terça-feira, 30 de agosto de 2011

O QUE FOI QUE VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU?

Como tá me fazendo bem a temporada de APENAS UM BLUES E UMA PAREDE PICHADA. Eu escrevo textos pra teatro desde 2000. Tenho 12 textos teatrais. Já consegui colocar em cartaz dois deles, quer dizer, se for contar os textos que escrevi e adaptei pra Cia. do Lavrado... E é assim mesmo. O tempo não pára, né Cazuza? Vou com calma, experimentando. Como tenho questionado meus valores ultimamente. O teatro me proporciona isso. Crescimento. Bom, o teatro acontece em cena, e fora de cena ele tem o poder de tumultuar todos os meus pensamentos. Tava conversando com um amigo hoje, na UFRR, e ele me disse que tá doido pra zarpar daqui. Que precisa ver outras coisas. Iniciei meu questionamento e ele disse logo, - você veio de um grande centro, Marcelo, já viu um monte de coisas... ele não me falou com essas palavras, mas foi isso que disse. - eu preciso ir embora, preciso de outras informações. Tô estagnado aqui. Concordei com ele. É verdade. É necessário absorver outras infromações, outras culturas, outros ritmos de encarar a mesma coisa. Falo da vida. Depois fui embora e refleti o dia inteiro sobre isso. Olha, o mundo tá aí. Não importa a Região em que eu esteja, o mundo vai ser sempre o mesmo. As pessoas têm medo do novo. Sempre foi assim e sempre será. É mais conveniente negar outras influências, dizer que fulano e ciclano são antipáticos e que não merecem espaço. Na boa? Caguei pra essa pôrra toda. Quando um grupo de pessoas fazem isso, elas automaticamente dão o maior tiro no pé. Isso mesmo, querem proteger a cultura local, mas se esquecem que o local é formado por diversas etnias, como eles gostam de dizer. A diversidade se impõe, mesmo quando alguns insistem em negar muitos outros. O tiro no pé tá justamente aí. O que é legal aqui, só pode vir das pessoas da terra. Daqueles que insistem em cuspir na cara dos outros que são descendentes. Ou que moram aqui há pelo menos 20 anos. Que intolerância desegraçada. Digo isso, porque moro numa cidade extremamente excludente, principalmente no que diz respeito às manifestações artísticas. Quem faz arte por aqui, não vai ver o trabalho dos outros. Preferem os poucos e sempre os mesmos participantes, os parentes, ao invés de incentivar, valorizar, e promover o que é produzido aqui. Na verdade, o que é produzido aqui é uma questão invisível, pois se você não faz parte do grupinho, de merdas que se acham os donos do pedaço, você não presta. O legal de tudo isso é que cresço direto com essas idiotices. Olha, não penso em ir embora de Roraima. E continuo em busca da minha identidade por aqui, não essa que querem me impor, que insistem em me padronizar. Busco através de meu trabalho o diálogo sincero com a terra que escolhi pra morar. Talvez aí esteja o ponto nevrálgico de tanta exclusão. Estou aqui porque escolhi estar. Não nasci aqui. Não estou preso. Eu vim pra cá porque eu quis, aliás, continuo aqui por livre e expontânea vontade. Sei, também entendo, isso não é pra qualquer um. Aí ouço aquele discurso medíocre, - de onde você veio tu era um merda! Mas meu amigo, se você não tá satisfeito com sua trajetória de vida, então viva! E deixe o restante viver. O resto, sabe? Aqueles que você pensa que não fazem a diferença. Enquanto isso eu sigo. Sem torcidas, sem amigos enfurnados em minha carteira e muito menos babando aquela mísera influência que eu penso ter, mas que nunca tive de verdade. Deve ser muito doloroso não estar com os holofotes apontados em sua direção. Semana que vem tem espetáculo. Vamos fazer nova gravação. Gravamos a estreia, mas pegamos pesado, o trabalho não tava com uma nota bacana. Estreia, o espetáculo apenas mostrou a sua cabeça, mas nascer mesmo, tá em processo, ainda. E isso é o que me da o maior prazer. Então, é isso, pros que vão embora, que encontrem o seu caminho. E pros que ficam aqui, estamos no mesmo caminho. O que foi que você ainda não entendeu?

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