domingo, 2 de agosto de 2009

EU VENDO CULTURA

Esse negócio de profissão não é mole não. O povo diz por aí que pra ser profissional da parada precisa ganhar algum com o lance. Tá legal, eu entendo essa teoria e coisa e tal, mas e os artistas desempregados? Pensa que isso não acontece com a gente? Tem artista desempregado de montão por aí. Eu mesmo conheço uma penca deles. Insisto na história da urgência, acho que eles desconhecem esse fato crucial. Em 2004, quando cheguei em Boa Vista, a barra tava pesada. Vendi cordão de miçanga na praça. Já colocava em prática meu projeto de viver da arte, nem que pra isso eu precisa-se aprender outras. E teve muito lanche por causa disso. Sabe aquela necessidade que martela incessantemente o pensamento, lá dentro, sem trégua, que cobra alguma atitude diante dos meus desejos e sonhos? Então, é isso aí. Eu não posso reclamar. Faz tempo que vivo de minha arte. Não tenho renda mensal, e por isso a correria pra esconder o dinheiro ganho, de mim, mesmo! Se eu bobear, torro tudo. E como não ganho por mês, preciso fazer meus malabarismos. Escolhi viver assim. E não aprendi sozinho essa estrepolia, meu pai criou a sua família como vendedor. E dos mais afiados. E além do mais, eu sempre vendi. Computadores, roupas, já até falei disso aqui, jornais, tapetes, remédios e ingressos do maracanã, isso dos que me lembro agora. Hoje eu vendo cultura. Eu sou muito feliz assim.




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