domingo, 27 de setembro de 2009

O DESGASTE DO TEMPO NOS DENTES


Foi avisado pelo dente caído. O tempo acabara de marcar sua passagem. Encostou-se na cama, sem sono. Varou a madrugada com sua imagem desbotada na lembrança. Não assumiu nenhuma culpa. Percebeu-se. O desgaste do tempo estava evidente nos seus fracos dentes. Levantou-se. Sem nenhuma pressa. Foi ao banheiro e os escovou com uma calma jamais alcançada em toda a sua vida. De volta à cama, ajeitou o travesseiro com muito carinho. Tranquilamente. Sabia que o tempo não determinaria outra passagem tão cedo.

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CONTRA VERSOS



há controvérsias
há outros versos
há versos avessos
há poesia, acredita?






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DE NOVO SALINGER




a gente não precisa estar sempre nesse negócio de sexo
para conhecer direito as garotas




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NA CARA DURA




tô comendo o filtro faz horas
São Paulo já não me controla
faz tempo que larguei o caderninho
politicamente correto...






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J.D.SALINGER






sexo é o tipo da coisa que não consigo entender direito.
a gente nunca sabe em que ponto está.
vivo estabelecendo uma série de regras sexuais para mim e aí,
não demora muito, desobedeço a todas elas.







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VERDADES




não tenho certeza de mais nada
nunca entendi as verdades
hoje, a sensação de perda é bem maior
o tempo é um desgraçado desnecessário autoritário
sem volta e infinitamente cruel
tem a dor no movimento de todas as coisas






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CIRCO VIVO BLUES




você acha que isso é drama?
drama é se tocar que chegou aos 40
sem nunca ter entrado pela porta da frente.
corda-bamba por toda a vida, baby






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SOBRE FELICIDADE FABRICADA



continuo empregnado por tombos certeiros
já sou fiel perdedor
não sofro das canções de vitória antes do tempo
nunca tive a chance de ser um cantor
nem mesmo protagonista de minha própria vida
tristeza é sentimento egoísta
sou menos que a menor parte de um pedaço qualquer
é pretensão demais fingir felicidade






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VAI SE FUDER COM ESSA HISTÓRIA, BICHO!




não quero nem saber de suas desculpas
vou de Maiakovsky
prefiro morrer de vodka, meu amor
o tédio é escroto demais
cansei de ouvir o sinal de ocupado
furei a fila na maior cara dura
transbordei o copo faz tempo
se liga, criatura!

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CAMINHADA ESPIRITUAL



Pulou do coletivo aos gritos. Não tinha dinheiro para a passagem, mas também não precisavam tratá-lo com tamanha grosseria. Caminhou sob um sol de rachar. Já havia até esquecido o ocorrido. Não era de guardar ressentimentos por mais de cinco minutos. Foi o tempo de um cigarro. Queria apenas passear. Se pudesse não pensar, seria ótimo, mas não conseguia atingir essa proeza. Nunca prestou para ser monge. Desconfiava de tais hábitos absurdos. Nunca foi ligado em nenhuma religião. Desconfiava de tais crenças com discursos absurdos. Sabia que precisava seguir um caminho espiritual. Mas nunca foi convicto em nada. Visitou diversas igrejas, passou por seitas malucas, conversou com pastores e continuou sua peregrinação em busca da almejada paz. Ou do desejoso tumulto contínuo. Sabia que só avançava alguns passos após um tremendo rebuliço em sua vida. E assim seguia. Sem muitos planos. Apenas os dias e suas possíveis soluções imediatas. Depois de muito caminhar, deu de cara com uma placa vermelha. Letras enormes. Um convite aos olhos mais distraídos. TEMPLO HARE KRISHNA. Já havia ouvido falar. Principalmente da comida que era servida durante o culto. Uma delícia da culinária natureba. Não tinha um puto na carteira, aliás, nem tinha carteira. Com a fome estampada na cara, e duro, não fez por menos. Subiu a ladeira. Já havia ouvido um monte de histórias, mas nada que o convencesse de fato a encarar o evento. Mas da comida ele lembrava. E isso bastava para motivá-lo a encarar a subida. Chegou na porta, viu uma imensa fila. Ficou surpreso. Vasculhou a multidão e percebeu gente de todas as classes. Não se intimidou, pelo contrário, sentiu-se muito a vontade. Chegou de mansinho, como se já fosse local. Puxou assunto com um, respondeu às dúvidas de outro. Em pouco tempo já estava na frente da fila. Cheio de intimidades. As pessoas entravam e deixavam os seus calçados ao canto da porta. Ninguém tomava conta. – Incrível! Pensou, abismado com tal confiança. Encostavam seus calçados e pegavam um horroroso chinelo. Confortável sim, mas extremamente de mau gosto. O local era muito tranqüilo, perfumado. Cheirava a paz. Pessoas, aparentemente felizes, espalhadas pelo jardim. Umas liam, outras conversavam. Um clima de céu legal. Aproximou-se dele uma mulher com a cabeça raspada e uma bandeja de comida nas mãos. Uns bolinhos esquisitos. Ele se serviu. Tudo completamente diferente do que ele estava habituado. Comeu bastante. Encheu a pança. Alimentou a larica zilhões de vezes. Ninguém o recriminou. De repente, o sino. Uma única batida com uma propagação quase infinita. As pessoas começaram a entrar no salão. Ele estava cabreiro, observou atento. Apenas deixou a coisa tomar jeito. Foi um dos últimos a entrar. Não tinha outra escolha. Apesar do excesso de comida, ainda estava ligado demais. Não gostava de lugares fechados, com muita gente. De repente começou uma cantoria. Ritmos orientais. Um bando de carecas caminhando pelo espaço, entoando mantras monossilábicos. As pessoas, em seguida, começaram a imitação. Em pouco tempo, estava uma correria danada dentro do amplo salão. E ele parado. Incrivelmente congelado. Tentou perceber a dinâmica, sem muito êxito. Mexia apenas a cabeça. Percebeu vários olhares indesejáveis. Começou a sua caminhada sem tirar os olhos das outras pessoas. Desconfiou. O ritmo dos demais acelerou. Começou uma louca correria dentro do salão. Ele se descontrolou. Não perdeu tempo e saiu correndo. Os olhos saltados. Tinha a plena certeza que queriam pegá-lo de qualquer jeito. Encontrou uma oportunidade e se mandou dali. Pegou o primeiro calçado pela frente e desceu a ladeira. Sua caminhada, ou sua corrida, espiritual havia chegado ao fim. Por hora, não sentiu nenhuma espiritualidade, mas manteve os pés secos durante todo o temporal que o surpreendeu na saída. Talvez o espiritual estivesse ali. Coitado de quem pegou o seu sapato furado... o inferno decididamente era ali. Hare Krisna!





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sábado, 26 de setembro de 2009

E EM BELÉM DO PARÁ...


Acabei de chegar do jantar, nas Docas, em Belém. O Encontro Internacional de Teatro Contemporâneo tá bom demais. O Itaú Cultural reuniu cerca de 40 artistas de teatro da Amazônia. Discutimos muito no dia de hoje. Mais uma vez pude perceber que Roraima não está distante de todos os estados do Norte. As questões são as mesmas. Dificuldade no intercâmbio entre os grupos, a relação entre eles; a ausência de alguns no diálogo em favor da construção de políticas públicas; permissividade diante de políticas excludentes; dependência de verbas federais para a manutenção dos grupos; perda de identidade artística em prol da sustentabilidade, entre outras coisas. O fato, minha gente, é que, independente das questões individuais, é extremamente necessário sentarmos pra discutirmos o teatro no nosso estado. Neste evento estão presentes a Cia. do Lavrado e o Grupo Criart Teatral, que são dois grupos de Boa Vista que produzem regularmente. Precisamos fomentar novas discussões dentro de nosso estado, olho no olho, sem questionarmos as escolhas de cada um, mas por um momento, deixarmos de lado interesses pessoais em prol do desenvolvimento do coletivo. O foco das discussões aqui é o teatro de grupo. Vamos em frente. Temos muito pra trocar com todos. Não é novidade nenhuma que o teatro de Roraima, de um ano pra cá, tem descido ladeira abaixo. Não vamos elencar culpados. Não vamos elencar as controvérsias. Vamos pensar no público, que ao invés de ser detonado com muitas apresentações, está extremamente carente de produção no nosso estado. É isso. A Cia. do Lavrado tentará novo diálogo na volta. Vamos nos entender!!!






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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

ENCONTRO INTERNACIONAL DE TEATRO CONTEMPORÂNEO

Foto: Arquivo

Logo mais, quer dizer, na madrugada de sexta-feira, 25/09, viajo para Belém/PA. Vou representar a Cia. do Lavrado na sétima edição do PRÓXIMO ATO - ENCONTRO INTERNACIONAL DE TEATRO CONTEMPORÂNEO, que discutirá questões ligadas ao teatro de grupo no Brasil. Estarão presentes cerca de 40 artistas de teatro da região norte, que participarão de fóruns de discussões e debates.

CONVIDADOS:

Peter Pál Pelbart (São Paulo) é filósofo, ensaísta, autor de, entre outros, O Tempo Não-Reconciliado (Perspectiva, 2004) e Vida Capital (Iluminuras, 2003), tradutor de obras de Deleuze e professor no Departamento de Filosofia e na pós-graduação em psicologia clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), além de coordenador da Cia. Teatral Ueinzz.

Cibele Rizek (São Paulo) possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1972), mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1988) e doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1994). Atualmente é professor do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo e pesquisadora do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania, também da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Outras Sociologias Específicas, atuando principalmente nos seguintes temas: cidades, reestruturação produtiva, habitação, espaço público e cidadania.

Paulo Ricardo Nascimento (Belém) é ator, ator-manipulador, diretor, produtor e pesquisador. Integrante Fundador do IN BUST TEATRO COM BONECOS. Coordena os projetos de circulação do grupo e o projeto artístico do programa de TV Catalendas, da TV Cultura do Pará. Atualmente é pesquisador-bolsista do IAP, estudando o ator-manipulador na Poética Cênica da In Bust.


COORDENAÇÃO - Professora Wlad Lima
LOCAL - Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará.



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TUDO NA CAÇAPA

Só lhe restou o vazio da mesa e o silêncio assustador pelo ar. Ele nunca havia perdido um campeonato. Enfiou o taco nas costas e deu meia-volta. Cabisbaixo. O foco preciso no chão. O bar. Sua única direção. Debruçou-se ao balcão. Exigiu um conhaque. Nem sentiu o gosto. Pediu outro, ainda mais transbordado. Não costumava passar da segunda, mas o orgulho encarregou-se de não parar a contagem. Ficou bebaço. Chorou baixinho para dentro do copo a noite inteira. Trocou poucos olhares. Todos mudos. Era um apaixonado sem sua amante nos braços. Estava triste e completamente derrotado. Jurou que nunca mais iria jogar. Passou o resto dos seus dias com os pés enfiados na jaca. Mudou de endereço. Escolheu as calçadas. Um ano depois, no aniversário da cidade, o prefeito resolveu realizar um novo campeonato. O Sarjeta, então, decidiu ficar limpo. Comprou roupa nova. Fez a barba. Ficou irreconhecível aos olhos do povo. Em pouco tempo, já estava cercado de novo com aquela penca de puxa-sacos desgraçados. No dia da competição, chegou de fininho. Não queria causar alardes. Fez sua inscrição e aguardou a sua vez. Dirigiu-se à mesa, ginásio lotado, ele estava agitado demais. Suava frio demais. As pernas estavam bambas, demais. Mirou a bola com a convicção necessária e sapecou a redondinha com todo o resto de esperanças que ainda tinha. Acertou quatro. De cara. Gritou sua felicidade sem nenhuma censura. Mesmo com todo o seu gabarito, sabia que o que acabava de acontecer não passava de uma tremenda sorte. Não era um principiante, mas não pegava no taco já fazia um ano. Ficou valente para a próxima tacada. Com todo o seu charme, arrochou o giz em seu taco. Mas a mão não parecia acompanhar suas emoções. Aos poucos, embebido de tanta paixão, a danada cobrava sua religiosidade. Preocupou-se com o descontrole. Não resistiu, - uma dose, faz favor! O público silenciou. Todos ficaram paralisados diante de tal solicitação. Mirou sem muita certeza nos olhos e rasgou o forro da mesa, zunindo a bola para o lado de fora do salão. Mais uma vez derrotado. Agarrou uma garrafa de conhaque e se mandou por debaixo das mesas. Sentou-se no beco, ao lado do ginásio e fixou residência por ali. Deixou tudo naquela partida. Tudo na caçapa.






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terça-feira, 22 de setembro de 2009

A REALIDADE É A MAIOR MENTIRA DE TODOS OS TEMPOS

a realidade sempre foi algo insuportável pra mim. as coisas como elas são sempre me aterrorizaram. o que alguém é capaz de fazer pra se dar bem nesse sistema fudido de motivador do individualismo, sempre me incomodou demais. sempre me incomodou demais todas as vezes que usei os mesmos artifícios pra sobreviver. sou um merda de um tradicionalista metido a revolucionário. todos são. todos pensam que não. mas todos são. e são, é algo que não posso me dar ao luxo de ostentar. são... nessa onda do medarbemdequalquerjeito, não. nunca são. enquadrar-se requer sofrimento. pertencer carrega preços altos demais. insistir no não pertencimento é permanecer pra sempre no purgatório. tudo é falso. não existe novidade. não existe criatividade. não existe competição verdadeira e todos nós já perdemos desde o dia em que nascemos. hoje acordei um pouco mais otimista. mas até o final do dia vou me encher, de novo, da realidade.








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domingo, 20 de setembro de 2009

SOBRE A ESTRÉIA

Ontem foi a estréia, em Boa Vista, de Absurdópolis, que nos perdoe Aristófanes, nova produção da Cia. do Lavrado. Apresentamos na Praça das Águas e com direito a uma grande roda. O chapéu rendeu R$ 40,00, o que contribuiu e muito para a rodada de pizza após o espetáculo. A Praça das Águas, aos sábados, sempre tem muita gente. As pessoas vão à praça para passear, para encontrar com outras pessoas e sempre encontram alguma coisa legal para fazer. Além do nosso espetáculo, tinha também uma roda de hip-hop, uma roda bem legal e muito animada. Do outro lado, o SENAC também realizava um evento. E parecia estar bem bacana, pois o povo também estava lá. Muitas famílias, gente de todas as idades e livres para escolherem a sua programação. Tem gente que assiste um pouco de tudo, outros são fiéis e ficam em um mesmo evento até o final, e ontem, tinha público para todas as manifestações culturais que pintassem pela praça, para tudo que pudesse chamar a atenção desse povo carente de entretenimento.
Sobre o espetáculo, a única crítica que faço, quer dizer, já fiz, foi que a roda ficou grande demais. Aberta demais. E com isso, lógico, dificultou um pouco o entendimento para algumas pessoas. Quando percebi, agilizei com outro ator, tentamos aproximar mais o público. Não teve jeito, precisava ficar estabelecido desde o início do espetáculo. O público não tem essa manha de ficar pertinho, ele normalmente se distancia. Cabe a nós, artistas, aproximarmos mais nosso público, criarmos uma atmosfera mais íntima para que nenhum pedaço da historia se perca com o vento. É muito difícil montar uma roda, e muito mais mantê-la. Sabemos disso. Principalmente quando a praça oferece muitas outras atividades interessantes também. Ficou o aprendizado, no dia 03/10 faremos diferente.
Deixo registrado um puta de um parabéns para todo o elenco, que mandou muito bem. Estamos prestes a comemorar cinco anos de existência e como sempre acontece nessas datas tão significativas, a crise baixou legal. E já estamos crescendo com ela. A energia dos atores, ontem, estava gostoso de assistir. Todo mundo mais dentro do que nunca, presenteando aquele público maravilhoso que nos acompanhou até o final (e os que saíram antes também...). Registro também um agradecimento para o Centro de Cidadania Nós Existimos (local de nossa sede), para a PMBV (autorização da praça), para o jornalista Edgar Borges, que fez a nossa divulgação e como sempre, mais uma vez demonstrou ser um puta de um profissional. A nossa tarefa agora é continuarmos os ensaios de Homens, Santos e Desertores, texto de Mário Bortolotto, com estréia prevista para 17/10, lá no Centro de Cidadania Nós Existimos. Paradinha para o café só em dezembro. E olhe lá!





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sábado, 19 de setembro de 2009

HOJE

Foto: Michele Saraiva


ABSURDÓPOLIS, QUE NOS PERDOE ARISTÓFANES
(Baseado na obra Lisístrata, de Aristófanes)

Texto: Graziela Camilo e Marcelo Perez
Argumento: Cia. do Lavrado
Direção: Graziela Camilo, Marcelo Perez e Renato Barbosa


Elenco:
Adrya Mayara
Graziela Camilo
Ivan Andrade
Marcelo Perez
Renato Barbosa
Renildo Araújo

SINOPSE:
Líderes Mutu-Hutu roubam pedaços do Manto Imantado do Monte Invertido, fonte de poder e instrumento da paz. Com isso o Kauz tomou conta de toda Absurdópolis. A ganância pelo poder dos pedaços do Manto provocou uma corrida intensa atrás de mais pedaços. Joana, uma mulher comum, resolve encabeçar uma greve de sexo com todas as mulheres do país. E decreta que a greve só acabará quando todos os pedaços roubados do Manto Imantado do Monte Invertido forem devolvidos. Com o Manto Imantado de volta ao topo do Monte Invertido, a paz será restabelecida em toda Absurdópolis.


APOIO:
CENTRO DE CIDADANIA NÓS EXISTIMOS

Local:
Praça das Águas
Horário:
20h


Assessoria de imprensa:
Edgar Borges - 9111 - 4001



http://www.ciadolavrado.com.br/



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FUI

fui. não dá mais. já são seis e meia. vou ver algumas imagens na tv. sempre faço isso. não importa a hora que eu deite. e ainda tem o Salinger... maldito! vou folhear esse desgraçado agora mesmo. nem que seja apenas uma página. fui.






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SUICÍDIO


hoje pensei nos suicidas. deve ser uma merda o exato instante em que o cara, não sei, pensa que nada tem mais jeito. no texto do Bortolotto, o homem, se suicida. o estado de Roraima tem o maior índice de suicídios do país. na proporção, lógico. tive um projeto contemplado pela FUNARTE, em 2008, e que fala do suicídio de jovens. a estréia será em 2010. esse ano não foi possível, me suicidei de montão... mas no próximo, com certeza, ele vai sair do computador. é uma foda, não é? suicídio? caralho! esse momento exato de que falo, de forma alguma conseguirei abordar em meus textos. é só uma impressão do que imagino. o momento mesmo, deve ser algo de outro mundo. quando jovem, até já pensei nessa saída. quem não pensou? só mesmo os jovens que tiveram uma vidinha arrumada, sem percepção dos seus conflitos é que, de repente, não pensaram nisso. eu pensei. hoje, isso é um drama. aos 40 não dá pra pensar em me mandar desse jeito. não tem nem graça, certo? como na peça do autor citado acima, - tô fudido! tô careca de saber que existem outras saídas. mas confesso que tem vezes que me mato. tem vezes que me suicido. nem sei se isso é possível, ou permitido pela gramática normativa. mesmo sabendo que tô cagando e andando pra ela. puxo a corda amarrada ao meu pescoço sem dó nem piedade. nada literal, senão, essas palavras seriam redigidas por um fantasma. o que não é o caso. mamãe...papai...não se preocupem, são apenas metáforas. pode parecer esquisito, mas tento entender os suicidas. os jovens. pensamentos radicais. sem possibilidades de outras saídas. a decisão sem volta. pra você entender melhor o que quero dizer, tá nascendo um puta de um dia lindo lá fora. olha só que contradição! entendeu? tudo bem, antes mesmo que você entenda, a corda já tá pendurada faz tempo. o salto, como reza meu amigo André, não tem volta. seja ele pro que penso ser vitória...seja ele pro que penso de fracasso...não consigo recriminar essa gente cheia de coragem e com tão pouca percepção da realidade. ou, não sei, com a real percepção da realidade. coisa que jamais pensamos em pensar...realidade...quem sou eu pra falar nisso? quando resolvo dormir, mesmo sabendo que não posso, e não devo me dar a esse luxo, me mato mais um pouco. dormir, diante de tanta coisa pra falar, escrever, discutir, viver, experimentar... é como se eu pulasse da escada com uma baita de uma corda amarrada ao meu pescoço. no edifício que morei em Vila Isabel, teve um cara que se matou assim. e não era jovem. mas isso eu nem posso recriminar. só fico com aquela pergunta desgraçada na minha cabeça, por que ele demorou tanto tempo pra tirar o time de campo? acho que sofrimento mesmo, sofrimento de verdade, deve ser algo assim. sinistro, maluco!






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E O DIA MOSTRA A SUA CARA...



uma amiga me disse hoje, - Marcelo, tem pessoas que enxergam em você alguns valores delas, já perdidos, por isso a implicância com você. não sei, até concordei com isso. o foda não é exatamente o que elas pensam, mas o que eu posso me tornar, se eu não ficar com meus olhos abertos, digo, antenado no mundo lá fora. de maneira alguma eu devo me distanciar de minhas referências. não quero. não devo. não será saudável para a arte que penso pra mim. já tá amanhecendo...e continuo pensando....não posso e não devo fazer menos do que faço. não será saudável. compreende?





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ARTE NO EXTREMO NORTE


tô acordado. ainda. mas não sou o único. o site da Cia. do Lavrado marca 28 visitantes on-line (voltei aqui pra corrigir, na verdade, agora, são 54). agora me diz, o que é que esse povo tá fazendo acordado até agora? em Roraima são quatro e vinte da madruga... hoje resolvi deixar a cara amarrotada. e o preço disso é a insônia. sou assim mesmo. chega uma hora que não consigo mais dormir. tem vezes que acordo no meio da noite. e também não consigo mais dormir. não fico mais puto por isso. tenho 40. nada mais será como era antes. sei disso perfeitamente. quer dizer, não tão perfeito assim, pois de outro modo, estaria na cama. roncando pra caralho. são escolhas. resolvi que vou dormir lá pelas 8h. é isso. não consigo domar minha necessidade de escrever. umas tecladas no word. outras tecladas por aqui. sou feliz assim. pelo menos acredito que sou. ou me ensinaram que sou feliz assim. sei lá. são tantas regras. tantas necessidades. tem vezes que nem acho que necessito tanto assim. mas a vida me faz acreditar que sim. então escrevo. tenho um compromisso importante. na verdade, já até dei início a ele. ler O Apanhador no Campo de Centeio, do Salinger. J.D.Salinger. tenho vários inícios no currículo. mas hoje, às cinco da matina, vou pegar de jeito esse livro. ensaiamos Homens, Santos e Desertores, do Mário Bortolotto. esse livro tem tudo a ver com essa peça. o Caulfield tem muito do garoto, personagem do Bortolotto nesta peça. o Bortolotto é um puta de um dramaturgo. vivo. muito vivo mesmo.o cara é bom pra caralho. digo isso de cadeira, pois já li, sei lá, umas 10 ou 15 peças dele. nem sei mais. acho que li três livros, com várias peças e um romance. me identifico muito com a dramaturgia dele. o blog dele e outros que acompanho são exatamente o meu link com o mundo fora de Roraima. não posso perder esse vínculo. as coisas por aqui são muito paradas. o pensamento dos artistas daqui são, quase primatas, se é que você me entende, e sem querer ofender os daqui. não temos referências na música, dança, teatro, artes plásticas, audio-visual, enfim, não temos ninguém aqui com projeção nacional. poucos conhecem os que fazem arte por aqui. só isso. e acredito que a falta de contato com o mundo, fora Roraima, faz uma falta tremenda e influencia demais os trabalhos realizados neste estado. tem muita gente boa. mas muita gente boa sem referência externa. sério. isso tá nos trabalhos realizados. nem me sinto detonando ninguém. é pura realidade. muito pouco chega por aqui. gostaria muito que o Mário Bortolotto visitasse esta terra, mas como ele me disse outro dia,(mais ou menos isso...)- só se vocês bancarem a passagem... isso é muito difícil, se nem pra sair daqui a gente consegue...precisamos, sempre, de pessoas bem sucedidas na arte por essas bandas. o povo daqui precisa entender que é possível, com um puta de um sacrifício viver de arte. é um povo desacreditado. com tantas dependências... não dá pra ter arte de verdade quando fazemos tantas concessões. mas já estou convencido que todos os artistas do estado de Roraima são vencedores. independente de política, independente se não gosto da postura de alguns, dane-se, são todos vencedores. e pra que eu mantenha essa minha admiração, consegui entender que preciso ficar out. demorei, mas entendi. cada um faz a arte que pode fazer. cada um defende o seu. de outro modo, ninguém consegue fazer nada. e não é culpa dos gestores. muitos sonham em ser artistas. os gestores. mas a gestão não permite isso. não acredito ser possível ser artista e ser gestor. o gestor sempre virá na frente. mas reconheço, também, o trabalho artístico de alguns gestores. sonho com uma terra fabulosa. um lugar encantado. com muito espaço para os ideais. mesmo sabendo que isso é pura utopia. mas é o estado que escolhi pra viver. vou fazer o meu melhor. sempre. mesmo sem desejar entrar na regra, acabo rezando a missa como os demais. de outro jeito, só se eu me mandar daqui. e isso tá longe de acontecer. mas reconheço que não é algo impossível. por enquanto, me esquivo das rédeas o máximo que posso. e apesar das minhas falas ásperas. sem ressentimentos. isso sempre!






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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

PEIXE FORA D'ÁGUA


- você é daqui, rapaz?

- sou...acho que sim...

- nasceu aqui?

- não...

- então não é daqui!

- não! não nasci aqui, mas...

- mas o cacete, você não é daqui?

- não! não sou, mas estou aqui...

- estar aqui não adianta nada pra gente...

- como assim?

- você não é daqui!

- e daí?

- e daí, que você não é daqui...

- qual o problema?

- o problema é que você não é daqui, e pelo que eu tenho percebido, você não se enquadra...

- sério?

- sério! eu até te compreendo, já vi muitos iguais a você, só que você não é daqui...

- e daí?

- e daí? cara, você precisa dizer que é daqui, se você não diz, se você se rebela contra tudo que é daqui...eu não posso fazer nada...

- tudo bem... eu sou daqui.

- tem certeza disso?

- tenho.

- você sabe que essa sua decisão vai te trazer muitas consequências?

- sei...já entendi...e por enquanto, sou daqui...

- porra nenhuma...cortem a cabeça dele! (tablefete!) mais um que tentou nos enganar com suas ideias construtivistas... próximo!





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PREFEITURA MUNICIPAL DE BOA VISTA

É isso aí...amanhã temos a nossa estréia. Na verdade, um ensaio aberto, mas divulgamos como estréia. Esse espetáculo está na Lei de Fomento do estado, mas a grana ainda não saiu. Resolvemos fazer de qualquer jeito e quando a grana sair, vamos produzí-lo melhor. O dinheiro tá demorando muito pra sair, mas precisamos trabalhar, apresentar o espetáculo, coisa de artista, sabem como é...precisamos muito da grana, mas se ela não sai, vamos pras ruas de qualquer jeito. Essa produção foi pensada com o patrocínio do estado de Roraima, e ainda acreditamos que a grana sairá este ano. É isso, indiretamente temos o patrocínio do estado de Roraima, mas ainda não divulgamos o nome deles, pois a grana ainda não saiu. Conseguimos a autorização da Prefeitura Municipal de Boa Vista para apresentarmos na praça das Águas, eles não criaram nenhum problema e somos gratos por isso. A Prefeitura está lá, na medida do possível, não podemos reclamar, pois eles sempre nos autorizam e algumas vezes até nos apóiam. Sei que em outros estados a coisa é mais difícil, mas por aqui, a Prefeitura apóia os grupos que querem se apresentar nas ruas e praças de Boa Vista. Fazemos nossas críticas quando achamos que devemos fazê-las, mas também sabemos reconhecer quando a PMBV possibilita o êxito dos nossos trabalhos. É isso, as pessoas por aqui acham que nós, da Cia. do Lavrado, só metemos o pau, mas não é verdade, sabemos reconhecer quando necessário. Dessa vez, não pedimos apoio, mas quando precisamos, eles nos apoiaram. Acreditamos que só pelo fato de não dificultarem as nossas ações, precisamos tirar o chapéu para a Prefeitura Municipal de Boa Vista. Sabemos que existem taxas a serem cobradas em outras prefeituras, de outros estados, mas por aqui não existe isso. Então, é isso. Quando as coisas acontecem numa boa, devemos parabenizar a iniciativa. E que tudo corra bem em amanhã. O espetáculo de amanhã tem o apoio do Centro de Cidadania Nós Existimos e de certa forma, da Prefeitura Municipal de Boa Vista, por não ter nos criado nenhum problema para a realização de nossa ação.. Tiramos o chapéu para os dois. E que venha o espetáculo...







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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

ESTRÉIA SÁBADO 19/09

Graziela Camilo (Joana)
Foto: Michele Saraiva


ABSURDÓPOLIS, QUE NOS PERDOE ARISTÓFANES
(Baseado na obra Lisístrata, de Aristófanes)

Texto: Graziela Camilo e Marcelo Perez
Argumento: Cia. do Lavrado
Direção: Graziela Camilo, Marcelo Perez e Renato Barbosa


Elenco:
Adrya Mayara
Graziela Camilo
Ivan Andrade
Marcelo Perez
Renato Barbosa
Renildo Araújo

SINOPSE:
Líderes Mutu-Hutu roubam pedaços do Manto Imantado do Monte Invertido, fonte de poder e instrumento da paz. Com isso o Kauz tomou conta de toda Absurdópolis. A ganância pelo poder dos pedaços do Manto provocou uma corrida intensa atrás de mais pedaços. Joana, uma mulher comum, resolve encabeçar uma greve de sexo com todas as mulheres do país. E decreta que a greve só acabará quando todos os pedaços roubados do Manto Imantado do Monte Invertido forem devolvidos. Com o Manto Imantado de volta ao topo do Monte Invertido, a paz será restabelecida em toda Absurdópolis.


APOIO:
CENTRO DE CIDADANIA NÓS EXISTIMOS

Local
:
Praça das Águas
Horário:
20h

Assessoria de imprensa:
Edgar Borges - 9111 - 4001


terça-feira, 15 de setembro de 2009

SÓ OUÇO O DESESPERO DOS PÁSSAROS ACORDADOS




insônia desgraçada
vi o dia amanhecer pela janela do quarto
debruçado na máquina
perdido em letras que no final das contas
não me disseram nada
sou o mesmo de ontem
com as mesmas interrogações
de quando criança
desaprendo a todo momento
nunca lembro de me esquecer das lembranças
e assim o dia se foi
a noite escorreu pela madrugada
olhos abertos descarga da mente lotada
e por ironia divina
nem mesmo o meu grito eu consigo ouvir
só ouço o desespero dos pássaros acordados



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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

EU NÃO QUERO SER NORMAL


Tem horas que bate um puta desânimo. Sustentar convicções ideais ao falar de teatro e cultura acarreta uma cobrança, às vezes, pesada demais. Será que seria menos desgastante se eu fosse um sujeito normal? Isso mesmo, com pensamentos e atitudes normais. Do jeito que as pessoas esperam que eu seja. Do jeito que as pessoas esperam que todos sejam. Seria muito mais fácil circular por aí... se eu aceitasse um cargo público na cultura, mesmo que isso colocasse em risco a capacidade de criação e produção da minha arte, e mesmo sabendo que vou contra meus princípios, principalmente a ética. Mas isso é normal. Seria muito mais fácil circular por aí... se eu concorresse ao edital de Ponto de Cultura no meu estado e batesse continência pra profissionais incompetentes, oportunistas, mas extremamente articulados com aqueles que desejam arrancar tudo da cultura desse estado. Mas isso é normal. Seria tão fácil...se eu me ajoelhasse pelas instituições em busca de uma migalha, de uma pauta, de um mísero cachê, mesmo sabendo que meu trabalho vale muito mais do que me oferecem por aí. Mas isso é normal. Não sei, seria muito mais fácil se eu engolisse as minhas palavras com endereço certo, que traduzem tudo o que sinto, ao invés de sair vomitando por aí tudo que penso. Se eu vivesse em total omissão e ainda assim discursasse por aí - estou na luta! Em busca de mudanças nas políticas culturais do estado! Mas isso é normal. Com certeza a minha fila de inimizades não estaria tão imensa por aqui. Seria muito mais fácil...se eu fingisse que acredito que as coisas estão mudando na cultura do estado de Roraima, e passasse a escrever por aí depoimentos sobre coisas que não aconteceram e nem estão perto de acontecer. E ao contrário do que pensam, eu acredito na mudança, torço muito por ela. Mas da forma como eu imagino, sou carta fora do baralho. Pedra no sapato de alguns. É muita hipocrisia... Seria muito mais fácil se eu acreditasse nas minhas mentiras. Penso que os adjetivos que circulam por aí, talvez, seriam outros. As pessoas não me chamariam mais de polêmico, de doido e radical. Não teriam mais o desejo de me dar corda pra eu me enforcar. Não falariam por aí que sou assim porque encho a cara. Que gosto de arrumar confusão. Que não sei dialogar de jeito nenhum. Quem sabe eu até teria direito a um número. Estaria padronizado. É verdade. Não sei, talvez, o 171, apesar de crer que este já deve ter dono, aliás, vários donos e também acredito que a numeração já passou desse pra outro bem distante. É muita gente do lado de lá. É muita gente com desejo de ser normal. Seria muito mais fácil se eu nem tivesse chegado até aqui. Pensar tudo isso me deixa extremamente cansado. Mas quer saber? Não teria prazer nenhum se fosse de outro jeito.




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GEORGE ORWELL



Se a liberdade significa alguma coisa, será, sobretudo, o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.








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GARGANTA IRADA

(Campainha)

Sônia – Já era hora.
Felipe – Da pizza ou do bagulho?
Sônia – Dos dois.
Felipe – Atende lá, Sônia, que eu vou botar mais uma dose.

(Sônia vai à porta. É o entregador de pizza)

Sônia – Porra, meu, já tava ligando pra cancelar.
Entregador – Desculpa, madame, é que furou o pneu da motinha. Tive que vir no maior sufoco. A coitada veio toda torta. Quase que desisto.
Felipe – (grita de dentro) Deixa de lorota, cara, tu saiu tarde de lá e agora fica inventando histórias...
Entregador – Não, senhor, é verdade, vai lá fora pro senhor ver. O pneu tá no bagaço.
Sônia – Deixa o cara, Felipe. Quanto eu te devo mesmo?
Entregador – Ô, dona, tô até com vergonha de te cobrar. (olha pro copo do Felipe) Faz o seguinte, toma a pizza. Não vou cobrar nadinha de vocês, pode deixar que eu seguro essa (entrega a pizza), mas me deixa beber um pouco desse troço, vai, esse luxo não faz parte da minha vida.

(Sônia olha pra Felipe que concorda)

Sônia – Beleza. Dá um copo aí pra ele Felipe.
(O entregador entra)
Felipe – Toma, cara. Sexta-feira deve ser o terror.
Entregador – Um pedido atrás do outro. E o patrão sempre no pé, filho da puta... não posso dar um vacilo, sabe como é...
Felipe - Manda ver que tu deve tá na maior secura.
Entregador – Tô mermo, irmão. Hoje é sexta-cheira (ele ri) e mais tarde tem show dos Periféricos Aloprados.
Sônia – Porra, tu curte irmão?
Entregador – Eu sou o roadie da banda, chegado.
Felipe – Sério mesmo?
Entregador – Sério, meu irmão. Bota fé.
Sônia – O que é um roadie?
Felipe – Não acredito...
Sônia – Porra, Lipe, não sei e daí?
Entregador – Que nada, olha, eu sou o cara que monta o palco pros músicos, sabe? Afino guitarra, baixo, monto a bateria, essas coisas. Às vezes até passo as músicas com os outros músicos pra poupar o vocal.
Sônia – Ah, mas isso é a maior frescura.
Felipe – Que mané frescura. O cara tem que tá legal pra detonar na hora do show.
Sônia – Frescura sim. Assim que começa com a porra do estrelismo. Primeiro não passa a música pra poupar a voz e depois tá fazendo show só se tiver água Perrier no camarim. Sem falar do playback. Ah, deixa disso, Felipe, tá se contradizendo, depois fica com esse discurso persuasivo das concessões. E isso também não é uma concessão?
Felipe – Pode até ser, mas...
Entregador – Que papo é esse de concessões?
Sônia – É que o Felipe é o tipo de cara politicamente correto, sabe? Ou pelo menos pensa que é. Ele prefere morrer de fome do que ceder pra uma editora qualquer. O cara faz altos desenhos, mas ninguém quer mais saber dos traços dele.
Felipe – (tenta disfarçar) Ei, o cara é um estranho. Vai lavar roupa suja assim é?
Sônia – (alterada) Que estranho nada, já tomou com a gente, não é mais estranho (ri). Você não concorda?
Felipe – Claro que ele vai concordar. Porra, o cara entrega pizza de dia e de madruga é roadie de banda. Deixe-me adivinhar, o sonho dele é trabalhar só com música. Acertei? Claro que ele vai concordar contigo, trabalhar na pizzaria é uma concessão.
Entregador – Nada disso, mano, é necessidade mesmo.
Felipe – Concessão!
Entregador – (irritado) Qual é meu?
Felipe – Qual é o caralho!
Sônia – Êpa, calma lá seu machinhos.
Entregador – Cara, eu não vou ficar lá por muito tempo, sacou? Tô juntando uma grana pra comprar uma batera. Tem uns malucos aí que eu conheço que tão fazendo o mesmo e então nós vamos montar nossa própria banda. Aí eu quero ver você me tirar. Vou tá lá, ó, arrebentando. (grita) Rock’n Roll, baby! O público gritando meu nome e eu só bebendo esse luxo maltado que tu tá me servindo. Vou rezistrar meu nome no hall da fama!

(Felipe olha pra Sônia. Os dois caem na gargalhada)

Entregador – (puxa um canivete do bolso) Qual foi? Iii, tão me tirando é? O que foi que eu falei?
Sônia – Que isso, carinha, deixa disso, não é nada, guarda esse troço aí... é que o...
Felipe – Porra, meu, nada? Agora imagina só, nesse exato momento o personagem da minha HQ conversa com o entregador de pizza, que num ato impensado pronuncia a palavra rezistro. Sem que ele perceba, meu personagem abre uma boca imensa e de uma só vez dá uma mordida na cabeça do entregador de pizza. O próximo quadrinho aparece o entregador sem a cabeça.
Sônia – Tu é um maluco...
Entregador – (nervoso) Cara, qual foi? Que porra é essa de comer minha cabeça? Vou começar a distribuir porrada nessa caralha!
(Sônia ri)

Felipe – E de repente o super-herói cospe a cabeça do entregador de pizza de volta, que repete várias vezes a palavra registro. Que é o certo. E não rezistro como dizem por aí.
Entregador – Rezistro, registro, mas não é tudo a mesma coisa?
Felipe – Tudo a mesma coisa é um caminhão cheio de japonês.
Sônia – Não esquenta não, essa é a história do personagem dele. Hoje já discutimos muito por causa disso.
Entregador – Quer dizer que o cara engole a cabeça de quem fala errado?
Felipe – Isso mesmo, e depois cospe de volta e o cara repete várias vezes a palavra de forma correta?
Entregador – É...eu te confesso que a idéia é bacana. É educativa.
Felipe – Ta vendo aí, sua canastrona!
Sônia – Não acredito que tu arrumou um aliado.
Felipe – Aliado não, um leitor inteligente.
Entregador – Se tu me der mais um gole eu até ouço o resto da história.
Sônia – Isso é outra concessão.
(eles se olham e riem. A campainha toca)
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GARGANTA IRADA - CONTINUAÇÃO

Entregador – Tão esperando visita?
Sônia – Visita? Que nada, esse aí é de casa. Deve ser o Marcão.
Felipe – Marcão trafica!

(Sônia e Felipe riem).

Entregador – Marcão Trafica? É um que só anda com uma jaqueta jeans surradona?
Felipe – Esse mesmo. Ele tá trazendo umas paradas pra gente.
Entregador – (desesperado) Porra, meu, tem outra saída nessa casa.
Sônia – Calma aí, gente fina, qual foi?
Felipe – Aí, tu não tá a fim de pirar? Então, o carinha tá trazendo umas paradinhas e olha, pode arrochar com a gente.
Entregador – Fica pra outra vez. Se for quem eu tô pensando, tô devendo uma grana legal pra ele.
Felipe – Pro Marcão? Não esquenta não. O Marcão é dez. É super tranqüilo...
Marcão – (grita) Abre logo essa porra, seus maconheiros.
Sônia – Calma, Marcão!
Felipe – Abre logo essa merda, senão ele vai ficar lá fora gritando. Vai sujar pra gente.
Entregador – (grita) Não! Cara, se ele me pega aqui eu tô fudido.
Sônia – Faz o seguinte, vai lá pra cozinha. Ele só veio deixar umas paradinhas com a gente e depois vai se mandar.
Entregador – Ta legal. Mas não dá mole que esse cara é o terror.
Felipe – Nós tamo falando do mesmo Marcão?
Marcão – Eu vou chamar a polícia, hein?
Entregador – Eu nunca que iria me esquecer da voz da morte.
(Felipe dá uma gargalhada. O entregador vai pra cozinha. Felipe abre a porta).
Felipe – Fala, Marcão!
Marcão – Fala é o caralho! Vocês me arrancam da cama pra me deixar esperando do lado de fora.
Sônia – (abre a porta) Pô, Marcão, foi mal. A gente já tá bebendo faz um tempo e sabe como é, a birita já foi pra cabeça. Perdemos a chave.
Marcão - Sacanagem, né, Rainha. Eu ia deixar essa poeira toda ali na porta! Cadê a bandeja? Só vou mandar uma pra dentro e depois eu vazo. Valeu?
Sônia – (Dá a bandeja) Tu é foda, hein Marcão. Sempre com pressa.
Marcão – Não posso deixar a clientela na mão, Rainha.
Felipe – Mas tem que tirar uma folga de vez em quando. Não acha?
Marcão – Felipe, o nariz desses play não tiram folga não. Aí, tudo aspirador de pó. Tão na maior pressão. Eu quero é faturar com eles.
Sônia – Tu tá parecendo com o cara do filme...
Marcão – Scarface! (mete o nariz)

(eles riem).

Marcão – Qual é a boa?
Felipe – Teatro e Show de rock.
Sônia – E piração total.
Marcão – Vão devagar com essa parada que tá barra pesada...
Felipe – Valeu, Marcão. Não quer mesmo sair com a gente?
Marcão – Fica pra outra vez. (mostra uma pistola) Hoje é sexta e eu tenho umas dívidas pra cobrar.
Sônia – Já tá assim é?
Felipe – Daqui a pouco vai aparecer morto num matagal desses por aí.
Marcão – É ruim, hein? Deixa eu ir que tô atrás de um entregador de pizza. O cara me levou 100g na semana passada e até hoje não pagou. Deixa só eu encontrar com ele, vai cagar pizza até pelo nariz.

(Felipe e Sônia se olham. Pausa. Marcão olha pra pizza em cima da mesa e um boné de pizzaria)

Marcão – Pediram pizza é?
Sônia – É...chegou faz um tempão...
Marcão – (pega um pedaço super quente. Desconfia) Tempão... sei... (pega o boné) acho que o carinha esqueceu o boné.
Felipe – Foi...saiu tão rápido que deixou o boné...
Marcão – Ei, Sônia, eu conheço você faz uns 15 anos, não é?
Sônia – 16, Marcão...
Marcão – Então...você não acha que tanto tempo...sei lá...não faz com que nos tornemos íntimos o suficiente pra sabermos quando um de nós dois mente?
Felipe – Mentira?
Marcão – Cala a boca, Felipe! Tô falando com a Rainha.
Sônia – (assustada) Cara, não sei, pra mim você não tá mentindo...
Marcão – Porra, não me sacaneia, caralho! Pela cara que fizeram, vocês conhecem o entregador, não conhecem? Esse bairro é um ovo!
Felipe – Que entregador cara...
Marcão – (pega a pistola) Já falei pra tu calar a boca! Aí, te conheço faz pouco tempo e detesto quando tu me liga cedo e diz pra eu tirar o meu rabo fedido da minha cama imunda, ouviu babaca? Minha parada é com a Rainha. De você eu cuido depois.
Sônia – Ei, Marcão, dá um tempo cara. Tu tá chapado, é isso. É só paranóia. Aí, é melhor tu sair fora, antes que a nossa relação vá pro espaço.
Marcão – (olha a pizza. Olha o boné. Olha pra dentro da casa) Sei não, olha, eu vou me mandar. Agora escutem o que vou dizer, se eu souber que vocês estavam escondendo o carinha aqui... aí, Rainha, sem consideração, sacou? E tu mané, vou te passar legal, entendeu?

(Marcão sai. Os dois caem no sofá aliviados)

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GARGANTA IRADA - FIM

(Entra o entregador)

Entregador – Ca-ra-lho! Eu não falei? O cara é foda, meu.
Felipe – Porra, meu irmão, 100G é sacanagem. Cadê a grana do cara?
Sônia – Ei, moçada, o Marcão nunca me tratou assim. Fiquei com medo dele.
Felipe – Medo? O cara me ameaçou!
Entregador – Se ele souber que eu tava aqui... nossa, vocês tão fudidos.
Sônia – Não se você pagar o que deve a ele.
Felipe – É mesmo.
Entregador – Mas como?
Sônia – Sei lá, cara, se vira e olha, já tá na hora de você vazar daqui. Vai que o Marcão volta...
Felipe – (arranca o copo da mão dele) Isso mesmo, vai vazando...
Entregador – Não antes de dar um tequinho...
Felipe – Tequinho é o caralho! Se manda que não chegou minha hora de morrer.
Sônia – (abre a porta. Dá de cara com Marcão) Marcão!
Entregador – Fudeu! (tenta se esconder, mas o Marcão já o viu).
Felipe – Marcão!
Marcão – Porra, eu sabia que ia dar o flagrante... Que decepção, hein minha Rainha...
Sônia – Olha Marcão, a gente não tem culpa...
Marcão – Sei, no mínimo cheiraram tudo com esse merdinha, não foi?
Sônia – Que nada, conhecemos ele hoje...
Felipe – É mesmo...
Marcão – (com a arma na mão) Eu não quero ouvir tua voz, entendeu?
Entregador – Ei, cara, eu já ia te procurar...
Marcão – Ia mesmo? Então porque demorou tanto pra fazer isso? Deita no chão...
Entregador – Que isso cara?
Marcão – (chuta ele) Deita! Quero ver tua cara virada pro chão... e vocês...o que é que eu faço com vocês? Que decepção minha Rainha... Pensei que tu parava na minha, mina.

(Marcão vai até à mesa e mete o nariz na bandeja de pó).

Marcão – Então...
Sônia – Ô Marcão, deixa disso... você sabe que eu não ia esconder um lance desses. O carinha aí, nós o conhecemos hoje. Ele veio deixar uma pizza e pediu um pouco de uísque e sabe como é? Não dá pra negar... ele entrou e foi ficando, até que você chegou com as paradinhas e nos contou essa história. O que você queria que nós fizéssemos? Que caguetássemos o mané?
Marcão – No mínimo isso. Depois de tanto tempo... me admira ter mais consideração por esse bostinha do que por mim. Vocês agora arrumaram um pobremão.

(eles se olham e riem desesperados)

Marcão – (grita) Qual foi a piada? Que porra é essa, caralho?
Felipe – Nada, é que...
Marcão – Ei, não entendi, cadáver não fala, sacou?
Sônia – Ô Marcão, é que o Felipe escreveu uma história nova, Garganta Irada, sabe, e esse personagem come a cabeça de quem fala errado...
Marcão – E...
Sônia – É que você falou pobremão.
Marcão – E daí? Qual é o pobrema?
Entregador – Tá aí, de novo!
Felipe – Fica quieto!
Marcão – Aí, tu também é cadáver, não fala nada, e pior, já tá em estado de decomposição.
Sônia – (pega a revista) Aqui ó Marcão, esses são os desenhos.

(Ele pega e dá uma olhada. Se impressiona).

Marcão – Até que tu presta pra alguma coisa, seu merdinha. Gostei dos desenhos. Se publicar, vai faturar.
Sônia – Esse é o problema, viu Marcão, problema, as editoras não querem publicar. Acham que ninguém curte mais esses traços, entende? Os carinhas só querem saber de mangá?
Marcão – Mangá é o caralho.
Sônia – Mas é verdade.
Marcão – Sabia que eu também arrisco uns rabiscos? Eu não sou um profissa, mas me divirto. Aí, eu conheço um playboy que é filho do dono de uma editora. Cliente meu. O carinha me deve uns favores, entende? Talvez a gente consiga ganhar uma grana.
Sônia – A gente? Como assim?
Marcão – É só o mané aí do teu amigo me dá a HQ dele pra eu publicar. Eu repasso pra ele 10%. Ficamos quites. Sem retaliação. Cá pra nós Rainha, que decepção...
Felipe – Meus desenhos eu não vou dá pra ninguém. Eu não faço concessões!
Entregador – Ei, cara, deixa de ser egoísta, caralho. Se tu não fizer isso o Marcão passa a gente.
Marcão – O entregador sacou a parada (gargalha).
Sônia – Mas Marcão, o Felipe tá precisando muito publicar essa HQ. Tá precisando dessa grana. Porra, meu, 10%? Isso é uma putaria.
Marcão – O negócio é o seguinte, (engatilha a pistola e aponta pra cabeça de Felipe) é pegar ou largar. Qual vai ser mané?
Entregador – Ele pega!
Marcão – Fala!
Felipe – Pode levar.
Marcão – Beleza. Tomou a decisão certa.
Felipe – Quando é que nós vamos lá na editora? O contrato... temos que assinar o contrato.
Marcão – (arranca uma folha de um caderno e uma caneta) Assina aqui. Pode confiar que eu trago a tua grana. E olha, vou te trazer em mercadoria.
Felipe – Mercadoria?
Marcão - É isso mesmo, vai ter que vender pra mim. Depois te repasso os trocados da tua venda. Sacou?
Sônia – Mas Marcão...
Marcão – Sem mais nem menos. E você se liga, hein? Ou te boto na esquina rodando bolsinha.
Entregador – E quanto a mim, Marcão? Tô liberado? Aí, vou pedir pro patrão me demitir e te pago com a grana do fundo de garantia. O que acha?

(Marcão se aproxima. Coça a cabeça com sua pistola. Pega um pedaço de papel e um lápis).

Marcão – Faz um desenho bacana aí. Quero ver se tu tem talento.
Entregador – Mas Marcão, eu não sei nem escrever direito.
Marcão – Bora, meu irmão, desenha qualquer porra nessa caralha!

(o entregador faz um desenho muito feio)

Marcão – Puta que pariu! Depois não reclama que não teve a sua chance (dá um tiro na cabeça do entregador. Ele cai no meio da sala, próximo aos pés de Sônia).
Marcão – Qual foi? Não gostei dos traços dele. E comigo não tem concessão.

(Marcão pega a garrafa de uísque na mesa e sai. Sônia e Felipe se sentam no sofá. Ela pega um pedaço de pizza. Acendem um cigarro e ficam olhando para o corpo do entregador. Música).

FIM








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PARABÉNS...



e ontem foi meu aniversário...
foi.





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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SÓ COMIGO MESMO...


Diálogo medíocre no Grito


Artista frustrado e vendido
- (Grita de dentro do carro) Ô, Marcelo, o que está fazendo no Grito dos Excluídos? Você é artista...


Marcelo Perez
- (com pena do indivíduo, completa) É, eu sou artista.


Só pra esclarecer, até a minha avó, que morreu bonita na foto, sabia disparar uma máquina fotográfica, por exemplo. Mas nem por isso ela saía por aí dizendo que era fotógrafa. Ela sabia que pra ser fotógrafa ela precisaria de muito mais do que apertar o botão de disparo da máquina. Comprometimento, parceiro. Tem gente que não aprende! O pior é que a ausência de comprometimento e a contínua omissão tá estampada na arte de muitos artistas por aí...Como se não bastasse todo esse processo de exclusão, ainda tenho que aturar esses chatos...



SPH: eu vou abrir mão de meus ressentimentos. Hoje, se eu for prejudicado, vou praticar o perdão, sabendo que eu preciso de perdão para mim mesmo.



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15º GRITO DOS EXCLUÍDOS

Concentração do Grito

A FORÇA DA TRANSFORMAÇÃO ESTÁ NA ORGANIZAÇÃO POPULAR. Esse foi o lema deste ano. O Grito dos Excluídos, que é um mecanismo de mobilização e participação da sociedade civil, saiu em marcha pelas ruas do Centro da cidade de Boa Vista, capital do estado de Roraima. Estiveram presentes dezenas de Movimentos Sociais, que juntos, gritaram por JUSTIÇA, DIGNIDADE e VIDA.
A Cia. do Lavrado levou a sua faixa e reivindicou TEATRO PARA TODOS. Sabemos que isso não é uma realidade dentro deste estado, que possui apenas um teatro e que o mesmo encontra-se fechado para reformas. A tal reforma no Teatro Carlos Gomes nunca saiu do papel. Pelo menos até agora. Ainda contamos com um auditório melhorado, de uma temida instituição local(temida pelos artistas medíocres), que insistem em chamar de teatro. Sabemos que aquilo não é um teatro. E sabemos também que se tivesse uma administração mais competente poderia dar melhores resultados para a comunidade. Não posso deixar de falar dos anfiteatros espalhados pela cidade. São mais de 10. E que não contam com uma programação continuada. Diante disso tudo, é lógico que a Cia. do Lavrado se sente excluída. Somos excluídos quando censuram, sem nenhuma justificativa, projetos culturais dentro do Governo do estado. Somos excluídos quando Conselheiros de Cultura insistem em dizer o quanto nós devemos ganhar, quando avaliam nossos projetos e fazem cortes bem nos salários dos artistas. Somos excluídos quando não recebemos o incentivo da Lei de Fomento Estadual, no qual o resultado já foi publicado no Diário Oficial desde o dia 07/07/09. Somos excluídos diante de um processo de seleção obscuro, que a temida instituição insiste em dizer que é legal. Somos excluídos quando fomentamos essas e outras discussões dentro de um Fórum de Cultura, que simplesmente vira as costas e demonstra seu poder de articulação em comemorações sem ter vivenciado nenhuma luta ainda. Somos excluídos por... somos excluídos também por... e pra encerrar, somos excluídos por... A lista é imensa, minha gente, justificativas é que não faltam para caminharmos juntos no Grito dos Excluídos, e acredito que a maior delas está bem no lema deste ano, A FORÇA DA TRANSFORMAÇÃO ESTÁ NA ORGANIZAÇÃO POPULAR. E a transformação se dá também através da cultura. Não é verdade?

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domingo, 6 de setembro de 2009

ESTRÉIAS MARCADAS

Joana (Graziela Camilo) e Tereza (Adrya Mayara)
Festival de Teatro de Rua Amazônia Encena na Rua
Porto Velho / 2009
Foto: Michele Saraiva


Já temos datas para as próximas estréias da Cia. do Lavrado. Vamos lá, Absurdópolis, que nos perdoe Aristófanes tem estréia marcada para o dia 19/09, na Praça das Águas. Homens, Santos e Desertores ficou para o dia 17/10, na sala de exposições do Centro de Cidadania Nós Existimos, local de nossa sede. E A Farsa do Advogado Pathelin ficou para o dia 15/11, na Praça das Águas. No mês de dezembro faremos uma pausa e em janeiro iniciaremos as comemorações do quinto ano de existência da Cia. do Lavrado. Contamos com a presença de todos vocês.





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sábado, 5 de setembro de 2009

TEATRO PARA TODOS

Foto: Arquivo/Nós Existimos
Esse ano a Cia. do Lavrado participará da marcha do Grito dos Excluídos. Nós fazemos parte do Nós Existimos, que é uma associação civil, sem fins lucrativos, apartidária, que de forma articulada com as suas entidades promotoras, tem caráter formativo, com ações sociais, culturais, informativas e econômicas voltadas para o fortalecimento da consciência de cidadania do povo, seja este habitante das áreas urbanas, rurais ou indígenas. A nossa sede fica dentro do prédio desta entidade. Procuramos manter nosso discurso e nossas ações dentro desta ideologia. Nem sempre é fácil reivindicar, mas se omitir acredito que é bem pior. Este ano, não temos nenhum compromisso no feriado de 7 de setembro e portanto, engrossaremos este caldo. E tenho a plena certeza de que será uma grandeexperiência. Imaginem só, enquanto a burguesia, o poder quase absoluto engana os trouxas no desfile de 7 de setembro, a marcha do Grito dos Excluídos irá de encontro a este outro grupo. Este ano a manifestação será no Centro da cidade.

A cultura no estado de Roraima também funciona em caráter de exclusão. Exclusão por parte do poder público e o pior de tudo, por parte dos próprios envolvidos em seus diversos segmentos. No caso do teatro, que é a nossa bandeira dentro da cultura, encontramos alguns artistas que se vendem por tão pouco, articulam descaradamente e sempre com a intenção de deixar a grande maioria de lado. Enfraquecem o Movimento. Não querem dividir nada! Eles mesmos se excluem diante de seus atos, mas jamais irão perceber isso. Encontramos peças iguais nos outros segmentos também. Usam e abusam da boa vontade dos outros e manipulam direto com o único objetivo de alcançar o poder. Vejam bem, eu disse alcançar e não mudar. Uma maluquice sem tamanho. E ainda dizem por aí que o doido sou eu... Ainda bem que os safados são poucos, estão bem articulados, mas são poucos... Puxamos essa pauta dentro do Fórum de Cultura do estado de Roraima, que fez uma grande festa, hoje, dia do seu lançamento, mas ninguém nos deu atenção. Por enquanto o poder da articulação está bastante forte. Para as festas. Mas tenho esperanças que após esse momento festivo, o fórum resolva discutir política pública de verdade. Vou continuar fomentando esse assunto por lá. Gostaria muito de encontrar diversos artistas na marcha do Grito, mas acredito que isso não acontecerá.

Mas voltando ao mais importante, vamos pra marcha! Com faixa e tudo, reivindicando TEATRO PARA TODOS. Esse encontro é bacana. Cheira a luta, conquistas, derrotas, e seja lá o que ele cheire, me sentirei muito bem em estar lá respirando aquele clima de desejo de mudança, pois acredito que irei me juntar com outros que também estão indignados com a atual situação que se encontra o estado de Roraima, aliás, o Brasil. Esses realmente estão brigando por alguma coisa e vamos agregar a nossa briga com este GRITO. O teatro é excluído sim. A cultura é excluída sim. E é disso que venho falando faz tempo. Mas sabem como é, dizem que não sei dialogar, que sou radical, polêmico, dizem por aí que o doido sou eu... apareçam neste feriado no Grito. A concentração será no Beiral, às 7h30. Quando as possibilidades de diálogo se esgotam, só nos resta GRITAR!







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GRITO DOS EXCLUÍDOS


Foto: Arquivo/Nós Existimos
Por Leandro Freitas

7 DE SETEMBRO: Tudo pronto para o Grito dos Excluídos

Onze entidades estão mobilizadas para a realização da 15ª edição do
Grito dos Excluídos, que ocorre nesta segunda-feira, dia 7 de
setembro. A concentração será no "mercado do peixe", no Beiral, às
07h30.

A marcha sairá às 08 horas e percorrerá as ruas: Jaime Brasil, Getúlio
Vargas, Praça do Centro Cívico, e finaliza na Praça da Integração, por
detrás do miniterminal de ônibus.

Este ano o tema é: "Vida em primeiro lugar" e lema: "A força da
Transformação está na organização Popular". A expectativa é reunir
1500 pessoas, entre urbanos, rurais e indígenas.

Mais informações: padre Gianfranco 8114 0115

--
Leandro Freitas
Assessor de Comunicação Social
Movimento Nós Existimos
9131 2871






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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

VÃO TENTAR ME CONVENCER, CAZUZA?

Desde o dia 20/08 sem escrever por aqui. A correria tá intensa. Tô conectado direto, como sempre, mas não consegui acalmar as ideias pra escrever. No dia 19/09 faremos a estréia de Absurdópólis, que nos perdoe Aristófanes, texto meu e da Graziela Camilo, em cima de argumento da Cia. do Lavrado. Apresentamos este espetáculo em julho, na II edição do Festival de Teatro de Rua Amazônia Encena na Rua, em Porto Velho. Em seguida, entraremos em cartaz com Homens, Santos e Desertores, de Mário Bortolotto, na sala de exposições do Centro de Cidadania Nós Existimos, local de nossa sede. Marcamos a estréia pro dia 17/10. E pra finalizar, no dia 08/11 levaremos pras ruas A Farsa do Advogado Pathelin. Ficaremos na ativa até fim de novembro. Faremos uma pausa no mês de dezembro e então entraremos com tudo em 2010, que é o ano de comemoração de cinco anos da Cia. do Lavrado. E iremos comemorar todos os meses. Temos muito pra comemorar e queremos compartilhar nossas conquistas com todo mundo.
Desde que a Cia. do Lavrado foi criada sempre fizemos questão de divulgar as nossas ações. Outro dia ouvi um comentário muito engraçado e ao mesmo tempo ridículo. Confesso que nem acreditei no momento, mas depois resolvi juntar os pedaços e caí na real, a maluquice é verdade mesmo. Existe aqui no estado de Roraima uma política medíocre da não divulgação das ações, prêmios, conquistas por parte de alguns artistas (vejam bem, alguns, falo só dos medíocres, não vistam essa carapuça, pelo amor de Deus...). Isso acontece pra que eles sempre possam posar de coitadinhos perante ao poder público e privado, para que possam justificar seus pedidos de esmolas pra cultura local. Muito complicado. Por mais que eu tente, não consigo compreender esses comportamentos.
Outra que não consigo compreender até agora é a razão de se ter criado um Fórum de Cultura que em momento algum discutiu política pública pra cultura (até desconfio da razão, mas deixa que eu falo disso mais tarde...). Alías, todas as ótimas oportunidades que existiram para o Fórum se manifestar, até agora, ele descaradamente se omitiu. E ainda temos que ouvir o discurso vazio e hipócrita de representantes, que não estão nem aí pra coletividade, e que de fato desejam manter o poder como está, ou melhor, trocar as caras, mas manter a mesma política cultural excludente no estado de Roraima. E enfia sensacionalismo na platéia! Só não vê quem não quer. A última bomba, foi a do Circo do Léo Malabarista, que foi impedido de montar a sua lona na praça, ou seja, o cara foi impedido de trabalhar e como por aqui todos estão muito animados com a festa de lançamento do fórum, ninguém nem comentou na lista de discussão da internet. Mas o Léo já deve tá acostumado com esse tipo de tratamento de exclusão, afinal de contas nem no panfleto de divulgação desta referida festa saiu o nome da arte dele. Não tem circo lá moçada! E não me venham com essa história de cavalo dado não se olha os dentes que é por isso que a cultura no estado de Roraima tá do jeito que tá. Alguns artistas pensam que apoio é migalha, e se esquecem que vão divulgar o nome dos apoiadores em seus eventos. Acredito que a coisa só irá mudar neste estado quando os artistas compreenderem que a sua arte é de extrema importância pro desenvolvimento da sociedade local. Enquanto isso, a festa tá armada pra convencer aqueles que querem ser convencidos. Cazuza já dizia mais ou menos isso.

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