sábado, 28 de março de 2009

REALIDADE NACIONAL DISTANTE

Tive uma experiência única na Bahia. Aliás, como sempre digo, as viagens chegam até nós, do norte, como uma capacitação. Não são apenas encontros de articuladores da política cultural, aprendo muito nessas idas. Dessa vez, conversei muito com outros grupos, de outros estados e percebi que a moçada não tá de bobeira. Muita luta contra o governo federal, o estado, prefeitura e orgãos privados. O povo do teatro sabe muito bem o que quer. Aqui em Roraima também levantamos a nossa bandeira, hoje caminhamos sozinhos, pois não congregamos com a postura política dos grupos locais. Veja bem, se morassemos em uma capital com mais de 20 grupos de teatro, a nossa oposição talvez fosse mais ouvida, mas como aqui existem apenas 7 grupos em todo o estado e apenas 5 na federação, é mais do que normal nos rotularem como "criadores de caso".
Não dá pra trabalhar pra prefeitura e não receber nem um tostão. Não dá pra trabalhar de graça. Não dá pra aceitar as imposições do estado, que muitas das vezes pede até pra mudarmos nossos textos. Não dá pra entrar nessa sem um mínimo de retorno financeiro pelo esforço do nosso trabalho. Lembro da época em que fazia teatro de graça. E fiz muito. Hoje se tornou profissão e meu amigo, não queremos nada que não seja nosso por direito. A articulação política é necessária, mas não dá pra congregarmos com grupos que aceitam trabalhar de graça pra prefeitura, por exemplo, não dá pra aceitar termos que entregar de bandeja nossos projetos pra prefeitura, ou estado ou seja lá o que for. Percebo que em matéria de articulação e conquista estamos bem distantes da realidade nacional. Por isso que o Movimento Redemoinho passou 05 anos sem convidar nenhum grupo da região norte pra fazer parte. Os caras lá do resto do país nem sabem o que acontece por aqui. Acredito também que há um desinteresse total pela região norte. E vejo que precisamos sair mais do nosso estado. Cada vez mais. Mostrar nosso trabalho em outras regiões e de uma vez por todas acabar com essa história de que por aqui produzimos pouco.







REDEMOINHO



Nos dias 23, 24 e 25 de Março aconteceu em Salvador / BA, o V Encontro Nacional do Redemoinho – Movimento Brasileiro de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral. Estiveram presentes 45 estados dafederação, entre grupos integrantes do movimento, grupos convidados e outros movimentos teatrais. O encontro reuniu mais de 80 artistas de diversas partes do país e teve como um dos objetivos a estrutuação do movimento a partir deste V Encontro.

No primeiro dia do encontro foi feita a apresentação dos grupos integrantes do movimento, um breve histórico do mesmo desde a sua criação em 2004, inclusive com a leitura do manifesto e cartas tiradas nos outros encontros. O funcionamento do movimento também foi explicado neste primeiro dia, a atuação do Conselho Nacional e em seguida foi realizada uma explanção sobre o Prêmio de Teatro Brasileiro, Lei Geral do Teatro e Lei Rouanet, que teve mais destaque neste encontro.

No segundo dia houve espaço para que os outros movimentos teatrais pudessem se manifestar e também ouvimos o relato das regionais existentes no movimento. A Rede Brasileira de Teatro de Rua se colocou neste momento, mas apenas realizei um relato do que havia acontecido no último encontro em São Paulo e que nos colocamos à disposição para trabalharmos em parceria, no que diz respeito a busca de melhores condições de trabalho para os artistas de rua e grupos teatrais detodo o país (foco no MINC e sua política cultural).

Foram formados grupos de trabalho com o objetivo de pensarmos juntos o Redemoinho e na minha opinião esse foi o momento mais produtivo deste encontro e que infelizmente não foi aproveitado, pois não conseguimos explicitar as nossas idéias e questionamentos.

No terceiro dia tivemos a presença de Márcio Meireles (Secretário de Cultura do estado da Bahia), Ney Wendel (Representante da Fundação Cultural do estado da Bahia), Carlos Carvalho (Diretor de Políticas Culturais da FUNDARPE), Marcelo Bones ( Diretor de Artes Cênicas –FUNARTE) e o representante do Ministério da Cultura, pois o ministro Juca Ferreira não pode comparecer ao encontro. Cada integrante da mesa fez a sua prestação de contas e em seguida foi lida pelo Redemoinho a carta tirada no dia anterior, sobre o conteúdo do Projeto de Lei que institui o Programa de Fomento e Incentivo à Cultura – PROFIC, apresentada pelo governo dias antes. Foi uma pauta amplamente discutida dentro do movimento neste encontro, no qual o Redemoinho se colocava à disposição para discutir junto ao governo o Fundo Nacional de Cultura - FNC, mas que de forma alguma aprovava os incentivos aos projetos culturais via renúncia fiscal, portanto não queriam nem discutir o assunto. O representante do governo avaliou a postura do movimento muito agressiva e que o projeto de lei foi aberto à sociedade para possíveis discussões e que o movimento com aquele tom contido na carta não dava nenhuma possibilidade de discussão junto ao governo. Bom, isso foi o aconteceu até aí. O que houve depois, como alguns já deve estar sabendo, foi o fim do Movimento Redemoinho.Eu estive representando a RBTR e como não conheço a história deste movimento, até mesmo porque desde a sua criação em 2004, nunca nenhum estado da região norte foi convidado para participar, não fico nem muito a vontade para entrar em mais detalhes. O que percebi e já interessado na rede a qual faço parte foi a divergência de opiniões políticas ao extremo. A falta do diálogo. Ficou claro também que a ausência de uma metodologia, de como conduzir os dias de trabalho também não proporcionou que os integrantes pudessem pensar juntos e principalmente ouvir os outros participantes. Percebi também um movimento muito fragilizado e que ao invés de priorizar a busca do pensamento do movimento, que não tinha nem diretrizes claras, pelo menos não ficou clara para os demais participantes, esteve o tempo todo mais preocupado em mostrar sua posição com relação ao MINC, mesmo os próprios integrantes percebendo tal fragilidade. Me pareceu que esta discussão sobre a posição política do Redemoinho já vem de outros encontros e que infelizmente chegou ao fim na Bahia. Fiquei muito decepcionado com o que vi em Salvador, mas também não é muito diferente com o que acontece no meu estado e nos demais estados do País. Talvez por isso a decepção. Mais uma vez nos mostramos fracos diante, não só do governo, mas de nós mesmos.

Enfim, se eu falar mais acaba virando opinião pessoal e não caberia aqui a minha avaliação do que eu vi em apenas três dias, pois como disse antes, eu desconhecia o que estava acontecendo a mais tempo.










sábado, 21 de março de 2009

CAFÉ COM IDÉIAS


Esta semana inauguramos o CAFÉ COM IDÉIAS, como já diz o próprio nome, é um café super simpático, localizado no Centro de Boa Vista. Fica no mesmo prédio onde a Cia. do Lavrado tem a sua sede, no Centro de Cidadania Nós Existimos, em frente ao Rio Branco. O lugar é tranquilo, bom, o prédio do Nós Existimos tem uma energia muito bacana.

Eu e o Renato Barbosa resolvemos reativar este café. Ele foi criado para servir os diversos movimentos sociais que existem dentro deste prédio, mas na época não deu certo. Ficou fechado, acredito que mais de um ano.

Bom, ele funciona de segunda à sexta, de 8h. às 18h. e sem fechar na hora do almoço. Venha nos visitar a qualquer hora. Vamos preparar um café saboroso pra você. Um ambiente cultural, lógico, pois trabalhamos com cultura e não dava pra dar outra cara. Eu tô lá todas as manhãs e o Renatão todas as tardes.

Apareça!

CAFÉ COM IDÉIAS
Rua Floriano Peixoto, 402 / B
Centro (Orla)
Ao lado do Colégio São José











NAS RUAS


Resolvemos invadir as ruas também no processo de ensaio do nosso espetáculo. Antes ensaiávamos em uma sala muito bacana, confortável, silenciosa e só depois apresentávamos os espetáculos nas praças da cidade. Percebemos, também através da vivência de vários grupos do país, que seria muito mais rico iniciarmos o processo já nas ruas. E realmente não temos a menor vontade de voltar pra sala bacana e confortável. E olha só o visual que temos por lá. Bem na beira do Rio Branco.












REDEMOINHO

Esta semana irei participar do encontro do REDEMOINHO, lá na Bahia. E acredito que voltarei de lá com muitas novidades e com certeza com um gás danado. Bom, o REDEMOINHO, ou seja, Movimento Brasileiro de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral, teve sua origem num encontro realizado pelo Galpão Cine Horto em dezembro de 2004, na cidade de Belo Horizonte. Ao final desse encontro, os grupos participantes definiram criar uma rede nacional, voltada para troca de experiências no âmbito artístico-cultural, em busca do fortalecimento mútuo e da criação de projetos de interesses comuns. Nessa ocasião foi redigido um manifesto(que eu já postei por aqui), que reúne os princípios dessa mobilização nacional.
Hoje, essa rede congrega diversos grupos de teatro de todo o país, entre eles Teatro de Vertigem, Cia. do Latão, Grupo Galpão, Tá Na Rua, Oi Noiz Aqui Traveiz, Tablado de Arruar, HAREM, Grupo Cuíra do Pará, Piollin Grupo de Teatro, Coletivo Angu de Teatro, Magiluth, Bagaceira, Grupo Estandarte de Teatro, Casa da Ribeira, Teatro Popular de Ilhéus, Teatro do Concreto, Cia Senhas, ACT, Cia do Trailler de Teatro Experimental, As Graças, Teatro de Narradores, Engenho Teatral, Cia do Feijão, Cia do Miolo, Teatro Coletivo, Andante, Cia Candongas e Outras Firulas, Cia ZAP 18, Cia 4 com Palito, Teatro Invertido, Grupontapé de Teatro e Teatro Di Stravaganza e ainda o Centro Brasileiro de Teatro para Infância e a Juventude – CBTIJ, entre outros.
Bom, acredito que mais uma vez vou ter uma experiência inesquecível, pois um movimento como esse, que consegue reunir vários grupos de teatro em uma rede de articulação, no qual um dos objetivos é criar melhores condições de trabalho para todos, sem dúvida alguma será mais do que um encontro, um momento raro de capacitação.
Estarei lá como Cia. do Lavrado e representando a Rede Brasileira de Teatro de Rua. Embora eu não seja um puro sangue, vou com muita vontade de me infiltrar nas discussões, participar e contribuir o máximo possível.
Este encontro da Cia. do Lavrado com a RBTR e agora com o REDEMOINHO veio exatamente no momento em que decidimos sair do estado. Acreditamos que chegou o momento de dividir com os companheiros de todo o país o que estamos fazendo aqui em Roraima. Buscar outras referências, aprender muito mais com essa turma toda, que tem muito mais experiência que a gente. Hoje, nos assumimos como um grupo que tem um trabalho de investigação na linguagem da rua. O teatro de rua tem nos proporcionado experiências incríveis, vivências tão ricas que nenhuma escola de teatro poderia nos dar. Estamos na rua sim! E não sairemos mais de lá.
É isso. Na volta eu conto pra vocês como foi o encontro, afinal de contas, precisamos dividir, pois esconder as nossas experiências com certeza poderá nos levar pro fundo do poço. Se todo mundo aqui em Roraima fizesse isso...







terça-feira, 10 de março de 2009

ESSA É A BOA DE SÁBADO



COLETIVO CAIMBÉ PROMOVE INTERVENÇÃO ARTÍSTICA NO DIA DA POESIA



Por Edgar Borges


Integrar pessoas que fazem e apreciam arte e literatura em Boa Vista. Foi com essa finalidade que profissionais de áreas diversas de atuação se juntaram no Coletivo Arteliteratura Caimbé, cuja primeira iniciativa será uma intervenção cultural comemorando o Dia Nacional da Poesia, 14 de março, a partir das 19h30, na Praça das Águas.


Compõem o Arteliteratura Caimbé os jornalistas Edgar Borges e Luiz Valério, a gestora cultural Zanny Adairalba e o fotógrafo e artista plástico Tana Halu. O coletivo montará um varal de poesias para que os freqüentadores da praça exercitem o seu lado poético e escrevam poemas que serão expostos e apreciados por quem passar pelo local. Em cubos poéticos poderão ser lidas e manuseadas poesias de autores regionais, nacionais e internacionais.


A programação completa-se com poesias visuais expostas num telão, espaço para declamações e ainda a participação da banda de rock Iekuana, uma das parceiras da intervenção. Outro parceiro no evento é o Estúdio Parixara, local onde será posteriormente gravado um CD com os poemas expostos no varal.


Os idealizadores da intervenção cultural também vão abrir espaços para leitura e vendas e livros de autores locais. Escritores interessados em participar da intervenção expondo seus livros para venda e artistas que queiram se juntar à ação do coletivo devem apenas fazer contato prévio pelo telefone 9111-4001.


“A finalidade do Coletivo Arteliteratura Caimbé é juntar artistas e amantes da arte em todas as suas vertentes para levar suas produções até o público, em espaços abertos e de forma interativa”, explica o jornalista Edgar Borges. Ele afirma que a intervenção cultural programada para o Dia Nacional da Poesia é a primeira de muitas outras que devem ser realizadas nos espaços públicos de Boa Vista.


A intervenção cultural alusiva ao Dia Nacional da Poesia, data que celebra o nascimento do poeta Castro Alves, tem apoio do Sesc – RR e da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista (Fetec). Fotos e notícias sobre os resultados do evento serão divulgados também nos blogues Crônicas da Fronteira (www.edgarb.blogspot.com) e Política com Pimenta (www.luizvalerio.com.br).


Caimbé como metáfora - Os integrantes do Coletivo Caimbé escolheram o nome da árvore Caimbé por ser símbolo regional de resistência às intempéries. Mesmo devastada pela seca e pelo fogo, o Caimbé sempre consegue reflorescer verde, como se nada tivesse acontecido. “Assim também é a cultura roraimense. Muitos dos artistas não recebem o apoio merecido, mas as manifestações culturais florescem e reflorescem diariamente, sob o intenso sol do extremo norte”, explicou Edgar Borges.


Contatos:



Edgar Borges: 9111-4001
Luiz Valério: 8121-3014
Tana Halu: 9902-1914
Zanny Adairalba: 9122-3837

Edgar Borges(95) 9111 - 4001















sábado, 7 de março de 2009

COMEÇO DA VIDA



Não vou ficar zangado e muito menos puto
Não tô aqui pra me distrair com jogos
e muito menos passar meu tempo com insignificâncias
tô discreto e com o olhar certo
clichês são necessários
eu te amo é imprescindível, mas é clichê também,
é batata, Nelson!
2012 tá próximo
Nostradamus nunca esteve de bobeira
vamos correr pelados de tabus
vamos viver que amanhã vai amanhecer
sei, mas não sei tudo, pôrra
sei que isso também é clichê
sei que sou exceção à regra
o oposto do jogo
o calo mais apertado no sapato dos outros
não me esqueço jamais de minha origem
suburbano bem triste
sem moto e sem carros possantes
sozinho às três da matina em plena Av. Rio Branco
em boites sinistras prolongando a inconsciência na noite
sem despertadores aflitos pra chamar minha atenção
sou o outro dia
sou o ontem
hoje é pura utopia
pressa dos que morrem
fim para mim é um um monossílabo
a piada é o começo da vida
o começo da vida, meu brother
é uma verdadeira piada









OUTRA REALIDADE

Dei uma olhada no Manifesto do REDEMOINHO e me identifiquei direto com o que eles dizem. O estado de Roraima tá longe dessa realidade. Não é utopia imaginar um estado onde os grupos conseguem trabalhar juntos em prol do mesmo objetivo, deixando de lado interesses pessoais. Não é o que acontece por aqui, no qual os grupos fazem reuniões oficiais e depois o que vale é o que é decidido em reuniões extra-oficiais, sempre visando o interesse de alguns. Não é a tôa que grupos como Tá na Rua, Galpão e Ói Nóis Aqui Traveiz fazem parte deste movimento teatral, e os caras tem muita história pra contar. Tem interesses pessoais, lógico que sim, mas não deixam que esses interesses os impeçam de trabalhar o coletivo. Coletividade é isso, buscar melhores condições de trabalho pra todos, no qual todos possam ganhar, inclusive e principalmente o público. Mas por qui a história é outra. Mas vamos lá, esse é o Manifesto redigido pelo REDEMOINHO, que hoje tem mais de 70 grupos de teatro à frente deste movimento. Com certeza quem conhece um pouco da história do teatro do nosso estado vai concordar que estamos muito longe desta realidade. Não é hora pra elegermos culpados, mas sim, percebermos qual a nossa participação nesta estrutura equivocada.

MANIFESTO REDEMOINHO
Acreditamos que Cultura é uma construção coletiva, que se projetando na história almeja entender a Arte, e em particular o Teatro, como um bem simbólico localizado no tempo e no espaço. Entendemos as nossas criações como um pensamento em construção que objetiva a constituição de uma sociedade humanista. A Cultura esvaziada de pensamento, estruturada pela visão política que tem no marketing o seu fundamento, é o que alimenta na sociedade a competição, a concentração de renda, o preconceito, a privação dos direitos elementares do cidadão e a manutenção do status quo. Não compete à Arte dar o pão, nem forjar pseudo-inclusões sociais através de políticas públicas que acreditam propiciar a inclusão e a contenção da insatisfação social. À Arte compete apontar para além dos limites impostos pela dura realidade, na tentativa de buscar novos caminhos para a política e para o homem.Sob esse olhar, a Cultura é uma questão prioritária do Estado por fundamentar o exercício crítico da cidadania na construção de uma sociedade democrática. Há anos, diversos grupos e companhias de teatro vêm desenvolvendo trabalhos que visam tecer novas relações sociais e humanas entre a Arte e a sociedade. Ao dotarmos a nossa prática artística de uma função social, não reivindicamos privilégios ou benesses. Reafirmamos a necessidade da criação de condições sociais, políticas e econômicas para a construção de um país que alimente a utopia de uma sociedade na qual a Arte e a Cultura sejam compreendidas como reafirmação da vida.
Integrantes do REDEMOINHO
Movimento Brasileiro de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral.



É isso aí, precisamos olhar mais pra fora do estado e nos espelharmos em bons exemplos.








PILOTANDO O BONDE DA EXCURSSÃO



Num cachimbo ou vestido numa saia de seda
Minhas viagens com você são sempre uma beleza
Fico chapado, mas ligado sempre no que faço
Não vou ficar pra trás, ampliei meu espaço
Porque eu e meus parceiros pelo mundo de rolé
Estilo de neguinho, você sabe como é
Chega em Portugual, pega um haxi do bom
No sofá com o narguilé, curtindo um batidão
Sangue bom, sangue bom, o problema não tá na erva
Viajo, mas fico esperto pra não me passarem a perna
E é ruim de passar a perna, porque tô sempre alerta
Essa parada é os polícia que vêm com essa conversa
Saiu pra viajar ou tem alguém aí?
Eu saí pra viajar e fui longe daqui
A viagem começou no fundo do campão
E geral cantou assim quando passou no Japão.. então
M.A.R.C.E.L.O.D.2
E isso não é viagem, porque tava alí
E pra provar pra todo mundo eu vou repetir: (então)
M.A.R.C.E.L.O.D.2... é
Pilotando o bonde da excursão
Sinistro cascudo, sinônimo, subversão
Nem do preto nem do branco é do verde
Uma onça do bigode do Sarney do verde, cumpadi
Soltinho na marola, aqui ou lá fora
Paranóia delirante, sem jogar conversa fora
Essa eu senti o efeito
Uma porta aberta na mente, um cruzado no peito
E a vida é assim, tem dia que dá, dia que não dá
Eu quero ver até onde mais você vai me levar, eu quero ver
Diz que tem o Cabrobó lá em Recife, tem
Diz que tem o Home Grow no Canadá e tem
Diz que tem o Croonic na Califórnia, tem
Diz que tem o Kind Bud em Nova York, tem também
Diz que tem o Skank lá na Inglaterra, tem
Diz que tem a La Mota Mexicana, tem
Diz que tem o Manga Rosa na Bahia, tem
Diz que tem todos lá em Amsterdam, ah, isso tem!
Eu continuo viajando aqui no mike
É só jogar na seda, no bongue ou no pipe
Aperta aquela tora, que tá tudo tranqüilo
Mas sem essa conversa de perninha de grilo, certo?
Porque aqui não tem fartura, mas também não tem miséria
Fininho de cadeia do meu lado, fala sério!
Se for pra apertar, aperta agora, do jeito que for
Ô! Então passa a bola, por favor
Eu represento o juízo final
Eu represento a batucada do fundo do meu quintal
E aonde você tá, onde cê pensa que tá?
A estrada começa aqui e não tem lugar pra terminar
Pupila dilatada com uma cara de chapado, com a cabeça caída pro lado
Portas abrindo o poder da visão
Aonde quer que você vá no mundo
D2 e preste atenção
Então 'vem', 'vem, vem', 'vem, vem, vem, vem, vem' que a fumaça tá colada no som
É natural, sempre teve e vai ter na mente algo que aumente a percepção
Olhar urbano, grande cidade
Acostumado com a miséria, mas não com a maldade
O caminho eu sei que é longo, mas sou persistente
Posso cair e me levanto e continuo em frente... segura
Marcelo D2






segunda-feira, 2 de março de 2009

QUEM SERÁ O PRÓXIMO JUDAS A SER MALHADO?

Na última quinta, 26/02, eu decidi que deveria sair da Federação de Teatro de Roraima - FETEARR, isso mesmo, coloquei à disposição a presidência desta instituição. Participei de todo o processo de construção desta federação, desde a época do Fórum Permanente de Teatro, no qual surgiu diante de uma necessidade do MINC em agregar os grupos de teatro de todo o país, de forma que pudessem participar da construção de políticas públicas para a cultura. É, no fundo também foi isso. Naquela época me lembro que teve um grupo aqui em Roraima que chamou um outro e propôs fazerem juntos este fórum, sem incluir os outros grupos de teatro. Bom, tava na cara que ele não tinha boas intenções, mas o convidado não topou e resolveu abrir pra todo mundo. O fórum foi formado por todos os grupos atuantes no estado.

Conseguimos nos reunir durante um bom tempo, mas sempre percebi que a Cia. do Lavrado dividia mais informações que os outros. Percebi também que este mesmo grupo, não vou citar nomes pra não arrumar mais problemas, se articulou de um jeito muito rápido no MINC, e lógico, utilizando-se do papel do fórum pra isso. Gente, isso também não é novidade pra ninguém. Só que o povo tem medo de concordar publicamente. Depois de um bom tempo de fórum surgiu a necessidade de montarmos uma federação e mais uma vez este tal grupo foi o único contra esta idéia que o coletivo teatral do estado de Roraima teve. Mesmo eles sendo contra, montamos a FETEARR e eles não pularam fora, pelo contrário, entraram como fundadores. Apenas isso, pois até hoje não fizeram mais nada em prol da Federação, apenas articulações por fora pra minar todo esse processo. Mas o povo não quer enxergar... (Bom, nem sei porque tô insistindo nessa idéia, não comecei a escrever pra falar disso).

Então vamos lá, acredito que uma federação precisa exercer seu papel político dentro do estado. Os grupos e as pessoas se reúnem porque sabem que sozinhas elas não tem muita força. Principalmente pra bater de frente com o poder público e privado que detém os caminhos da cultura em Roraima. O fato é o seguinte, as pessoas que fazem parte hoje da federação, a sua maioria não tá nem aí pra política, não tem nem idéia do que são capazes de realizarem juntas, não se interessam em trabalhar coletivamente, pois não conseguem tirar seus olhos de seus próprios umbigos. Vivem em um processo de competição tão grande e desnecessário dentro de seus grupos, que esse comportamento equivocado acaba por atingir os de fora. Muitos tem o rabo super preso com o Estado, a Prefeitura e o SESC e agora tão prendendo o rabo também com o SEBRAE. A Federação de Teatro de Roraima se transformou, em pouco tempo, em uma instituição promotora de eventos. Politicamente somos fracos e não temos respeito algum diante dos que tem o poder.

Outro agravante pra minha saída vem da inexplicada necessidade que os outros sentem em bombardear a Cia. do Lavrado (dizem que não é Cia. que o problema sou eu mesmo), eles criaram uma oposição ridícula que apenas afasta, em nenhum momento se mostraram inclusivos, em nenhum momento se mostraram capazes de deixar de lado diferenças e juntos construirmos um teatro mais legal aqui neste estado, não digo fisicamente, mas outras pessoas resolverão fazer teatro e eu penso que o que estamos fazendo agora reflete diretamente nos que estão por vir. Temos esta responsabilidade. Mas os líderes, principalmente, não parecem se preocupar com isso.

Diante deste quadro, e não é só isso, mas não dá pra escrever tudo por aqui, percebi que eu e a FETEARR não comungamos com o mesmo ideal. O meu sempre deixei claro, nunca me calei em momento algum. Nunca deixei de dizer o que eu penso e isso também incomoda pra caralho esse povo. Eles tem vontade de fazer o mesmo, mas não conseguem. Não são livres. E a FETEARR como disse lá em cima, está mais interessada em ser uma promotora de eventos. Não tive outra escolha a não ser pendurar minha chuteira. Vou continuar com o teatro que eu acredito, com as pessoas que eu acredito e que hoje tem o mesmo ideal.

Desejo, de verdade, que a forma de conduzir esta federação que eles imaginam, seja a forma mais adequada pra este processo e que, talvez, eu esteja errado. Que não se posicionar politicamente e se manter das migalhas do poder público e privado seja a melhor saída. Provavelmente ainda vou escrever mais um pouco sobre este assunto por aqui, mas por hora tá de bom tamanho. Olha, só pra registrar, de quebra a Cia. do Lavrado também decidiu sair da Federação de Teatro de Roraima - FETEARR. Foram unânimes em reunião quanto a esta decisão. Somos um grupo. É isso, somos um grupo.

















AOS OUSADOS E AOS COVARDES

Há os que bebem e sonham
E os que bebem o sangue dos sonhadores
Há os que riem da vida de graça
E os que pagam caro
pra manter sua existência falida
uma farsa
Há os que choram tristes, sinceros sofredores e crentes
E os que morrem de medo de sua própria desgraça
Há os que acreditam na vida
que apostam até as roupas do corpo
E os que dão até logo com a palma da mão bem fechada
Há os teóricos e os práticos
Há os ousados e os covardes
Há o outro lado e o lado de cá
não tenho dúvidas
dúvida não há