quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CENSURA NO ESTADO DE RORAIMA


Cada coisa escrota que me acontece... estive hoje em um departamento do estado ligado à cultura, pois coloquei dois projetos para serem aprovados e receberem um certificado para que eu pudesse conseguir patrocínio. Boa Vista é uma cidade provinciana demais, sabemos de muita coisa que rola nos bastidores. Eu já sabia que meus projetos não tinham sido aprovados e quando marcaram uma reunião comigo, já tava mais que careca de saber que iriam dar a justificativa mais descarada pra não aprovação dos mesmos. Mas fui. Até mesmo curioso em olhar nos olhos da pessoa que iria me atender. E não deu outra. - Seus projetos não foram aprovados devido ao palavreado. Esperava qualquer coisa, menos isso. A pessoa que me atendeu foi muito educada, tentou explicar a razão e me fez uma proposta indecorosa. Ela disse que o conselho que avaliou meus projetos queriam muito aprová-los, mas eu precisaria mudar meus escritos. Bom, o livro que eu escrevi precisava fazer uma revisão e o texto teatral também. Eles não querem que os estudantes tenham acesso a material que fale de suicídio entre jovens e de drogas. Acredito que seja isso, pois até agora não entendo a expressão palavreado. Pedi que me passassem as possíveis situações que eles estariam sugerindo tal mudança absurda, até pra que eu possa entender a razão de tamanha censura. A senhora ficou indignada quando eu disse que aquele departamento estava censurando os meus trabalhos. Eu fui claro na minha decisão. Não vou alterar nada só porque algumas pessoas, os avaliadores, que nunca vão ao teatro em Roraima, que não entendem nada de cultura e que tem seus empregos porque são amigos do amigo do amigo de alguém que se diz importante, avaliam que o conteúdo é impróprio. Sem essa. Censura é o que aconteceu no estado de Roraima. Ainda perguntei pra ela se ela tinha lido meus textos e a senhora, coitada, ficou deslocada. Ela nem leu. Depois tentou dizer que tinha lido e não lembrava direito. Vergonhoso... Tava ali defendendo uma tese que nem ajudou a construir. No mínimo um papel ridículo que eu não gostaria de estar executando, ou melhor, se fosse eu, pelo menos leria os trabalhos para que pudesse somar minhas impressões à discussão. Então é isso. Eles querem muitos projetos na lei de incentivo do estado, mas são censores ferrados. Ainda disse à ela que irei apresentar este espetáculo por conta própria nas escolas e ela me disse que não, pois ela faz parte de um conselho... porra, ela nem sabe o que se passa nas escolas! Já apresentei peça de prevenção às drogas em diversas escolas do estado. Pegava pesado na linguagem, o texto era forte e os jovens adoravam. Discutíamos muito depois. Já fiz peça de prevenção às DST/Aids e inclusive com prótese na mão, colocando a camisinha e o público sempre curtiu. A mulher disse que assim é diferente, pois tem a aula de biologia. Pensei, caralho, e o professor de literatura, e os outros professores que podem abordar este tema nas suas aulas? Por isso que o ensino no estado de Roraima é fraquíssimo. Não estamos formando jovens que exercitem a sua opinião crítica da vida. Bom, nem demorei muito na reunião. Não estou triste pela grana que não vou ganhar, o trabalho eu vou fazer assim mesmo e a grana virá de um jeito ou de outro. A merda toda é que enquanto estiverem essas pessoas desinformadas e preconceituosas no GTAP e CONSELHO DE CULTURA com certeza a cultura deste estado vai continuar na mesma merda. Ah, a senhora ainda disse que meus textos passaram nas mãos de estagiários da secretaria de educação. Caguei pra eles. Que fItálicoormação equivocada eles tiveram e que educação estão oferecendo para os nossos alunos aqui em Roraima. É pessoal, quem tá no poder na cultura deste estado tá mais perdido que cego em tiroteio. E tem mais, eu não queria dizer, mas disse à ela que este mesmo texto censurado (ela não queria que eu falasse assim) ganhou um prêmio pela Fundação Nacional de Artes, no final de 2008, pela excelência do assunto abordado, falei assim o nome completo, pois tenho certeza que eles nem sabem o significado da sigla FUNARTE. No mais, trabalho pra caralho, cada vez mais, pra nunca ter que depender desses caras nas montagens de meus trabalhos. E quer apostar quanto comigo, que depois que eu estreiar este espetáculo, com certeza irei apresentá-lo em diversas escolas do estado. E tá arriscado até esta senhora que foi a porta-voz de tamanha insanidade assistir à peça e nem se lembrar que foi o tal texto censurado. O negócio é não esquentar e nem abaixar a cabeça e continuar seguindo o enterro...












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