segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

BARÃO VERMELHO

Vai sem gelo mesmo, o lance é o seguinte, moro em Roraima desde 2004. Março de 2004. Cheguei aqui desempregado. O contrário da maioria que já veio com trabalho certo. A primeira coisa que fiz foi uma oficina de teatro. A partir daí, montei a Cia. do Lavrado, junto com a Grazi, a Cora, o Erinaldo e o Kleber. Tinha o Felipe também. E o cara ajudou pra caralho. A Tati veio depois. O povo da oficina não pagava a mensalidade em dia. Eu ficava duro mesmo. As vezes recebia uma mensalidade e salvava o lanche na casa do Renatão, que me hospedou durante cinco ótimos meses. Como a grana tava foda, resolvi vender cordões de miçanga na praça. Vendi muito na festa junina daqui. Nos outros anos não vendi cordões, fui jurado. E remunerado. E mal remunerado. Foi tão bom que comprei o material e fiz mais. E vendi tudo. A Tati só veio bem depois. E ganhava muito mal na época também. Hoje as coisas mudaram. O teatro já paga as minhas contas, quer dizer, contribui juntinho ali, sabe? Consegui, junto de meus parceiros da Cia. do Lavrado, firmar o nosso nome nesta capital. Hoje, temos duas pessoas que ganham dinheiro na Cia. do Lavrado. Esse ano, acredito que mais duas pessoas vão ganhar bem mais dinheiro com teatro no nosso grupo. Quer dizer, somos um grupo em que todos ganham quando trabalham. O fato é que tem pessoas que trabalham mais. O DST/AIds é o responsável por isso. Nem todos no grupo se identificam com este assunto. Então, a Cia. do Lavrado, hoje, é auto-sustentável. É, ela paga o aluguel da sua sala, paga a intenet, que custa R$ 50,00 por mês e consegue até dar uma grana pro contador de vez em quando. Estamos em falta com ele. Cara, não sei, mas talvez seja esse o motivo de tanto ódio e inveja pela gente. Desde 2005, data de sua fundação, nós já montamos quatro espetáculos, dois premiados pela FUNARTE e mais, sei lá, acho que sete cenas, uma delas ganhou até R$ 75.000,00 para ser montada. Dentro de um projeto do Ministério da Saúde. Olha, se não for essa a razão de tanta inveja, ah! Lembrei agora que não temos nenhum integrante que nasceu no estado de Roraima. Pode ser isso também. Enfim, tava lendo umas cartas de Neal Cassady e me empolguei um pouco. Não sei, acredito que não estou nem na metade do caminho. Vou em frente. Aprendi assim. Por que eu estava falando isso mesmo? Deixa pra lá, já foi. Vou completar...








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