domingo, 20 de junho de 2010

ÚLTIMO DIA

Eu tenho até tentado me aproximar de você, mas sempre fico com aquela sensação de ser em vão. Olha, tenho acordado às três. Todos os dias. Não que isso seja algo diferente pra te contar...é que normalmente durmo às três, lembra? Então, nas últimas semanas deitei depois do Jornal Nacional. Uma merda, não acha? Não que eu tenha assistido a esse programa inútil, e nem vou tentar te convencer, você me conhece, sabe que não me ligo nesses enlatados. É que o sono tem me assaltado as madrugadas. Acordo e passeio pela casa. Rondo as janelas como meus cachorros fazem pelos quatro cantos do quintal. Só não mijo pela sala e pelos quartos. Já passei dessa de marcar território. Deixo meus excessos pra pia da cozinha. Ah! Depois da bica aberta, não tem mais conversa. Lavou tá novo, não é mesmo? Veja bem, não quero dar uma de coitadinho e nem vou julgar aqui os teus atos sem a menor consideração. Afinal de contas, consideração é preocupação de quem fica sem. Os outros, bom, os outros nem ligam pra isso. E eu também sou assim. Acordei, hoje, às três. De novo. Toquei uma punheta, pra dar sono, sabe? E nem deu certo essa tática. Até porque não consegui me desvencilhar de tua imagem. Uma bosta! Abri uma garrafa de Vodka às quatro. Entornei até às sete. Fiz questão de olhar meu relógio atrasado. Nem conferi as horas, aceitei o atraso de minha vida. Aceitei tudo aquilo que ninguém faz a menor questão de assumir. Sou assim mesmo. Um cara que não aprendeu a guardar ressentimentos das piores pessoas que passam pela minha vida. E você...não tô nem aí. Faz parte. Então, deixa de besteira e responde essa maldita carta. Não tenho mais tinta e nem mais gás pra te escrever outra. Nem sei mais o que te dizer. Já pensou que hoje pode ser o nosso último dia?





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