quarta-feira, 30 de julho de 2008

BANQUETE TEATRAL

Então, ainda com o festival na cabeça estive pensando no Banquete Teatral da FETEARR. Eu e o Renato conversamos muito lá em Porto Velho e chegamos a conclusão de que este evento pode ser melhor do que é. Precisamos assumir que estamos fazendo cenas de teatro nas ruas. O cara deste evento precisa ser de teatro de rua, mesmo que os grupos envolvidos não atuem nas ruas, mas é preciso trabalharmos mais tecnicamente para atendermos ao público que vai lá nos assistir.
Precisamos melhorar nosso trabalho vocal, trabalharmos mais com música ao vivo, ao invés de contarmos com o problema do som, precisamos ter mais noção do espaço que as cenas são apresentadas. Uma vez falei lá no Nova Cidade da necessidade de criarmos um som juntos, como integração e aquecimento e acabei vivenciando lá em Porto Velho um cortejo, que não foi difícil de se montar.
Até mesmo a organização desta divulgação precisa melhorar. Enfim, já que assumimos este projeto e ele é um cartão de visitas da FETEARR, então é responsabilidade nossa melhorarmos a qualidade dele. Concordam? Quem sabe um dia temos mais um produto maior em mãos, é verdade, hoje fazemos cenas de 15 min, mas nada impede de fazermos uma mostra de teatro de rua com cenas de 30min, por exemplo.
É isso. Temos muito o que pensar e fazer.







terça-feira, 29 de julho de 2008

PRECISAMOS IR MAIS NO INTERIOR DE RORAIMA

Bom, agora é a vez do interior. Já andei ouvindo histórias por aí, de que o SESC tá zangado com a Cia. do Lavrado, enfim, não vou me pronunciar porque não sei do que se trata e nem fiz relatório nenhum, ainda. O que me chateia é que tem gente que insiste em tirar o foco do seu teatro e meter o bedelho na vida dos outros. É bom que vamos estudar o teatro pobre e porque não falarmos dos atores pobres de espírito que não se tocaram que existe muita gente em Roraima afim de fazer teatro mesmo. Não falo só da Cia. do Lavrado, mas de outros grupos que tem o seu trabalho alicerçado e que estão seguindo os seus caminhos. Mas já é hora de nós atores chamarmos atenção pra que essas crianças calem as suas matracas e só as abram quando tiverem algo produtivo pra dizer.

Feito a introdução, não temos nada pra reclamar do interior e nem do SESC. Tivemos um público de, sei lá, umas 500 pessoas. Fomos bem recebidos em cada unidade do SESC LER, tanto por funcionários como pelos moradores da comunidade. Os três espetáculos foram uma delícia. nos divertimos demais da conta. Em especial em São João da Baliza, local que realizamos uma oficina com mais de 20 participantes. O grupo REVERBEL, vou falar de novo, esteve presente e os carinhas são guerreiros. Precisam sim de mais investimento do poder públcio local e do SESC. Mais atenção pra esses caras que tão querendo acertar e já acertam legal.

Na estrutura do SESC não nos faltou nada. O motorista muito boa praça e a pessoa responsável pelas apresentações não nos atrapalharam. Até mesmo o nosso excesso na ida, fomos daqui até Rorainópolis tocando instrumentos, cantando e bebendo vinho, na maior alegria e festa. Bom, não vejo razão pra comentários espantosos sobre isso. Somos um grupo de teatro e não de missionários. Somos seres humanos antes de tudo e às vezes nos excedemos mesmo. Não fazemos a menor questão de demonstrar o que não somos e muito menos omitimos a nossa felicidade. Foda-se. Se não for assim, daqui a pouco vamos começar a falar mal dos outros, que é como acontece por aí. As pessoas se boicotam tanto, se camuflam tanto que precisam fazer alguma merda e aí tomam conta da vida alheia. Foi assim.
Oferecemos ao público do interior a maior energia possível. Tanto é que quase o elenco todo chegou muito ruim de saúde em Porto Velho. Acredito que o SESC deveria investir mais nessas parcerias e inclusive começar a levar gente pra dar aulas, principalmente para o pessoal do REVERBEL, de Baliza. Porra, tem muita gente naquele grupo... Cara, o SESC fez a parte dele e nós fizemos a nossa. Os dois acertaram. Acredito que parcertia é isso. Parceria não é a Cia. do Lavrado ficar lá na sala do SEARC puxando o saco pra eles realizarem qualquer coisa pra gente.
Então é isso, depois coloco foto aqui, pois fotos e filmes ficaram todos no laptop do Ivan. A avaliação desta viagem está traduzida no nosso desejo de retornarmos com outras produções.







FOI UM FESTIVAL!

Renildo Araújo dando uma última conferida no material.
Praça das Caixas D'água.
Foto: Marcelo Perez.

Esse foi o visual que nos abrigou durante uma semana. Então, falando mais tecnicamente, me surpreendi muito com este festival. A organização esteve perfeita, a hospedagem foi bacana, sem luxo, mas tinha lá o ar condicionado, banheiro, cama gostosa e um café na moral. As refeições eram feitas no SESC, na hora do almoço. Uma comida caseira, simples e sem muita frescura. A janta era em um restaurante próximo ao Hotel. Cara, comi bem pra porra, a semana toda. Não tenho do que reclamar. O transporte tava dez. O Bené, motorista, a Braguinha, produtora e a Veruska, assistente (eu acho) deixaram a gente super à vontade. Em nenhum momento demonstraram insatisfação no meio daquela correria toda. Estavam sempre prontos e com uma cara de cansados...O Chicão também atendeu a todas as nossas angústias. Parecia ser o sujeito mais calmo do festival. Mas acho que o cara devia tá nervoso e não quis demonstrar. Sei como é isso, é igual comigo na Cia. do Lavrado. Às vezes bate uma insegurança...mas não dou mole. Não posso deixar de falar dos oficineiros, Narciso Teles e André Garcia. Pessoas generosas, que souberam se aproximar dos grupos e discutir os espetáculos. São caras que realmente entendem de teatro de rua, já tão nessa faz tempo e em nenhum momento omitiram as dificuldades de seus locais de origem, sempre num bate-papo de pura identificação. E os artistas, cara, só tinha gente boa. Pelo menos os que eu me relacionei eram todos nota 1000!
O público curtiu muito o trabalho do Grupo Baião de Dois, TORTURAS DE UM CORAÇÃO. Eu já tinha assistido no Festival de Teatro da Amazônia, em Manaus e gostei demais do espetáculo. O elenco entrosado, soube adaptar muito bem o espaço cênico, pois o espetáculo foi concebido pra palco italiano. Eles estavam conosco direto e nos divertimos muito.
O pessoal do Acre, puta, só figuraça. O espetáculo MANOELA E O BOTO abriu o festival. Um trabalho sem cenário, com o peso todo em cima dos atores e dos músicos, que seguraram bem a onda e fizeram um ótimo espetáculo. Eles usaram muitos objetos cênicos, muitas soluções interessantes. Eu vi teatro de rua. Digo isso porque fui pra lá com a impressão de que o que a Cia. do Lavrado faz é teatro na rua. Acabou que na oficina do Narciso Teles essa minha impressão foi por água abaixo. Fazemos sim teatro de rua. O elenco afinado, com ótimos atores, os músicos em cima, com muita precisão dando a linha do espetáculo e uma direção precisa que não precisou nem ficar perceptível. Foi assim o Acre.
O Imaginário (RO) apresentou O Mistério do Fundo do Pote. Um espetáculo do veterano Illo Krugli. De todos os trabalhos, este foi o mais circular. Utilizaram todos os lados e ângulos possíveis. Soluções cênicas também muito interessantes. Muitas coisas já estamos trazendo pra Boa Vista, copiando, adaptando pra nossa realidade. Ótimos atores no elenco.
O Salto, do nosso amigo André Garcia lá do RJ, foi uma surpresa. Me lembrei do Grupo Clownstrofobia que fiz parte l´pa no RJ há alguns anos. O Salto foi um espetáculo repleto de palhaçadas, que traziam como costura um mistério desgraçado, que no final surpreendia a todo mundo. O cara dizia o tempo todo que ia dar três saltos do banco sem tirar o pé do banco. Entre uma tentativa e outra, o cara fazia uma porrada de números de palhaço. Foi muito agradável de assistir, sem falar na técnica que o André domina muito bem, manter a atenção de um público de pelos menos 400 pessoas em plena rua e sozinho, não é mole não.
A Cia. do Lavrado já falei. Aprendemos muito. Nos surpreendemos com o resultado do trabalho. Uma parte da Cia tinha a certeza de queria seria muito legal e outra parte que viajou e que ficou em Boa Vista não botava fé, acharam que era só pra cumprir tabela. E foi o contrário. O público legitimou o trabalho, os artistas comentaram direto, fizeram críticas bem legais, souberam fazer críticas, deram sugestões de mudanças, sim e por que não? Foram generosos. Um exemplo pra gente.
A avaliação da Cia. do Lavrado foi a melhor possível. Percebi isso na fala e nos olhares e sorrisos da moçada. Apesar de todos exaustos, a satisfação era transparente.












VÉIO CHICÃO


Esse aí com o microfone é o Chicão, de Porto Velho, foi quem nos convidou pra participarmos deste evento maravilhoso. Essa foi a segunda apresentação, dia 27/07 e como podem ver a praça tava lotada. O último dia foi o seguinte, um cortejo muito louco invadiu a Praça das Caixas d'água, que já tinha muita gente louca por teatro, por cultura e fizemos muito barulho. Numa grande roda cantamos muito. Todos os participantes das oficinas e os atores dos espetáculos. Em seguida, deu-se início à três espetáculos ao mesmo tempo. Cada um num canto da praça. Algo que já tava planejado, mas que nos bastidores todo mundo morria de medo do que pudesse resultar. E foi assim, a Cia. do Lavrado (RR), OImaginário (RO) e o Grupo Baião de Dois (AM). O público pode escolher ao que assistir e as três apresentaçãoes ficaram abarrotadas de gente.

Depois, deu-se início a mais duas apresentações, Cia. Será o Binidito (RJ) e o Grupo Vivarte (AC). Ainda ficamos na praça por um tempo, observando a cara extasiada dos atores. Foi uma experiência coletiva (público e artistas) única. Tenho a certeza de que quem esteve naquela praça no dia 27/07/08 nunca mais esquecerá do aconteceu ali.

A noite acabou em pizza. Uma mesa enorme, com todo mundo em confraternização.







segunda-feira, 28 de julho de 2008

TÁ ACABANDO...

Já estamos nos arrumando pra voltar. O Festival foi tão corrido que não tive nem tempo de atualizar aqui. Mas tá tudo fotografado, filmado, registrado nas nossas memórias. Temos muito o que aprender, trocar, experimentar e transformar. Foi uma verdadeira celebração este evento. É isso. Quando eu chegar terei muito o que escrever.







sexta-feira, 25 de julho de 2008

AINDA PORTO VELHO...

RENILDO ARAÚJO E MARCELO PEREZ (AO FUNDO)
FOTO: DE UMA MENINA DA PRODUÇÃO MUITO GENTE BOA

Então, continuando o papo, essas vindas à festivais são interessantes demais. Percebo que não somos diferentes de ninguém. Os grupos dos outros estados tem as mesmas dificuldades, até o cara do RJ, André Garcia, se identificou com todos nós na mesa redonda O TEATRO E SUAS PERSPECTIVAS. No Rio de Janeiro eles passam pelos mesmo problemas. Os grupos de Roraima precisam se unir mais, não a social de sair e ir pro barzinho, mas sim de ir de encontro ao poder público, questionar o porque da ausência de políticas públicas. Precisamos abrir mão de algumas coisas para conseguirmos outras. Não dá pra questionar o estado ou o município se colocamos nossos interesses sempre à frente. Cadê a moral pra sentarmos à mesa se a qualquer momento cedemos aos desejos deles? Em Roraima é mais complicado ainda. Temos poucos grupos que produzem. Temos grupos que pouco falam ou divulgam o que fazem. Trocar experiências em Roraima é muito difícil. Por isso abri mão de me reunir às quartas no restaurante. Não dá pra sentar numa mesa e passar o relatório e não ouvir nada do outro lado. E opior é que quem produz, produz coisas legais, sabem o que fazem, cada um no seu estilo de trabalho tem o seu mérito e eu nunca questionei isso. Só não entendo por que o fazem apenas pra si. Tô falando isso, lógico, devido a motivação que tô sentindo aqui. Continuo acreditando em uma Federação com poder político, que se faça representar de verdade. E aqueles que estão afastados por diversas razões, deveriam se aproximar mais. Cada artista de teatro deveria tomar pra si a FETEARR, parar de falar através da fala daqueles que estão à frente e começarem a sugerir ações, enfim, participarem mais. Algum tempo atrás, algumas pessoas motivadas por fofocas começaram a se manifestar mais pela internet e embora o momento tenha sido esquisito, foi saudável, foi possível ouvirmos o que as pessoas realmente pensam. Tem grupo em Boa Vista que nunca se manifestou na internet. Porra, não entendo, todos tem muita coisa pra dizer, contribuir. Todos são importantes. Sei lá, hoje não vejo que somos capazes de levarmos um projeto maior adiante. A FETEARR precisa amadurecer muito como um grupo de profissionais que estão determinados a transformar uma situação no estado de Roraima. É isso.



















PORTO VELHO II


A praça ficou lotada! A Cia. do Lavrado segurou a onda durante os 45 min. de espetáculo. No final, o público ainda ficou um tempão batendo papo conosco e deixando algumas inpressões do espetáculo. Recebemos críticas construtivas de diversas pessoas, entre artistas e público. Não teve espaço pra inveja, ciúmes e essas merdas que muitas vezes encontramos na nossa própria casa. Não teve neguinho pedante, se achando o tal e nem os artistas deixaram de nos dar parabéns, não sei nem se gostaram, mas reconheceram o nosso trabalho. Outra dificuldade no nosso estado em que ao término das apresentações poucos artistas se aproximaram de nós pra nos parabenizar. Faço essa observação no intuito de questionar mesmo, não pra polemizar e fazer intrigas, mas precisamos valorizar mais o que fazemos no nosso estado. Precisamos defender e falar bem dos outros que ficam quando temos uma oportunidade como essa de sair. É o que temos feito por aqui, valorizamos a FETEARR, mesmo sabendo da existência de discordâncias ridículas.
O festival tá foda mesmo! Os artistas estão unidos, tão se ajudando. Tá todo mundo atento com o trabalho do outro e pronto pra contribuir de alguma forma. As trocas estão rolando. Cada vez tenho mais certeza de que a merda da competição imposta por alguns grupos de Boa Vista, e que na verdade é mais um processo interno desses grupos, mas que acaba respingando nas ações do coletivo, atravanca todo um processo muito maior do que nós. Pessoal, nós podemos ser muito mais do que isso. Senhores diretores, deixem de lado esse espírito competitivo e vamos trabalhar mais pelo desenvolvimento do teatro em Roraima. Sei que vou ser interpretado erroneamente por alguns, mas fazer o quê? Não dá pra ficar calado. Então é isso. Vou almoçar e depois continuo esse texto que tem mais coisas pra falar.












quarta-feira, 23 de julho de 2008

PORTO VELHO



Essa aí é a Praça das Caixas D'Água, sei lá, acho que é isso. Este será o local da apresentação de todas as peças do Festival. Comecei a escrever,mas o carro do rango chegou. Mais tarde continuo. Até lá.

Então, o espetáculo MANOELA E O BOTO, do Grupo VIVARTE, de Rio Branco - AC abriu brilhantemente o festival. A tradição do teatro de rua esteve presente durante os 45 min da apresentação. A história do boto, conhecida por todos e muito divulgada nas regiões norte e nordeste agradou o público presente na praça. Legal observar o trabalho de outros grupos e como avaliação deste primeiro dia, percebemos que não estamos no caminho errado. À tarde rolou uma mesa redonda, O TEATRO DE RUA E SUAS PERSPECTIVAS com o diretor Narciso Teles. A Cia. do Lavrado colocou a realidade do teatro do seu estado e falamos um pouco da nossa experiência com o teatro de rua. Identificação total com os outros estados. É isso. Tô gripado pra porra! Vou descansar que amanhã começam as oficinas. Até.






segunda-feira, 21 de julho de 2008

CINESESC APRESENTA O MELHOR DO ANIMA MUNDI

APENAS REPASSANDO...
O Sesc Roraima apresenta nos dias 25, 26 e 27 de julho a Mostra "O Melhor do Anima Mundi", o maior festival de cinema de animação do mundo. As exibições acontecem sempre às 19h, no Cinesesc Digital, no Centro de Atividades Dr. Antonio Oliveira Santos, no Mecejana. A entrada é um quilo de alimento não-perecível, que será revertido para o Programa Mesa Brasil.
A mostra contempla uma seleção dos melhores trabalhos nacionais participantes do Festival Internacional de animação o Anima Mundi e é mais uma iniciativa do Sesc, que desde a década de 60 prioriza a formação de público, o desenvolvimento e o aprimoramento de artistas e produtores culturais.
Para o técnico de cinema do Sesc, Alex Pizano, é uma boa oportunidade para o público que gosta de cinema de animação conferir as produções nacionais que já fazem sucesso em todo o mundo.
"O Cinesesc tem essa proposta de formação de novos públicos para o cinema e esse tipo de mostra é uma excelente oportunidade para que o público possa conferir o que está sendo produzido pelo Brasil afora", afirma.
A mostra se realizará dividida em três programas. Na sexta-feira, 25, é voltada para o público infantil. No sábado é a vez da programação adulta e no domingo a classificação é livre.
Confira a programação completa
Sexta - 25 de julho:

Tem um Dragão no meu Baú / Leonel Pé-de-Vento / Zoya a Zebra / O Pavão Misterioso / Pirates / A Traça Teca / Seu Dente e Meu Bico / Como Surgiu a Noite / E o Vento...Me Levou! / Quack! / 14 Bis / Recital / Run, Dragon, Run.
Sábado - 26 de julho :

Os Sapos / Os Três Porquinhos / 7Kptais / Aos pedaços / A Noite do vampiro / Montanha Russa de Pobre / Santa de Casa / Por baixo da Lona / Yansan / Tyger.
Domingo - 27 de julho:

Qualquer Nota / Vida Maria / Caquinhas - Ninjas / O Primeiro João / Maria Dolores / Pax / Ziriguidum / A Última lenda / O Duelo dos Sacis / O Lobisomem e o coronel / Moleque é Bom! / Roubada.

Gilvan Costa
Assessor de Comunicação do Sesc Roraima
(95) 3621-3937 / 9971-8132 / 9972-9220






SUL DO ESTADO

Estou de volta, mas de passagem. Só o tempo de matar minhas saudades do meu amor, lavar as roupas, aprontar outra mala e viajar logo mais. A aventura da Cia. do Lavrado pelo sul do estado de Roraima foi simplesmente demais. Nos divertimos muito. Fizemos ótimas apresentações nas unidades do SESC LER. Acredito que conseguimos um público de mais de 500 pessoas. E para os municípios deste estado isso é gente pra caramba. A população do interior é muito carente de atividades culturais. Deveriam realizar mais ações como esta. Percebemos que existe muito público pra teatro. Em São João da Baliza tem o Grupo REVERBEL. Os caras participaram em peso da oficina que ministramos por lá. Eles tem muita vontade de melhorar e estão melhorando, mas o SESC e o poder público local deviam investir mais. Por exemplo, um profissional de teatro poderia ir pra lá todo último fim de semana pra capacitar mais aquela moçada. Sei não, aqui já é difícil... imaginem no interior.
Então, logo mais estamos indo pra Porto Velho e se fizermos as duas apresentações com a mesma energia que fizemos no interior, vai ser muito divertido. É isso, tô completamente estragado de cansado.



quinta-feira, 17 de julho de 2008

ROMPIMENTO TEMPORÁRIO

Invadiram o vestiário feminino e se trancaram no vaso. As roupas desapareceram com os amassos amarrotados do casal de fêmeas. Duas gatas que jamais desconfiariam. Uma guerra com bombas de tesão incalculáveis. O proibido prolongava o prazer. Foi uma chupação geral. Gozaram juntas como se fosse roteiro de um filme. Declararam-se em paz. Vestiram suas roupas comportadas e sairam desfarçadamente. Uma. Depois a outra. Voltaram à rotina em segredo. Durante o dia todo, apenas olhares sem nenhuma intenção. Nenhuma culpa.




DUPLO HOMICÍDIO

Ouviu um som de buzinas distantes. A luz invadida ainda não o incomodava. Mexeu um pouco o corpo. Nada que fizesse muito esforço. E foi assim por meia hora. Colocou as pernas para fora da cama. De lado. Ficou desse jeito uns quinze minutos. Imóvel. O próximo estágio era coordenar sua mente e seus movimentos. Buscou um ritmo interno e deixou a vida tomar conta de seus membros. Necessidades fisiólogicas. As básicas. Vestiu uma roupa e saiu. Chegou na biblioteca e guardou suas coisas. Atendeu ao público. Terminou Becket. Começou Kafka. Não tinha muito serviço em plena segunda de férias da Universidade. Os ovos do café começaram um briga feia com a linguiça de frango da noite anterior. Correu para o banheiro. Arrastou o Praga com ele. O vaso imundo, urinado e fedido passou despercebido. Cagou como um chafariz. Sorriu prolongadamente. Sua chefe abriu a porta e gritou seu nome. Parecia que ele havia esquecido das horas de tamanha sensação de alívio. Procurou o papel para se limpar. Só achou os marcados com pedaços dos outros. Tirou a cueca. Dobrou-a. Enfiou na bunda e esfregou direto. Dobrou em um pedaço menor e guardou-a no bolso da calça. Saiu e voltou para o batente. Virou figurinha fácil. A colega estranhou aquele forte cheiro. Estava indignada por não saber de onde vinha. Ele nem se interessou em saber o lugar. Não ligava para essas obsessões. Achava que se estava fedendo, então é que precisava feder até o final. Permaneceu sentado. Lendo. Não aguentou mais e gritou:
- Qual que é, vamo dá uma olhada na solinha do sapato que a parada tá fedendo pra porra! Vamo lá? É pra hoje moçada! Foi um surto. Embora vazio, o pequeno ambiente repleto de palavras pelas estantes fazia parecer lotado de gente. E tinha gente também. Sua chefe lhe deu uma bronca. Ele não se intimidou e partiu para dentro. Falou poucas e boas para a sua patroa.
- Olha aí, eu não curto esse lance de porcaria, falta de educação, sacou? A senhora pode falar o que quiser, o negócio é o seguinte, tem gente aí cagado. É só se retirar que o lance volta ao normal. Entendeu, senhora? Ela se impressionou com a reação dele. Era muito entusiasmo para ser mentira. Ela se aproximou. Fez um elogio bem próximo dele. Um rápido futum desgraçado rompeu como um foguete para dentro do seu nariz. A mulher deu dois passos para trás. Encarou o funcionário. E não parou mais de falar.
- É ele! O cagado tá aqui! Olha, gente, o cagado tá aqui, os estudantes ressentidos pelo esporro que tomaram, abandonaram seus livros e caíram em cima dele como um corredor polonês. Foi escurraçado para fora da biblioteca. Caiu sentado no chão. Zuniram um livro em sua direção. Levou uma pancada na cabeça. Desmaiou com o Kafka por sobre seu corpo.




UM SINAL

Invadiu o sinal com suas habilidades circenses. Recolhia dinheiro mais por tradição. Queria muito o exercício. A grana dava para o pão com mortadela diário e a prática, ele sabia que poderia levá-lo a perfeição. Não se importava com as caras emburradas daqueles que não o compreendiam. Sabia que seria muito difícil de se livrar do velho estigma. Drogado, viado e ladrão. Não estava ali para levantar essa bandeira, apenas cumpria com seu ritual de trabalho. Aprender silenciosamente. Uma vez recebeu uma nota de cem reais. Espantou-se. Estava acostumado com moedas, mas aceitou e correu para o abraço. A molecada viciada da esquina começou a sacar o artista. Mesmo sendo pouco, um dia de trabalho conseguia lhe render boa renda. O suficiente para despertar o interesse dos pivetes, habilidosos em transformarem qualquer coisa em pó. Seguiu sua rotina. Contou o dinheiro faturado. Comprou pão, mortadela e um refri. Foi para sua casa. Cortou caminho pela campinho de futebol. Já era tarde da noite. Tudo deserto. Os trombadinhas o abordaram. Sacudiram o artista legal. Toda sua roupa vasculhada. Não sobrou uma moeda. Se mandaram. O menorzinho ficou. Foi o único que não o agrediu, apenas olhou de longe. Ao ser abordado, o artista especulou que não tinha mais nada.
- É díficil? Disse o menino interessado nos malabares.
- É só praticar, respondeu o artista e imediatamente pegou os pinos e mostrou como se fazia. Ficaram ali um bom tempo. O menino aprendeu o básico. Se divertiram muito.
- Quer jantar lá em casa? Perguntou o moleque.
- Tô faminto, disse o artista e assim foram embora. Dividiram meia bisnaga com manteiga debaixo da ponte. O menino praticou a noite toda. No outro dia foram para o sinal. Na outra semana estavam em outro estado. No outro mês estreiaram um espetáculo em um país vizinho, de fronteira. Nunca mais passaram apertos.




quarta-feira, 16 de julho de 2008

AGENDA

Pessoal, repassando a programação do SESC...
O SESC apresenta dia 18 de julho "Baile Magia – Roraima em Buenos Aires" com o casal Orlando Marinho & Adrieli Trindade, que representarão Roraima no VI Campeonato Mundial de Baile de Tango em Buenos Aires, no próximo mês de agosto.
Ingressos a venda no local por R$ 5,00.
Local: Espaço Multicultural do SESC – Centro.
Às 20h.

Dia 19 de julho o SESC apresenta o Show Musical Lírico "Contratenor" com "JÂNIO TAVARES E BANDA", que estarão gravando um CD ao vivo e a cores, quem curti música clássica e erudita vale a pena conferir.
O show contará com um repertório de 14 músicas de estilos musicais variados desde canções líricas a baladas internacionais, onde os 12 músicos que formam a banda devem mostrar toda sua versatilidade.
Jânio Tavares é natural de Boa Vista, onde iniciou sua carreira como cantor ainda na infância. Dono de uma voz aveludada, considerada rara, no meio musical, por ser contratenor, Jânio é classificado como um dos maiores cantores da Região Norte.
Local: Espaço Multicultural do SESC – Centro.
Ingressos: R$ 10,00

O SESC apresenta dias 25, 26 e 27 de julho no CINESESC DIGITAL "A Mostra Anima Mundi – O Melhor do Brasil"
35 filmes de curta metragem, em diversos temas e técnicas de animação, percorrendo todos os estados, com programas para faixas etárias variadas.
Confira a Programação dos filmes que serão exibidos:
25 de julho Sessão Infantil – Tem um Dragão no meu Baú, Leonel Pé-de-Vento, Zoya a Zebra, O Pavão Misterioso, Pirates, A Traça Teca, Seu Dente e Meu Bico, Como Surgiu a Noite, E o Vento...Me Levou, Quack!, 14 Bis, Recital e Run, Dragon, Run.

26 de julho Sessão Adulta – Os Sapos, Os Três Porquinhos, 7kaptais, aos pedaços, A Noite do vampiro, Montanha Russa de Pobre, Santa de Casa, Por baixo da Lona, Yasan e Tyger.

27 de julho Sessão público Geral – Qualquer Nota, Vida Maria, Caquinhas Ninjas, O Primeiro João, Maria Dolores, Pax, Zririguidum, A Última lenda, O Duelo dos Sacis, O Lobisomem e o coronel, Moleque é Bom! E Roubada.

O SESC apresenta a itinerância do Espetáculo "A RETRETE OU A LATRINA" da Cia. do Lavrado, que circulará nas unidades do SESC Ler no interior, dias 18,19 e 20 de julho, contemplando os municípios de Rorainópolis, São João da Baliza e Iracema. Oportunizando o acesso a cultura em todo o estado de Roraima.

Atenciosamente
Claudir Lima Cruz
Assistente da Gerência de Cultura
* Informações, Sugestões, Críticas e/ou Elogios no Núcleo de Cultura do SESC - RR
Fones: 3621-3939/3621-3947/9972-7210
Email: krosane@sescrr.com.br e claudircruzrr@sescrr.com.br
VISITE O SITE DA CIA. DO LAVRADO:



terça-feira, 15 de julho de 2008

O DE CADA DIA

Escolheu o canto da praça para estacionar suas bujigangas. Estendeu uma rede no chão. Suas tralhas deixou no lado direito. Esticou as pernas para o esquerdo. Deu uma longa espreguiçada. Cumprimentou pessoas ao léu. Não conhecia ninguém. Voltou para os seus bagulhos e arrancou de dentro da mochila um rolo de arame. Com um alicate velho começou a trabalhar o objeto. Ligou baixinho seu radinho de pilha. A Maldita imperava. Tudo que era submundo passou por ali. Ele ouviu de tudo. Concentrado. Um Deus em sua criação. Os curiosos deram um tempo. Ficou rodeado por olhos ávidos de um momento único e rigorosamente especial, o momento de criação. Ele fixava os olhos nas pessoas sem perder o ritmo de sua obra. Um transe coletivo. Depois de muito mexer, finalizou o trabalho. Conseguiu dez pratas de uma senhora. Foi mais rápida que as cocotinhas. Ele chamou o vendedor de cachorro quente. Comeu dois. Se sentiu pronto. Se conseguisse faturar o almoço, sabia que já não corria mais o risco de passar fome. Foi à luta com seu arame e seu velho alicate.





domingo, 13 de julho de 2008

MARCELO NOVA

Aquilo ontem foi demais. Marcelo Nova em plena forma, com uma guitarra invocada, me fez lembrar de um show do Camisa de Vênus na década de 80. Dá a maior vontade de ficar aqui babando, falando um monte, tentando justificar a minha satisfação por ter ido ao show de ontem, mas não vou perder meu tempo. É chover no molhado, entende? Muitas pessoas que ontem estiveram no SESC, nunca jamais ouviram falar de Camisa de Vênus, muito menos assistiram a um show do Marcelo Nova. Muita garotada embriagada de um rock externo, desses que faz com que saiam de suas casas com uniformes, roupas que chamam atenção, maquiagens exageradas, mas conhecimento da fonte, esses moleques não sacam nada. Não é pra polemizar, mas é o que penso. Fiquei perto de uns funcionários do SESC que durante o show do Marcelo Nova não paravam de gritar - A Coisa! Porra, eu adorei o show deles. Os caras mandaram bem pra caralho. Uma performance com muita atitude. Mas, meu, não tá afim de assistir ao show, sai fora. Com certeza o infeliz que gritava não tem o menor conhecimento da história do rock nacional. Como é que um filho da puta desse pode contribuir para o desenvolvimento do rock em Roraima? Valeu o ingresso solidário. Agora uma pergunta, com tanto investimento no rock, por que aquele ginásio tava tão vazio ontem? E por que esses caras demoram tanto pra inaugurar um teatro?



sábado, 12 de julho de 2008

BONITO NA FOTO

Entrou no bar e escolheu a mesa do canto. Era sempre a mesma solitária. Perto dos banheiros, razão pela qual ninguém a desejava. Mas ele gostava de sentir aquele cheiro de mijo. De presenciar o entra e sai desesperado dos moleques e das meninas loucas pelo diabo ralado. Se o dono do bar cobrasse a entrada no banheiro já estaria rico. Ele gostava mesmo é de ficar por ali, à espreita. No final da noite, sempre recolhia uma maluca qualquer para arrochar na sua Kitchnet fedorenta. Todos os dias era a mesma coisa. Uma rotina enlouquecida e recheada de sexo casual. Uma japonesinha, aos tropeços, estacionou em sua mesa. Silêncio. Ela parecia que o conhecia. Cheia de intimidade, não perdeu tempo e bebeu do gargalo. Era o código para mais uma noite infernal. Subiram as escadas do prédio completamente entorpecidos. Ficaram por ali mesmo. A japonesinha era um tesão desgraçado, uma sainha curtíssima, maquiagem exagerada, quase escondia seus traços orientais. Ela ficou por trás e começou a morder sua orelha. Ele estava muito tonto para perceber o final da história. Ela colocou a mão no seu pau. Ele fechou os olhos. Ela arranhou sua nuca com os dentes. Arrepiou sua presa. Tirou o cadarço da bota enquanto lambia deliciosamente as orelhas de sua carne fácil. Ele delirou. Era uma gata de se apaixonar. Ele viajou naquela sacanagem toda. Ela, rápida e cruel, envolveu o cadarço no seu pescoço, tirou uma faca da cintura e alisou sua jugular sem nenhum medo de errar. O sangue espirrou deixando uma imagem surreal na parede do edifício, ela ainda aproveitou o pau de sua vítima, duro. Chupou até brochar. Desceu as escadas sorrindo. Ele ficou por lá. Famoso por um dia em todas as páginas de jornais da cidade. Bonito na foto.





SITE DA CIA. DO LAVRADO

Ei, dá uma passada lá no site da Cia. do Lavrado. Ainda tá em construção, mas já tem algumas informações. Quem fez o site foi o Ivan Andrade, que é ator da Cia. do Lavrado. O cara mandou bem pra caralho. É um site simples, sem muitas sacanagens, assim como a gente. Acredito que na próxima semana já esteja completo. E fique ligado que vamos dar uma festa de lançamento do site.


www.ciadolavrado.com.br



TEATRO NO SÁBADO

Hoje tem espetáculo do Grupo Locombia Teatro de Andanças. Eles se apresentam no Centro de Cidadania Nós Existimos, lá na Orla, ao lado do Colégio São José. O espetáculo O Inspetor foi apresentado na I Mostra de Esquetes da FETEARR e digo que é muito bacana. Quem curte mímica, música e mágica não pode deixar de assistir. Só não me lembro o horário, mas deve ser algo em torno de 19h. É isso.




quinta-feira, 10 de julho de 2008

QUEM TEM MEDO DE AVIÃO?

Encostou-se confortavelmente. Apesar de não gostar da viajar de avião, não tinha outra saída. Não estava ali por diversão. Era trabalho. Sabia desde o início que seria uma viagem ruim, independente de chegar vivo ou não no destino. Colocou o fone no ouvido e observou a coreografia estúpida, desanimada e inútil das comissárias. Tinha certeza que se o avião caísse, a última coisa que lembraria era dos procedimentos de emergência. Já havia ouvido falar que os cabos de aço que sustentam a aeronave o fariam em picadinho antes que terminasse de pronunciar socorro. Levantou vôo. As mãos grudadas na cadeira. Calmaria. Por um momento até se esqueceu que estava em pleno céu. Sentiu um incômodo nas suas costas. Imaginou ser o passageiro de trás com seus joelhos encostados na poltrona.
- Desgraçado! Só me faltava essa, pensou e começou a mexer suas costas, na esperança do cara se tocar e perceber que o estava incomodando. Não adiantou. Resolveu apelar para o ritmo. Isso mesmo, aproveitou que estava ouvindo música e começou a dançar na cadeira. Sentado. Fazia um esforço tremendo, com vários solavancos para trás. Acreditava que assim o carinha se tocaria e tiraria os joelhos dali. Nada. Já estava perdendo a paciência. As comissárias de bordo cochichavam no canto.
- Cada maluco que aparece por aqui...
- Ainda bem que proibiram o álcool...
- Olha lá, parece até que tá cheio de pulgas nas costas, se divertiram muito com seus movimentos desengonçados. O ridículo não surtiu efeito. O avião preparou-se para pousar. Ele já estava cansado, mas não se dava por vencido. Nem na descida interrompeu sua dancinha particular.
- Esse cara vair ver só quando eu levantar, imaginou as piores agressões possíveis. O avião parou. Ele levantou-se, virou rapidamente como um cowboy arisco no gatilho e... deu de cara com a cadeira vazia. Os joelhos inconvenientes, não passavam de um monte de revistas e jornais entulhados nas costas de sua cadeira.





quarta-feira, 9 de julho de 2008

PENSEI EM VOCÊS

Hoje pensei nas pessoas. Em todas. Sei lá, nas que me vieram à cabeça. Foram muitas. Pensei em pessoas legais, que estão dentro. Topam qualquer parada, desde que se divirtam bastante. Lembrei também das que se preocupam com a opinião dos outros e são capazes de demonstrarem covardia na fala. Escancaradamente. Triste. Daquelas que são incapazes de romperem com aquilo que as incomoda. Aguardam que os outros resolvam o problema pra elas. Me questionei. Será que eu tenho covardia na fala ou eu caio dentro de qualquer jeito? Não sei, mas acredito que caio dentro. Tô vidrado no próximo espetáculo e já fico pensando nas coisas que preciso fazer. Emagrecer legal. Mudar mesmo, essa de camaleão, sabe? É uma outra vida pra viver. Isso que me move. O egocentrismo me provoca. Precisamos de mais gente fazendo teatro em Boa Vista. Mais experiências. Menos conversa afiada. Sei não...




APENAS UM SOM

Sentou-se na cadeira do barbeiro. Pediu a zero. Fechou os olhos e cochilou. O punk era a onda. Mudou seu guarda roupa. Jogou fora seus discos antigos. Sex Pistols mexeu muito com ele. Não aceitou a falta de aceitação da sociedade. Andou à margem. Não quis nem saber da opinião dos outros. Encontrou uns malucos parecidos na escola. Com a grana da venda de toca-fitas roubados, montaram uma banda. Ficaram na garagem por diversão. Apenas um som. Os vizinhos começaram a perturbação - os vizinhos só servem pra isso. Uma noite, o vizinho militar invadiu a garagem. Eles estavam para lá de Marte. Um choque. Levou uma surra de guitarra. Saiu ensangüentado. Sem palavras. Voltou com o batalhão todo. O bicho pegou legal. A banda foi metralhada às duas da tarde. Um massacre adorado nas páginas dos jornais. Bode expiatório de uma mídia manipulada pelo capitalismo. Esconderijo de escândalos. A casa nunca mais foi alugada, virou atração turística.





A NORMAL

Desabotoe minha calça
Eu não tenho mais forças
Não tenho mais forças
Complete o copo e me dê na boca
Me dê na boca até a última gota
Não lembro teu gosto
Não sinto meu corpo
Nem sei mais o que devo pensar
Não penso em mais nada
Tô entregue ao que der e vier, baby
Tô entregue
Sem vontade, obedeço
O caminho, desconheço
Não ligo pras voltas
As idas me deixam excitado demais
Arranque minha calça, baby
Sou um pedaço de carne exposto
Sou a prova
Seu prato principal
Estou sobre a mesa
Sobremesa indigesta
Um amante silencioso
Normal
A normal




domingo, 6 de julho de 2008

DIA DE PAGAMENTO

Entrou no banco muito nervoso. Dia de pagamento sempre o deixava assim. Não gostava de pagar suas contas no caixa eletrônico, pois sempre se atrapalhava e acabava arrumando alguma confusão. Eram sempre muitas contas e o povo nunca tinha paciência com ele. Enfrentou a fila com Kerouac nas mãos. Adiantou a leitura. Nem percebeu o tempo passar. Aliás, nem percebeu que saiu do lugar. Assustou-se quando chegou sua vez. Aguardou. O caixa dos idosos e gestantes ficou vazio. Esperou. As pessoas da fila começaram a falar com ele.
- Tá vazio, ninguém vai não?
- Olha aqui, rapaz, tá livre.
Sentiu-se acuado e acabou cedendo à pressão. Retirou de dentro de sua bolsa um maço de contas, umas dez, todas com vencimento para aquele dia. E deu início ao pagamento. Enfiou o cartão e a máquina não o reconheceu. Não entendeu o motivo e enfiou novamente. Nada. A máquina parecia não querer trabalhar mais. Deu uma olhada para trás e viu uma fila imensa de idosos e gestantes enfurecidas. Caras nada amigáveis. Tremeu. Quase quebrou o cartão ao enfiar novamente. Conseguiu. Pagou, pagou, pagou... e ouviu um monte.
- Deviam colocar um cartaz maior aí na máquina...
- É mesmo, esse pessoal não respeita mesmo!
Ouviu muitas reclamações e ainda tentou argumentar.
- Foi mal, é que chegou minha vez e como o caixa tava vazio, eu entrei.
- Não interessa, esse caixa não é pra você! Berrou um velhinho irritado com cara de militar reformado. E foi a gota d'água. A multidão foi covarde. Esperou que o primeiro se manifestasse. E foi assim. Todos gritaram. O banco inteiro olhou em sua direção. Faltavam cinco contas para pagar ainda. A máquina mais uma vez rejeitava o seu cartão. Ele perdeu a paciência, virou para a fila e berrou.
- porra, vocês queriam que o caixa ficasse vazio, esperando que vocês se rastejassem até o banco com suas bengalas tortas e barrigas pesadas?
Disse isso com profunda honestidade. Uma frase só ouvida em seus pensamentos. Nem percebeu de onde veio o primeiro dos milhares de socos que levou.



CIA. DO LAVRADO NA ESTRADA

Agora é pra valer. Vamos preparar as malas pra Rondônia. A Cia. do Lavrado foi convidada a participar do Festival de Teatro de Rua Amazônia Encena. Vai ser muito foda. Grupos de teatro de rua de vários estados do país, muita oficina, trocas de experiências, enfim, estaremos voltando do interior de Roraima (faremos os municípios de Rorainópolis, São João da Baliza e Iracema) e no outro dia já estaremos voando pra Porto Velho. Uma semana de muito teatro e aprendizagem. Vamos encerrar a temporada com chave de ouro! É isso.





sábado, 5 de julho de 2008

PELO ZICO

- Vai deixar no futebol, é?
- Fluminense e LDU.
- Não curto essa porra...
- Mas o povo aqui gosta...
- Coloca um Rock baixinho na outra tv...
- Não dá, só tem tricolor aqui.
- (alterado) Que se foda!
- Fala baixo! Tu deve ser flamenguista...
- Não dá pra esconder o passado de títulos, certo?
- Tu é maluco?
- Cara, quem viu Zico jogar no Maracanã lotado, devia ter alguns direitos, concorda?
- Zico?! Eu nem era nascido. Isso é muita onda...
- Então, alguma credencial eu tenho por aqui, me entende agora? Vai lá e bota um rock baixinho na outra tv. (grita) Tá esperando o que, meu filho?





quinta-feira, 3 de julho de 2008

A CULPA FOI DO CAZUZA

Sou muito ligado em música. Queria aprender a tocar algum instrumento, mas ainda não dei prioridade pra isso. Toco gaita. Quer dizer, só faço o som ensaiado, não improviso porra nenhuma. Toco vários instrumentos de percussão na Cia. do Lavrado, mas não domino nenhum deles. Tem uns amigos aí que tão marcando umas aulas de violão, com o Amador, amigo nosso. Acho que vou entrar nessa. Quando acordo pela manhã ligo logo o som. A música tem um papel fundamental na minha vida. Tô enrolando pra contar que uma vez eu terminei uma relação por causa da letra de uma música. É isso.
TE VER NÃO É MAIS TÃO BACANA QUANTO A SEMANA PASSADA, a culpa toda foi do Cazuza. Eu tava em Ipanema, bebendo só. Pouca gente circulava pelos traillers. Tava frio pra caramba. Alguém pediu essa música no videokê. Mas nem cantou. Acredito que pelo respeito ao Cazuza. A ficha caiu. Paguei a conta. Peguei um ônibus lotado até o Catete. Toquei seu interfone e apenas reproduzi a bendita frase. Ela chorou muito. Eu também. Não pelo término da relação, mas da forma como tudo aconteceu, porra, a frase de uma música? Não teve volta. Caminhei até a Praia de Botafogo e fiquei por lá, no sereno, tomando conta da Urca e fumando um cigarro.



TAREFAS DOMÉSTICAS


Entrou no banheiro do bar para falar sossegado com sua mulher, ao celular. Havia deixado uma cerveja na geladeira para ela. Um incentivo à sua parte na faxina. Estava preocupado com as mensagens não respondidas. Uma cerveja bastava. Ficava louca de pedra. Tem pessoas que são assim.
- Oi.
- E aí...
- Cê tá legal?
- Trank's.
- Hiii... tá louca.
- Olha, se tu desorganizar essa casa eu peço divórcio, viu?
- Também te amo, meu amor.




CONVERSA DE CELULAR



- Tô ficando colocado...
- O quê?
- Bebaço...
- Ah...
- E tu?
- Tô na terceira dose de uísque. Aquela cerva já foi...
- Vamos trepar quando eu chegar?
- Já tô com a perna escancarada...




VAI TER ATÉ MARCELO NOVA...


E repassando novamente...


Tudo pronto para o IV Roraima Sesc Fest Rock

Já está tudo pronto para o maior festival de rock que Roraima já viu. A programação do IV Roraima Sesc Fest Rock já está definida e o evento, que acontece nos dias 11, 12 e 13 de julho, no Ginásio Poliesportivo do Centro de Atividades Sesc, no Mecejana, promete sacudir a galera que curte o bom e velho rock na roll.

Além de 15 banda locais, também vão tocar nesta edição três bandas convidadas da região Norte: duas de Manaus-AM e uma de Rio Branco-AC. As atrações nacionais já estão confirmadas: Forgotten Boys, Marcelo Nova (ex-Camisa de Vênus) e a Dr. Sin.

"Este ano o festival vai dar um salto em tamanho, organização e de atrações. Pela primeira vez haverá a apresentação de artistas conhecidos nacionalmente fechando cada noite. Mesmo assim, o valor dos ingressos será bem acessível para os padrões das atrações convidadas, além de disponibilizar uma cota de ingressos solidários, mais baratos, aceitando alimentos não perecíveis, sendo todo alimento arrecadado revertido ao programa Mesa Brasil Sesc", afirma César Almeida, consultor musical do Sesc e organizador do evento.

Os ingressos estarão à venda antecipadamente e serão divulgados os locais de venda em breve.
HistóriaEm meados de 2004, algumas bandas da cidade de Boa Vista se reuniram para fazer uma festa e tocarem juntas no dia 13 de Julho para comemorar o dia Mundial do Rock. Como havia falta de locais apropriados na cidade para um evento destes, o Sesc Roraima ofereceu as instalações do Espaço Mullticultural para a celebração.Em uma noite com muita chuva, mais de 800 pessoas se aglomeraram dentro das dependências do Sesc Centro para ver as 11 bandas de rock da cidade, em uma noite que se tornaria histórica. Um numero que surpreendeu ate mesmo os mais otimistas.Depois dessa noite, o rock em Boa Vista saiu das garagens e dos quartinhos de fundo de quintal para ganhar as ruas, casas noturnas, praças, e qualquer outro lugar onde houvesse uma tomada para ligar um amplificador velho e fazer música.

No início de 2005, o Sesc em parceria com os membros das principais bandas de rock da cidade, concebeu seu festival anual de Rock. Começava a nascer o Roraima Sesc Fest Rock.

Programação:
Dia 11 de Julho – sexta-feira
21h - HCL
21h40 - Belinni
22h20 - Sheep
23h - Somero
23h40 - Mezatrio (AM)
00h20 - Mr. Jungle
01h - Forgotten Boys
Dia 12 de Julho – sábado
21h - Alt F4
21h40 - Arroto do Sapo
22h20 - A Coisa
23h - Iekoana
23h40 - Filomedusa (AC)
00h20 - Veludo Branco
01h - Marcelo Nova
Dia 13 de Julho – domingo
19h - Temerus
19h40 - ST Seven
20h20 - Several Bulldogs
21h - Klethus
21h40 - Nekrost (AM)
22h30 - Dr. Sin

Mais informações no site oficial do evento http://www.sescfestrock.com/, ou pelos telefones 3621-3947 e 8116-1187.

Gilvan Costa
Assessor de Comunicação do Sesc Roraima
(95) 3621-3937 / 9971-8132 / 9972-9220



DANÇA NO SESC


Mais uma vez repassando...


Circuito Amazônia das Artes traz grupo de Tocantins

A Casulo Cia. de Dança, de Palmas-TO, é a atração da próxima etapa do Circuito Amazônia das Artes, desenvolvido pelo Sesc na região. O grupo apresenta o espetáculo Por Entre Vãos, no dia 04 de julho (sexta-feira), às 20h, no Espaço Multicultural Sesc Centro.

O ingresso custa apenas um quilo de alimento não-perecível, que pode ser adquirido antecipadamente na recepção do Sesc Cento. Os alimentos recolhidos serão revertidos para o programa Mesa Brasil Sesc Roraima.

Idealizado e dirigido por Daniela Perez, o espetáculo foi premiado com o Edital Municipal de Incentivo a Cultura Palmas pra Cultura e é resultado de seis anos de pesquisa corporal da bailarina, com a parceria de Dennis Rodrigues no elenco. Ambos são coreógrafos da Cia. de Ballet Municipal. O espetáculo tem duração de 40 minutos e classificação livre.

Por entre Vãos fundamenta-se na Teoria de Movimento de Rudolf Von Laban (percussor da dança moderna e das vertentes dança-teatro e dança educativa). Tem em seu título uma alusão poética sobre as relações corpo-espaço. O corpo, que é o espaço cênico ao mesmo tempo que o preenche. O corpo como um lugar para a dança e a dança como um lugar para o corpo e para as relações entre os indivíduos, comunica de forma poética apresentando frestas, brechas e vãos de livre interpretação simbólica.

O trabalho tem uma proposta inovadora, repleta de estímulos sensoriais que envolvem e fomentam a interação com o público pelas imagens suscitadas e estruturadas em 5 cenas intercaladas por textos poéticos. Tem na cenografia, trilha sonora original (composta especialmente para o espetáculo, com intervenções executadas ao vivo pelo músico Heitor Oliveira) e na iluminação elementos e condições cênicas integradoras e essenciais na obra coreográfica.

Durante o espetáculo, bailarinos e músico compartilham o espaço cênico propondo uma reflexão sobre o papel do artista como criador-intérprete e imprimem uma identidade própria à obra, delineando novos modos de fazer dança com características de um trabalho autoral singular e inovador, onde o elenco e a platéia fazem parte da construção do espetáculo.

O elenco
Daniela Perez é graduada em Dança pela Faculdade Paulista de Artes (SP), pós-graduada em Psicologia Transpessoal com Abordagem Corporal pelo Instituto Serra da Portaria (GO) e Instrutora do Método Pilates pelo Physicalmind Institute - NY.

Dennis Rodrigues é bailarino e professor de ballet clássico, provisionado pelo Conselho de Educação Física de Brasília. Atuou como diretor de Ballet do SESI e da Meia-Ponta Cia. de Dança, coreografando recentemente em parceria com a bailarina Leidy Escobar.

Heitor Oliveira é clarinetista, compositor e regente, graduado em Regência pela Universidade de Brasília, mestre em Composição Musical pela Universidade Estadual do Texas. É professor de Linguagem e Estruturação Musical, além de Regente do Coral Municipal de Palmas.

Serviço:
Circuito Amazônia das Artes
Espetáculo:
Por Entre Vãos
Casulo Cia. de Dança
Concepção, Direção e Produção: Daniela Perez
Bailarinos-Criadores-Intérpretes: Dennis Rodrigues e Daniela Perez
Local: Espaço Multicultural Sesc CentroData/Hora: 04 de julho, 20h
Ingressos: um quilo de alimento não perecível
Gilvan Costa
Assessor de Comunicação do Sesc Roraima
(95) 3621-3937 / 9971-8132 / 9972-9220



TEATRO NO SESC

Ei, pessoal, só repassando a pauta enviada pelo Gilvan, do SESC.


Palco Giratório apresenta espetáculo O Sapato do meu Tio

Um olhar sensível e bem-humorado sobre convivência entre dois artistas nos bastidores dos espetáculos que apresentam em diversas cidades, quando o mais velho deles, o Tio, começa a ensinar sua arte para o sobrinho, revelando uma relação de poucas palavras, mas cheia de respeito, humor e, sobretudo, poesia. Esse é o mote central da peça O Sapato do Meu Tio, que será apresentado nos próximos dias 04 e 05 de julho em Roraima, dentro do projeto Palco Giratório, desenvolvido pelo Sesc em todo País.
A primeira apresentação do espetáculo que traz os atores Alexandre Luis Casali e Lúcio Tranchesi, sob a direção de João Lima, será no município de Iracema, no dia 04 de julho (sexta-feira), às 19h, no Centro Educacional Sesc Ler, com entrada franca.
No sábado, 05, a companhia se apresenta no Espaço Multicultural Sesc Centro, às 20h. O ingresso custa R$ 14,00, com meia-entrada para estudantes, comerciários e idosos.
O espetáculo marca os 20 anos de carreira do ator Lúcio Tranchesi e recebeu os prêmios de melhor espetáculo, melhor ator (Lúcio Tranchesi) e melhor diretor (João Lima) na edição 2005 do Prêmio Braskem de Teatro, a mais importante premiação do teatro baiano.
O Sapato do Meu Tio conta uma história atemporal, mostrando a convivência entre dois artistas nos bastidores dos espetáculos que apresentam em diversas cidades. O mais velho deles, o Tio (Lúcio Tranchesi), desiludido com o rumo de sua carreira, começa a ensinar sua arte para o sobrinho (Alexandre Luis Casali), revelando uma relação de poucas palavras, mas cheia de respeito, humor e, sobretudo, poesia. Entre sucessos e fracassos, os personagens apresentam uma verdadeira homenagem ao ofício do palhaço, onde temas como a passagem do tempo e a aprendizagem são explorados ora através do drama, ora da comédia.
A peça foi uma das vencedoras do Prêmio Estímulo à Montagem de Espetáculos de Médio Porte em 2005, no edital da Fundação Cultural do Estado da Bahia. A peça estreou em setembro de 2005 em Salvador, onde ficou por mais de um ano em temporadas ininterruptas por vários teatros da cidade. O projeto da montagem da peça surgiu quando os dois atores resolveram montar um espetáculo onde explorassem a técnica do "Clown" – ou do "Palhaço", como preferem classificar. Inicialmente a idéia era adaptar O Menor Quer Ser Tutor, texto de Peter Handke que em 1990 ganhou em Salvador uma elogiada montagem dirigida por Ewald Hackler, com os atores Paulo Pereira e Lúcio Tranchesi no elenco. A partir de leituras e improvisações, optou-se por escrever outro texto, onde alguns elementos do texto de Handke fossem preservados.
"No meio desse processo a gente achou que Handke tinha uma proposta lingüística e metodológica que poderia acabar se perdendo", afirma Alexandre, lembrando que muitos aspectos da obra do autor austríaco continuaram sendo exploradas em O Sapato do Meu Tio. Sendo assim, o público entrará em contato com questões referentes a rituais de aprendizagem, linguagem não-verbal, seqüências cronológicas não definidas e passagem do tempo, tudo enriquecido com um longo processo de ensaios recheado de improvisações e de esquetes clássicos do mundo do circo.
Serviço:
Projeto Palco Giratório
Espetáculo: O Sapato do Meu Tio
Cia. do meu Tio (Salvador-BA)
Texto/e Atuação: Alexandre Luís Casali e Lúcio Tranchesi
Direção: João Lima
Com: Lúcio Tranchesi e Alexandre Luís Casali
Produção: Selma Santos
Local: Espaço Multicultural Sesc Centro
Data/Hora: 05 de julho, 20h.
Ingressos: R$ 14,00 (meia entrada para estudantes, comerciários e idosos)
Informações: (95) 3621-3947 e 9972-7210
Gilvan Costa
Assessor de Comunicação do Sesc Roraima
(95) 3621-3937 / 9971-8132 / 9972-9220




TRAMPO DURO

Hoje eu não quis voltar pra casa. Adoro minha casa. Mulher. Cachorros. E a nossa bagunça. Minha mulher resolveu arrumar o armário da cozinha. Eu sabia que se chegasse mais cedo, ela me escalaria para a faxina. Preferi a vodka. Fiquei no shopping. Mais vodkas. Antes, comprei um caderno e uma caneta na Ponto dez. Resolvi encarar o tempo com mais dignidade. Escrevi um monte. Cheguei em casa exausto. A minha mulher adormecia no sofá. Exausta fisicamente. Exausto mentalmente. Me encaixei nas suas costas e fiquei lá, ouvindo um clásico do rock , na sky, até de manhã.






DJAVAN É LEGAL

- Depois desse aí vai rolar o quê?
- Começou agora.
- Sacanagem!
- Os caras ali é que pediram...
- Djavan é legal. Mas só um pouquinho. Muito, fica a mesma coisa. Melado demais. Tem Sex Pistols?
- Não
- Imaginei...








PAPO DE GARÇON

- tenho certeza que não vai passar disso.
- o patrão só queria mesmo é que nós recolhêssemos mais mesas.
- é. Não precisava colocar essas aqui no canto.
- hoje tem pagode?
- sei lá. Acho que sim.
- pagode aqui não rola.
- é até covardia em plena quarta. O patrão tá contra a gente mesmo.
- lá na peixada é que é legal. O couvert é melhor. Sabia que os garçons tem 20% de cada mesa?
- sério?
- no duro. O couvert lá é cinco reais por pessoa...
- assim também é foda!
- mas sobra mais pra gente.
- pra mim? Eu não trabalho lá.
- não, eu sei, é só maneira de falar. O que eu fico puta mesmo é quando temos que servir as mesas de outros quiosques. Eu aho que deveríamos ganhar também. Afinal de contas, eu é que tô ralando.
- não adianta, é acordo entre os patrões.
- e só eles é quem ganham.
(pausa)
Ei, menina, vai lá que é a tua mesa!
(pausa)
- Essa garota não tem jeito, fica aqui falando mal dos outros e nem lembrou de limpar a mesa para o seu cliente.
- deixa eu apagar esse cigarro.
- vou voltar.
- eu também, é o último trago. Porra, tu fuma rápido demais.







quarta-feira, 2 de julho de 2008

FORTE APACHE

Desceu do ombro de seu pai e pulou no sofá. Voltou rápido para a saudosa brincadeira. Seus soldados, índios, munição e revólveres ainda estavam por lá. O pai desapareceu no banheiro. Não queria estar por perto quando a guerra começasse. Sua mãe se trancou na cozinha. As irmãs, acuadas, se esconderam no armário apertado, só para garantir. A região foi evacuada. Em poucos segundos a sala foi completamente destruída. Ou pelo menos grande parte. O menino era só sorriso. Não tinha hora para a guerra acabar. Enfim.



terça-feira, 1 de julho de 2008

GEORGE FARIAS NA UFRR

Nessa segunda eu bati um papo bacana com o cantor George Farias. Sorte que eu tava com um gravador e guardei tudo. Ele tá com um disco novo e nesta quarta vai rolar um som lá na UFRR. Apareçam por lá, no lanche do Anselmo, às 19h. Comprei o disco dele e o som é muito louco. Bom demais. Depois coloco aqui a entrevista que fiz. Por enquanto...
GEORGE FARIAS
UFRR
QUARTA-FEIRA - 19h.

Contato p/adquirir o cd: 9113-2333



SEM SUAS COISAS

Sentou-se à mesa e pediu uma caipivodka com bastante limão. Não tinha ninguém ao seu lado. Apenas dois garçons coçando o saco. Era cedo demais. Percebeu a ausência de sua bolsa. Estava só. Bukowsky e as músicas que mais gostava, tudo havia ficado dentro da bolsa, no carro. Não se animou em buscar. Bebeu sossegado. Não conseguia nem ouvir a conversa das mesas distantes. A vodka bateu. Fumava sem parar. Suou muito. A solidão imposta pela sua péssima escolha não lhe deu outra chance, virou para o rio. Barcos. Pescadores camuflados por entre a vasta vegetação da beira. Risos. Viu uma garrafa nas mãos de alguém. Pagou a conta. Desceu para debaixo da ponte e se juntou aos mendigos. Ouviu histórias. Bebeu. Fez rateio para outra. Chegou em casa às nove da noite. Sentou-se no computador e escreveu uma conto qualquer. Sabia que não tinha a habilidade de lembrar-se, então, sem outro caminho, precisava inventar alguma coisa. Escreveu até o amanhecer.





OSSOS DO OFÍCIO

Viu seu amigo com um frasco de comprimidos nas mãos. Encontrou a saída para as suas alucinações. Mandou três para dentro junto com uma dose dupla de uísque sem gelo. Acomodou-se no sofá. Precisava de um tempo. Não sairia do palco em menos de duas horas. O baterista não parava de falar. Nariz branco e os olhos exagerados. O baixista estava mole como uma esponja, mas nada o faria desistir do copo de vinho que agarrava nas mãos. O guitarrista estava japonês. Com toda essa força contrária, imaginou que alguém ali precisava estar sóbrio. Mas ele sabia que não chegaria nem perto disso. O show de abertura terminou. A produção escancarou a porta do camarim improvisado, bem ao lado das latas de lixo da calçada. Um lençol manchado, que pouco escondia o que acontecia do outro lado. Os quatro saíram se arrastando pelos cantos, um em cada direção. O público gritava e jogava latas de cervejas no palco. O baixista ajoelhou-se devagar e sacou uma latinha. Esvaziou ali mesmo. Foi segurado pelo baterista, que já estava muito louco e caiu pelo chão. A platéia vibrou com tudo aquilo. O guitarrista estendeu suas mãos e não freiou o restante do corpo. Trombou com os dois e ficou por lá. O cara, diante de toda aquela situação, não teve outra escolha. Sentou-se no chão, ligou o microfone e levou um blues à capela. O show havia começado.



HÁ MUITO NÃO SAI DE NOSSAS CABEÇAS

Deixou o marido na porta de casa e se mandou. Dirigiu com o rádio alto, não queria ouvir suas idéias. Tinha destino certo. Chegou no bairro e parou na porta dele. Um amigo que há muito não saía de sua cabeça. Não aguentou ficar com seu tesão enrustido e parada na porta, gritou o nome dele escandalosamente. Apareceu. Alcançou sua boca e grudou. O amigo ficou imóvel. Ela nem se desculpou.
- Tô péssima! Meu casamento acabou de vez, disse e imediatamente emplacou outro beijo. Ele continou sem ação. Sem palavras.
- Eu sei que parece esquisito, mas cara, eu não aguento mais te ver e não poder... falou e foi interrompida. Ele a puxou para dentro de casa, fechou a porta e a jogou no sofá barulhento de sua sala. Tirou a camisa, a bermuda e ficou nu. Ela arregalou os olhos. Não esperava aquela reação dele. Avançou no seu pau e o colocou dentro de sua boca. Ficou assim o suficiente para ele gozar aos gritos. Ela levantou-se. Ele ficou caído. Ela afastou-se, abriu a porta e saiu.
- Eu vou pedir pra voltar...pra ficar com você sem ter você, é melhor a apatia do meu marido, terminou e seguiu em frente. Ele não entendeu nada, mas desconfiou que a culpa era da vizinha ruiva que há muito não saía de sua cabeça.