segunda-feira, 13 de julho de 2009

SENSACIONALISMO

O sensacionalismo está sempre presente em nossas vidas. Na televisão encontramos muito disso. Os jornais, em sua maioria são sensacionalistas. Hoje, pela manhã, tava assistindo ao jornal de São Paulo, não lembro o nome, mas é bem cedo. Prenderam um motorista bêbado. Me parece que ele é quem se entregou na blitz, não entendi direito, assistia ao jornal, mas também fazia outras coisas pela casa. O fato é que mesmo o motorista bêbado, o jornalista fez questão de entrevistar o infrator. O cara, que tava bem torto, fez um puta de um desabafo na frente da câmera. Ele disse que era um cara sozinho. Foi a primeira coisa que ele disse e aquilo mexeu muito comigo. Percebi sinceridade na sua declaração, no duro. Em seguida, ele falou que tinha perdido o pai, perdido a mãe, os irmãos, que não tinha ninguém e que sentiu necessidade de sair pra conseguir alguma coisa. Lógico, que essa alguma coisa, pra mim, significou qualquer porra pra que ele pudesse arrancar de seu peito um pouco da maldita sensação de solidão que sentia. Bebeu demais. Veja bem, não quero passar a mão na cabeça dele, o cara tava errado mesmo, não é legal dirigir alcoolizado, mas a repórter nem ligou pro drama pessoal do indivíduo. Ela, na sua acadêmica saída, detonou o motorista completamente. Esculachou o cara com suas acusações sensacionalistas, sem ao menos perceber a individualidade daquela pessoa. É brabo, viu? Mas eu tô ligado. Eu entendi o que ele quis dizer. Solidão é foda! As vezes me sinto assim também e mesmo sendo casado, tendo uma pá de amigos e fazendo o que eu mais gosto de fazer, teatro. As pessoas tem a mania de não olhar ao redor. Tá todo mundo com pressa. Ninguém quer apurar nada. Há uma necessidade coletiva do instantêneo. E uma sede danada por desgraça, notícias ruins, fofocas... E a coisa piora quando o álcool ou outras drogas estão envolvidos. Todo mundo é cheio de moral. Todo mundo tem um monte de valores legais... porra nenhuma, todo mundo é sujo pra cacete. Não tem essa de perfeição, meu amigo, todo mundo faz muita bobagem. Só que tem algumas pessoas que se escondem atrás de seus discursos moralistas e aproveitam para detonar com os outros. Saca aquela do Capital Inicial, o que você faz, quando ninguém te vê fazendo, o que você queria fazer se ninguém pudesse te ver? Então, é isso. Todo mundo tem segredos.
Outro dia tava numa leitura em um teatro com uma amiga. Pintou uma barata e lógico, foi uma barata, um inseto nojento pra burro, não deu pra ignorar a caminhada dela pelo palco, muito menos quando veio em nossa direção. Provavelmente devo ter me agitado, falado alguma coisa, mas nada que atrapalhasse a leitura, e diga-se de passagem, eram dois amigos que estavam lendo. Mas eu estava com uma lata de cerveja nas mãos e isso foi o estopim pra no final da leitura neguinho me detonar e de quebra detonar minha amiga. Não ficamos até o final. Não estávamos afim. Não vimos nada que nos surpreendesse na leitura e já falei disso pra atriz que tava lendo. É direito nosso levantar do teatro e sair fora. É bem nessa hora, quando eu não tô por perto, que as pessoas tomam coragem de se manifestar contra mim. Papelão pro pessoal do SESC que endossou o maldito comentário de alguém da platéia, de que eu e minha amiga atrapalhamos o início da leitura. Vão julgar a ponte que partiu! Disseram que não estávamos em condições de assistir e que nem deveríamos ter entrado no teatro. Coisas de cidadezinha provinciana. Sacanagem, não é? Como dizia, puro sensacionalismo. A pessoa que fez o comentário, provavelmente nem entendeu o texto, nem sacou o que estava acontecendo, e nem prestou a atenção na leitura, mas foi rápida no seu julgamento. É assim mesmo. Tem uma coisa que eu aprendi e que me serve muito, só abro a boca quando tenho certeza do que tô dizendo, ou pelo menos, quando tenho argumentos pra sustentar as minhas afirmações. Eu tô sempre cheio de argumentos, mas nem sempre tô certo, é verdade, mas não calo a minha boca por nada. Falo o que penso e jamais me promovi as custas da desgraça dos outros. Mas aqui em Boa Vista tem muita gente assim. Muito urubu em cima de nossas carniças. Como diria o meu amigo Guilherme, personagem de A Farsa do Advogado Pathelin, - vou levando.









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