segunda-feira, 20 de junho de 2011

VERDADES E VERDADEIRAS MENTIRAS

E a cada ensaio fico mais motivado. Por um momento pensei que tivesse feito escolhas erradas. Sempre penso assim quando decido trabalhar com pessoas que nunca fizeram teatro ou que já estão de molho faz um longo tempo. Na época em que li as reflexões de Augusto Boal sobre a possibilidade de qualquer ser humano fazer teatro, acreditei de cara e de lá pra cá nunca mais me assustei com isso. É aquela gangorra emocional, tem dias em que volto pra casa com alguma convicção de que nada vai dar certo. E no outro dia a coisa muda de figura. É só esperança.
Fico muito preocupado e me sinto muito responsável por dirigir pessoas que estão com muita vontade de fazer teatro. Não posso bobear. Mais uma vez me considero um privilegiado. Tive ótimos professores, Paulo César de Oliveira, Ticiana Studart, Luiz Carlos Ripper, Almir Telles, Gerald Thomas e muitos outros, ótimos profissionais que até hoje não me saem da cabeça. A memória é tão recente, marcante, tão viva, nem parece que já estou em Roraima desde 2004. O fato é que quero a cada dia apresentar o meu melhor pras atrizes que tô dirigido hoje. Quero me fazer o mais claro possível nessa condução em busca das descobertas, em busca dessa verdade cênica e que muita gente, pelo menos no estado de Roraima, já se esqueceu faz tempo. Teatro é um brincadeira muito gostosa. É trabalho. É prazer. É tudo, inclusive uma tremenda mentira. Não posso colocar duas atrizes em cena sem a menor condição, não posso, entende? Não faz parte do meu processo de formação. Amo o que faço e a cada dia amo mais. E quero aprender mais. Toda hora. Quero me surpreender todos os dias, em todos os ensaios. Tô ligado no meu processo criativo. Tô ligado no que tô fazendo, de como as coisas se encaixam na minha cabeça, a cada projeto que realizo. E as meninas de APENAS UM BLUES E UMA PAREDE PICHADA estão correspondendo legal. Sacaram a parada. Entenderam que a vida que estão criando em cena precisa ser verdadeira. Verdadeira dentro do jogo proposto, certo? E não fazem corpo mole. Repetem 300 vezes, se for necessário. Não reclamam. Não chegam atrasadas. Estão afim mesmo. É, porque tem gente que faz teatro, mas no fundo, não tem isso como prioridade em sua vida, nem mesmo que seja apenas no momento em que está fazendo. Tem gente que se engana demais... Complicado, viu? O TEATRO ENGESSADO (na boa, é isso mesmo!) é fruto de uma repetição de anos, de anos sem experimentação de verdade do que faz. Da completa distância do jogo. É fruto da acomodação. Da incapacidade de assumir que não sabe. Da ausência do desejo sedento da aprendizagem. De se colocar aberto para aprender com quem quer que seja. De colocar na frente o dinheiro e a politicagem. De seguir os exemplos daqueles que no fundo do coração são frustrados e que, de uma maneira ou de outra, só podem fazer essas merdas por vingança. Vingança da vida. Da vida de merda que vivem. Sei lá, acho que tá na hora de dormir...O bacana de tudo isso é que o ensaio de hoje foi ótimo. Mas foi hoje. Amanhã começa tudo de novo. E já começo a me sentir ansioso, com aquela lNegritoeve sensação de - será que vamos conseguir? E isso é legal pra caralho!




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