sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO!

 e o ano tá no fim. o que muda? olha, faz tempo que percebi que nada muda. é um dia após o outro. não se iluda. se você até hoje não deu uma virada fenomenal em sua vida, relaxe, isso é fantasia comercial. você não é nenhum extra-terrestre. simplesmente não entendeu, ainda, como as coisas funcionam. nada muda. não pergunte. não questione. nem tente achar que você é diferente. seus melhores planos são disfarces, são engodos. são estranhas possibilidades remotas de um sucesso impossível. feliz ano novo! se é que você acredita nisso... coitado... tá fudido e nem sabe ao certo a razão de ser. fudido! simplesmente fudido. quando a ficha cair, e você estiver sofrendo em carne viva e despelada, talvez, veja bem, talvez, você até possa concordar comigo. não existe nenhuma chance diante do fim.


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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

HELENA

Completou com uma dose de whisky o último gole do café requentado e bebeu a mistura. Os olhos saltaram como espinha espremida na face. Caminhou agitado, sem saber ao certo o que fazer, ou por onde deveria começar. Recolheu as roupas abandonadas no sofá, empilhou os livros no canto da sala e limpou todos os cinzeiros espalhados estrategicamente em sua humilde residência – na verdade, um quarto de hotel, ele tentava uns bicos como porteiro nos fins de semana e em troca disto, morava no último andar, em um reservado, que não era bem um quarto, mas um espaço de depósito que fora reformado para receber o porteiro - varreu e passou pano no chão. Limpou o aquário e colocou comida para os peixes. Caçou uma barata ninja por entre as bordas do armário da cozinha e por fim, acendeu um cigarro na boca do fogão e esperou a água ferver para o próximo café. Já passava das seis e a noite mostrava a sua cara tumultuada. Ernesto era um sujeito sossegado, quase um eremita urbano, se não fosse o fato de morar com a estonteante Helena. Ele era um excelente violoncelista, mas somente na presença de Helena.  Ela era a sua fonte de inspiração e sempre o acompanhava nas noites infernais do The Club, um bar isolado na periferia da cidade, estilo americanizado, especializado em jazz. Não era qualquer um que podia frequentar aquele antro - nada disso - , as reservas eram feitas com antecedência e somente para uma lista muito seleta, havia um cassino clandestino - mas eu falava do Ernesto - o músico, que como qualquer outro músico tinha a displicência e a disciplina caminhando lado a lado - é verdade, nunca vi sujeito mais disciplinadamente distraído -, não importava para qual direção ele fosse, contanto que pudesse levar Helena em seus braços. Acordava todas as tardes com uma ressaca dos diabos e antes mesmo de levantar da cama, acendia um cigarro, fumava calmamente, encarando Helena e em seguida partia para dentro da sua fonte de inspiração. E assim ele fazia músicas belíssimas. Depois de morto de cansado, ainda enfrentava as tarefas domésticas, fazia o café – bebia misturado com whisky, lembre-se dessa passagem, pois é totalmente relevante nessa história – e se aprontava para mais uma noite no clube. E assim prosseguia o Ernesto, sem muitas alterações em sua rotina. Depois de mais uma noite ensandecida em seu trabalho, depois de mais outro porre desgraçado - desses que te deixam com a impressão no outro dia de que algum órgão seu foi retirado -, ele não acordou. E essa não foi a primeira vez que ele perdeu os sentidos completamente. Uma vez, acordou no telhado do hotel. Outra vez, acordou no vão que separa o oitavo do sétimo andar – mas eu falava do Ernesto - na tarde que antecedeu a tragédia, ele não acordou. Helena ficou paralisada - não podia fazer nada sem ele. Com certeza chegaria atrasado. E isso pode até parecer algo tão simples e contornável, mas a rotina do Ernesto incluía os atrasos diários, ele chegava bêbado no trabalho – eu sei que omiti essa informação, mas só tô tentando não piorar ainda mais a situação desse indivíduo -. Ele queria andar na linha, mas chutava o balde todas as noites e como consequência, o inevitável atraso – sem falar que ele atravessava direto nas canções - e o seu chefe, um colombiano estúpido e cheio de si, já havia batido o martelo – se amanhã for chegar atrasado, nem coloque a cara no meu estabelecimento, assim ele disse, invocado, puto dentro das calças, falou bem alto para todo mundo ouvir, coisa que nunca fazia, sempre chamava o funcionário no canto e passava o sabão na criatura. Diante de tantas testemunhas, o Ernesto sentiu a corda bem apertada em seu pescoço. Depois de sua apresentação decidiu não beber mais uma gota de álcool. Estava decidido a voltar para casa mais cedo, descansar como os outros mortais e levantar no outro dia mais inteiro. Precisava tomar uma atitude mais que urgente. A sua existência e a de Helena dependiam de uma mudança radical em sua vida. Mas, como disse anteriormente, o Ernesto bebia – bebia! – e toda essa narrativa que caminhava para um desfecho sensacional, típico padrão social, o politicamente correto, dessas em que o cidadão pensa que caga cheiroso – e eu falo do Ernesto –, por mais que os fatos nos iludam com resultados não planejados, na verdade, a vida é premeditada e tudo aquilo que sempre pensamos ser está muito distante do que é a realidade. Se eu não tivesse começado essa história teria desistido imediatamente de contá-la, mas nesse fatídico dia o Ernesto acordou com o relógio cravado as dez. - Tinha bebido um dia antes - . Quando chegou em casa na última madrugada, não resistiu e caiu de cabeça em uma garrafa de whisky. O pior de tudo, não era a sensação de desorientação e nem mesmo aquela ânsia contínua, que nunca chega as vias de fato. Ele não tinha muito mais tempo para perder e a sensação da corda sufocando a sua goela aumentava a cada minuto que se passava. Ele pegou as chaves de casa, a capa de chuva e colocou Helena nos braços. Dirigiu-se ao elevador e pacientemente esperou. Demorou um bocado a resposta. Acendeu um cigarro e ficou observando a chuva entrar pela janela e avançar o corredor. Acariciou Helena por uns instantes, nervoso, de um jeito assim bem explícito. Resolveu zarpar pelas escadas e isso não seria um problema se não estivesse acompanhado - ela era um pouco pesada, ia demorar demais para descer - quando estavam atracados, parados, a coisa rolava que era uma beleza. Helena gemia barulhos infernais. Deixava qualquer um enlouquecido. Era tudo que ele queria na vida. Depois de muito sufoco e cuidado para não machucá-la, ganhou a rua. Ele não tinha carro e o clube não ficava assim tão próximo de sua casa. Precisava de um táxi com a máxima urgência de uma grávida desesperada com a bolsa estourada em plena calçada. As horas brincavam com os restos de sua paciência. Apertou-se com Helena no banco de trás do veículo que mandaram do céu - ele não podia perder aquele trabalho - e não perdeu. Chegaram no topo da hora. A casa lotada. Gente saindo pelo ladrão. Fumaça por todos os cantos. Um clima desastrosamente apreensivo invadiu o seu peito. Todos estavam presentes. Ele e Helena dirigiram-se ao palco. A banda já estava por lá. Ele despiu sua dama. Apoiou-a em suas pernas - um calor demoníaco – e meteu a vara sem a menor cerimônia na frente de todas as caras que ansiavam o pior - nas horas de maior sufoco em que estamos equilibrados em um mísero fio de cabelo, a natureza humana sempre deseja que desgraça maior nos aconteça – mas Helena gemeu sem parar - . Ele arrancou barulhos incríveis de sua amada, deixando o público perplexo diante de tamanho êxtase proporcionado. Foi algo instantâneo, espiritual, uma explosão de harmonia – se é que você me entende - eles levaram a platéia ao delírio. Chegaram em casa pela manhã. Aos tropeços. Ele, bebaço como sempre. Ela, carregada, em silêncio. Ernesto jogou o seu violoncelo na cama, a Helena – assim ele chamava seu instrumento de trabalho – alcançou um punhado de comprimidos no criado-mudo e enfiou tudo goela abaixo com a única dose que o esperava na garrafa. Dessa vez ele apagou como a linda Monroe.


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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

LENDA URBANA


Eu nem sei ao certo se deveria contar essa história. É tudo tão rápido e incerto. Confuso e ridículo. E não confesso aqui noites embriagadas. Não. Embora o álcool esteja sempre presente, como uma mosca porca e maldita que não se afasta nunca dos restos esquecidos. O que me apavora o sono, nesse instante, é o que me motiva a insistir nessas linhas velozes e sem sentido, é o que pode me deixar inquieto logo na primeira hora após a oração de entrega do dia, não que eu seja católico, mas preciso continuar a escrita, como uma reza ligeira, que talvez espante tudo aquilo que eu vou tentar te contar. Escrevo sobre o exato momento em que não se tem mais o controle de nada – nem sei se tenho isso antes – quando a sorte ou azar estão por conta própria. Escrevo agora. O fato é que desde criança fui mal acostumado a dormir com a luz acesa do quarto. Naquela época, meus pais colocavam uma cabeça sinistra e avermelhada para iluminar o canto de minha cama. Eles pensavam que aquilo podia me acalmar. E eu dormia. Sim, eu dormia anestesiado diante de tanto horror. Aquela imagem sem voz, presente, sempre alerta e tomando conta completamente do meu ambiente. Tinha vezes que a cabeça tremia, acho que eram insetos sem noção, que buscavam refúgio no calor de sua futura morte colorida - e assim eu disfarçava. Triste. E inevitável. Horrível. Bom, hoje, eu só durmo com a televisão ligada. E faz tempo que não sei o que é o sono voluntário. Eu simplesmente adormeço diante de qualquer programação. Ontem, veja bem, só escrevo essas linhas porque está tudo tão próximo. São poucos instantes diante do ocorrido e confesso que nem sei se estarei vivo na próxima noite. Nem sei se termino. E já prevendo o pior, penso em deixar esse testemunho incrível guardado embaixo da cama do quarto dos fundos. O que não tem televisão. E bonequinhos rubros sorridentes. Lá, a noite parece ter fim. Talvez eu consiga. - Calma! Não tô rodeando como um escritor de carreira, que deseja prender a atenção e vender seus escritos na primeira esquina - Eu preciso que você preste muita atenção! - E depois que estiver lido e percebido, eu estarei, seja lá onde, satisfeito por ter conseguido te alertar do perigo. – nem pense que eu tentei rimar numa hora dessas – mas vamos aos fatos. Eu ontem deitei com a tv ligada – já passam das quatro, eu acho. Eu sempre faço isso, já disse. Fiz um lanche leve. Pão com ovo, presunto, tomate e alface para disfarçar. E suco com gelo para amenizar o imenso calor que tem feito nesses dias loucos de verão. Depois da larica, guardei a bandeja, lavei o copo e o prato e voltei para a cama. Assim que encostei minha cabeça no travesseiro, falhou a energia. – falhou! - Não faltou como de costume - ela falhou porra! - Foi só uma piscadela de olhos. Tão rápido como um ataque cardíaco fulminante. – você tinha que ter visto! O suficiente para me deixar sentado, num pulo, na beira da cama. Inerte. A tela voltou aos chuviscos. Chuviscos e barulhos irritantes de chuviscos. Você deve saber como é. Bati de leve na tv e nada. Aliás, nada não, o inquietante barulho aumentou. Bati novamente na esperança de que tudo voltasse ao normal, mas foi em vão. O angustiante som parecia não ter mais fim. Na sequência, eu não sei explicar porque razão, mas mesmo certo de minhas faculdades mentais intactas – penso eu – paralisei diante da imagem chuviscada do aparelho. Nesse exato momento, veja bem, se eu ainda escrevo esse relato é porque imagino que tive alguma autorização, sei lá de quem, para continuar com a contação e talvez, nada do que eu tenha escrito foi de fato o ocorrido, tendo em vista que a vida é a manipulação dos fenômenos. Você acredita em seres extraterrestres? E em situações paranormais? Jesus? Naves espaciais? Espíritos? Você acredita em Deus? Eu confesso que creio em muitas coisas quando a minha carteira está abarrotada e quando tudo está prestes a desabar em minha vida. Quando eu era criança, fui muito amedrontado por diversas lendas urbanas, dessas de mulher do saco e loira do banheiro, que sempre me meteram o maior pavor, mas a ideia de que se deixássemos a tv só no chuvisco seria a porta de entrada para seres de outras dimensões, essa eu nunca acreditei. Até bem pouco. – mas eu vi! Antes de continuar, lembre-se que isto é apenas um relato desesperado e corrido e que você está livre para acreditar ou não. – mas eu vi! – eu sei muito bem o que vi. Eu estava paralisado na frente da tv, faz pouco tempo, logo após o apagão instantâneo. Fiquei grudado na tela e ouvi. E em seguida eu vi. Primeiro eram sussurros, que não sei explicar se eram de outra língua, mas com certeza eu não compreendi nada do que dizia. Ou diziam. Da nossa língua, com certeza não era. Fiquei extasiado. – e continuo a escrita por pensar que ainda me resta algum tempo. – os chuviscos estão visíveis! - Sombras, imagens desfocadas, rostos esquisitos vindo em minha direção. - que porra é essa?


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- dá um jeito nessa antena, mané, falei pra não comprar essa merda de segunda mão...
- já fiz de tudo e essa bosta só fica no chuvisco...
- que porra é essa!






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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

JESUS SE FUDEU NESSA HISTÓRIA

Jesus casou-se cedo demais. Não percebeu a peça que o destino lhe pregara. Vindo de uma família pobre, sem muitas oportunidades, seguiu os passos do patriarca. Aos 66 já alcançava a incrível marca de 12 rebentos, ficando atrás de seu falecido pai em apenas oito cabeças. Aposentou-se, também, como pedreiro, mas ainda realizava alguns pequenos trabalhos pelo bairro. Temia sentir a terrível sensação de improdutividade nas costas e mesmo quando não tinha serviço, andava pelas ruas, conversava com um e com outro, mantinha a mente ocupada dividindo suas experiências de vida, principalmente com os mais novos. A soma que recebia mensalmente não era lá grandes coisas. Ajuda dos filhos não tinha. Nem mesmo dos cinco que se casaram, desses só recebia um telefonema a cada seis meses. Um dia, desesperado e com as contas gritando penduradas na porta da geladeira, caiu nas mãos de um agiota e nunca mais se viu livre do usurário. Ficou íntimo do urubu, assim o chamavam. Um sujeito sem feições atraentes. Um tremendo filho da puta, que não perdoava o atrasado nem mesmo de sua pobre mãezinha paraplégica e cega. Pegou o péssimo hábito de frequentar uma vez por semana a casa do tal truculento. Levava biscoitinhos nos finais das tardes. O agiota, malandro que era, tinha sempre um café forte na térmica da pia para acompanhar a meiguice do trouxa. A cortesia fazia parte do esquema. Conversavam por horas. O devedor nunca pagava o saldo completo de sua dívida, e assim, acumulavam-se juros. No final das contas, Jesus sempre conseguia o seu trocado emprestado, mas deixava grande parte para abater a dívida e saía com os restos que mal davam para afastar a ideia de um próximo empréstimo. E assim, sem nem respirar, viveu durante muito tempo. Depois de anos nessa cachaça e preocupado com os seus herdeiros miseráveis, caiu na lábia de um vendedor de seguros. Uma apólice que prometia uma grana altíssima, caso ele falecesse de morte natural. Era a chance de resolver a vida de sua família. Morreria honrado, sabendo que deixaria a mulher e os filhos com o boi na sombra. Finalmente sentiu uma ponta de esperança no coração, que quase foi para o beleléu quando viu o valor do prêmio do segurado.
- mas é bem mais que todo o dinheiro que eu já ganhei na vida multiplicado por seis!
- e tudo isso por apenas essa módica importância mensal, que o cidadão não vai nem mesmo sentir sair de seu bolso. Um verdadeiro investimento digno de alguém que se preocupa realmente com os seus familiares. Lembre-se que Tudo é possível àquele que crê!
Assim desenrolou o vendedor e ainda com o gosto do veneno na boca e a manha dos gestos, empurrou a apólice goela abaixo de sua vítima. O pedreiro a escondeu embaixo do estrado da cama. Um segredo de estado descoberto por sua segunda mulher numa faxina geral de quinta. Uma verdadeira vigarista, uma puta de beira de estrada que Jesus acolheu em seu lar. Deu casa, comida, roupa lavada e a desalmada, depois do primeiro ano, só comparecia para a procriação. Ela tinha 51 e apesar do corpo revelar algumas marcas de uma vida exausta e cruel, disfarçava muito bem com os produtos Avon e Natura que comprava em 12 vezes de uma colega de muro. Com a apólice em suas mãos, a mulher começou a ter sonhos de riquezas. Não tirava mais o valor da bolada de sua cabeça. Passou a ver seu marido apenas como um prazo de validade. Um pequeno detalhe para a sua virada total. Rapidamente imaginou um incrível plano. Acreditava que se o marido começasse a viver como nunca, rapidamente empacotaria diante do novo ritmo alucinante de vida. Ele estranhou a mudança de comportamento da patroa. Sua mulher estava mais amável. Defendia a ausência dos remédios que ele tanto detestava. E depois que ela passou a misturar as balinhas azuis no meio de sua refeição, o coroa recuperou o vigor sexual desaparecido com as preocupações excessivas da vida. Era só esbarrar na mulher que o bicho pegava geral. Mas o plano da esposa foi por água abaixo. O aposentado ficou esperto demais. Não dava mais sossego para sua companheira, que era surpreendida, também nas madrugadas, com as cutucadas nervosas do marido robusto por debaixo do lençol. A coitada não conseguia mais sonhar. Aos poucos foi se sentindo enfraquecida e por um momento percebeu que talvez empacotasse primeiro que ele se continuasse naquele ritmo. Levantou-se em uma manhã determinada a por um fim em sua tragédia. Fez um café delicioso para o marido. Torradas com manteiga, frutas, bolo de fubá e até ovos mexidos. Tudo regado com bastante estricnina. O revigorado cavalheiro não tinha mais boca para tantos sorrisos. Sentou-se à mesa, olhou bem nos olhos da mulher e arrotando tesão, disse:
- me aguarde, sua cachorra!
Em seguida, comeu tudo o que tinha direito e após terminar sua primeira xícara de café, estrebuchou para o lado com as mãos na barriga, fechando-se no chão como uma taturana indefesa. A mais nova ricaça do pedaço comprou uma rede de Postos de Gasolina, internou os menores em um colégio na Europa e foi gozar a vida com dois rapazes de 20 em uma praia do Caribe.


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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

CAMINHADA ESPIRITUAL

Pulou do coletivo aos gritos. Não tinha dinheiro para a passagem, mas também não precisavam tratá-lo com tamanha grosseria. Caminhou sob um sol de rachar pelo centro da cidade, o sapato furado bem na ponta do dedão incomodava muito os seus passos. Distraiu-se em meio aos camelôs e já havia até esquecido o ocorrido. Não era de guardar ressentimentos por mais de cinco minutos. Foi o tempo de um cigarro sentado à sombra de um cajueiro, observando a rotina da rua. No fundo, queria apenas se deslocar sem rumo. E o pensamento, às vezes, o levava a caminhos mais físicos. Se pudesse não pensar, seria ótimo, mas não conseguia atingir tal proeza. Nunca desejou ser um monge zen e muito menos coroinha de Igrejas que arrancavam todas as suas vontades com falsas promessas de um mundo melhor. Desconfiava de tais excessos absurdos e não era ligado em nenhuma religião. Duvidava de crenças com discursos estapafúrdios, fundamentados em proibições desnecessárias, o alimento das almas sem direção. Mesmo assim, ele sabia que precisava seguir um caminho espiritual. Ou pelo menos acreditar em algo que servisse de freio aos seus desejos mais obscuros. Essa era uma regra social herdada que não lhe deixava muitas opções. Mas nunca foi convicto em nada. Para se ter uma ideia, no futebol, torcia pelo time que o mais fanático da esquina estivesse bancando a gelada. Mesmo assim, visitou diversas igrejas capitalistas, passou por seitas malucas, conversou com pastores pilantras, os pseudo-arrependidos de um passado cabuloso, de orgias, drogas e muitos pecados capitais. E mesmo sem perceber, continuava a sua peregrinação em busca da paz almejada. Um valor inerente ao ser humano. Ou uma armadilha do desejoso tumulto contínuo que ansiava sua alma. Sabia que só avançava alguns passos após um tremendo rebuliço em sua vida. E assim seguia. Sem muitos planos. Apenas os dias e as noites na tentativa de emendas impossíveis. Depois de muito caminhar pela cidade, depois de mais uns cigarros e algumas sombras com cheiro de manga e caju, deu de cara com uma placa vermelha. Letras enormes que apontavam para o alto de um morro.
- Talvez um caminho pro céu, pensou.
- templo Hare Krishna. Repetiu em voz alta. Assim estava na placa colorida. Já havia ouvido falar nos alienados carecas, tão sinistros ou mais radicais que os idiotas amigos de Hitler, assim diziam as más línguas. A culinária natureba era famosa, servida antes do culto principal. Um verdadeiro anzol espiritual. Como não tinha um puto na carteira e a fome avançava a passos largos, não pensou duas vezes. Subiu a ladeira. Já havia ouvido um monte de histórias, mas nada que o convencesse de fato a encarar o evento. Mas da comida ele se lembrava. E isso bastava para motivá-lo a encarar a subida. Chegou à porta e viu uma imensa fila. Ficou surpreso. Vasculhou a multidão e percebeu gente de todas as classes. Não se intimidou, pelo contrário, sentiu-se muito a vontade. Chegou de mansinho, como se já fosse local. Puxou assunto com um, respondeu às dúvidas de outro, mesmo sem saber bulhufas da situação, enturmou-se em dois tempos e só na maciota já estava colocado na frente da fila. Percebeu de leve o ritual. As pessoas entravam e deixavam os seus calçados ao canto da porta. Ninguém tomava conta.
Incrível! Pensou, abismado com tal confiança. Encostavam seus calçados e pegavam um horroroso chinelo. Confortável sim, mas extremamente de mau gosto. O local era muito tranqüilo e perfumado. Sentiu uma verdadeira paz. Um ambiente com pessoas aparentemente felizes, algumas espalhadas pelo jardim, sorrindo e com o semblante de muitos amigos. Aproximou-se dele uma mulher com a cabeça raspada e uma bandeja de comida nas mãos.
- Hare! Falou a pequena.
- Hare tu também. Respondeu o sem noção. Os peitos da gostosa apontavam na direção da estrela mais alta do céu. Um verdadeiro manjar dos deuses. Ela oferecia uns bolinhos esquisitos. Ele alcançou um petisco sem mesmo olhar o que pegava. Era tudo completamente diferente do que ele estava habituado. Comeu bastante. Encheu a pança legal. Alimentou a larica zilhões de vezes. Ninguém o recriminou.
- encontrei o paraíso!
Assim pensava com um enorme sorriso estampado na lata. De repente, ecoou por todo o espaço um barulho confortável de um sino. Uma única batida, mas com uma propagação quase infinita. As pessoas começaram a entrar no salão, como que enfeitiçadas. Ele estava cabreiro, apenas observou atento a toda movimentação. Deixou a coisa tomar jeito. Foi um dos últimos a entrar. Não tinha outra escolha. Não gostava de lugares fechados, com muita gente, mas depois de chegar até ali, depois de imaginar cenas picantes com a deliciosa careca, sabia que não tinha mais volta. Precisava encarar a experiência mística que a subida lhe havia reservado. De repente, começou uma cantoria por todo o salão arejado. Ritmos orientais. A gang dos sem cabelos caminhava pelo espaço, entoando mantras monossilábicos. As pessoas, em seguida, começaram a imitação. Em pouco tempo, estava uma correria danada dentro do amplo salão. E ele parado. Incrivelmente congelado. Tentou perceber a dinâmica, sem muito êxito. Mexia apenas a cabeça, como que buscando um ritmo em um baile. Percebeu vários olhares indesejáveis, afinal de contas ele era o patinho feio da hora. Começou então a sua caminhada sem tirar os olhos das outras pessoas. Desconfiou geral. Os demais aceleraram o ritmo da caminhada. Começou uma louca correria dentro do salão. Ele se descontrolou. Com os olhos saltados, não perdeu tempo e saiu correndo, esbarrando murros para todos os lados. Tinha a plena certeza que queriam pegá-lo de qualquer jeito. Encontrou uma oportunidade e se mandou pela janela do recinto. Na portaria, pegou o primeiro calçado pela frente e desceu a ladeira desesperado. Sua caminhada espiritual havia chegado ao fim. Por hora, não sentiu nenhuma espiritualidade, mas manteve os pés secos durante todo o temporal que o surpreendeu na saída. Talvez o espiritual estivesse ali. Coitado de quem pegou o seu sapato furado. O inferno decididamente estava ali. Hare Krishna!




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O DOMADOR DE VENTOS QUE VENDIA PAÇOCA

O vento pesado no tórax não permitiu que ele desse outro passo. Ficou imóvel, com as bochechas coladas na orelha. Totalmente contra a sua vontade. De tempos em tempos acumulava forças fantásticas em resistência à natureza invencível e assim avançava mais um passo. Manteve o esforço calculado por todo o percurso. Ouviu estrondos horripilantes, levou rajadas molhadas na face enrugada por tentar enxergar, mas nada o fazia desistir. Rui Viana era um teimoso fanfarrão. Desempregado do Moinho Vera Cruz, fabricava paçoca no fundo do quintal de sua casa, habilidade alcançada em seus 10 anos de profissão. Em uma casa com poucos espaços, do lado de fora dependia do tempo para evoluir seus trabalhos. Tinha os braços mais fortes do Norte de tanto pilar. Um anão desacreditado. Acostumado a ouvir desaforos do povo, que mesmo comendo de seu prato, cuspiam farpas debochadas diante de sua estatura menos elevada.
- cuidado pra não esbarrar nas formigas, baixinho!
- vai tomar no seu cú, seu filho da puta! A
ssim ele resmungava e mesmo de baixo astral, sabia que não podia deixar que o vento espalhasse o seu ganha pão. De repente, a noite fechou em silêncio. Estava por conta própria, distante dos olhos mais conhecidos, bem perto do olho de um furacão bem faminto. Toda a cidade desistira da batalha. Uns escaparam pelo rio, deixando tudo para trás, outros partiram pela estrada, não deixaram convites e nem mapas. Era um deserto prestes a desaparecer em meio à fúria do vento rodopiado. Ainda estatelado, sem dó nem piedade, encarou o vento forte e centrífugo. Agarrou-se com todas as suas forças ao rabo da besta-fera. Jogou o corpo para um lado, em resistência, todo sem jeito, desesperado. Desviou dos trovões de um Zeus enfurecido, evitou a queda com forças arrancadas nem se sabe até hoje de onde. Estava decidido a ganhar, mas foi chupado sem a menor chance de luta. Em poucos instantes seus pés ficaram suspensos no ar. A terra vista do alto até que dava agonia. Misturou-se a um monte de coisas distintas. Tropeçou em pensamentos esquisitos. Por uns segundos, ansiou a derrota definitiva. Mas ao primeiro descuido do ar revoltoso, que soprava a vitória aos quatro cantos da terra, arregaçou uma boca imensa, maior que o mundo e engoliu o vento com toda a sua fúria em apenas uma única sugada.



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ISSO É TUDO

QUANTO MAIS EU FALO


MENOS ME RECONHEÇO


QUANTO MAIS INSISTO


É SEMPRE O MESMO TROPEÇO


QUANTO MAIS ENXERGO LONGE


EU MENOS ME VEJO


QUANTO MAIS EU MINTO


AUMENTA O MEU DESESPERO






QUANTO VALE O BEIJO?


QUANTO VALE O PERDÃO?


QUANTO MAIS AO NORTE


EU CHEGO EM SEU CORAÇÃO?


TANTO VALE O RISCO


QUANTO MAIS O TESÃO


QUANTO MAIS EU SINTO


PERCO MAIS A RAZÃO





TUDO QUE ME RESTA


É TENTAR ESQUECER


TUDO QUE ME RESTA


É TENTAR ESQUECER


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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

PÉ DE VALSA ENGOMADINHO

Chegou ao baile todo engomadinho. O cabelo grudado na cabeça até que dava certo charme. Limpou os sapatos nas costas da calça, substituiu o palito encharcado na boca e invadiu o salão. Primeiro deu uma geral no ambiente lotado, como sempre fazia. Dirigiu o olhar certeiro para as gatas e disfarçou sorrisos entre as barangas. Manteve a posição segura, marcando as possíveis opções para um futuro amasso. Encostou-se no bar. Percebeu a movimentação e chamou o atendente.
- me dá uma água, cidadão!
Fez seu pedido alto e bom som, só para impressionar os olhares atentos, mas no vacilo geral, sacou uma garrafinha de vodka entocada no bolso do paletó e transbordou o copo de sua ingênua bebida. Entornou a metade e em seguida largou um tremendo elogio no ar.
- melhor do que água, só saliva de beijo molhado.
Um grupo de senhoras safadas, atentas aos movimentos do enxuto coroa se contorceram em risadas. Ele levantou o copo, mandou um beijinho e deu uma piscadela, cumprimento simpático aos olhos dos mais inocentes. Era a primeira tacada comemorada. Naquele exato momento se sentiu dentro da situação. Caminhou ao redor das mesas que enfeitavam a frente do bar do salão, sempre com aquele sorriso maldito na boca. Ele era o cara. Aproximou-se de um gordinho fumão e filou um careta. Não acendeu de imediato. Na verdade ele nem fumava. Detestava o cheiro de cigarros, mas fazia parte da trama que prenunciava o golpe fatal. Desfilou uma volta por todo o salão. Completou o copo com mais uma dose, na encolha, por detrás da pilastra que escorava o palco central. Embromou mais um pouco, escorou o cigarro nos lábios e parou de frente de sua primeira vítima.
- será que Princesa poderia me ajudar?
Mostrou sorridente o cigarro e aguardou a resposta, que veio completamente sem graça, da boca vermelho exagerado de uma senhora de uns 65 anos.
- eu não fumo.
- então quer dizer que a princesa tá planejando incendiar o salão com esse fogo todo?

O cigarro voou com a bofetada na cara. A coroa levantou-se falando um monte. Nem todos os velhos presentes estavam no ritmo das balinhas azuis, que abriam a porta do paraíso perdido. Ele olhou para os lados, na esperança de não ter sido notado, resgatou o cigarro e partiu para a próxima empreitada. A noite acabara de começar e ele estava determinado a não voltar para casa sozinho. Resolveu investir em uma gata mais jovem. Percebeu uma quarentona agitada, que equilibrava um copo de cerveja e um cigarro e sustentava a garrafa na outra mão. Ensaiou os passos, deslizou levemente e entrou na pista da toda prosa.
- só você pode me ajudar...
Com uma cara de menino levado, mostrou novamente o cigarro. Mas essa era de outro naipe. Logo esticou a mão que amparava o copo e o cigarro, e meio sem graça com a confusão, aos tropeços diante da situação, sorriu.
- isso ainda vai te matar vovô...
Ele nem se abalou. Rafael malandrinho era cobra criada, macaco velho dos bailes da periferia. Imediatamente segurou firme a mãozinha da dama, acendeu a bagaça, deu uma tragada de pressão, armou o biquinho e lançou bolas de fumaça que formavam corações pelo ar.
- morto eu já tô só de te ver, tesão...
Não preciso nem dizer que a loba ficou encantada com o entusiasmo do velho e a cena só poderia terminar no meio da pista de dança, com as bocas grudadas num delicioso bolero. Enquanto o sol cutucava a moleira dos boêmios sem par, eles continuaram dançando, devassos, sem hora certa para terminar.




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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

TUDO NA CAÇAPA

Só lhe restou o vazio da mesa. E um silêncio assustador que pairava no ar. Ele nunca havia perdido um campeonato. Enfiou o taco nas costas e deu meia-volta, cabisbaixo. O foco preciso no chão. O bar. Sua única direção. Debruçou-se ao balcão. Exigiu um conhaque. Nem sentiu o gosto. Pediu outro, e outro ainda mais transbordado. Não costumava passar do segundo, mas o orgulho encarregou-se de não parar a contagem. Ficou bebaço. Chorou baixinho para dentro do copo, para nem ele e nem Deus ouvir. Trocou poucos olhares intimidados. Todos mudos. Era um apaixonado sem sua amante nos braços. Estava triste e completamente derrotado. Jurou que nunca mais iria jogar. Passou o resto dos seus dias com os pés enfiados na jaca. Mudou de endereço. Escolheu as calçadas. Mas um ano depois, no aniversário da cidade, o prefeito resolveu realizar um novo campeonato. O Sarjeta, então, decidiu ficar limpo. Comprou roupa nova. Fez a barba. Ficou irreconhecível aos olhos do povo. Em pouco tempo, já estava cercado de novo com aquela penca de bajuladores desgraçados. No dia da competição, chegou de fininho. Não queria causar alardes. Fez sua inscrição e aguardou a sua vez. Dirigiu-se à mesa, ginásio lotado. Ele estava agitado demais. Suava frio demais. As pernas estavam bambas demais. Mirou a bola com a convicção necessária e sapecou a redondinha com todo o resto de esperanças que ainda tinha. Acertou quatro. De cara. Gritou sua felicidade sem nenhuma censura. Mesmo com todo o seu gabarito, sabia que o que acabava de acontecer não passava de uma tremenda cagada. Mas ficou valente para a próxima tacada. Com todo o seu charme, arrochou o giz em seu taco. Mas a mão não parecia acompanhar suas emoções. Suava frio. Salivava incessantemente. Precisava de mais uma dose. Aos poucos, embebido de tanta paixão, a danada cobrava sua religiosidade. Preocupou-se com o descontrole e não resistiu.
- uma dose, faz favor!
O público silenciou. Ficaram paralisados diante de tal solicitação. Ele brindou em um único gole. O Sarjeta perdia completamente a noção. Mirou sem muita certeza nos olhos da única que poderia ser a sua salvação. Rasgou o forro da mesa, zunindo a bola para o lado de fora do estabelecimento. Mais uma vez derrotado. Agarrou a garrafa de conhaque e se mandou por debaixo das mesas. Sentou-se no beco, ao lado do ginásio e fixou residência. Havia investiu muito naquela partida. Mas viu a vida desmoronar na caçapa.



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MOLECAGEM

Abriu a porta da sala lentamente. Arma em punho. Bum! Foi alvejado no peito aberto. Descuido imperdoável na profissão. Teto preto geral. Presa fácil demais. Depois de um instante sem vida, estirado no chão, distante da porta, ainda ouvia seu coração reclamar. Então, abriu os olhos, ainda atordoado com o balaço que levara, sacudiu a cabeça, levantou a pistola com muita dificuldade e percebeu o perímetro com calma. Levou um bicão certeiro na mão. O trabuco foi longe. E sem chance de recuperação. Viu o seu algoz bem de perto, caminhando sorridente em sua direção. Arrastou-se em vão. O rastro de sangue demarcava o seu fim. Ficou de quatro, cambaleou atordoado. A essa altura, nem sabia direito o que lhe acontecia. E nem imagina o que estava prestes a lhe acontecer. Dor, facas, alicates imundos. Fios, sacos plásticos e enredos absurdos. Se já não bastasse a situação, ainda era vítima de sua mente derrotada, que fabricava torturas. Ele sabia que não agüentaria por muito mais tempo. Confessaria tudo aquilo que nem mesmo sabia. Qualquer aumentativo de dor era pinto perto do que sentia. Tava na cara que não seria resgatado com vida.
perdeu, seu filho da puta! Perdeu! Seu algoz, excitado, lhe metia a porrada e gritava sem parar. Era o fim. Caiu para o lado e quebrou-se todo no chão.
- Manhêeee! O Paulinho quebrou o enfeite da mesa, disse o irmão invejoso.
E a mãe, com seu discurso de mãe, disparou os olhos na direção do garoto.
- desgraçado! Foi presente da sua avó. Vem cá que eu vou arrancar sua orelha!
O garoto saiu correndo para o quintal, subiu na mangueira e ficou por lá até a hora do seu pai chegar. A mãe, enlouquecida, ainda berrou:
- Que brincadeira de mau gosto...uma molecagem!



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REBORDOSA

Acendeu o cigarro pelo lado do filtro. Ignorou o equívoco e o aviso estampado no maço. Arrancou a parte queimada e cuspiu fogo até o último trago. O ontem já era passado. E ele não tinha ideia de como havia chegado naquele buraco. Vasculhou apressado o bolso da calça. Revirou a carteira em busca de alguma pista que pudesse levá-lo de volta ao início. Nem mesmo a identidade ele encontrara. Mas tudo lhe parecia tão familiar e apesar de não ter a menor noção do que acontecia, tinha a plena certeza de que algo se repetia. O buraco. O maldito buraco. Iluminou com o isqueiro e seguiu direção adentro. Não enxergava mais que o máximo possível oferecido pela chama que segurava. O terreno era arenoso, úmido e fétido. E como não podia faltar em uma descrição pretensamente horripilante, morcegos sobrevoavam ao seu redor, baratas rastejavam pelas paredes, em fila, enlouquecidas com o calor que ele exalava de seu corpo. E ratos. Ratos pulavam de um lado ao outro, como se festejassem em um ritual a vinda de uma próxima refeição. O que mais poderia lhe acontecer diante daquele cenário de filme B? Quanto mais ele avançava, mais apertado o caminho ficava. A chama do isqueiro enfraquecia e ele já não sabia se deveria ter avançado. A cada passo que ele dava aumentava o cheiro da podridão. De repente, distante, ele ouve ruídos. Algo ainda inexplicável. Ele acelera os seus passos inseguros, e um clarão repentino interrompe o seu caminhar. Vozes, música, gritos e a imensa escuridão novamente tomam conta do seu horizonte. O que poderia ser? Como um louco Quixote ele avança e se depara com um tubo enorme, um caminho em direção ao céu. O isqueiro se apaga de vez. Ele olha para cima e percebe que lá do alto existe uma entrada. Ou uma saída definitiva daquele buraco perdido. Como um calango desengonçado, ele se agarra nas frestas do tubo e se arrasta sem jeito para o alto. Mete a cabeça com força na tampa que o separa de todo o mistério. Para a sua surpresa, ele sai de dentro de uma privada, em um banheiro imundo. Ele abre a porta e dá de cara com um boteco lotado, uma roda de samba anima a multidão na calçada. Ele respira, aliviado. Ajeita o penteado. E vai em direção ao balcão.
- mais uma dose? O garçom pergunta.
- é claro, é claro que eu to afim.


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O DESGASTE DO TEMPO NOS DENTES

Foi avisado pelo dente caído. Acordou engasgado com o molar enfraquecido na beira do abismo. Levantou num susto e cuspiu a pedra de moinho para o outro lado do quarto. O tempo acabara de marcar mais um ato. Enxugou a testa, preocupado. Caminhou aos tropeços, ainda com tosse, e abriu a janela. A madrugada continuava intacta. Mó era um sujeito pacato, que ao longo dos seus 55 anos já não insistia em superstições. Carregava as certezas nas costas pesadas e na pele amassada. Vivia só. Filho bastardo, distante de todos os outros, que aos recados, sempre se mantinham muito ocupados. Nunca havia casado, não tinha amizades e apenas cumprimentava de volta, sem amenidades. Contava os dias e os fracassos, como nas fábricas. E depois da queda do último dente, começaria a contar tudo de novo até a próxima desgraça. Lá fora, a chuva inaugurava a hora. Cuspiu um pouco de sangue e fechou a janela. Alcançou uma garrafa de vodka em cima do armário, com a intenção de assepsia, ou talvez ironia. Voltou para a cama e sentou-se de frente para o calendário. E bebeu ao passado. Varou os restos da madrugada com sua imagem desbotada na lembrança. Não assumiu nenhuma culpa. O desgaste do tempo estava evidente demais na ausência de seus fracos dentes. Com a garrafa pela metade e completamente insone, ouviu com os olhos chapados o ensurdecedor disparo do despertador. Dirigiu-se ao banheiro, sem pressa, como um ponteiro preciso e certo da próxima rodada, colocou a piroca para fora e esperou a mijada encostado. Encarou sua imagem no fundo da privada e chorou. Molhou o rosto e o cabelo. Vestiu a roupa pendurada atrás da porta. Apanhou a navalha preparada na pia, bebeu mais um gole e cortou-se. Os pulsos, os braços, o rosto. As orelhas, as pernas e o dorso. Um tremendo desastre. Ficou plantado de frente para o espelho, sorrindo. Percebeu. Seu corpo. Enfraquecer aos poucos. E em meio aos esguichos de sangue que jorravam por todos os lados, deixou nas paredes do banheiro o seu último recado.
- E agora?
Acabara de encerrar o espetáculo.


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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER?

Hoje recebi um balaço na cara. Uma colega de turma me perguntou:
- você quer ser professor?
Respondi meio sem jeito, impotente perante os fatos, perante a vida e a minha cabeça vazia, apesar de tanto pensar:
- é... vou passar por isso sim...não sei o que vai ser, mas com certeza vou passar por isso.
Foi mais ou menos assim. Completamente sem saber de pôrra alguma. Eu não sei o que vai ser quando me formar. Falta apenas um semestre. Sei que no próximo ano o estado realizará um concurso público. Por enquanto, não vejo outra possibilidade. Não tô com a menor vontade de fazer teatro aqui em Boa Vista. Hoje. Preciso de um bom tempo distante do trabalho coletivo do teatro. Não que não goste do coletivo, mas o que rola por aqui não chega nem perto do conceito de coletividade que aprendi. Por outro lado, me assusta a possibilidade de ser professor de Português e Literatura. Não planejei isso em momento algum de minha vida, aliás, planejar nunca foi mesmo o meu forte. O fato é que aconteceu. E agora, José? Dorme com um barulho desse. A vida é muito maluca. Ou eu não me enquadro nessa ordem que ela propõe. Tem vezes que me dá a sensação de estar dentro de uma caixa com vários buracos ou como um suculento pedaço de queijo. E a cada tentativa de fuga, um buraco se fecha. E não existem muitos. Essa é uma sensação que me acompanha faz anos. Preciso escrever mais sobre isso. Vou jantar fora hoje.


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MÁQUINA DO TEMPO

Ontem eu soube na aula de natação (podem acreditar eu nado) que no próximo domingo haverá competição. Confesso que fiquei empolgado com a possibilidade de participar. Sou um insistente. Um verdadeiro chato. Tenho quatro aulas por semana, mas vivo na ausência. O professor nem me leva mais a sério e não dá pra reclamar dele, sou um verdadeiro turista. Tento cumprir todas as sequências que ele me passa, mas é claro que tem vezes que eu enrolo. O cara sabe que enrolo e nem faz mais questão de discordar. Apenas sorri. Deve sair por aí dizendo pra todo mundo:
- esse cara é café com leite...
O fato é que me empolguei com o evento de domingo e desde ontem decidi não enrolar mais. Hoje fiz toda a minha série. Nadei 1.200 metros. Podem até não achar muito, mas pra quem tá sem fumar desde a quinta passada... não é mole não. Parar de fumar é tarefa enlouquecedora. Sim, é de enlouquecer. Ainda mais quando eu não tô nem um pouco com vontade de parar. Mas a saúde não tá lá grandes coisas, taxas disso e daquilo bem altas, 42 anos, enfim, no mínimo preciso dar uma boa aliviada no intuito de passar a perna na tragédia. Ou pelo menos ficar melhor na fita. O garoto que faz parte da organização da competição me explicou tudo. E só faltou me chamar de tio.
- olha, vai ter um grupo assim como o senhor... o senhor vai competir com outros (nesse momento ele procurou palavras, juro que procurou!), com outros assim... pode deixar que o senhor não vai nadar com os moleques de 15 anos.
Aí eu pensei:
- Pôrra! Era tudo o que eu queria! Os moleques de 15 anos! Seria a minha melhor justificativa no caso de derrota.
Bom, quem não perde pros moleques de 15 anos? Até mesmo os outros moleques de 15 anos...
Hoje, quando voltava da natação, me lembrei de quando era mais jovem e nadava. Quando tinha meus 14 ou 15. Adorava apostar corrida na piscina com os outros moleques. E ninguém me vencia. Eu parecia não precisar de ar. Mergulhava na água e disparava para o outro lado como um míssel endiabrado. Era divertido. Acho que fiquei tão animado com a competição após essa lembrança. Talvez pense que no exato momento em que mergulhar naquela piscina pra competir, ela possa se transformar em uma máquina do tempo, e que durante os 50 metros necessários, eu possa estar bem distante daqui.

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MAIS DISTANTE

Tem horas em que até acredito que vale muito a pena viver. Tem horas em que consigo sentir um alívio, e isso sempre acontece quando percebo estar percebendo tudo a minha volta. É uma sensação muito estranha. Já se sentiu assim? Não tenho nenhuma vontade persistente. Não me sinto obssessivo. Não tenho vários pensamentos ao mesmo tempo martelando a minha cabeça. E posso confessar que isso foge completamente do meu habitual. É esquisito. Percebo até a minha respiração! É como se eu estivesse me observando por fora do meu corpo. Cada detalhe. Consigo nesses momentos diferenciar os barulhos que ouço, os gostos, percebo os odores e até mesmo a merda dos meus cães não me incomodam. Sinto o cheiro dos restos sem qualquer objeção. E isso é muito perturbador, embora eu esteja tranquilo. Não tô com pressa. E nem sei dizer de cabeça qual é o dia do mês. O que ontem era aflição, hoje está esquecido.
- ainda tô vivo... E quando essa maldita afirmação me vem a mente, nessas horas penso em vidaemmorteempassadopresentefuturo, penso em tudo aquilo que poderia estar ocupando a minha mente nesse exato instante e aí...
- fudeu tudo! A calmaria desaparece em um p scar de ol os e a vida passa a não valer nem mesmo um mísero trocado, pois é breve demais, é cruel demais, é exigente demais! E eu me sinto cada dia mais distante de mim.

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

É SÓ A PARADINHA DO CAFÉ

Eu acredito em inferno astral. Eu acredito num monte de coisas que eu não tenho a mínima certeza de que existem. Pôrra, eu acredito em mim! Embora, muitas vezes, tomo algumas decisões inacreditáveis na minha vida. Desde o final de julho desse ano minha vida tem sido um inferno. Parece que quando chega essa época, todos os anos, uns mais do que outros e esse ano que relato foi foda, minha cabeça não pára de girar. Não consigo encaixar as ideias. Penso que tá tudo errado. Que não tem a menor graça levar a vida desse jeito e coisa e tal, ou seja, crise total! Crise? Ah! Crise é coisa de gente fresca. É a vida cobrando as promisórias, isso sim, me enfurnando dentro de uma caixa com espelhos pra todos os lados. Esse ano cheguei no limite de algumas coisas. Tô um pouco de saco cheio de gente, na verdade, de gente que não me acrescenta pôrra nenhuma. Que só fica mamando meu sangue. Tô cansado do coletivo e sinto que preciso de um tempo. Colocar as ideias em ordem. Avançar com meus projetos pessoais. Tô com saudade de sentir aquele puta prazer que me interrompe o sono de madrugada, que é egoísta, que insiste em se manter sozinho em meu pensamento, sem dar chances pras outras coisas que possam surgir. Tô com saudade da intensidade insana da vida. Decidi dar um tempo, de pelo menos um ano nessa história de trabalho coletivo. E falo aqui de teatro, lógico. Fundei uma Companhia de teatro em Boa Vista, a Cia. do Lavrado,em 2005. São seis anos de existência intensa. De insistência extensa. E desde 2009, percebo que o trabalho de grupo mesmo, não existe mais. Não do jeito que eu quero. E foda-se! Se falo aqui da minha vida, só pode ser do jeito que eu quero. As pessoas tem outros interesses. O teatro não pulsa como necessidade na vida delas. É apenas um lance, que as vezes rola uma grana, algumas viagens e só. O povo aqui em Roraima não aprofunda. É tudo muito superficial. E isso acontece em outros segmentos também. É como sempre falei, preciso me divertir, sentir prazer em fazer o que faço, de outro modo, é melhor interromper o processo. Tenho dois projetos de teatro engavetados. Pra apenas um ator. Então, vou me dar um ano de investigação nessas minhas propostas e talvez eu consiga sentir novamente prazer em fazer teatro. Fazer do meu jeito, que não é certo e nem errado, é apenas o meu. E como o teatro na minha vida sempre foi e sempre será ingrediente indispensável no meu desenvolvimento como ser humano, vou mergulhar de cabeça dentro de mim.



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ESTÁGIO

Não apareço por aqui desde 06/10. Mas continuo com a escrita em dia, quer dizer, não páro de escrever. É necessário, é sem controle, simplesmente escrevo. Tem vezes que fico alguns dia em branco. Mas ultimamente tenho escrito no meu velho caderno. É outro trabalho. Sempre quando sinto minha vida confusa demais, veja bem, minha vida sempre foi muito confusa, mas tem vezes que a parada fica completamente sem noção, aí o jeito é sacar o caderno e o lápis e carregá-los para todo o canto. Quando eu frequentava o NA, há alguns anos atrás, o povo dizia que quando não tá muito legal, a solução é arrumar algo em que se ocupar. E as sugestões eram incríveis, desde limpar o quintal, até desarrumar o armário e arrumá-lo novamente. Eu escrevo. Quando tô bem e quando não tô. Vou acumulando histórias, ideias, pensamentos e poemas. Eles ficam gritando dentro do computador, nos cadernos espalhados pela casa, nos pedaços de guardanapos de bar, é uma puta doideira. Mas é bom demais. Tô no período de estágio na UFRR, e montei uma oficina de Gêneros Literários pra uma turma de 1º ano. Percebo a importância da produção de textos na escola, mas a leitura é primordial. A leitura é o que dispara tudo. Conversei com alguns alunos e a maioria me disse que lê pouquíssimo. O que não é nenhuma novidade. Mas na minha época eu também não lia, aliás, comecei a ler de verdade só em 1996, na escola de teatro. O fato é que voltei pra casa com um pensamento martelando minha cabeça, - como fazer pra tornar mais atrativo a leitura na escola? Na verdade como fazer pra colocar na cabeça desses jovens o quanto é maravilhoso ler e escrever? E a resposta tá na minha vida. Vai acontecer com eles, se eles se permitirem, de outro jeito não rola. É igual ao cara que usa muita droga, que já interfere em tudo em sua vida, não dá pra convencer o cara do contrário. Ele só vai mudar se quiser. Nos tempos de colégio tive ótimos professores que me incentivaram à leitura, mas na época não rolou. Mas saca só, será que aquela ideia colocada na minha cabeça não germinou muitos anos depois? Vai saber. Então, o lance é persistir. Amanhã vou pra sala de aula. E vou persistir. Sem me preocupar com resultados imediatos. Sem controlar essas merdas de que não tenho o mínimo de controle. Simplesmente vou deixar rolar, fazer a minha parte e torcer para que em algum dia da vidas desses alunos eles despertem para o mundo maravilhoso da leitura. E da escrita.




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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

PROSTITUTA

NEM QUE EU ESTIVESSE AFIM DE SORRIR

SE LATIR FOSSE ALGO MAIS EXCITANTE

SE PERDER FIZESSE PARTE DO PLANO

EU AINDA SOBRARIA EM RESTOS

INSISTIRIA COMO UM VELHO BEBUM INQUIETO

QUE ACREDITA NA vIRGEM mARIA

SUA VIZINHA TARADA DE PRÉDIO


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GENTE

EU ME IDENTIFICO COM OS BÊBADOS


COM OS SOLITÁRIOS


COM OS MAL AMADOS


COM TODOS QUE NÃO TEM A MENOR CHANCE DE NADA


EU ME IDENTIFICO COM OS PERDIDOS


COM OS ESQUISITOS


COM OS DESLOCADOS


EU ME IDENTIFICO COM TUDO AO CONTRÁRIO


COM NOSSOS RESTOS HILÁRIOS


COM AS ALMAS PENDENTES


E TUDO, QUE NA BOA?


TÁ DO LADO AUSENTE


EU ME IDENTIFICO É COM GENTE


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SEM SAÍDA

ah! se tivesse algum plano

me transformava em humano

e sairia às 2 da matina

bem pra longe da rotina



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DISTRAÍDO



fiz. sei bem ao certo. fiz.
nem fui discreto. e fiz.
não posso enganar o tempo.
fiz é passado.
fiz é tudo que jamais retorna
é abstrato.


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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

NÃO TEM MOLEZA!



JOICE LEÓ
FOTO: ORIB ZIEDSON

No último fim de semana encerrou a temporada do espetáculo APENAS UM BLUES E UMA PAREDE PICHADA. Pelo menos por enquanto, pois a meta é continuar com esse trabalho e realizar algumas apresentações no próximo ano. Nada de temporada longa. Pensamos em um fim de semana de dois em dois meses, algo assim, de acordo com a possibilidade de pauta. Vamos levar, também, para espaços alternativos, como o auditório de faculdades e escolas estaduais. Dá pra rolar. E para essa outra etapa de nosso projeto, modificamos o cenário. Os caixões foram substituídos por outras peças mais leves, que dão o mesmo sentido do cenário original, e com menos peso e apenas cinco peças no total. Essa nova proposta de cenário já havia sido planejada durante as últimas apresentações, pois desde o início tínhamos como meta levar esse trabalho para outros estados. Bom, estamos no caminho, fomos selecionados para participarmos da 8ª edição do FESTIVAL DE TEATRO DA AMAZÔNIA, que se realizará no período de 07 à 16/10, na cidade de Manaus/AM. A nossa apresentação será dia 13/10, às 20h. Esse será meu 2º texto apresentado em Manaus. Na 1ª edição do Festival de Teatro da Amazônia, em 2004, apresentei O ÚLTIMO DIA, no Teatro Gebes Medeiros. Guardo ótimas lembranças desse episódio. E agora, APENAS UM BLUES E UMA PAREDE PICHADA, que é um outro drama. Bom, ouvi algumas pessoas dizerem que o povo não tá muito afim de assistir dramas. Que a vida já é um puta drama, essas coisas, mas olha, só lamento. Faço teatro. Sei que é foda produzir um trabalho com o maior cuidado, durante três meses e não ter público maior que 50 pessoas. Faz parte. Mesmo que seja doloroso, faz parte. Doloroso no sentido de perceber que Boa Vista ainda está muito loge de ser uma capital consumidora de arte. Que a cultura local é por demais direcionada às manifestações de grande massa. Bom, posso falar um monte aqui, mas o fato é que vamos continuar. Sempre. Vamos tentar manter nosso espetáculo em cartaz e vamos partir para outro projeto. É isso. Não tem nada de moleza nessa parada.



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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

BARRADO NO BAILE

MEUS CACHORROS SÃO CRUEIS
FAZEM A MAIOR FESTA!
MAS QUANDO CHEGO PERTO DE SUA CASA
ROSNAM
A PARADA É PARTICULAR...
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IGNORANTES

TE GENTE QUE ME IGNORA.
COITADOS...
JÁ FAÇO ISSO FAZ HORAS!
TENHO A BRILHANTE CAPACIDADE DE ME DEIXAR
DE ME ESQUECER
DE ME PERMITIR DESAPARECER
SEM QUALQUER EXPLICAÇÃO
SEM QUALQUER COMPLEXO DE REJEIÇÃO
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ME SOBRAM


PÁGINA EM BRANCO MAIS FILHA DA PUTA!
RABISCO TUDO, DE REVOLTA.
MAS AINDA ME SOBRAM ESPAÇOS.

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W.O.

E A NOITE CHEGOU IMPLACÁVEL...
OS FANTASMAS ME ASSOMBRAM
POR TODOS OS LADOS
ACENDO UM CIGARRO, DE RAIVA
ODEIAM TABACO
EMPURRO OUTRO GOLE, NA MARRA
ODEIAM MEU BAFO
DETESTAM ME VENCER POR W.O.


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EXPOSTO A MORDIDAS FATAIS

MEUS CACHORROS ME AMAM.
ELES NEM SABEM...


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ACORDA!

AMIGO, É TUDO A MAIOR FALSIDADE!
AMIGO?
ACORDA...


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E AÌ?

AS PERGUNTAS SÃO MASSA!
MASSA QUE SUFOCA
MASSA QUE ENTERRA
MASSA QUE TRANSBORDA
E NÃO ME DEIXA ENTENDER
ABSOLUTAMENTE DE NADA


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OS DIAS PASSAM SEM ME CONSULTAR

ISSO É MAIS PRA MIM
NÃO TEM NADA COM AQUILO
OU COM OUTRA COISA QUALQUER
É ASSIM!


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VIVO

hoje eu precisava disso
com o detefon nas mãos
decido quem morre ou quem vive
vivo



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LIMITES


ah! como gosto de testar meus limites
no final das contas
sempre me encontro jogado no canto do quarto
parado, vencido, esquecido

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terça-feira, 13 de setembro de 2011

FODA-SE

passo os dias empurrando alguns pensamentos insanos
quer dizer, aqueles que me revelam de fato
tudo que evito diante de outros
a parte mais sensata de mim
fujo como um cão vadio da carrocinha cruel
não quero virar sabão e não quero ter razão
foda-se!
simplesmente, foda-se!





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E O PROCESSO CONTINUA...




FOTO: ORIB ZIEDSON




Semana que vem é o último fim de semana da temporada de APENAS UM BLUES E UMA PAREDE PICHADA. Pelo menos, por enquanto. Esse processo de trabalho tem sido muito gratificante. Olha, é o segundo drama que a Cia. do Lavrado apresenta em Boa Vista. Em seis anos de trabalho, esse é o terceiro espetáculo que fazemos em palco. O 1º foi O PASTELÃO E A TORTA, em 2005, uma farsa, espetáculo de estreia da Companhia. Em 2008, experimentamos um texto do dramaturgo Mário Bortolotto, de Londrina, HOMENS, SANTOS E DESERTORES. Fizemos na nossa sede, um espaço alternativo e depois no Teatro do SESC Mecejena. Foi massa. Na nossa sede, espaço para, no máximo, 40 pessoas, conseguimos manter um público interessante. Nos três últimos fins de semana era bem pouca gente. Se tratava de um drama. Bom, resolvemos fazer outro drama em 2011. É isso, estamos sempre nas ruas, com farsas, que são engraçadas e o público já está lá, e chegou o momento de investirmos em um novo drama. O público de teatro de palco em Boa Vista se mostra mais atraente para comédias, que falam de relações sexuais, paus e bucetas. E também para o teatro infantil, pois não temos nenhuma oferta para as crianças. Só o cinema. Agora, drama? Bem, Estamos em uma temporada de 12 apresentações e não tivemos o teatro por nem mesmo um dia cheio. Mas é o nosso papel. A formação de platéia é lenta. Um processo que não podemos muito contar com outros grupos aqui do estado, pois pouco produzem, principalmente depois dessa onda de Ponto de Cultura. Enfim, percebo que a bagaça por aqui não é nada fácil. Mas vamos em frente. Vamos nos concentrar no nosso crescimento como grupo e como indivíduos que atuam no grupo. Dei sorte de pegar um grupo nesse processo que tá muito afim de crescer. Todo fim de semana conseguimos ensaiar o espetáculo e trabalhar alterações, coisa muito difícil por aqui, pois o povo acha que depois que estreia não precisa fazer mais nada. Os amigos têm comparecido. O povo de teatro também. Não posso reclamar, tivemos a presença de pessoas do Grupo Malandro é o Gato, das Serpentes, do Criart Teatral e do Arteatro. Os jornalistas continuam se esquivando. Vi poucos nesse espetáculo e nem mesmo os estudantes de Comunicação, que mais tarde farão as matérias sobre teatro. É bom o povo se acostumar, ir vendo como é, para depois não falar besteira, como uns e outros por aqui. Com isso, encerraremos essa parte da temporada na semana que vem. Tá bom demais. Não posso reclamar. Esse texto já foi premiado duas vezes. Uma vez, na Bolsa de Estímulo a Criaão Artística - Dramaturgia, em 2o08 e a outra no Edital Microprojetos da Amazônia Legal. É um texto sortudo. Bom, vamos em frente. Colocamos no Festival de Teatro da Amazônia e nos inscrevemos, também, para o Amazônia das Artes. Mas esse do SESC, dependemos dos funcionários que trabalham na Cultura do SESC, eles é quem irão nos defender, mas até agora, somente um funcionário foi nos assistir. É uma pena. É uma pena que não temos pessoas realmenete interessadas em cultura, na cultura do SESC. Mas é sempre assim, quando mais precisamos ficamos na mão. Vamos ver se queimo a minha língua no próximo fim de semana. O último. Tô torcendo pra queimá-la. Pode acreditar.











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PRONTO





TEM VEZES...


QUE FICO DIANTE DA MALDITA FOLHA EM BRANCO


ELA SUFOCA, COBRA, ME DEIXA SEM FALA


ELA BERRA, APONTA, PROVOCA


DEPOIS DE TANTO SOFRER


SEGURO O LÁPIS, PESADO, E PONTO.





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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

IN... OUT....

tem gente que não curte o mundo virtual. não se enquadram. resistem. são pessoas controladoras. querem tudo do jeito delas. Mas no virtual, não tem jeito. é verdade. é mentira. é quase fantástico, não acha? mais se você tentar fugir do padrão, no fundo, tá é procurando a sua vaga cativa. o seu lugar dentro dessa ideia de liberdade vigiada. e se apertar o enter, já era. tá fudido! já foi. registrou. e nem Deus pode resgatar a sua alma complicada. conecte-se por inteiro. seja in. ou então, out.


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terça-feira, 30 de agosto de 2011

MEUS CACHORROS FUGIRAM!

meus cachorros fugiram


abortaram a missão


decretaram a revolta no quintal


dois, se tocaram que a comida é boa


um, ficou no monte de areia


bem em frente de casa, refletindo as possibilidades...


o outro, esse deu trabalho...


perambulou pelo bairro


cruzou a fronteira


cansou das cachorras da rua


e caiu nos meus braços preocupados


preciso cuidar mais dos meus comparsas




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É JÁ!

inferno astral desgraçado

essa pôrra existe

eu faço que insiste todos os anos

sempre a mesma merda...

sofrer... sofrer... por nada significante

pelos 42

não dá mais pra ficar de conversinha, não acha?

é já!

mas tô ligado nos rituais

e em todas as crendices possíveis

em tudo aquilo que tento não fazer parte

mas que me engole a cada tentativa frustrante

tô próximo

bem próximo de continuar sem qualquer explicação



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O QUE FOI QUE VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU?

Como tá me fazendo bem a temporada de APENAS UM BLUES E UMA PAREDE PICHADA. Eu escrevo textos pra teatro desde 2000. Tenho 12 textos teatrais. Já consegui colocar em cartaz dois deles, quer dizer, se for contar os textos que escrevi e adaptei pra Cia. do Lavrado... E é assim mesmo. O tempo não pára, né Cazuza? Vou com calma, experimentando. Como tenho questionado meus valores ultimamente. O teatro me proporciona isso. Crescimento. Bom, o teatro acontece em cena, e fora de cena ele tem o poder de tumultuar todos os meus pensamentos. Tava conversando com um amigo hoje, na UFRR, e ele me disse que tá doido pra zarpar daqui. Que precisa ver outras coisas. Iniciei meu questionamento e ele disse logo, - você veio de um grande centro, Marcelo, já viu um monte de coisas... ele não me falou com essas palavras, mas foi isso que disse. - eu preciso ir embora, preciso de outras informações. Tô estagnado aqui. Concordei com ele. É verdade. É necessário absorver outras infromações, outras culturas, outros ritmos de encarar a mesma coisa. Falo da vida. Depois fui embora e refleti o dia inteiro sobre isso. Olha, o mundo tá aí. Não importa a Região em que eu esteja, o mundo vai ser sempre o mesmo. As pessoas têm medo do novo. Sempre foi assim e sempre será. É mais conveniente negar outras influências, dizer que fulano e ciclano são antipáticos e que não merecem espaço. Na boa? Caguei pra essa pôrra toda. Quando um grupo de pessoas fazem isso, elas automaticamente dão o maior tiro no pé. Isso mesmo, querem proteger a cultura local, mas se esquecem que o local é formado por diversas etnias, como eles gostam de dizer. A diversidade se impõe, mesmo quando alguns insistem em negar muitos outros. O tiro no pé tá justamente aí. O que é legal aqui, só pode vir das pessoas da terra. Daqueles que insistem em cuspir na cara dos outros que são descendentes. Ou que moram aqui há pelo menos 20 anos. Que intolerância desegraçada. Digo isso, porque moro numa cidade extremamente excludente, principalmente no que diz respeito às manifestações artísticas. Quem faz arte por aqui, não vai ver o trabalho dos outros. Preferem os poucos e sempre os mesmos participantes, os parentes, ao invés de incentivar, valorizar, e promover o que é produzido aqui. Na verdade, o que é produzido aqui é uma questão invisível, pois se você não faz parte do grupinho, de merdas que se acham os donos do pedaço, você não presta. O legal de tudo isso é que cresço direto com essas idiotices. Olha, não penso em ir embora de Roraima. E continuo em busca da minha identidade por aqui, não essa que querem me impor, que insistem em me padronizar. Busco através de meu trabalho o diálogo sincero com a terra que escolhi pra morar. Talvez aí esteja o ponto nevrálgico de tanta exclusão. Estou aqui porque escolhi estar. Não nasci aqui. Não estou preso. Eu vim pra cá porque eu quis, aliás, continuo aqui por livre e expontânea vontade. Sei, também entendo, isso não é pra qualquer um. Aí ouço aquele discurso medíocre, - de onde você veio tu era um merda! Mas meu amigo, se você não tá satisfeito com sua trajetória de vida, então viva! E deixe o restante viver. O resto, sabe? Aqueles que você pensa que não fazem a diferença. Enquanto isso eu sigo. Sem torcidas, sem amigos enfurnados em minha carteira e muito menos babando aquela mísera influência que eu penso ter, mas que nunca tive de verdade. Deve ser muito doloroso não estar com os holofotes apontados em sua direção. Semana que vem tem espetáculo. Vamos fazer nova gravação. Gravamos a estreia, mas pegamos pesado, o trabalho não tava com uma nota bacana. Estreia, o espetáculo apenas mostrou a sua cabeça, mas nascer mesmo, tá em processo, ainda. E isso é o que me da o maior prazer. Então, é isso, pros que vão embora, que encontrem o seu caminho. E pros que ficam aqui, estamos no mesmo caminho. O que foi que você ainda não entendeu?

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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

LET'S GO!

Realmente o Teatro é vivo. Acabo de colocar mais uma música no espetáculo. Tem uma cena em que a Free narra a decepção de ver um quadro seu na lata de lixo da rua. É essa aí...

- Uma vez, cheguei da escola e vi um quadro meu na lata de lixo da rua. Já tava todo manchado de cerveja. Só podia ser um recado, sabe, - aí, segue a tua obra. Apelou, Black. Fui no esconderijo das latas de tinta. Peguei dois sprays. Vermelho Sangue e Amarelo Van Gogh. Tava sozinha. (Free picha toda a 4ª parede) Pichei tudo dentro de casa. Tudo! (ela olha orgulhosa de sua obra) Meu pai quase bateu o pino quando descobriu a identidade do pichador. Agora você entende porque eu não posso voltar mais pra lá? (faz referência aos desenhos) Tá vendo aqui? Eles acham que isso é maluquice! Quem são eles pra arriscarem definições de maluquice? Louco é aquele que faz o que o outro é louco pra fazer e não faz? Então eu sou muito louca, sim! (bate com as duas latas de spray).
Eu sempre achei que faltava alguma coisa nessa cena, já até tinha imaginado uma música, mas agora, relendo o texto, vendo o vídeo, a música impôs a sua presença na parada. É Ramones. Lógico, é uma banda referência dela na peça. É isso. Let's Go!



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O AVESSO DO ESPELHO


como estou cansado dos meus atuais pensamentos tá na hora de ler um livro obsceno uma bula de remédio controlado já me quebraria o maior galho ou uma história de horror que desfigurasse a minha imagem do outro lado é que estão as verdades do outro lado é que existe o fantástico


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É TUDO TÃO CONTRADITÓRIO, NÃO ACHA?

JOICE LEÓ


FOTO: ORIB ZIEDSON





A temporada do espetáculo APENAS UM BLUES E UMA PAREDE PICHADA tem me surpreendido bastante. Esse é o terceiro projeto teatral de palco que a Cia. do Lavrado apresenta em seus seis anos de existência. Fizemos nossa estreia com O Pastelão e a Torta, em 2005 e Homens, Santos e Desertores, em 2008.
Ano passado, fomos convidados pelo Grupo Malandro é o Gato para a produção de Se Meu Ponto G Falasse, no qual fiz a Direção e a Trilha Sonora, a Graziela Camilo e o Renato Barbosa, ambos da Cia. do Lavrado, trabalharam como Atriz e Desenho de Luz, respectivamente.
Esse ano, decidimos encarar um drama. Colocamos em cena conflitos atuais quer dizer, ainda atuais, e percebemos de cara a resistência da sociedade em discutir certos conflitos.
Bom, o fio condutor dramático do espetáculo é o suicídio entre jovens. É a partir deste assunto que abordamos outras questões e que na verdade, são as que mais aparecem no nosso trabalho, como: gravidez não planejada, dificuldade na relação familiar, bullying, uso abusivo de álcool, cigarro e outras drogas, sexualidade e os rótulos sociais, enfim, é uma peça realista.
Percebemos até agora, que o público de Boa Vista não tá muito interessado em discutir essas questões e essa avaliação não é negativa, muito pelo contrário. É uma resposta imediata e significativa para o que estamos nos propondo. Embora o sucesso nos pareça sempre maior quando a casa está lotada. O que não é fato. Nem tudo que enche é de boa qualidade e nem tudo que tá vazio é uma merda. Digo isso pelo exemplo do teatro, dos shows de música regional, dos espetáculos de dança (que praticamente não existem no estado, a não ser em encerramento de curso), das exposições, dos cinemas gratuitos, enfim, podemos discutir muito mais sobre isso.
Em 2008, quando colocamos em cartaz o espetáculo Homens, Santos e Desertores tivemos uma média baixíssima de público. Era outro espetáculo realista, com conflitos existenciais e urbanos. Quem compareceu, curtiu e muito, até mesmo porque o texto de Mário Bortolotto é porrada na cara. É lindo.
Como sempre fazemos e assim acreditamos ser o nosso papel, colocamos novamente um drama em cartaz, mexemos na ferida de muita gente, na verdade de todos nós, pois todos temos feridas expostas. Tratamos daquilo que as pessoas evitam discutir dentro de sua própria casa. E é dessa forma que as relações interpessoais se desgastam. A falta do diálogo.


Cobramos um ingresso que acreditamos ser justo, R$ 14,00 e R$ 7,00, pois se nós não nos valorizarmos, então... mas aqui em Boa Vista o assistencialismo ainda impera, é cultural e vai demorar para modificarmos esse quadro. As pessoas ainda querem consumir arte só se for de graça ou bem baratinho. Bom, muitos artistas ainda seguem esse padrão, não contribuem em nada para que tal mudança aconteça. Não acreditam no que fazem. Pedem ajuda ao invés de firmarem parcerias. Acreditamos em uma temporada com 12 apresentações, que nos desse a oportunidade de vermos nosso trabalho nascer de verdade, pois a maioria dos espetáculos aqui de Boa Vista nem chegam a nascer. E falo da gente também, pois quando ensaiamos três meses e fazemos apenas 6 apresentações, como foi o caso de ABSURDÓPOLIS, QUE NOS PERDOE ARISTÓFANES, em 2009, que montamos com recursos próprios, sem dúvida alguma que matamos nosso trabalho antes mesmo dele nascer. É o preço que pagamos por depender demais dos editais e quando não conseguimos aprovar nenhum projeto, morremos na praia. No momento, estamos fazendo a nossa parte. Falando daquilo que acreditamos ser necessário. E com dramaturgia própria!
A formação de público em qualquer lugar do país é algo extremamente complexo. As pessoas não tem o hábito de consumir arte como algo necessário para a sua existência, a maior parte da população pensa apenas no entretenimento. Quem faz parte da Cia. do Lavrado ou já fez já conhece o nosso discurso por aqui, quem quer fazer teatro precisa ir ao teatro, aos shows, exposições, a todas as formas possíveis de arte que existem no nosso estado. Precisa ler mais o mundo a sua volta.
Com tudo isso, chegamos na metade da temporada. No último fim de semana foi um outro espetáculo. E na próxima semana será outro. Novos pontos de vistas para discutirmos e assim o teatro segue, cada vez mais vivo e provocativo. E lendo Denise Stoklos na semana passada, continuo com a questão: Pra que um cenário belíssimo, um figurino novíssimo, cheios de coloridos, a conta bancária gorda dos editais, se quando eu faço teatro, veja bem, quando(?) eu faço, o que faço não diz nada? Morro de medo de me tornar um medíocre. E será que não sou um? Como diz a personagem FREE, em Apenas um Blues... - É TUDO TÃO CONTRADITÓRIO, NÃO ACHA?







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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ESSE FIM DE SEMANA FOI BOM DEMAIS!




























Fotos do espetáculo. Todas do ORIB ZIEDSON. O cara é bom demais. Fotografa os espetáculos da Cia. do Lavrado desde... sei lá... acho que 2007. A luz do Renato Barbosa também ficou boa pra caralho, né Orib?