quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER?

Hoje recebi um balaço na cara. Uma colega de turma me perguntou:
- você quer ser professor?
Respondi meio sem jeito, impotente perante os fatos, perante a vida e a minha cabeça vazia, apesar de tanto pensar:
- é... vou passar por isso sim...não sei o que vai ser, mas com certeza vou passar por isso.
Foi mais ou menos assim. Completamente sem saber de pôrra alguma. Eu não sei o que vai ser quando me formar. Falta apenas um semestre. Sei que no próximo ano o estado realizará um concurso público. Por enquanto, não vejo outra possibilidade. Não tô com a menor vontade de fazer teatro aqui em Boa Vista. Hoje. Preciso de um bom tempo distante do trabalho coletivo do teatro. Não que não goste do coletivo, mas o que rola por aqui não chega nem perto do conceito de coletividade que aprendi. Por outro lado, me assusta a possibilidade de ser professor de Português e Literatura. Não planejei isso em momento algum de minha vida, aliás, planejar nunca foi mesmo o meu forte. O fato é que aconteceu. E agora, José? Dorme com um barulho desse. A vida é muito maluca. Ou eu não me enquadro nessa ordem que ela propõe. Tem vezes que me dá a sensação de estar dentro de uma caixa com vários buracos ou como um suculento pedaço de queijo. E a cada tentativa de fuga, um buraco se fecha. E não existem muitos. Essa é uma sensação que me acompanha faz anos. Preciso escrever mais sobre isso. Vou jantar fora hoje.


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MÁQUINA DO TEMPO

Ontem eu soube na aula de natação (podem acreditar eu nado) que no próximo domingo haverá competição. Confesso que fiquei empolgado com a possibilidade de participar. Sou um insistente. Um verdadeiro chato. Tenho quatro aulas por semana, mas vivo na ausência. O professor nem me leva mais a sério e não dá pra reclamar dele, sou um verdadeiro turista. Tento cumprir todas as sequências que ele me passa, mas é claro que tem vezes que eu enrolo. O cara sabe que enrolo e nem faz mais questão de discordar. Apenas sorri. Deve sair por aí dizendo pra todo mundo:
- esse cara é café com leite...
O fato é que me empolguei com o evento de domingo e desde ontem decidi não enrolar mais. Hoje fiz toda a minha série. Nadei 1.200 metros. Podem até não achar muito, mas pra quem tá sem fumar desde a quinta passada... não é mole não. Parar de fumar é tarefa enlouquecedora. Sim, é de enlouquecer. Ainda mais quando eu não tô nem um pouco com vontade de parar. Mas a saúde não tá lá grandes coisas, taxas disso e daquilo bem altas, 42 anos, enfim, no mínimo preciso dar uma boa aliviada no intuito de passar a perna na tragédia. Ou pelo menos ficar melhor na fita. O garoto que faz parte da organização da competição me explicou tudo. E só faltou me chamar de tio.
- olha, vai ter um grupo assim como o senhor... o senhor vai competir com outros (nesse momento ele procurou palavras, juro que procurou!), com outros assim... pode deixar que o senhor não vai nadar com os moleques de 15 anos.
Aí eu pensei:
- Pôrra! Era tudo o que eu queria! Os moleques de 15 anos! Seria a minha melhor justificativa no caso de derrota.
Bom, quem não perde pros moleques de 15 anos? Até mesmo os outros moleques de 15 anos...
Hoje, quando voltava da natação, me lembrei de quando era mais jovem e nadava. Quando tinha meus 14 ou 15. Adorava apostar corrida na piscina com os outros moleques. E ninguém me vencia. Eu parecia não precisar de ar. Mergulhava na água e disparava para o outro lado como um míssel endiabrado. Era divertido. Acho que fiquei tão animado com a competição após essa lembrança. Talvez pense que no exato momento em que mergulhar naquela piscina pra competir, ela possa se transformar em uma máquina do tempo, e que durante os 50 metros necessários, eu possa estar bem distante daqui.

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MAIS DISTANTE

Tem horas em que até acredito que vale muito a pena viver. Tem horas em que consigo sentir um alívio, e isso sempre acontece quando percebo estar percebendo tudo a minha volta. É uma sensação muito estranha. Já se sentiu assim? Não tenho nenhuma vontade persistente. Não me sinto obssessivo. Não tenho vários pensamentos ao mesmo tempo martelando a minha cabeça. E posso confessar que isso foge completamente do meu habitual. É esquisito. Percebo até a minha respiração! É como se eu estivesse me observando por fora do meu corpo. Cada detalhe. Consigo nesses momentos diferenciar os barulhos que ouço, os gostos, percebo os odores e até mesmo a merda dos meus cães não me incomodam. Sinto o cheiro dos restos sem qualquer objeção. E isso é muito perturbador, embora eu esteja tranquilo. Não tô com pressa. E nem sei dizer de cabeça qual é o dia do mês. O que ontem era aflição, hoje está esquecido.
- ainda tô vivo... E quando essa maldita afirmação me vem a mente, nessas horas penso em vidaemmorteempassadopresentefuturo, penso em tudo aquilo que poderia estar ocupando a minha mente nesse exato instante e aí...
- fudeu tudo! A calmaria desaparece em um p scar de ol os e a vida passa a não valer nem mesmo um mísero trocado, pois é breve demais, é cruel demais, é exigente demais! E eu me sinto cada dia mais distante de mim.

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