sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A CULPA É DO BAFÔMETRO

Saiu do igarapé bem agitado. Bebeu tudo o que podia e um pouco mais. Colocou a família no carro e tomou o caminho de volta à cidade. Estrada tranqüila, quase sem movimento. Não era feriado. Tudo parecia ir as mil maravilhas, como diziam os antigos. Ao se aproximar da cidade foi surpreendido por uma blitz. Dessas de assustar. Eram muitos carros e parecia mais que estavam atrás de gente importante. Ou perigosa, sei lá. Parou no acostamento antes da blitz. A mulher ficou preocupada, pois o marido bebera demais. Se sugerissem o bafômetro, na certa estavam bem fudidos. Aquela velha história, pontos na carteira, apreensão do veículo e de quebra uma noite na cadeia. Pelo menos para o motorista. Depois de tanto discutirem, a mulher com o tradicional discurso – eu te avisei pra não beber! Mas fazer o quê? Ele já havia bebido. E muito. A blitz não tava com cara de que iria terminar tão cedo. – E as crianças? Elas não podem passar a noite na estrada! A mulher disparava acusações. O cara ficou deprimido. Sentiu-se culpado. Resolveu caminhar um pouco pela estrada. Aproximou-se da blitz, como quem não quer nada e percebeu que os caras da lei estavam pegando pesado e com certeza se acendessem um fósforo perto dele era capaz de ir tudo pelos ares. Voltou mais preocupado. A família tensa. As crianças não sabiam direito o que estava acontecendo. Dormiam na santa paz e ingenuidade. Aproximou-se. Olhou para a mulher, que não estava com uma cara muito amigável e de súbito teve uma idéia. Pegou uma garrafa de cachaça no carro, os restos do dia no igarapé. Resolveu que todos deveriam tomar um gole. A mulher ficou invocada. – pôrra, vai agora alcoolizar seus filhos? Depois de tantas ameaças e tentativas de paz, a família bebeu um gole cada um. Ligou o carro e cruzou os dedos. As crianças, coitadas, depois de ingerirem um gole da maldita, não pararam mais de perturbar. Chegou perto da blitz. Não deu outra. Foram parados. O policial, que não é bobo nem nada, sentiu o bafo do motorista e sacou logo o seu bafômetro repressor. – Me desculpe, mas o senhor bebeu. Disse o guardinha. – bebi pôrra nenhuma, retrucou o motorista infrator. O guarda insistiu que ele havia bebido e fez as maiores ameaças possíveis. Todas cabíveis naquela situação, afinal de contas o cara estava errado mesmo. – Nada disso, este seu aparelho deve tá com defeito, retrucou o infrator. A autoridade insistiu de que não havia nada de errado com o aparelho. Depois de tanto criar caso, o motorista mandou: - olha só, quer ver só como esse seu aparelho tá com defeito? Bota na boca de toda a minha família, quero ver se esse troço não tá com defeito. O guardinha deu uma gargalhada e seguiu a sugestão do bebum. E para a surpresa de todos, o aparelho detonou geral. O guardinha sem graça, não teve como argumentar, se até as crianças não passaram no bafômetro. Afastou-se do carro, batendo com o aparelho nas pernas, e fez sinal para que eles seguissem viagem. E assim foi. Chegaram em casa tranqüilos. Mas tiveram que aturar a doidera dos filhos, que não foi nada fácil. Pelo menos não foram presos.









CAGUEI


hoje não levantei com o pé direito nem mesmo entrei debaixo do chuveiro como faço todos os dias resolvi guardar a merda pra mais tarde pra minha surpresa o meu intestino colaborou legal tomei café sei que parece normal mas não faço isso pelas manhãs não liguei o som nem fumei aquele cigarrete matinal de sempre fui de bicicleta ao Centro Carro só na parte da tarde comi bolo de maracujá com chocolate no almoço coca almocei mas depois do bolo bebi cerveja na hora do almoço fumei todos os cigarros reservados pra este dia só no período da tarde me enfumacei cheguei em casa exausto mas não me deitei aliás já são quase três tentei fazer diferente este dia esta noite acordei isso já não faz parte da minha rotina caguei









quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

IDEAIS OPOSTOS

Decisões são sempre difíceis de se tomar. Na minha vida elas nunca me deram moleza. Sempre levei ao máximo as situações antes de chutar o balde, mas também não me lembro de arrependimentos. A vida é assim mesmo. Não escolhemos quem vai gostar da gente, mas posso muito bem escolher com quem não quero mais me relacionar. Já contei aqui que uma vez terminei um namoro ao ouvir esta frase do Cazuza, te ver não é mais tão bacana quanto a semana passada. E foi assim mesmo. Tenho esse hábito de me guiar por impulso. As vezes é mais doloroso, mas também não deixa rastro pra voltas que não quero mais dar.
Nem sei bem porque resolvi trabalhar com teatro, mas me lembro que encontrar aquelas pessoas lá no Rio de Janeiro, em 1990, me fazia um bem danado. Nunca fui de andar em grupos, turmas, patotas, no máximo que cheguei foi um trio, e na adolescência, bem antes de 1990. Sempre fui isolado. Demorei muito na vida pra entender o que eu queria fazer. Sempre fui um cara com muitas dúvidas e com isso o conceito de planejamento só fui compreender depois de velho, quer dizer, velho não, vou fazer 40 anos esse ano e nem me sinto assim. Nessa trajetória insisti com a história do teatro e só depois de muitos anos é que perdi a vergonha de responder aquela pergunta fatídica: - você faz o que da vida? Se me fazem esta pergunta hoje, nem penso duas vezes. Faço teatro. Trabalho com teatro. E acredito que pra eu estar insistindo tanto assim é porque as coisas tem dado certo pro meu lado. E não é de hoje, pois do contrário já teria desistido faz tempo, concorda?
Na escola de teatro, na Casa das Artes de Laranjeiras - CAL/RJ, aprendi com um de meus professores, que por sinal é diretor da escola que sempre que eu fosse entrar em um trabalho a primeira coisa que eu deveria estar atento era com a ficha técnica. - Marcelo, olha a ficha técnica, veja se as pessoas com quem vai trabalhar são pessoas bacanas. Dê preferência a trabalhar com os amigos. Durante bom tempo não levei muito isso a sério e a ficha só foi cair bem depois. Bem depois de eu ter me estrepado algumas vezes. Por isso que sempre digo dentro da Cia. do Lavrado (encho o saco de meus amigos com o mesmo discurso) que eu só trabalho com quem eu quero, com quem eu gosto e consequentemente com quem gosta de mim. Não dá pra ser diferente. Agora, é claro que nem todo mundo vai gostar de mim e nem eu de todo mundo, mas respeito é crucial neste processo de trabalho.
Aquele prazer que eu sentia lá em 1990, quando me encontrava com aqueles malucos do teatro, não sinto mais na FETEARR, aliás, nunca senti. Nunca tive essa oportunidade. Até tentei, mas fui abortado. O grande poeta que me perdoe, mas vou fazer uso de sua frase salvadora novamente, te ver não é mais tão bacana quanto a semana passada.
É isso. Ideais opostos. Sem explicações. Sem fofocas.





















sábado, 21 de fevereiro de 2009

STRESSADO? EU?

Eu tenho o sangue bom, quer dizer, minhas células são ótimas. Visitei hoje um terapeuta naturalista e o cara elogiou demais as minhas células. Gostei muito da consulta, apesar de sair de lá sem muitas surpresas, mas foi interessante. Tô stressado. Mas quem não tá? Ele viu isso nas minhas células. Eu vejo isso todo dia, a todo o momento. Vivo stressado e não é de hoje. Mas as células não mentem e ter certeza disso só me deixa mais stressado. Cara, hoje fiquei o dia todo na oficina e no final meu carro não voltou comigo pra casa. Dá ou não dá pra ficar stressado. Ainda bem que levei a bicicleta e voltei do mecânico pedalando. Alivia o stress. Não dou muita sorte com veículos. Os carros não funcionam direito. A bicicleta atravessa as marchas mais do que samba ruim na Sapucaí e toda hora sai a corrente. E é nova! Stressado...tá legal... acho que nasci assim. Fazer o quê? Recebi uma mensagem dos meus familiares que moram no Rio de Janeiro dizendo que assistiram na tv um bate-bola, sabem, aqueles mascarados de carnaval. Eu saía muito assim. E lembraram de mim. Realmente tô batendo as bolas. De stress. Não tô afim de ouvir samba. Não quero ir pras ruas e me misturar entre foliões desesperados que mais parecem viver seu último dia. Tô em casa. A esposa tá trabalhando na avenida. Distribui camisinha. Tô fora. Não da camisinha, mas da avenida. Aqui é muito chato o carnaval. Por mais que a Prefeitura encremente o negócio, não tem jeito, é chato pra caralho. Prefiro este Pink Floyd que tá rolando na rádio da SKY, aos goles de uma cerva gelada e depois vou embarcar na cama. Esse negócio de lei seca é foda também. Stressa pra caralho. Não vou sair por aí, pois tá cheio de blitz pela cidade. Com sorte, se a internet me der uma trégua, vou passar boa parte da noite grudado por aqui. Escrevendo. Isso me acalma. Isso me deixa longe do stress. E quem mora em Boa Vista sabe que tentar conectar nos últimos tempos tá mais do que foda. Stressa também. Enfim, é isso.









terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

QUEM SE HABILITA?

Nunca pensei ser tão difícil encontrar novos integrantes para a Cia. do Lavrado. Na verdade nunca fizemos testes. Não somos um grupo que abre seleção de atores e essas coisas. As pessoas que hoje integram a Cia. do Lavrado simplesmente apareceram.
Isso mesmo, apareceram. Tirando eu e a Grazi que participamos da fundação da Cia. do Lavrado e a Tati, que não entrou como fundadora, mas participou de todo aquele processo, os outros integrantes foram aparecendo e assim resolveram ficar. O Renildo Araújo integrava uma ONG/Aids chamada Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV - RNP+ e após uma parceria desta instituição conosco é que o cara resolveu largar tudo pra trás e integrar o o nosso elenco. Continua no combate às DST/Aids, mas só que desta vez de forma mais dinâmica e criativa. A Sony é colega de Universidade, um dia me cantou com a possibilidade de fazer teatro. Na época não precisávamos de ninguém, mas eu fiquei com ela na cabeça. E na primeira oportunidade, quando ela nem mais se lembrava nós a convidamos e agora não quer mais ir embora. Sorte a nossa. O Ivan também chegou assim. Outro amigo da UFRR que se aproximou do grupo e foi comendo pelas beiradas e hoje é peça fundamental dentro da Cia. do Lavrado. O cara até fez o site da Cia. do Lavrado, muito maneiro mesmo. O Gilson Gatinho Larialpe, apareceu um dia lá no ensaio do espetáculo A Retrete ou a Latrina. A Cora Rufino, que já não está mais conosco, o convidou pra dar uma olhada no ensaio e de repente contribuir musicalmente com o nosso trabalho. O cara toca violão, sax, flauta e outras coisas que nem posso mencionar aqui...é fera, um coração imenso. Temos a maior admiração por ele. E é outro sem noção, que chegou pra ser músico e que este semestre estréia conosco o espetáculo LISÍSTRATA, de Aristófanes. E vem como músico e ator. E tem o Renatão que fazia parte de um outro grupo de teatro aqui de Roraima, mas não estava feliz com os planos daquele grupo. Isso acontece. Não perdemos tempo e fizemos um convite pra ele. Fez um pouco de doce e hoje nem pensa em nos abandonar. E a gente também não deixa, certo Renatão? O FM Rezende, grande Felipe, que também fundou a Cia. do Lavrado, contribuiu e muito com a gente. Precisou se afastar, mas enganou a gente, pois nunca se afastou de verdade. Bom pra gente também. Bom, a Tati participou da fundação, mas não entrou na documentação. Ela hoje é peça importante na elaboração dos projetos da Cia. do Lavrado, sem falar que é uma das articuladoras no que diz respeito aos projetos ligados à área de educação em saúde. É Assistente Social, mas bem que podia ser atriz também. Não demora muito pra se manifestar... A Grazi foi a última integrante da Cia. do Lavrado antes de sua fundação. Fiz uma oficina de cinema com ela no SESC, mas nem lembrava mais dela, pois tava muito sumida. O pessoal que fundou conosco a Cia. do Lavrado é que fizeram o convite e ela topou a parada. Entrou no espetáculo O Pastelão e a Torta e não quer saber mais de outra vida. Importante articuladora e questionadora afiada, que sempre ajuda no processo de crescimento da Cia. do Lavrado com seus questionamentos. E ótima atriz, é claro. E eu que tive essa idéia maluca de juntar um grupo de pessoas e montarmos juntos a Cia. do Lavrado. Não sou dono de porra nenhuma, só tive a idéia e o que somos hoje é graças ao esforço de todos os integrantes da Cia. do lavrado e dos artistas que passaram por aqui e que contribuiram bastante pro nosso desenvolvimento e vale a pena lembrar deles, Cora Rufino (fundador), Kléber Medeiros (fundador), Naldo Mandhu(fundador), FMRezende (fundador), Francisco Alves, Francilda Lira e Valdecir. Tivemos o Remildo também contribuindo com a gente durante um tempo. É isso. Hoje não conseguimos arrumar mais ninguém, pois o povo vem um dia fazer uma leitura e depois não volta mais. A falta de disponibilidade é que é o grande carrasco da hora, mas tenho certeza que esta lista de nomes ainda vai aumentar e muito. Vamos aguardar.












segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

DST/Aids

Agentes de Saúde do município de Pacaraima
Foto: Renildo Araújo

Neste último fim de semana, no município de Pacaraima, a Cia. do Lavrado encerrou as atividades do Projeto Abordagem Diferenciada na Saúde: Um Caminho pela Arte. Um projeto realizado pela Cia. do Lavrado em parceria com a Coordenação Estadual de DST/Aids. Este projeto tinha como objetivo contribuir para o desenvolvimento de práticas educativas em DST/HIV/Aids mais atrativas para os usuários do Sistema Único de Saúde. Optamos em utilizar a linguagem do teatro de bonecos por acreditarmos nas infinitas possibilidades de aprendizagens para todas as idades. A idéia não era transformar os ACS's em artistas, mas sensibilizá-los para outras possibilidades de abordagem em DST/HIV/Aids.
Estivemos nos municípios de Iracema, Cantá, Mucajaí, Bonfim e Pacaraima. Capacitamos 115 profissionais da área da saúde, entre Agentes Comunitários, Enfermeiros e Técnicos. Tivemos a oportunidade de discutir esta temática de forma dinâmica e muito criativa, tendo visto que as tradicionais palestras já não chamam mais a atenção da população alvo. Na verdade a idéia não era promover a exclusão das palestras nas abordagens e sim enriquecê-las com mais este atrativo que é o teatro de bonecos. No início das oficinas os profissionais não acreditavam serem capazes de construirem bonecos com garrafa pet e para a surpresa deles mesmos foram capazes não só de construir o que sugerimos, mas inventaram outras possibilidades na construção de seus bonecos.

As oficinas tiveram uma carga horária de 20h. divididas em 04 blocos:
BLOCO I - Integração do grupo de trabalho
BLOCO II - Construção dos bonecos
BLOCO III - Construção dos bonecos e construção do texto final
BLOCO IV - Ensaio e apresentação do trabalho final

Conseguimos perceber que a população do interior está muito carente de atividades culturais. Mais de 90% dos profissionais capacitados nos disseram que nunca tiveram a oportunidade de assistirem uma peça de teatro. E todos se encantaram com os exercícios teatrais e as apresentações com teatro de bonecos.
Enfim, a próxima etapa da Cia. do Lavrado é a capacitação com o Grupo de Teatro Reverbel em São João da Baliza, no início de Março e que já estamos ansiosos por mais esta oportunidade de integração e aprendizagem.




É isso. Vamos em frente.




















quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

MEDO DE VIVER

tudo na vida vem pra te sufocar

e você não tem amigos

nem lugar pra ficar

tudo na vida vem com sacrifício

foda-se

você não pode ouvir a vida inteira Sex Pistols

trancado no seu quarto

escondido na jaula de um bicho

fumando seus cigarros

morrendo aos poucos com seus vícios

comendo muito pouco

fedendo como lixo

você não pode ouvir a vida inteira Sex Pistols














quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

BOA SORTE!

Tem horas que tirar o time de campo e ficar no banco só observando a confusão, com certeza é o melhor a fazer. Demorei muito pra entender e reconhecer o meu valor. Sei o que tenho condições de fazer e sei também o que nem quero tentar ou insistir porque já tá na cara que não vai dar certo. E sei também o que não tenho a menor condição de realizar. Nem sempre fui assim, acredito que depois dos 35 é que fiquei mais confiante. Esse ano faço 40 e tenho algumas certezas conquistadas nessa vida. Já tive diversas experiências profissionais e já bati muito com a cara na parede, então, quando me vejo numa situação semelhante, não penso duas vezes. Saio fora. Trabalhar com educação não é nada fácil. Ser educador é algo muito difícil, ainda mais dentro de um sistema viciado como o que vivemos. Na própria Universidade Federal tenho diversos professores, mas poucos educadores. Poucos que realmente se preocupam com o desempenho do aluno. A maioria se preocupa apenas com os resultados e eu muito bem sei, pois aprendi assim, que o desempenho não se mede pelos resultados e sim pelo processo de ensino aprendizagem.
Os projetos sociais funcionam de maneira semelhante. O resultado parece ser mais importante do que o processo de trabalho. Os profissionais se prendem à necessidade de apresentar resultados e por outro lado o sistema pede isso. É uma puta armadilha. No final das contas, os profissionais vão para outros lugares, saem dos projetos, buscam outros caminhos e a população alvo, que é quem fica, perde sem nem mesmo perceber o que perdeu. Isso é assim no Brasil todo, não é uma realidade local. Com isso, eu mantenho meu discurso, que na verdade faz parte do meu processo de ensino aprendizagem: trabalho com quem eu quero e com quem quer trabalhar comigo. É isso. Continuo em frente e como dizem por aí, quando uma porta se fecha, uma outra se abre. E já abriu. Até.






sábado, 7 de fevereiro de 2009

PORTUGUÊS BARATO

a vida é isso mesmo
as vírgulas existem e não são arbitrárias
os pontos, porra, são necessários
escreve mais uma linha e deixa o resto pro acaso









sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

PELO MENOS ISSO...

embora penso ao contrário
nem sei bem porque penso assim
minha certeza vacila
dúvida sagaz que insiste
diversidade
maluquice
Darwinismo socialista
impossível
o contrário do que penso
é um pensamento
sem receitas de bolo
sem presenças
por extenso
puro
intenso
cem tentativas
não é não
a vida como no jogo do bicho
vale o escrito
e a máxima
penso
logo existo
sobrevive mais um eternidade
pelo menos isso...









FIM DE SEMANA EM BOA VISTA

BANDA GUY-BRAS
FOTO: Gilvan Costa

Hoje tem show de humor na cidade. Vejam bem, não é teatro, é show de humor. O Chico Anysio é foda e com certeza estarei lá. Todos os programas dele que eu tive a oportunidade de assistir eram ótimos. Pena que o cara não tá na TV. Assisti a uma entrevista dele na semana passada e o próprio cara disse que não faz teatro e que é um artista de televisão. Falou com muito orgulho da sua passagem nas rádios e a TV com certeza é a sua casa. Não vou perder essa. Tomara que seja um show memorável, apesar de ser no CTG.



Agora, amanhã tem show da banda de reggae Guy-Bras ( ei, Mike, é assim que se escreve, né?), do nosso amigo Mike. O cara é um guerreiro. Tive com ele essa semana, uma humildade. Dá pra ver nos olhos dele o amor pela música, pelo reggae. Quem puder ir com certeza irá se divertir e muito. Vai ser lá na Esquina Cultural, que fica na esquina da Av. Ene Garcez com a Av. Terêncio Lima. O espaço é do Evandro, que é outro importante fomentador da cultura por aqui. Bom, só de manter aquela casa já é uma vitória. Vou lá também e já tem um monte de amigos que me falaram que vão. Essa será a boa de amanhã, sábado, 07/02, às 21h. É isso, aposto nessas programações para o final de semana. Até lá.













quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

GENTE NOVA NO PEDAÇO!

Hoje tivemos uma ótima surpresa no ensaio da Cia. do Lavrado. Finalmente uma das nossas convidadas resolveu aparecer. Fez a leitura. E a princípio, foi uma ótima leitura. Vamos torcer pra que volte. Digo isso porque é muito difícil encontrarmos alguém pra trabalhar conosco. Ensaiamos aos sábados e domingos. E quando passamos o cronograma, a pessoa sempre desaparece. As pessoas querem muito fazer teatro, mas se assustam com o nosso cronograma. Essa pessoa se mostrou disposta a participar. Não vou citar o nome porque ainda é muito cedo. Eu já a conheço faz um bom tempo. E posso dizer que é uma pessoa do bem. É isso, não vou me alongar. Vamos apostar essa ficha. Mas se ela ficar, será mais um ganho importante pra Cia. do Lavrado. Vamos em frente.









quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

SOCORRO!


Apesar da foto não estar muito boa, esse prédio aí fica na Orla, em Boa Vista. É um local turístico daqui. Acreditem ou não, mas esse é um dos Pontos de Cultura da Prefeitura. Completamente deserto, sem nenhuma atividade cultural. Fechado. A Prefeitura de Boa Vista tem mais nove pontos desse naipe. A grana? Olha, a grana já tá por aqui, mas ação na área da cultura a Prefeitura tá devendo mesmo. E faz tempo. Por aqui as coisas são assim, ou talvez não seja só por aqui. Veja o caso da TV Roraima que tem anunciado na tv o show do Chico Anysio e sempre ao término da chamada ela tem a cara-de-pau de dizer que a Rede Globo e a TV Roraima apoiam o teatro em Roraima. Mentira! Por lei eles deveriam criar chamadas todas as vezes que uma peça entrasse em cartaz em Boa Vista, gratuitamente, mas quando solicitamos tal chamada eles sempre nos enfiam um monte de cifrões na cara. Só se tiver real! Quando muito anunciam a peça na tal da agenda. Nem mesmo entrevista no programa do meio-dia no dia da estréia os caras cedem. E tem a coragem de dizer que apoiam o teatro local...e Chico Anysio nem é teatro, porra, e muito menos é local! Esse espaço de divulgação já existe e eles se negam a nos ceder. Outro dia me pediram pra dar uma declaração pelo aniversário da TV Roraima, cara, eu vou falar o quê? Não fazem nada pelo teatro de Roraima. Desejei vida longa pra ela. E só. A mesma coisa são os Pontos de Cultura. Ninguém recebe notícia e muito menos assistimos a alguma ação dos pontos, principalmente os da Prefeitura. A oficina de teatro da prefeitura, que também é ponto, nem existe mais. Mas o dinheiro tá por aí. É isso, os grupos de teatro do estado de Roraima precisam cortar um dobrado, matar um leão por dia, assoviamos e chupamos cana ao mesmo tempo, saca? Chamamos urubu de meu louro e tudo! Isso pra não falar do estado que lançou um edital de R$ 20.000,00 e até agora não temos notícia dele. Todo mundo gastou uma grana pra aprontar os projetos. É uma falta de respeito com o artista local e com a população. Estão empurrando com a barriga... Enfim, o retrato do apoio do poder público à cultura em Roraima é a mesma imagem da foto acima. É uma pena. Temos tanta coisa bacana pra mostrar... Isso pra não entrar de novo no assunto dos meus textos que foram censurados na maior cara dura, por um bando de incompetentes que não entendem nada de cultura e não fazem nada pela cultura local. Mas isso eu já falei por aqui. Já deu.



















terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Deus ou deus?


Assisti uma entrevista da Dercy Gonçalves, de 1998. Minha avó era muito fã dela. Sempre que vejo a Dercy lembro de minha avó. Dizem que a Dercy era transgressora. Minha avó repetia muito isso, mas com outras palavras. Porra nenhuma. Peguei a entrevista na hora que ela falava sobre Deus. Ela disse que não acreditava em Deus. Passou por diversas religiões e um dia resolveu acreditar só no que ela pensava. Insistiu em afirmar que a maioria das pessoas em suas religiões nem sequer questionam sua crença. Precisam acreditar em algo. Tem preguiça de pensar. E esse negócio de pensamento é foda mesmo. Quem disse que a maioria tem razão? Toda unanimidade é burra, já dizia Nelson Rodrigues, que nem sei qual era a sua crença. O fato é que essa história de pensamento é forte. Nos dias de hoje, quanto menos se pensar melhor. É o que nos prova a grande audiência da TV aberta. E a Dercy, mesmo morta, ainda tá com a bola toda. Que Deus é esse que tentam enfiar na nossa goela? Quer dizer então que o Deus que eu acredito é na verdade um deus? De merda? Só porque não tenho religião? Tá de sacanagem. É só andarmos à margem pra neguinho vir nos detonar. Nem peguei a entrevista toda, mas me identifiquei com o que ela disse. E ao contrário dos outros, que ela tanto recriminou, eu pensei sim, e quer saber? Continuo com a minha crença. Tenho um colega de trabalho que recebeu uma denúncia de um bando de crentes. Com relação ao barulho, que não é realizado depois das 22h. no seu estabelecimento. Que é um estabelecimento que agrega jovens e que se estes jovens não estivessem ali, não sei, acho que não é a praia deles, mas bem que poderiam estar roubando e estuprando esta família de crentes. Esse papo de Deus deve ser a maior piada lá não sei onde. É, porque nem sabemos se realmente existe Deus. Acredito porque outros pensaram assim antes de mim. Aprendi assim. Gosto de pensar desse jeito. Continuo com o Deus, ou no deus que eu bem entender. Desde que ele seja bondoso e que eu possa elencar diversos adjetivos positivos ao seu bendito nome, tudo bem. Tô com a Dercy, que provavelmente já tem as suas respostas. É, a mulher já morreu. E se realmente existe ou não Deus, se realmente existe ou não inferno ou paraíso, só mesmo ela poderia nos responder. E a infinita lista dos que já se foram.












ENSAIOS

Hoje teremos surpresas no ensaio da Cia. do Lavrado. Como já disse, estamos precisando de atrizes. E nem adianta convidar de outros grupos, pois por aqui as pessoas se ofendem se fizermos isso. Mesmo se a atriz quiser e tiver disponibilidade, nem adianta que dá galho. Então estamos procurando e acredito que hoje apareçam por lá duas amigas nossas. Isso é o mais legal, são pessoas amigas e talvez com pouca ou quase nenhuma experiência em teatro. Mas não estamos nem aí. Precisamos de pessoas que estejam afim de encarar esta empreitada, não importa se nunca tenha feito teatro. O negócio é o seguinte, a pessoa chega, participa, demonstra interesse e quando menos percebemos já tá integrada. Não somos difíceis. Aconteceu assim com quase todo mundo que faz parte hoje. Até mesmo o músico que já tá conosco faz um tempo, nesse espetáculo ele vem como ator. E nunca fez isso na vida. É muito legal essa disponibilidade das pessoas. É isso, vamos ver se as duas topam essa parada. Torço que tudo dê certo.








segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

BARÃO VERMELHO

Vai sem gelo mesmo, o lance é o seguinte, moro em Roraima desde 2004. Março de 2004. Cheguei aqui desempregado. O contrário da maioria que já veio com trabalho certo. A primeira coisa que fiz foi uma oficina de teatro. A partir daí, montei a Cia. do Lavrado, junto com a Grazi, a Cora, o Erinaldo e o Kleber. Tinha o Felipe também. E o cara ajudou pra caralho. A Tati veio depois. O povo da oficina não pagava a mensalidade em dia. Eu ficava duro mesmo. As vezes recebia uma mensalidade e salvava o lanche na casa do Renatão, que me hospedou durante cinco ótimos meses. Como a grana tava foda, resolvi vender cordões de miçanga na praça. Vendi muito na festa junina daqui. Nos outros anos não vendi cordões, fui jurado. E remunerado. E mal remunerado. Foi tão bom que comprei o material e fiz mais. E vendi tudo. A Tati só veio bem depois. E ganhava muito mal na época também. Hoje as coisas mudaram. O teatro já paga as minhas contas, quer dizer, contribui juntinho ali, sabe? Consegui, junto de meus parceiros da Cia. do Lavrado, firmar o nosso nome nesta capital. Hoje, temos duas pessoas que ganham dinheiro na Cia. do Lavrado. Esse ano, acredito que mais duas pessoas vão ganhar bem mais dinheiro com teatro no nosso grupo. Quer dizer, somos um grupo em que todos ganham quando trabalham. O fato é que tem pessoas que trabalham mais. O DST/AIds é o responsável por isso. Nem todos no grupo se identificam com este assunto. Então, a Cia. do Lavrado, hoje, é auto-sustentável. É, ela paga o aluguel da sua sala, paga a intenet, que custa R$ 50,00 por mês e consegue até dar uma grana pro contador de vez em quando. Estamos em falta com ele. Cara, não sei, mas talvez seja esse o motivo de tanto ódio e inveja pela gente. Desde 2005, data de sua fundação, nós já montamos quatro espetáculos, dois premiados pela FUNARTE e mais, sei lá, acho que sete cenas, uma delas ganhou até R$ 75.000,00 para ser montada. Dentro de um projeto do Ministério da Saúde. Olha, se não for essa a razão de tanta inveja, ah! Lembrei agora que não temos nenhum integrante que nasceu no estado de Roraima. Pode ser isso também. Enfim, tava lendo umas cartas de Neal Cassady e me empolguei um pouco. Não sei, acredito que não estou nem na metade do caminho. Vou em frente. Aprendi assim. Por que eu estava falando isso mesmo? Deixa pra lá, já foi. Vou completar...








COMPLETA!

O fato é que gosto muito do que faço. Trabalho, como já disse, com pessoas que gosto pra caralho. Agora, tô de saco cheio de uma turminha aí, que se acha, e que não curte muito dividir informações. A vida é assim mesmo. De uma hora pra outra eu chuto o balde. Sempre fiz isso na minha vida. Antes eu até achava que era defeito meu. Mas hoje penso que não é não. Defesa? Talvez. Olha, tá na cara que sou um cara tranquilo. Eu sempre atraí pessoas invejosas. Não sei, mas acho que é o fato de eu pensar em fazer algo e realmente conseguir realizar. Sempre chamei a atenção de gente invejosa. A merda toda é que não tenho nada pra neguinho sentir inveja. Olha se a Turma do Tamanduá sentisse inveja de mim, aí eu tava realmente fudido. Porque os caras são foda! Agora, esse Zé Povinho que circula por aí...é outra história. Sei não, nem sei por que escrevo isso agora. Mas gosto da idéia do blog. Adoro escrever o que penso e sem dúvida alguma, tudo que escrevo não tenho a menor vontade de esconder. Falo o que penso, pra quem quiser. Sinto orgulho disso. Hoje acordei com a macaca. Não, não é a Tati, mas acordei com vontade de mandar neguinho se fuder hoje. Cara, faz tempo que descobri que posso tudo! Lógico, de acordo com as minhas possibilidades. Posso até me relacionar com pessoas que tô cagando pra elas... é isso, não tenho tempo a perder. E não vou perder meu tempo com coisas e pessoas insignificantes. Vou botar mais gelo....