terça-feira, 7 de dezembro de 2010

PUTA QUE O PARIU!


Não estava morto. Apenas brincando com seus brinquedos no berço. Daquele tamanho absorvia até mesmo um peido do mosquito mais distante. Acumulava tudo. E tudo era absurdamente interessante. Experimentava a fase de destruição dos objetos. Com informações de sobra pelos ares, não perdia muito tempo em unidades. Um dia a sua observação obssessiva lhe chamou a atenção. Por que todo mundo enfiava coisas nos buracos das paredes? A tomada era objeto de desejo da criança. Aquele vai e vem, o enfiar e tirar e todo o movimento contínuo experimentado por todos de sua família, o deixou por demais curioso. Queria sentir a sensação de enfiar naquele buraco. Na tarde de uma terça-feira qualquer e com um temporal de alagar até cidade do interior do nordeste, o pequeno decidiu colocar o plano em prática, que há dias estava arquitetando nas horas de folga da função de nenê bonitinho da mamãe. Obteve a ajuda do Falcon, do Garibaldo e do namorado da Barbie. Subiu nas costas do Falcon, que estava em cima do namorado da Barbie, que estava em cima do Garibaldo e alcançou distância do berço. Pensou esconder-se em posição fetal, mas percebeu que não precisava de nenhuma ideia mirabolante e complicada demais e simplesmente engatinhou. Em direção da tomada na maior correria típica do engatinhar, esticou o dedo indicador da mão direita e...
- Nossa Senhora! Não tem ninguém tomando conta do Riquinho? A dispersa mãe caminha para a sala. Coloca as mãos em sua peruca e enlouquece de cara.
-
Riquinho!
O menor já estava decidido, o dedo já tinha destino planejado. O momento lhe causou uma enorme excitação. Se sentia um pouco mais velho. Estava perto de experimentar o mesmo que a sua família. De repente. E não mais que o previsível de repente, um raio escapa do ceú e arranca todas as possibilidades de satisfação do curioso menino. Ficou sem saber os sentidos.
- Puta que o pariu!










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