quinta-feira, 16 de outubro de 2008

E SANGROU ATÉ SECAR.

Evadiu-se da cama sem fôlego e enfiou a cabeça para dentro da pia. Vomitou sem parar. Lavou a cara. Enxugou o cabelo suado. Perguntou-se diante do espelho testemunha se ele realmente era feliz. Abriu um imenso sorriso e por um momento sentiu o prazer da intensa felicidade. Era um sujeito bem sucedido na vida, tinha uma ótima esposa infiel e nem por isso se sentia um pouco infeliz. Jogou água fria no corpo, em seguida tomou outro banho. De perfume. Queria cair nos braços de sua mulher. Saiu às pressas do banheiro e caminhou até a cama. Ao acender a luz do abajur, deu de cara com um ambiente cubista, um quadro de deixar, até os mais fodões, completamente perturbados. Havia uma mulher retalhada e quase submersa por uma poça de sangue. Serviço digno de um puta açougueiro com Mal de Parkinson. O pensamento interrompido, um silêncio cinzento bem dentro da mente de um ingênuo marido, que estancou de medo da imagem bizarra que encontrou pela frente. O inquietante instante seguido levou um pouco mais que uma eternidade, afinal de contas, não entendia o que havia ocorrido ali. Uma jovem morta, pelada. E um quarto vermelho, do teto ao chão. A dúvida lhe tirou o sossego. Começou a lembra-se vagamente, e só alguns flashs foram o suficiente para convencê-lo do homicídio que acabara de cometer. Pegou o terçado cravado no peito do presunto e rompeu a sua jugular com apenas uma lapada. Caiu ao lado da cama. E sangrou até secar.






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