quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

PÉROLAS DE CHACAL

pelos nossos rasantes na boca do mato

vista chinesa, praça do beija flor,

nossa igrejinha no jardim botânico.

nossos chilreios de soslaio

pelo jeito que você homeopaticamente

me manipula

pelo periscópio com que discretamente

te observo quando não te vejo

pelos nossos dias e noites amalgamados

nesse rio de janeiro

por todos os sonhos que sonhamos

pelo presente e pelo futuro que nos espera

vamos juntos !


Chacal







CARTA SEM FIM

FALO MESMO E NÃO QUERO NEM SABER DOS OUVIDOS
NÃO SOU REMÉDIO ALOPÁTICO
NEM MESMO ALGUMA DROGA ILÍCITA
FODA-SE SEU RACIOCÍNIO LENTO
QUE NÃO ME AGUENTA
FODA-SE SUA DIDÁTICA SEM PRÁTICA
QUE INSISTE E PERSISTE EM PRODUZIR MONTES DE MERDA
CAGUEI COMPLETAMENTE PRA SUAS VONTADES
NEM QUERO SABER PRA QUE DIREÇÃO VOCÊ ANDA
SEU TEATRO É MASCARADO
QUE ME PERDOEM AS MÁSCARAS
MULHER FRUSTRADA
SUAS IDÉIAS NÃO TEM A FORÇA DE UM VÔMITO
SUAS IDÉIAS SÃO FRASES REPETIDAS E REPENSADAS
VOCÊ NÃO TÁ COM NADA
SUA TURMA É A MAIOR FURADA
O CAMINHO QUE ESCOLHEU JÁ FUGI DA ESTRADA
E NEM ADIANTA INVENTAR APELIDOS
E MENTIRAS SOBRE ALGO TÃO DISTANTE
DE SUA REALIDADE
NÃO NECESSITO DE SUA APROVAÇÃO
MEUS ENSAIOS PODEM SER COPIADOS
AFINAL DE CONTAS SIGO EXEMPLOS
MAS EM MOMENTO ALGUM
PASSOU PELA MINHA CABEÇA
REPRODUZIR A MERDA QUE FABRICA
SINTA INVEJA SIM
SINTA ÓDIO
PELO MENOS É MAIS DIGNO QUANDO SE MOSTRA
INFELIZMENTE DIGNIDADE PASSA LONGE DE SEU VOCABULÁRIO ESCASSO
SUA CÓPIA É GROTESCA
SEU TEATRO É POBRE
LONGE DE SER GROTOWSKY
O QUE FALO
FALO QUE TE ASSUSTA
MAS ENGOLE NO ESCURO
NEGRO HOMEM QUE TE SEDUZ
PAI DE TODAS AS SUAS MALUQUICES
E QUE NÃO ASSUME
DESDENHA ENTRE OS HOMENS E ESCULACHA SUA IMAGEM
MOCINHA DE ROMANCE CLICHÊ
ÉS REPRISE
SOU QUASE QUARENTA
SOU O DOBRO E AINDA NA FITA
RESPEITE O QUE NÃO TEM O MENOR CONHECIMENTO AINDA
TENHO PALAVRAS QUE NÃO PRECISAM DE ORDEM
SOU APENAS MAIS UM
E SEI MUITO BEM QUEM SOU
E VOCÊ?
JÁ SE ENCONTROU NESSA LAMA
QUE INSISTE EM DIZER QUE É TEATRO?
ACORDA MANÉ!
EXPERIMENTE UM MONÓLOGO INVOCADO
DÊ IDÉIAS
SEJA PROTAGONISTA DE SUA VIDA...








QUEIMEI O FILME


o excesso de tinta borrou nosso rascunho
imagem desencontrada
rabiscos inseguros que não chegam a revelar porra nenhuma
fotografei sua alma
mas o filme queimou na hora do sexo
refiz os esboços
tentei apagar sua imagem
cheguei a colar outro rosto
fiz um relicário com suas partes
estudei possibilidades
atirei no escuro
resolvi comprar um romance barato
mais fácil
fiz uma cópia e alterei o roteiro
copiei descaradamente minhas respostas de uma novela qualquer
cheguei nas últimas e gozei sozinho
enxuguei minhas lágrimas no guardanapo riscado
descolei minha tropa e segui meu caminho
essa vida é boa pra caralho









TEATRO DE BONECOS NO CANTÁ

Agentes de Saúde do município do Cantá

As oficinas de teatro de boneco na prevenção às DST/Aids têm produzido diversos bonecos bem legais. Os profissionais da área de saúde estão aproveitando bastante a capacitação da Cia. do Lavrado. Estivemos no fim de semana passado no município do Cantá e a turma de lá mandou muito bem. Fizeram diversos bonecos de garrafa pet, reciclaram muito material e o fechamento da atividade, a apresentação, foi muito bacana. Eles conseguiram em dois dias produzirem material muito criativo e ainda ajustaram a linguagem à temática abordada. Não sei nem se eles irão colocar em prática, mas o material para melhorarem a abordagem deles já existe. Essa história de teatro de bonecos surpreendeu a todos nós. A primeira vez que participei de uma oficina de construção e manipulação de bonecos foi no Rio de Janeiro. Isso lá pelo ano de 1993 ou 94 não sei bem. Foi uma oficina rápida, na Faculdade Estácio de Sá, que sempre realizava cursos interessantes pra comunidade. Dei continuidade ao trabalho e montei diversos bonecos de espuma. Fiz espetáculo com bonecos, animei festa e tudo. Teve uma ocasião que eu e a minha amiga Rossana estávamos animando uma festa em um playgraound no Méier e de repente o vento derrubou a nossa empItálicoanada (cenário em que o manipulador fica atrás escondido). Foi complicado. Ficamos com os bonecos nas mãos e todo mundo olhando pra gente. A empanada simplesmente decolou. Improvisamos e depois disso nunca mais animei festa na minha vida. Só voltei a me apresentar em festa aqui em Roraima, quando apresentamos o espetáculo O Pastelão e a Torta em uma festa no Paraviana. Foi bem legal. Festa, tô fora! A Cia. do Lavrado cismou agora que quer desenvolver trabalho infantil com teatro de bonecos. Acho ótimo. Desafiador. Acredito que montaremos no segundo semestre um espetáculo bem bacana. Vamos ver se a bonequeira Ananda nos ajuda nesta empreitada. Por enquanto, viajo amanhã pro município de Bonfim. Mais dois dias de capacaitação e em fevereiro encerraremos o projeto no município de Pacaraima, fronteira com a Venezuela. É isso. Tô devendo as fotos pros municípios, mas em breve farei contato com todos e entregarei um CD com todas as fotos e imagens que fizemos das oficinas. Estão todos de parabéns. A Coordenação de Dst/Aids do estado por acreditar no trabalho da Cia. do Lavrado, os municípios que encaminham profissionais interessados em aprender um pouco mais. E lógico, a Cia. do Lavrado por ousar mais uma vez. É isso.















APIS MELLIFERA ADAMSONI


- Estamos sendo invadidos! Acordei minha mulher noite dessas com gritos desesperados. A coitada levantou-se tremendo. Parecia crise epilética. Depois de acalmá-la pude explicar a razão de tal desespero repentino. Nossa casa estava sendo invadida por abelhas africanas, ôpa, me desculpem, abelhas afro-descendentes, antes que me processem. Minha mulher não parava de me repreender, - tá vendo, eu te disse pra não matar abelha. Elas se comunicam, avisam que estão em perigo. Tentei argumentar que isso é folclore, mas de nada adiantou. De uns tempos pra cá, coincidência ou não, depois que comecei a acertar os malditos himenópteros voadores, a coisa piorou de verdade. Uma vez ou outra eu avistava uma abelha na parede do muro de minha casa. No outro dia matei uma dentro de casa. Depois lasquei detefon em duas na garagem. E no início da semana, nem sei porque, mas acordei às quatro da matina. Não consegui dormir mais. Fui à sala e iniciei a minha vistoria na casa, tenho essa mania, às vezes entro em casa e olho até debaixo da cama. Não, não tenho problemas de chifres escondidos e nem à mostra, mas o fato é que convivo com a sensação de insegurança permanente. Mesmo dentro de minha própria casa. Coisas de cidade grande. Olhei que na tela da janela havia um par de Apis mellifera adamsoni, as malditas afro-descendentes, digo isso sem nenhum preconceito. Elas pareciam me observar. Por uns instantes fiquei ali, encarando os insetos e tentando entender a razão de tal visita assustadora. Quase iniciei um diálogo, quase implorei para desaparecerem. De repente percebo um zumbido forte. Já estava ali, mas como eu havia acabado de acordar, meus sentidos ainda não me obedeciam por completo. Coloquei a cara encostada na tela e olhei a lâmpada do lado de fora. - Puta que pariu! Gritei pela casa e mais uma vez minha mulher quase bate as botas. - estamos sendo invadidos! A situação era alarmante. Tentei contar, mas as desgraçadas não paravam de voar e se misturavam com uma pressa que eu acabei embaralhando tudo, mas deviam ser mais de 10. Bom, mais de quatro já podemos qualificar como uma quadrilha, mais de 10, com certeza não tinham boas intenções. Fechei imediatamente a janela. E fui em cada cômodo para fechar suas janelas também. E em cada uma haviam pelo menos três abelhas afro. Percebi que as telas estavam furadas e na certa elas já sabiam disso. Minha mulher, que não morreu, voltou a dormir. Não sei como conseguiu, mas eu fiquei acordado. Vigiei a casa. O dia acordou e fui trabalhar feito um zumbi. No outro dia tasquei um monte de fita crepe nos buracos, pintei as fitas com spray preto, pra disfarçar a lambamça. Visitei meu vizinho, pois acredito que a colméia esteja por lá. Estou agora aguardando a observação dele e não vejo a hora de chamar o bombeiro. De qualquer forma deixo aqui registrado, se por um acaso eu e minha mulher desaparecermos, invadam a nossa casa. Venham preparados com roupas especiais e muito detefon, pois uma tragédia pode ter acontecido no nosso bairro. Enquanto não nos enfrentamos, deixo as janelas fechadas e não durmo mais com a porta do quarto aberta. E São Francisco de Assis que me perdoe, mas continuo enchendo o saco dele todos os dias antes de dormir, afinal de contas, é o cara que cuida dos animais e da natureza e com certeza deve dialogar com carinho com as perigosas afro-descendentes voadoras. Amém.












quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CLICHÊ

olha
fita
observa
percebe
absorve de uma vez por todas
que eu não posso viver sem você









FUI

não fiz o combinado
tentei seguir o atalho
fiz figa
acendi vela e tudo mais
coloquei até meia na janela
e nada
dispensei o Noel
o presente não me satisfaz mais
o que me engasga na boa é o passado
gosto do desespero da tosse
da fumaça embaralhada
do teu cheiro embriagado
vou me pendurar na janela
vou me suicidar da tua história
fui









COLETIVO RAIAR DO SOL

Bateria feita de latas de refrigerante

Essa turma do Projeto Projovem é muito bacana. Ainda estamos nos integrando, mas de longe já deu pra perceber o potencial deles todos. Estamos trabalhando o tema Meio ambiente e a moçada tem construído cada parada interessante. Hoje fizeram uma miniatura de uma bateria, muito bacana mesmo e fizeram em dois tempos. Desenvolvo com eles alguns exercícios de teatro e a meta é contribuir para que no encerramento do ciclo eles possam apresentar algo bem legal. Sinto falta de mais teoria, mas já conversei com os dois orientadores, que diga-se de passagem estão de parabéns pelo trabalho que desenvolvem por lá. Eles deveriam ser Ponto de Cultura. A Prefeitura tem uns dez pontos e não vejo resultado nenhum. Lá tem resultado. Os caras fazem a diferença de verdade na vida desses jovens e dá gosto de trabalhar no Raiar do Sol. Não sei se vou ficar muito tempo com eles e nem se eles vão aceitar as coisas que tenho pra propor, mas já tô satisfeito com o pouco tempo que tenho contato com todos eles. É isso, trabalhar é muito bom quando gostamos do que fazemos e quando nos relacionamos com pessoas legais como eles. Se hoje me perguntarem se existe atividade cultural no Raiar do Sol, não penso duas vezes, visitem o coletivo que trabalho. Vocês vão ver que a cultura tá viva naquela localidade. E vamos em frente...














LISÍSTRATA

Sony Ferseck(de costas), Reniildo Araújo, Gilson Larialp (gatinho), Ivan Andrade, Marcelo Perez, Graziela Camilo e Carol, nossa amiga.
Foto: Paula (esposa do gatinho).

Fizemos uma ótima leitura ontem. A Turma do Tamanduá tá animada. Foi divertido e produtivo o nosso primeiro encontro. A preocupação agora é que precisamos de uma atriz. Difícil encontrar pessoas com disponibilidade de tempo pros ensaios. Ensaiamos às terças, quartas, sábados e domingos e essa é a razão do povo não chegar junto. Querem muito fazer teatro, mas quando passamos o calendário de atividades surgem os probleminhas. Vamos em frente e com certeza aparecerá alguém afim de encarar esta empreitada. Por enquanto, vamos nos divertindo muito neste processo de leitura. O texto Lisístrata é muito divertido. A história da greve de sexo é uma tirada genial. O prazer em levar às ruas esta comédia é imenso. Vamos ver no que vai dar. E hoje tem ensaio, às 19h, no Centro de Cidadania Nós Existimos, na Orla. Alguma mulher se habilita?














CENSURA NO ESTADO DE RORAIMA


Cada coisa escrota que me acontece... estive hoje em um departamento do estado ligado à cultura, pois coloquei dois projetos para serem aprovados e receberem um certificado para que eu pudesse conseguir patrocínio. Boa Vista é uma cidade provinciana demais, sabemos de muita coisa que rola nos bastidores. Eu já sabia que meus projetos não tinham sido aprovados e quando marcaram uma reunião comigo, já tava mais que careca de saber que iriam dar a justificativa mais descarada pra não aprovação dos mesmos. Mas fui. Até mesmo curioso em olhar nos olhos da pessoa que iria me atender. E não deu outra. - Seus projetos não foram aprovados devido ao palavreado. Esperava qualquer coisa, menos isso. A pessoa que me atendeu foi muito educada, tentou explicar a razão e me fez uma proposta indecorosa. Ela disse que o conselho que avaliou meus projetos queriam muito aprová-los, mas eu precisaria mudar meus escritos. Bom, o livro que eu escrevi precisava fazer uma revisão e o texto teatral também. Eles não querem que os estudantes tenham acesso a material que fale de suicídio entre jovens e de drogas. Acredito que seja isso, pois até agora não entendo a expressão palavreado. Pedi que me passassem as possíveis situações que eles estariam sugerindo tal mudança absurda, até pra que eu possa entender a razão de tamanha censura. A senhora ficou indignada quando eu disse que aquele departamento estava censurando os meus trabalhos. Eu fui claro na minha decisão. Não vou alterar nada só porque algumas pessoas, os avaliadores, que nunca vão ao teatro em Roraima, que não entendem nada de cultura e que tem seus empregos porque são amigos do amigo do amigo de alguém que se diz importante, avaliam que o conteúdo é impróprio. Sem essa. Censura é o que aconteceu no estado de Roraima. Ainda perguntei pra ela se ela tinha lido meus textos e a senhora, coitada, ficou deslocada. Ela nem leu. Depois tentou dizer que tinha lido e não lembrava direito. Vergonhoso... Tava ali defendendo uma tese que nem ajudou a construir. No mínimo um papel ridículo que eu não gostaria de estar executando, ou melhor, se fosse eu, pelo menos leria os trabalhos para que pudesse somar minhas impressões à discussão. Então é isso. Eles querem muitos projetos na lei de incentivo do estado, mas são censores ferrados. Ainda disse à ela que irei apresentar este espetáculo por conta própria nas escolas e ela me disse que não, pois ela faz parte de um conselho... porra, ela nem sabe o que se passa nas escolas! Já apresentei peça de prevenção às drogas em diversas escolas do estado. Pegava pesado na linguagem, o texto era forte e os jovens adoravam. Discutíamos muito depois. Já fiz peça de prevenção às DST/Aids e inclusive com prótese na mão, colocando a camisinha e o público sempre curtiu. A mulher disse que assim é diferente, pois tem a aula de biologia. Pensei, caralho, e o professor de literatura, e os outros professores que podem abordar este tema nas suas aulas? Por isso que o ensino no estado de Roraima é fraquíssimo. Não estamos formando jovens que exercitem a sua opinião crítica da vida. Bom, nem demorei muito na reunião. Não estou triste pela grana que não vou ganhar, o trabalho eu vou fazer assim mesmo e a grana virá de um jeito ou de outro. A merda toda é que enquanto estiverem essas pessoas desinformadas e preconceituosas no GTAP e CONSELHO DE CULTURA com certeza a cultura deste estado vai continuar na mesma merda. Ah, a senhora ainda disse que meus textos passaram nas mãos de estagiários da secretaria de educação. Caguei pra eles. Que fItálicoormação equivocada eles tiveram e que educação estão oferecendo para os nossos alunos aqui em Roraima. É pessoal, quem tá no poder na cultura deste estado tá mais perdido que cego em tiroteio. E tem mais, eu não queria dizer, mas disse à ela que este mesmo texto censurado (ela não queria que eu falasse assim) ganhou um prêmio pela Fundação Nacional de Artes, no final de 2008, pela excelência do assunto abordado, falei assim o nome completo, pois tenho certeza que eles nem sabem o significado da sigla FUNARTE. No mais, trabalho pra caralho, cada vez mais, pra nunca ter que depender desses caras nas montagens de meus trabalhos. E quer apostar quanto comigo, que depois que eu estreiar este espetáculo, com certeza irei apresentá-lo em diversas escolas do estado. E tá arriscado até esta senhora que foi a porta-voz de tamanha insanidade assistir à peça e nem se lembrar que foi o tal texto censurado. O negócio é não esquentar e nem abaixar a cabeça e continuar seguindo o enterro...












terça-feira, 27 de janeiro de 2009

LAMA




Não, não dá mais tantas voltas não

Se chicoteia assim por qualquer perdão

Todo esse teatro não impressiona

Por maior que seja sua recompensa

Não se importe tanto assim

Com sua imagem decadente enfim

Nada adianta depois se lamentar

Por maior que seja sua recompensa

Volta ou vai embora meu amor

Sem ameaças ensaiadas na frente do espelho

O caminho mais fácil

Nem sempre é melhor que o da dor

Dê uma chance pra vida te mostrar

Um jeito menos doloroso de se despedir

Não seja assim tão duro amor com as palavras

Lave bem as suas mãos antes de se decidir

Tira essa lama das botas

Antes de me dar as costas


Composição: Meg Stock

Banda: LUXÚRIA













VAMOS SONHAR MINHA GENTE!


Hoje é dia de leitura. A Cia. do Lavrado começa definitivamente os ensaios de Lisístrata. Tô ansioso sim, muitas idéias surgiram no processo de adaptação do texto junto com a Grazi. Quero logo colocar em prática. Sei como as coisas funcionam, já tô nessa desde 1990 e sempre que inicio um processo de trabalho muitas outras coisas acontecem. Estamos com as datas atropeladas. Prazos para serem cumpridos. Isso tudo é bom pra caralho. O legal de fazer teatro é a possibilidade que tenho em me relacionar com várias pessoas bacanas. Pessoas cheias de idéias, sonhos e objetivos, que muitas vezes nunca serão alcançados. Mas e daí? Nem tudo que sonhamos ou desejamos conseguimos de fato realizar. Como disse, desde 1990 que sonho sem parar. Poucos da minha época conseguiram ganhar a vida com teatro. Muita gente equivocada. No Rio de Janeiro e em São Paulo o povo só pensa em televisão. Aqui em Roraima não rola isso, mas muitos aqui não conseguem se enxergar como artistas de teatro. Aqui tem muita gente que faz teatro que tá mais pra público, fã de carteirinha do que pra ator/atriz. Sei lá porque falo disso...também já fui assim. Eu não tinha coragem de dizer que fazia teatro quando me perguntavam na rua. Quando eu falava, a voz saía sempre insegura. Mas eu já tinha certeza do que queria, aliás, depois da escola de teatro é que eu tive a certeza de que tava realmente fudido. E me incomodava dizer que fazia teatro, mas não recebia um puto sequer. Não tinha outro jeito, ou eu corria atrás de fato ou então seria vendedor pro resto da minha vida. E como já escrevi neste blog, já fui cambista na porta do Maracanã, vendedor de sandwiche natural na Praia de Copacabana, vendedor de remédio, de jornal, de roupas, e outras atividades ilícitas, porra, só não vendi a mãe porque a coitada nunca deu esse mole. O certo é que buscar meu lugar ao sol todos os dias dá um puta de um trabalho. Não me arrependo de nada. Nem acho que já tô legal, não falo de questões materiais. Se hoje eu encaro qualquer um e qualquer parada sinistra, falo o que penso, não levo desaforo pra casa é porque tenho certeza do meu valor. Valor conquistado com muito trabalho. Tenho colegas que resolveram seguir outros caminhos, no teatro mesmo. Conheço muita gente que não perde tempo em articulações desonestas e com isso colocam muita grana suja no bolso. Não tem muito mais que isso pra apresentarem e então o que resta é ficar na espreita e na primeira oportunidade enfiam a faca mesmo. É foda, amigo, a Cia. do Lavrado é uma construção coletiva, com muitos esforços. Tenho muito orgulho em saber que fazemos a diferença em um estado como este. Fazemos a diferença sim, não somos melhores e nem piores, mas estamos lá. Assistimos ao vídeo do Grupo Galpão, acho que no domingo, só a primeira parte, pois não temos a segunda e logo em seguida abrimos pros comentários. E como existem semelhanças nos nossos processos de trabalho. Outro dia ouvi de alguém, é porque aqui é assim, eu sempre ouço de alguém, porque ninguém tem coragem de falar na minha cara, quer dizer, na nossa, sabem, da Cia. do Lavrado, o boato dizia que nós queremos ser ou achamos que somos o Grupo Galpão. Provavelmente quem disse isso não conhece nem um pouco a bela história do Galpão...Porra, mas é lógico que gostaríamos muito de vivenciar esta trajetória e lógico que quando pensamos em Cia. de Teatro, pensamos no Grupo Galpão sim. Qual é cara, acha que vou me inspirar em qual grupo de Boa Vista? Tá de sacanagem. Não somos parecidos com nada daqui. Digo de novo, não somos melhores, mas o fato de nos espelharmos, quer dizer, essa é uma opinião minha, no Grupo Galpão, de MG, significa que não estamos de bobeira e que desejamos o melhor pra gente. A idéia de saírmos do país acredito que deve ter vindo do DVD, sei lá, assistimos algumas vezes e isso acaba ficando no inconsciente coletivo, do nosso coletivo. Queremos sim ir pra África, Argentina, Venezuela, Europa...sei lá, pra puta que te pariu e chegar até lá e mandar bem pra caralho. Porque estamos ensaiando e discutindo teatro todos os dias pra isso. Esse é mais um desejo que pode até não se realizar, mas sonhar é bom demais. Não acham? E nesse espaço de tempo estamos nos preparando. Queremos mostrar o nosso melhor. A Turma do Tamanduá (Cia. do Lavrado) tá entrosada. O legal é que os integrantes da Cia. do Lavrado estão se capacitando por conta própria. Querem muito melhorar. Tenho um baita orgulho de fazer teatro com todos eles. São pessoas que trocam informações, que estão sempre prontas a ajudar qualquer um. Não temos segredos, saca? Fazemos teatro pra todo mundo. Não fazemos teatro só pra gente. Grupo Galpão...cara quer elogio maior do que este? Enquanto insistem em nos afastar, em colocar apelidos escrotos na gente, mais queremos nos aproximar. Louco isso não é? Vai entender... Somos assim. E olha que qualquer hora desta estaremos mandando um postal lá da Europa. Já vi tanta coisa maluca acontecer nesta vida, que não duvido de mais nada.











quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

VAI VENDO...

Essas conversas de bar nos rendem sempre ótimas histórias. Hoje tomei cerveja com dois amigos aqui em Boa Vista. Um deles, dono de um jornal e o outro, um puta ator e produtor teatral. Esse cara dono de jornal parece a versão de Bukowsky da Amazônia. Imagina, só faltava o cara ser escritor. Se bem que ele trabalha com publicidade e escreve coisas ótimas. Conversamos sobre nossas escolhas profissionais. É muito bom trabalhar em horários alternados, sabe, não ter hora certinha pra trabalhar. Eu não cumpro esse horário da sociedade. Não trabalho de 8h. às 18h., entendem? Trabalho a qualquer hora do dia. Vou trabalhar no fim de semana. Trabalho de madrugada no computador. Trabalho sábado, domingo e feriado, mas posso me dar ao luxo de em plena quinta, à tarde, de dar uma pausa e tomar cerveja com os amigos. Isso que tenho em Boa Vista não tem preço. Nós estamos ganhando dinheiro com teatro. Acho engraçado quando sou apresentado em festas e as pessoas me perguntam o que faço, sabem, aquelas rodas de advogados, funcionários públicos, assistentes sociais, psicólogos, enfim, quando digo que vivo de teatro, dá até pra escutar os pensamentos das pessoas. O corpo fala também. Eles acham que sou um equivocado. E o engraçado é que vivo melhor do que muitos deles. Fazer o que? Nem meus pais acreditam que vivo de teatro em Boa Vista! É mole? Não é não, é a realidade. Mas já passei da época de tentar convencer os outros disso. Vou vivendo e trabalhando pra caralho e deixem que pensem que tô na merda, sem rumo e sem direção. Eles não tem nem idéia do quanto eu sou feliz assim. É, fazer pecinha dá rock sim. Como diz o Marcelo D2, Vai Vendo...






TAMO AÍ NA ATIVIDADE

Já falei um pouco disto por aqui, mas resolvi colocar mais detalhes. Este post eu tirei lá do site da Cia. do Lavrado. O ano começou pra valer e temos muito o que fazer. E vocês, quando é que vão dar o ar da graça nos nossos espétáculos?


A Cia. do Lavrado iniciou 2009 com a elaboração/adaptação do texto de Aristófanes, Lisístrata, que iremos estreiar em Abril(previsão). A adaptação foi feita por Graziela Camilo e Marcelo Perez. Estamnos correndo atrás da autorização do tradutor. Já estamos em processo de ensaios, daqui a pouco estaremos ensaiando nas ruas. Isso mesmo, teatro de rua precisa ser ensaiado nas ruas.
Em seguida participamos de uma capacitação em Teatro de Bonecos, com a bonequeira Ananda Machado, muito fera mesmo, mestre em artes cênicas, formada lá na Universidade do estado do Rio de Janeiro, pessoa espetacular que dividiu alguns de seus conhecimentos conosco. A idéia é montarmos no segundo semestre de 2009 um espetáculo infantil com teatro de bonecos. E a Ananda já disse que vem morar em Boa Vista em Fevereiro. Tô até vendo...
Na área de DST/Aids, a Cia. do Lavrado está realizando oficinas de capacitação pelo interior do estado. A idéia é sensibilizar os profissionais da área da saúde a trabalharem com teatro de bonecos na sua abordagem na comunidade. Já estamos multiplicando. Fizemos os municípios de Iracema e Mucajaí. Amanhã iremos pro Cantá. Na outra semana pro Bonfim, fronteira com a Guiana Inglesa e pra encerrar, Pacaraima, fronteira com a Venezuela. Este projeto é pela Secretaria de Saúde do estado, pela Coordenação de DST/AIds.
Ainda na área da saúde, estamos fechando com o Grupo Reverbel, de São João da Baliza, pra dividirmos os nossos conhecimentos em Teatro do Oprimido com eles. Lógico que nós sabemos que estamos longe ainda de realizar o teatro do Oprimido como é feito no Rio de Janeiro, mas alguma coisa nós temos pra dividir. E lógico, aprender muito com a moçada lá de Baliza.
Em Abril iremos remontar A Farsa do Advogado Pathelin, espetáculo montado com recursos do Prêmio da FUNARTE e que em 2006 só fizemos 10 apresentações. Vamos cair na estrada com este espetáculo também.
No meio disso tudo, iremos reestreiar Homens, Santos e Desertores, de Mário Bortolotto, que o Mário já autorizou, renovou na boa conosco e montaremos o texto Apenas um Blues e uma Parede Pichada, de marcelo Perez, prêmio também da FUNARTE em 2008. Foi um dos dois projetos aprovados na Região Norte, no Prêmio Bolsa de Estímulo à Criação.
Em Julho viajaremos pra Porto Velho, pra particparmos do II Festival de Teatro de Rua Amazônia Encena na Rua. Levaremois os quatro espetáculos. Dois pro festival e dois o nosso amigo Chicão, lá de Porto Velho, vai nos produzir por lá. Falando em viagem, temos planos de sair do país, ainda em 2009. Se tudo der certo, quem sabe iremos pra Argentina e pra África. Quem viver verá!
Bom, diante deste quadro, vamos nos comprometer com vocês de manter este site atualizado. Vamos fabricar muitas informações e precisamos dividí-las com vocês.
Apareçam nos espetáculos da Cia. do Lavrado em 2009 e nos espetáculos da FETEARR - Federação de Teatro de Roraima também. Vamos fortalecer o teatro em Roraima. Estamos fazendo a nossa parte. Façam a de vocês. Apareçam!

Marcelo Perez









quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

ÀS VEZES A VIDA É ISSO MESMO

Fui almoçar e resolvi tomar uma cerveja. Fiquei debaixo da árvore, à mesa, tomando uma Skol bem gelada. Às vezes a vida é isso. Percebi que as pessoas ficavam me olhando, sei lá, será que era por causa da cerveja em plena quarta? Mas quem disse que tem dia pra beber. O foda é que eu me conheço e sei muito bem que se bobear fico ali, sentado, enchendo a cara até a hora do ensaio, logo mais. Aí tá justificado o olhar do povo, certo? Mas me levantei e saí do bar rapidamente. Fui pra casa. Seguro. E continuei no Red Label que eu não sou bobo nem nada...Fazer o que? Às vezes a vida é isso mesmo. Vou levando...











segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

AGORA É SÓ PRA FRENTE

Essa semana realizamos oficina em Mucajaí. Os ACS's de lá capricharam na confecção dos bonecos. Ficaram ótimos. Até agora não podemos reclamar nem de Mucajaí e nem de Iracema. Todos se esforçaram pra concluir a construção dos bonecos. As cenas ficaram ótimas. Muitas questões importantes foram abordadas, sempre com a temática DST/HIV/Aids. A idéia da oficina é sensibiizar o profissional da área de saúde, para que o mesmo diversifique a sua abordagem. Foi mais uma oportunidade que eles tiveram. E quanto a nós, olha, nós estamos diversificando. O trabalho com teatro de bonecos é mais uma frente de trabalho que resolvemos explorar. Explorar no sentido de pesquisa, mas como quem faz pesquisa é universidade, na verdade nós resolvemos nos apropriar desta linguagem e acrescentá-la ao arsenal de comunicação da Cia. do Lavrado.
No segundo semestre deste ano vamos iniciar uma produção infantil, com bonecos. Nem sei ainda como será. Sempre tive medo de teatro infantil. Receio de errar a mão e tratar a criança como debilóide. Poucos grupos que vi mandarem bem neste segmento. Existem muitas tentativas, mas as pessoas não querem estudar. É preciso levantar dados, questões a serem respondidas no processo de ensaio. A criança é o nosso mais novo adulto. Vamos ver o que sairá, mas me anima muito a idéia de abrir esta nova frente de trabalho na Cia. do Lavrado. Penso que como companhia de teatro não podemos nos engessar. Ficar sempre com a mesma linguagem enferruja. E teatro enferrujado não apresenta nem um pouquinho de ousadia. Não acontece. Fica na forma. Não promove transformação pros atores. Principalmente aqui, que 90% dos artistas de teatro pouco assistiram teatro nas suas vidas.
Começamos o ano bem pra caralho. Já fizemos uma capacitação em teatro de bonecos, já fizemos duas viagens pro interior pra capacitarmos os profisionais da área de saúde dos municípios, nesta quarta começa o ensaio de LISÍSTRATA, texto do comediógrafo Aristófanes, da Antiguidade Clássica. Fala da greve de sexo das mulheres de Atenas, que deixam os homens sem trepar e só voltam a trepar com eles se as guerras acabarem. Vai ser a maior maluquice. Tô até vendo...Se A RETRETE OU A LATRINA o povo pegou pesado, se eles não amadureceram ainda, vão detonar a gente. Vamos falar de sexo em praça pública, mas sempre de forma grotesca, esculachada e sem dúvida nenhuma muito divertida. É parceiro, o ano já começou faz tempo na Cia. do Lavrado. Não temos nem tempo de olhar pra trás.








quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

QUE SEJA FEITA A VOSSA VONTADE


voltamos à estaca zero, sem solução
nossos tropeços nos levam sempre de volta
por mais que tente dizer não
o sim é fatal
então...

vamos morrer assim, sem nenhum prazer?
que seja feita a vossa vontade
assim na terra
na cama
em pé
com os olhos fechados
mordidos
molhados
sem chance pra olhar atrás
pra trás!






ROBSON MORENO

Recebi uma mensagem outro dia de um amigo lá do Rio. Comecei a fazer teatro com ele em 1990, no Grupo Gang da Cidade. Aquele povo era muito doido. Enfrentamos muitos sinais pedindo dinheiro para montarmos nossos espetáculos. Isso mesmo, teve uma época que era costume no Rio de Janeiro os atores realizarem pedágios pela cidade. Dava uma boa grana e conseguíamos o suficiente para levantarmos uma produção sem nenhum luxo. Fazíamos como um cortejo. Chegávamos no local combinado, fazendo barulho, todos com figurinos, perucas e encarando os motoristas de frente. Era divertido. O Robson Moreno ainda andou muito comigo pela cidade atrás de textos para montramos. Uma vez tentamos montar A Onça e o Bode, um texto infantil clássico, mas nunca conseguíamos a liberação do texto, pois muita gente montava. Resolvemos então fazermos uma adaptação não liberada. Se não me falha a memória não montamos o texto. Tínhamos um grupo chamado MENOSPAUSA CULTURAL, escroto, não é? Não gostávamos da idéia de não fazer teatro. O grupo morreu. Morreu também uma amigaça nossa em um acidente de carro em Minas Gerais. Voltávamos de Minas Gerais, essas viagens que são decididas na mesa do bar e quando percebemos estamos na estrada. Infelizmente na volta a nossa amiga Simone faleceu. Eu tava dirigindo. Capotamos umas 10 vezes. Foi uma barra na época. Tô falando disso porque não consigo lembrar do Robson e de outros amigos daquela época sem lembrar da Simone. Formávamos um time. Acho que ele tá fazendo teatro no Rio. Espero que sim, pois o cara é muito bom. Admiro muito esse figuraça. Muito do bem.
Essa história de viajar de repente é muito legal. Uma vez estávamos na esquina. Um amigo nosso tava lendo jornal e viu que iria rolar uma corrida de motocross no interior de São Paulo. Não pensamos duas vezes. Pegamos umas roupas e entramos no ônibus para a rodoviária. Uns seis caras inconsequentes e completamente enbriagados. Fizemos baldiação até chegarmos na cidade da corrida. O pior de tudo é que não tínhamos dinheiro para a entrada e conseguimos assistir ao evento só na conversa. Eu e mais dois caras entramos junto com o carregamento de bebidas. Apanhamos as caixas que os caras estavam colocando pra dentro e cada um entrou com uma. O porteiro engoliu legal. Teve gente que entrou pelo morro. Escalou e saiu na área da corrida. Foi demais.
Hoje eu continuo viajando. A maioria das vezes é trabalho, mas ainda bem que me divirto muito no meu trabalho. E ainda ganho dinheiro assim. Não tô mais nos sinais. Mas se precisar, coloco a peruca, figurino e peço mesmo. Se esse for o preço pra que eu possa continuar fazendo o que faço, que seja. Estou muito feliz com a minha profissão. É a maior viagem...








MISTUREBA

OFICINA DE IRACEMA - 13/01
FOTO: RENILDO ARAÚJO


Finalmente a internet me deu uma colher de chá. Quase duas semanas sem conseguir conectar da minha casa e eu não gosto nem um pouco de ir em Lan. Nesse período aconteceu muita coisa. Só pra deixar registrado, a Cia. do Lavrado realizou uma oficina de capacitação em Teatro de Bonecos. Foi assim, tem uma bonequeira que mora no Rio de Janeiro e que tem um irmão morando aqui. Ela fez contato comigo através da internet e me disse que iria visitar o irmão em Janeiro. Falei do nosso interesse por teatro de bonecos e ela topou trocar experiência conosco. Foram dois dias de muita criatividade. A Ananda Machado foi muito atenciosa e nos deixou livre pra criarmos os bonecos do nosso jeito.



As coisas tem acontecido assim com a Cia. do Lavrado, ano passado pensamos na possibilidade de produzirmos um espetáculo infantil e fechamos que seria legal se fosse um espetáculo com bonecos. O Renatão deu essa idéia. Estamos executando um projeto de prevenção às DST/Aids com teatro de bonecos. Hoje mesmo cheguei do município de Iracema. Capacitamos os profissionais da área de saúde nessa linguagem. Lógico que não somos fera nesse assunto, mas o pouco que sabemos foi possível dividir com eles. Esse é um projeto em parceria com a Coordenação Estadual de DST/Aids do estado de Roraima. Vamos visitar ainda os municípios de Mucajaí, Cantá, Bonfim e Pacaraima.



Então, talvez a Ananda venha morar em Boa Vista e quem sabe irá engrossar a Cia. do Lavrado. Acho muito legal a disposição dos integrantes da Cia. Estamos sempre tentando fazer algo diferente, sempre tentando nos superar. A Turma do Tamanduá é foda! Foda no sentido de perseverar, de não desistir, de insistir. Gostamos muito do que fazemos e fazemos com tesão. Sabemos do que somos capazes. Ou pensamos que sabemos... Não podemos e nem queremos engessar nosso teatro. Vamos sim trabalhar com o público infantil e com bonecos. Estamos ansiosos por isso. Voltando de Iracema, comentei com o Renildo que nós estamos cada vez mais ampliando o nosso raio de ação. Trabalhamos com o palco italiano, fazemos teatro de rua, prevenção às DST/Aids com o uso da metodologia do Teatro do Oprimido, teatro de bonecos na prevenção e agora vamos cair dentro desse universo infantil. Confesso que não é muito a minha praia, mas tô motivado. Por isso nós andamos convidando algumas pessoas pra integrarem a Cia. do Lavrado. Temos muita coisa pra fazer em 2009 e vamos precisar de mais atores, quer dizer, atrizes, pois tem muito macho nesse tal de Lavrado. Três amigas que convidamos se mostraram super animadas, mas sabe como é, até hoje não apareceram em nenhuma reunião nossa. Teve uma outra pessoa interessante, que infelizmente não teve nem a gentileza de nos responder e dizer o seu não. Apenas nos ignorou. São coisas esquisitas...Reconheço que não somos muito simpáticos para os outros grupos de teatro de Boa Vista. Essa é a minha impressão apenas, as pessoas não se aproximam muito da gente. Por mais que a Cia. do Lavrado tente, ela não consegue. Fazer o quê? As pessoas estão certas em selecionar suas amizades. E talvez o universo da fofoca não seria o mesmo se mudassem o Judas da roda.



Enfim, misturei bastante os assuntos. Isso é a abstinência da internet. Tenho muita coisa pra escrever, mas também não sou bobo e andei rabiscando no caderno. Depois vou postando por aqui.



É isso. Sexta - feira vou pra Mucajaí realizar a segunda etapa do projeto de prevenção. Fico até sábado. E por aqui a Turma do Tamanduá não pára.






















sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

TÔ DE VOLTA E REVIGORADO


Estou de volta. Ficar longe de casa por muito tempo não é muito legal. Não sei se tô ficando velho, mas não curto mais isso. Sei lá, passei uns quatro dias na Venezuela, mas tava louco pra voltar. Foram dias ótimos, até terapia com argila eu curti. Tô realmente revigorado. Nem pensei em trabalho. Nem levei celular. Não tinha internet, tv e até a energia só ficava ligada por poucas horas. Não me preocupei em saber as horas. Estive em muitos lugares lindos, muito contato com a água, rio, cachoeiras, quedas. Muita estrada também. Sei que Santa Helena é cidade de fronteira, mas o local que fiquei era bonito. É, porque Santa Helena é feia pra caralho. Bom, sei que consegui recarregar a bateria legal. Já voltei na estrada pra Boa Vista pensando em trabalho. De como vou criar isso, dirigir aquilo...pensei muito em como será o primeiro semestre da Cia. do Lavrado. É isso. Para um ano de 2008 maravilhoso, eu só podia começar 2009 melhor ainda.