terça-feira, 7 de dezembro de 2010

DESCONTROLE TOTAL



Era como se estivesse completamente fora de qualquer possibilidade de contato. O último gole da infusão fantástica teria desligado algum botão principal. Como que instantaneamente já não era mais alguma coisa que pensava que era. Não pensava. Estava integrado.
- não menino, não é pra esse lado!
- olha lá, maluco, o cara nem ouviu!
- tira a xícara da mão dele... já tá com o corpo-sem-alma!
E a figura daquele corpo a perambular pela calçada para fora do beco, chamou a atenção dos mais visíveis. Ele era uma bola de pinball desgovernada na pista. Seus olhos não traziam a menor significação de nada. Sua boca pronunciava barulhos incríveis em alternância com as palavras repetidas.
- o-xilô, o-xilô, o-xilô...
- pôrra... caralho! Perdemos o controle dele.
- agora vai ser foda...
- vamos ter que beber tudo também...
- nada disso! Vai ser o descontrole total...
- então! É disso que tô falando, vamos deixar a bica aberta pra todo mundo chegar junto. De fininho... É o descontrole geral!
O pequeno e atarraxado russo interrompeu o trajeto que ia para o chafariz e escolheu uma calçada na frente de um bar e com um pedaço de tijolo começou a escrever poesias no chão. O descontrole começava a dar o ar da graça. O que propôs a desordem amarrou o cabelo heavy-metal com um pedaço de barbante, bebeu a metade que faltava e partiu sem qualquer direção pela vida. O magrela dos olhos estancados bebeu a metade. Mais o último gole da cumbuca. Desapareceu de repente enganando até a piscada. O gigante cabeludo não parava de jogar pedras nas vidraças destruindo tudo que pudesse pela frente, pelos lados e atrás. Olhava na cara das pessoas e gritava desesperadamente em tom de acusação.
- ô lixo! ô lixo! ô lixo!
As pessoas que se sentiam presas, parte daquilo tudo quem nem saberiam explicar, abandonaram o que pensavam que faziam e mergulharam de cabeça na fonte. Em questão de horas o descontrole era total. Geral.















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