terça-feira, 15 de junho de 2010

VIVO CONTANDO OS MEUS DENTES


Tenho apoiado meus vícios sem medir os inícios
tenho mergulhado num fundo de escuridão
os princípios são damas virgens atraentes e cheirosas
sem nenhuma culpa estampada na cara
tenho vivido o oposto do real convencionado
e mesmo assim não me acostumei com as insônias da madrugada
que me desperta aflita por companhia
e fúria dos meus passos arrastados ao longo dos dias
tenho perdido o que nunca quis ter ouvido
desaforos ao pé do olho roxo
marcado bandido carente
vivo contando os dias e os dentes
nem sei a razão da obsessão que me invade na primeira olhada do dia
meus dentes reclamam o garimpo suave cuidadoso e rotineiro
hoje são poucos bem menos que ontem
os únicos verdadeiros que não escondem a natureza
o erro no espelho
o ponto que nunca existiu
o dia que nunca acabou
um só gole do amor sufocou
nasci de um desejo que não era meu
cresci sem entender as regras
me embolei para sempre nos braços da utopia da Lua
fui sempre outro que não bastava em mim
um tolo abraçado ao garfo quente da contradição
não aprendi a acordar
não entendi quando acabar
não percebi que não estive nunca por aqui
nem me dei conta das farpas encravadas em meu peito
palitei o coração com ironia
exprimi o sangue num rompante de agonia
e esqueci que não posso pensar um pensamento singular
nem sei mais o que é meu ou que o universo me impõe
basta!
Sombra e água fresca é receita diária
em milhares de manicômios espalhados pelo mundo
meu remédio é o incerto
o que me move
o que me incomoda
e o que me tira o sono de todas as noites





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