pra que tudo dê certo e quem sabe até o Mário Bortolotto tope renovar nosso contrato. Sei lá, ele é super exigente e se não curtir o que tamo fazendo, já viu. Não mudamos porra nenhuma do texto dele. Respeitamos cada ponto, cada palavra, tá tudo lá, na íntegra.
Temos aí pela frente o YAMIX e o Festival de Teatro da Amazônia. Queremos muito participar dos dois, mas se não rolar, vamos em frente.
Hoje é o penúltimo ensaio. Amanhã, já era. Quero muito que aquela sala esteja cheia amanhã. Queremos presentear o público de Boa Vista com um belíssimo espetáculo. A pressão tá grande. Formar público não é nada fácil. As pessoas reclamam que não tem teatro, que nunca tem espetáculos, mas quando rola o povo não vai. Por isso que quando me meto nessas discussões, principalmente na Universidade Federal, tento não ser muito emocional, porque do contrário mando todo mundo tomar no olho do cú!
É isso, merda pra todos nós.



quinta-feira, 4 de setembro de 2008

VAMOS AO TEATRO?

Foto: FM Rezende

HOMENS, SANTOS E DESERTORES



Texto: Mário Bortolotto
Direção: Graziela Camilo
Elenco: Marcelo Perez e Renato Barbosa
Músicas: Gilson Larialp
Desenho de luz: Renato Barbosa
Operador de luz: Ivan Andrade



Centro de Cidadania Nós Existimos
Rua Floriano Peixoto, 402 - Centro
BOA VISTA / RR
Em frente à Orla Taumanan



SÁBADO, 06/09, às 20h.



Ingressos: R$ 10,00 + 01 kg. de alimento não perecível (inteira)
R$ 5,00 + 01 kg. de alimento não perecível (meia)
APOIO:
JORNAL RORAIMA HOJE
PERIN VEÍCULOS
LB CONSTRUÇÕES
FETEARR
NÓS EXISTIMOS















terça-feira, 2 de setembro de 2008

CORRERIA

Estou de volta! Não deu pra atualizar o blog essas últimas semanas. Tava na corrida e quase não parei na frente do computador com tempo disponível pra escrever livremente. Na última semana a Cia. do Lavrado realizou uma leitura de texto, um ensaio aberto e uma festa. Bom, a leitura não foi ninguém. Pra não dizer ninguém, foi até um cara, mas não achou o endereço e voltou pra casa. No ensaio aberto tivemos um público de 04 pessoas. Foi muito bom. Conversamos depois do ensaio sobre a peça. Recebemos críticas bem motivadoras. Uma amiga sinalizou um momento da música que estávamos deixando de aproveitar. Corrigimos. Muito bem observado. Por isso o ensaio aberto é legal. É muito bom quando as pessoas se aproximam da gente com a intenção de contribuir. Foi assim, trocamos informações e impressões do trabalho apresentado.
A festa foi foda! Só amigos. Foi a nossa primeira festa e estávamos ansiosos e nervosos com o resultado dela. Não deu muita gente, até esperávamos mais, mas como estamos estreiando em festas, acreditamos que a próxima, em março de 2009, no aniversário da Cia. do Lavrado vai ser bem melhor. Quem compareceu é porque acredita na gente. Temos algum crédito na praça. As bandas arrebentaram, muita gente dançou, os caras são bons (HCL e SOMERO). O bar ficou cheio a noite toda. Quando deu 1 da manhã e o show havia terminado, foi todo mundo pro bar da festa e ficamos por lá até 4 da manhã, com direito à canja de Neuber Uchôa, Luiz Barbosa e Felipe Resende. Se revezaram no violão. Não tivemos prejuízo. A festa se pagou e até rolou um pequeno lucro. Avaliamos que devemos realizar a segunda e que terá que ser muito mais planejada e organizada, inclusive com hora pra começar e terminar. A divulgação precisa chegar com 01 mês de antecedência. É isso. Conseguimos. Fomos ousados. Quem sabe a festa entra no calendário cultural da cidade, sei lá, depois da terceira ou quarta...
Vamos estreiar no próximo sábado e por isso o tempo tá super apertado. Além dos ensaios, do trabalho solitário de texto em casa, da universidade, enfim, escrever ficou quase impossível. Mas sábado parimos essa criança. Um texto ótimo, do dramaturgo Mário Bortolotto, contemporâneo, escrito em 2002 e encenado pelo próprio. Uma puta responsabilidade, pois o cara fez sucesso em São Paulo. Não podemos jamais deixar a desejar. Vamos dar um gás nessa última semana de ensaios. Nos encontramos no Centro de Cidadania Nós Existimos, sábado, às 20h.