sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

FOLIAS NATALINAS


E na sequência, hoje tem FOLIAS NATALINAS, o melhor do teatro de rua no Largo da Lapa, Centro do Rio. Lógico que estarei lá. A farra será comandada pelo Grupo Tá Na Rua, Cia. Teatro em Cordel, Cia. Mystérios e Grupo OFF-SINA. Eles prometem a presença de outros artistas e uma baita de uma festa ao ar livre. Depois eu conto como foram as apresentações.


FOLIAS NATALINAS
LARGO DA LAPA
19h
18/12/09





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ENCONTRO COM FERNANDO PESSOA

Paulo César de Oliveira


Estar de férias é ótimo, nem se fala no assunto, mas é o seguinte, tem vezes que cansa ficar de bobeira. Em Boa Vista tudo é perto. Em 10 minutos eu chego em qualquer lugar da cidade. Aqui no Rio de Janeiro é diferente, embora o transporte público nos ofereça conforto e segurança, o trânsito por outro lado não nos dá trégua. Na quarta fomos ao teatro, no Leblon. Bom, meus pais moram em Vila Isabel, do outro lado da cidade. De carro, dá pra chegar em uns 25 minutos, dependendo do trânsito. De ônibus, bom, de ônibus até que foi rápido, pegamos um que foi pelo Túnel Santa Bárbara, que dá uma tremenda cortada pela cidade e chegamos no Leblon em 45 minutos. Depois tivemos que andar umas cinco quadras até o teatro. É verdade que a vista do Leblon é maravilhosa, demos uma banda pela praia, mas cansa. Pela manhã do mesmo dia tínhamos ido à Praia. Isso só já deu uma canseira desgraçada. Engarrafamento monstro na Av. Nossa senhora de Copacabana. Mas vamos ao que interessa, um amigo nosso, Paulo César de Oliveira, nos convidou pra assistirmos ao seu espetáculo, Encontro com Fernando Pessoa. Na peça, Pessoa nos apresenta sua obra e por diversas vezes permite que seus heterônimos dialoguem conosco. O Paulo está impecável como Fernando Pessoa, muito parecido fisicamente e realmente nos faz acreditar que aqueles belíssimos textos acabaram de sair da mente brilhante do poeta português. Foi a última apresentação no Teatro Café Pequeno e acho que ele retorna aos palcos em 2010, quer dizer, com certeza retornará, pois esse espetáculo já está em cartaz desde 2001. Vou colocar o serviço só pra registrar:

Texto e Interpretação: Paulo Cesar de Oliveira
Direção: Jacqueline Laurence
Produção: Paula Abreu
Cenário: Paulo Cesar de Oliveira
Trilha Sonora: Paulo Cesar de Oliveira
Design Gráfico: Diogo Montes




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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

SEM OLHOS PROS LADOS


mendigo esfomeado - será que o cidadão poderia me pagar um salgado?
mauricinho carioca - se eu tivesse dinheiro, EU estaria comendo...
mendigo esfomeado - quer dizer que se o cidadão tivesse dinheiro não me pagaria um salgado?
mauricinho carioca - eu não disse isso, eu disse que se eu tivesse dinheiro...
mendigo esfomeado - tá certo, já entendi tudo, o cidadão iria livrar a sua pele primeiro...
mauricinho carioca - claro! e você faria o mesmo!
mendigo esfomeado - o cidadão pode até nem querer me dar o tal salgado, mas não me bota no mesmo saco de merda que o sr. não!
mauricinho carioca - que isso, mané! tá me chamando de merda?
mendigo esfomeado - eu não disse isso, eu disse que...
mauricinho carioca - tá certo, já entendi tudo, você tá afim de livrar a sua pele...
mendigo esfomeado - claro! o cidadão não fez o mesmo?




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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

SALINGER, BUKOWSKI, MOTTA E DIAZ


Finalmente terminei O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO, do Salinger. Um puta romance. Comencei a ler este livro em 2008, quando entrei em cartaz com HOMENS, SANTOS E DESERTORES, do Mário Bortolotto. O livro é uma das referências bibliográficas do texto do Mário, pôrra, o cara cita um monte de livros e autores no seu texto, então não tem conversa, além de ler a peça dele, tá mais do que na cara que preciso ler toda a bibliografia implicitamente indicada. Olha, não vamos exagerar também, pelo menos um livro de cada autor, ou se não der pra ler todos, que pelo menos eu procure saber um pouco da história deles. E nessas horas pode apelar pra Wikipédia. Se não for assim, não tem graça, fica superficial. É legal sempre aprofundar um pouco mais no tema, nos autores, essas coisas de quem curte lê. Agora, se eu for encenar um espetáculo, aí não tem jeito, essa é a rotina.

Bom, o Salinger, na voz do Hoden Caufield, que é o personagem que conta a história, fala um monte de coisas legais,


na minha opinião, isso é o tipo de pergunta imbecil. Quer dizer, como é que a gente pode saber o que é que vai fazer, até a hora de fazer o troço?


Essa é uma das pérolas que ele encerra o livro. E é isso mesmo, mania que as pessoas têm de cobrarem dos outros algum tipo de planejamento perfeito. Um final feliz pra sua existência. Pôrra nenhuma, o lance é viver e ver no que dá. O que for bom, mando ver e o que não for...abandono. Só mesmo experimentando é que consigo ter a certeza do que realmente gosto. É isso, terminei a leitura no vôo de Brasília/RJ.

Assim que cheguei na Cidade Maravilhosa ganhei um livro de poesias. Minha tia quem mandou pra mim. Faz alguns anos que ela começou a escrever e tem se dedicado bastante. Já faturou até prêmio e me presenteou com seu primeiro livro, PALAVRAS DO CORAÇÃO, de Zélia Santos Motta. São poesias autobiográficas. Comecei a ler ontem mesmo. Eu que faço parte da família, identifiquei muito da vida dela naqueles versos.

Mas a literatura não me deixou sossegado, ganhei de meus pais um livro do Bukowski, TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS, no qual o título original é Run with de hunted: a Charles Bukowski reader. Comecei a ler ontem mesmo. Esse filho da puta é bom demais. O livro é de 2009, olha a felicidade, e dessa grossura, ó! Vou detonar rapidinho. Bom, pra minha surpresa, ontem fui me encontrar com alguns amigos da época da CAL, lá no Mamma Rosa e alguns apareceram, entre eles a Verônica Diaz, que me presenteou com um livro que traz três textos teatrais e um deles é dela, URTICÁRIA. Foi premiado no 6º Concurso Nacional de Dramaturgia Prêmio Carlos Carvalho e publicado. No metrô tentei dar uma folheada, mas a Tati não deixou, queria falar, mas pelo que li já curti. Ela escreve bem pra pôrra, deve ser um puta de um texto. E vamos em frente. Pra quem vai ter que enfiar a cara nos livros acadêmicos em 2010, já termino 2009 na prática. Sempre cultivando este ótimo hábito.


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DEIXA DE PALA!


ei, morena, deixa de pala!
vai me dizer que ainda não viu o compromisso escondido entre dedos?
tô atado agarrado embebido de outro cheiro
sem chances de substituição sem chances de qualquer sacanagem temporária
tô completamente dentro
afundado até o pescoço de um amor muito louco





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SOBRE O BORTOLOTTO


Sei que passou a data, mas como cheguei ao Rio de Janeiro somente na quarta e na terça não consegui acesso em Boa Vista, de qualquer forma a mensagem está multiplicada. Espero que o Mário Bortolotto melhore o quanto antes. Não sou amigo do Mário, mas me identifico muito com a sua dramaturgia. Uma vez montamos um texto dele em Boa Vista (Homens, Santos e Desertores - 2008), e o cara autorizou a montagem para a Cia. do Lavrado. Ele foi muito bacana conosco, nos tratou com o maior respeito e carinho possível e nos motivou, inclusive, a fazermos uma nova temporada em 2009. Uma pena que não rolou. Teve uma vez que eu fui pra São Paulo participar de um encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua - RBTR, em 2008, e dei a maior cagada. O Mário estava em cartaz com o mesmo espetáculo que ele havia nos autorizado a fazer em Roraima. Eu nunca assisti a um espetáculo realizado com o próprio autor e que ao mesmo tempo eu o estivesse fazendo em outra cidade. Foi incrível! O Mário e o Gabriel (não lembro o sobrenome, acho que é Pinheiro) mandaram bem pra caralho. E não era a minha primeira vez com ele, já havia assistido a uma Mostra de Teatro do Grupo Cemitério de Automóveis, no Rio. Assim como muitos que assistem aos espetáculos dele, eu fiquei impactado com o que vi, principalmente porque eu estava fazendo o mesmo texto e vi uma infinidade de outras possibilidades e também leituras do mesmo. Bom, na saída eu ainda faturei uma carona com ele. Fui até a Praça Roosevelt, com ele e a Fernanda D'Umbra, que é amiga dele e muito gente boa. Bom, tá na cara que um carro com três outsiders, na certa a conversa não fluia muito, quer dizer, conversávamos por etapas. Depois nos silenciávamos. Depois falávamos. Tudo na maior tranquilidade. Bom, nem posso falar dele, pois não convivo com ele, mas com certeza o Mário me passou a impressão de ser um cara autêntico pra caralho, simples, na dele e sem muitas firulas e babaquices de famosos. Ainda tive outra cagada, nesse mesmo ano o Mário foi jurado do Prêmio Bolsa FUNARTE de Criação - Dramaturgia e eu coloquei um projeto lá. Fui aprovado. Um dos dois projetos aprovados na Região Norte foi o meu, Apenas um Blues e uma Parede Pichada, que tinha como ponto de partida na criação do texto o suicídio de jovens no estado de Roraima, que é o maior índice do país. Apenas um blues... quem conhece o cara sabe muito bem porque ele simpatizou-se com meu texto.

É isso, melhoras pro Mário e pro seu amigo, que também foi baleado. O texto abaixo, como disse, foi escrito por Christine Vianna, ex-mulher dele. Acho que não tem problema colocá-lo aqui, não acham? Então, torçam pela melhora de um dos maiores dramaturgos VIVO do nosso país.



POR CHRISTINE VIANNA


SOLIDARIEDADE E PAZ





Amigos da imprensa e amigos e frequentadores da Vila Cultural Cemitério de Automóveis.



Cheguei agora de São Paulo, deixando a Isabela com o pai que graças a Deus está num quadro quadro estável embora bastante preocupante. O que posso dizer é que os amigos de São Paulo se uniram numa manifestação linda no espaço Parlapatões e que eu apoio esta que o Losnak está organizando para hoje a noite. Peço também o apoio dos amigos, da imprensa e todos que acompanham nosso trabalho que divulguem pois enquanto permanecermos inertes frente à violência estaremos sendo coniventes com ela. Enquanto deixarmos essa podridão que tanto o Mário escancara em seus textos com o maior talento, nossos amigos, familiares, irmãos continuarão sofrendo algum tipo de atentado. E não digo somente a violência direta, mas também a violência politica de homens que nos roubam e continuam vivendo sem nenhuma punição e exatamente por esta falta de vergonha deste políticos que a pobreza é tão escancarada.

Bem, chega de discurso que na verdade é somente um dasabafo.

O Mário vai viver pois deseja muito a vida, mas sabemos que brindamos com a morte a todo momento.



SOBRE O ATO:

Nesta terça-feira (8), às 20 horas, será realizado na Vila Cultural Cemitério de Automóveis (Rua João Pessoa, 103, em Londrina) um Ato Público Pela Recuperação de Mário Bortolotto e Contra a Violência. No ato serão lidos poemas e trechos de peças do dramaturgo londrinense. Atores, escritores e amigos do dramaturgo participam do evento, aberto a todos os interessados.





PARA INFORMAÇÕES SOBRE NOSSO AMIGO: www.cemiteriodeautomoveisvilacultural.zip.net




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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O ÚLTIMO DIA


(A cena acontece dentro de uma delegacia da Zona Sul, Rio de Janeiro. É uma tarde de um domingo de verão. Um homem está de costas para o público e bastante alterado. Fala com um carcereiro, aos gritos. Seu nome é Hélio Paixão, um delegado de polícia de 55 anos. Veste calça jeans, camisa social, blaser, ostenta jóias douradas, tem uma medalha de São Jorge no peito. Usa uma pistola na cintura, mas só dá para ver o volume. Veraneio Vascaína, ao fundo).

HÉLIO PAIXÃO - (berrando) Autua esse safado aí! Viciadinho de bosta... E se criar tumulto senta o pau nele! (para o público) Aqui é assim, quem manda nessa pôrra sou eu. Deu pra entender? Na rua eles roubam, matam, estupram... Se drogam como uns loucos, feito esse infeliz que eu peguei fumando ali na esquina, sem vergonha... Na esquina da DP? Tá de sacanagem... Pra mim, todos eles são a mesma escória. Mas quando chegam aqui se transformam em santos. Nunca fizeram nada e ainda tem a cara de pau de exigirem os seus direitos. (dirige-se ao preso) Tu não tem direito nenhum, ouviu? (resmunga) Vai apodrecer nessa merda! (pausa) Não dou moleza pra vagabundo. O cara tá nessa vida porque quer, fez sua escolha, não fez? Agora que aguente as consequências. E ainda tem uns e outros que insistem em dizer que esses vagabundos, que se tu der mole, arrancam a tua vida num sinal desses aí pela cidade, e eles insistem em dizer que esses vagabundos são vítimas de uma sociedade preconceituosa, que não dá a mínima pras minorias. Agora a culpa é nossa! (ri) Uma tremenda hipocrisia... (colocando o terror) Quero ver quando um bandido desses invadir a tua casa, estuprar a tua filha, estuprar a tua mãe e matar as duas na tua frente. Aí eu quero ver você falar de direitos humanos. Esses caras não são humanos, acorda! Tô na polícia há 15 anos e já vi muita coisa ruim aqui, meu amigo, não tenho vergonha de dizer que não perdôo ninguém. Desconfio de todo mundo, até da minha mulher! Aprendi a viver assim. Todo mundo deve alguma coisa, todo mundo tem um segredo (pausa. Encara o público) Eu gosto de ser policial, é o meu sonho de criança (ri), me sinto realizado hoje. Minha família é que sofre muito com a minha escolha, eles não dizem mas eu sinto. Quando saio pra trabalhar eu tô consciente de que talvez nem retorne, mas eles... Quer saber? Eu agarro a minha medalha de São Jorge e vou na paz. Ele tem me protegido por todos esses anos (coloca a mão na arma), eles. (indignado) Vocês acreditam que tem bandido pagando pra quem matar policial? A rua tá cada vez mais perigosa. Subir morro, entrar em favela... Os traficantes estão com um poder de fogo muito maior do que nós e isso não é nenhuma novidade. A droga tomou conta da sociedade, agora são todas as classes. É uma doença que não querem que seja curada. Dá lucro! Esses jovens aí estão se drogando cada vez mais cedo, agora já é no primário que eles ganham uma presença de um estranho qualquer e aí começam... Estão completamente perdidos, assinam o próprio óbito sem ler no papel o que tava escrito. Isso é suicídio! Cambada de viciados... Tem é que baixar a porrada nesses desgraçados! É verdade, estou sendo honesto, se não fossem esses viciados, os traficantes não teriam tanto poder de fogo assim. São esses malditos drogados que sustentam a indústria do crime. Drogas, armas, poder... (com sarcasmo) Na madrugada eu não perdôo... Meto a mão na cara quando eu pego um elemento desses pela rua! Arrebento mesmo pra ver se o cara desaparece da área, quem sabe até mude de idéia e desista de usar drogas novamente... (pausa, acende um cigarro) Tenho visto muitos desses por aqui. Sempre desesperados, com os olhos esbugalhados, dentes travados, nariz escorrendo e passando até as melecas nos dentes. Eu não entendo como eles conseguem correr tanto risco. Hoje, se um jovem for preso portando drogas, tá aliviado na hora! Mandam o filho da puta pra tratamento. A gente até faz um terror, arrebanha uma verba, mas eles acabam sendo liberados. E as famílias dos colegas falecidos? Deviam mandar também pra tratamento. (pausa) Mas a gente se vinga também. Muitas vezes quando esses pregos não ficam pegados, pelo menos uma noite eles passam na cadeia e isso já é o suficiente pra eles se fuderem com uma turma bem barra pesada, ganham uma cerimônia do barbante, isso mesmo, colocam o anel de barbante. Foda-se! Quer saber? Caguei pra esses merdinha! Tem vezes até que neguinho pinta o rosto deles. Dormem no buraco, sabe o que é isso? É a privada dentro da cela, que humilhação, meu amigo. Ontem mesmo peguei um viciado, uma tal de Paulinho, em pleno sábado ensolarado, de manhã, saindo da boca de fumo. Coloquei ele lá... No meio da bandidagem... Durante horas ficou fingindo ser o que não era, contando história, tentando sobreviver lá dentro, tava se mordendo todo... (com Itálicodeboche) Bonitinho daquele jeito, não teve conversa, o mais malandro fez logo ele de mulher. De ontem pra hoje só se ouvia os seus gritos pela delegacia (voz em off dos gritos de Paulinho). Eu nem me meto, isso é problema deles! Já vi muito esse filme, é reprise diária. Agora, ele tinha cara de ser filhinho de papai. Hoje, pela manhã, eu liberei um telefonema, tá na lei, certo? E a família veio correndo resgatar o inocente. (com deboche) Inocente que eu peguei saindo da boca de fumo com um tijolinho de maconha e um saco, (demonstra com as mãos) assim ó, de cocaína, a droga tava enfiada dentro do cú! Brincadeira... Parecia um bicho, fedendo a bebida, se escorando pelas paredes dos barracos, morrendo de medo... A família não quer ver o problema, eu ainda tentei argumentar, sabe como é... – Vai cuidar do seu filho, meu senhor! E o moleque... o moleque não parava de repetir: (Imita o filho) - Agora eu vou mudar, papai! Eu juro! Mas não tem jeito... O filho do vizinho é safado, maconheiro, vagabundo... o do vizinho! Pimenta nos olhos dos outros é refresco e como eles não querem enxergar o problema, a solução está cada vez mais distante.
(Ele sai).






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LOTERIA

casal entra no banco. a mulher carrega, no colo, uma menina e o homem, um menino. aproxima-se um amigo.
- fala, Norberto!
- nossa senhora! Gustavo? quanto tempo?
- é...desde os tempos da escola...
- essa é a minha família.
- lindos. um casal... (desanimado e com uma puta de uma inveja estampada na fala) eu só consegui duas meninas. parabéns pelo moleque.
Ouvi esse diálogo esquisito no banco e fiquei pensando, não sei, essa sociedade é muito filha da puta mesmo. Os pais, na sua maioria, sempre desejam ter filhos. Coitadas das meninas dele. Vão sofrer por falta de amor. Com certeza. E o pior é que o tal pai frustrado nem se preocupou em disfarçar a sua insatisfação.






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sábado, 5 de dezembro de 2009

MIGALHAS






acendo o cigarro sem pestanejar. me ligo no copo vazio. transbordo. tento encontrar, sem muita esperança, as palavras mais certas. as quebradas, aquelas capazes de me reconstruir. pelo menos a literatura... o impossível sempre me apavora. e eu trago. e eu tomo, com graça, os restos. e eu me descasco sem dó. sem espelho eu vejo minhas sobras. ah, eu vejo as minhas sobras. contento aos mil e um tropeços repetidos que me apavoram. não quero fechar os meus olhos. não quero me banhar em poucas lágrimas. não quero me molhar em migalhas.





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POR TODOS OS LADOS

olha só a contradição, o cara chega em casa, tranquilo, sem muitas novidades, apenas o mesmo cheiro de sempre. a mulher pergunta: - isso são horas?
e você ainda vai me perguntar da contradição? Meu amigo, esse é um discurso da época das barras da sai da mãe...
engraçado, eu escrevo um monte de bobagens por aqui, o pior é quem tem gente que acha que são discursos do meu casamento... e espalham isso por aí... publicidade pouca é bobagem... se bem que isso poderia ter acontecido por aqui... ei, moeda de apenas dois lados...estamos sem opção mesmo...


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PRA BAIXO, EU? VAI TOMATE CRU!




o lance é o seguinte, não temos lances de sobra. a reserva nem pensa em nos substituir. somos assim mesmo. sem qualquer possibilidade de permutação. outro dia, ouvi de um indivíduo, - cara, mas você tá muito pra baixo... quer saber? tô mais em cima do que qualquer paspalho que pensa que sua vida é uma dádiva divina. e falo isso sem pestanejar. meu caro colega ingênuo, os dias estão contados, não estão? como é que você pode viver numa boa com essa certeza, que ultrapassa a nossa imaginação?





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DEIXAR DE EXISTIR





teve um tempo que eu até achei que dava pra levar. porra nenhuma! não dá pra levar porra nenhuma. falo muito do acaso porque não vejo outra saída. é tudo por acaso? mentimos, nos enganamos, somos os maiores farsantes. somos os maiores fracassos. acreditamos nessa configuração direcionada que nos faz pensar em estabilidade, mas é tudo furada. tudo perda de um tempo que nem temos de sobra. tudo desejos de outros. brigamos pelas sobras. brigamos pelas beiradas desajeitadas, sem chances. brigamos pelo que nem sabemos porquê brigamos. empunhamos o discurso - vamos em frente! bobagem... nunca estamos na frente, mas acreditamos, piedosamente, acreditamos, e é isso que nos faz parecer um pouco mais humanos. mas só parecemos...só perecemos, meu irmão...


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SE LIGA!




- tá legal, você vive dizendo que eu não reparo nas suas coisas...
- é verdade! não repara mesmo! até meus cabelos de baixo do braço você nem reclama mais...
- e daí? cansei de cortar o cabelo e nada!
- porra, desde que eu te conheço você raspa essa merda...
- foda-se! nunca é a mesma coisa... a mínima diferença não chega nem perto da sua indiferença.
- você comprou o jornal?
- não!
- tá vendo, não tá mais ligada. é disso que eu tô falando faz meses...





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E TUDO VAI ASSIM...




- eu pedi o troco.
- eu nem paguei essa porra...
- tô sabendo, é que não dá mais pra raciocinar. me adiantei...
- sei, você tem a mania de querer terminar o que não tem mais fim.
- vou deixar a porta aberta.
- passa a chave que eu já até esqueci o endereço.
- vê se não acende a luz quando chegar...
- pode deixar que eu já desisti de iluminar essa relação...



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BETTY BOOP




vamos pra rua, baby
vamos dar um nó na razão
vamos cair de cambalhota na esbórnia
geral total esquece o sal de fruta e coisa e tal
não dá pra ficar de fora
nem pense em pedir coca-cola
chega de mansinho secreto
sem muitas firulas dos tempos de escola
na real? Betty Boop é nossa maior puta
o passado camufla a merda das mágoas
apenas nos traz o equilíbrio distante
almejado e completamente equivocado
vamos tomar banho de chuva essa noite?





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AMIGOS ESCASSOS

hoje foi o encerramento da turma de Português VIII. demos uma esticada na Pizzaria Trevo. E foi muito bacana. olha, tava conversando com meus colegas de turma sobre a dificuldade que temos aqui em Roraima de fazermos amigos. as pessoas por aqui estão muito ligadas em trabalhar, ganhar dinheiro, até porque, por aqui dá pra fazer isso tudo, mas o lado social é capenga. temos poucos amigos. poucos grupos pra sair num final de semana e falar bobagens. na Federal, por exemplo, as pessoas são muito afastadas. fazem o feijão com arroz e se mandam. não criam laços, sabem? esse é um revés daqui. tenho meu grupo de amigos do teatro, e mais um casal fora do teatro que mantenho contato permanente. e só. as pessoas tendem a se isolar. deve ser o calor e quando chegam em casa, nada melhor do que se enfurnarem dentro do quarto gelado pra aliviar a alta temperatura, sei lá, deve ser por isso. o fato é que todo mundo na mesa concordou. parece que todos que estavam lá sentem a mesma coisa. que estranho, não é? mas a noite foi ótima, e até marcamos outro encontro pra próxima terça. curti muito estar com todos eles. vamos ver, de repente, quem sabe, pode até ser que sejam novos amigos se aproximando...



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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

MAMMA ROSA

tô perturbando meus amigos do Rio de Janeiro. é que vou dar uma passada rápida por lá. Não tô preocupado em divulgar isso na net, pois vou ter cobertura aqui em casa. o cafofo não vai estar sozinho. vai ter gente aqui toda hora. Fora ladrões! o fato é que muito me anima me encontrar com muitos amigos do passado. desde que cheguei em Roraima, eu acho que já fui ao Rio umas três ou quatro vezes, sempre em função de trabalho, articulação, mas nunca deu pra encontrar muita gente. sempre procuro os mais ligados, mas dessa vez tô atrás de todo mundo. espero que o povo possa na data combinada. vamos nos encontrar no dia 10/12, no Mamma Rosa, uma pizzaria em frente da rua da CAL. sempre íamos lá. nossas noites sempre terminavam no Mamma Rosa. quem quiser chegar é só chegar. estaremos lá de braços abertos, de olho no passado e abençoando o presente, sem ressentimentos, certo? ei, o convite vale pros globais também...




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ESTATÍSTICAS DO SEXTAS CRÔNICAS

Fala, meu povo! Obrigado pela curiosidade e leitura do blog. Eu mudei o processo de estatística dessa página e desde 08/07/09 mais de 1069 leitores curiosos chegaram até aqui. Alguns acho até que são os mesmos, pois acompanho os locais e tem sempre vários estados repetidos. É só clicar na figura verde do contador ao final de cada post e acompanhar. Muitos chegam através do site da Cia. do Lavrado. Sei que vocês não curtem deixar comentários, quem costuma comentar por aqui é o meu amigo, Edgar Borges, jornalista e um puta de um escritor; a Cora Rufino, que faz arquitetura e é uma baita de uma atriz (pena que abandonou o ofício, perdemos muito com isso), alguns amigos do passado que resolvem entrar na referida página e deixam um alô! Enfim, de acordo com as estatísticas são mais de 200 acessos por mês. Bom, fico muito feliz por isso. Sou um escritor indisciplinado e completamente desorganizado e praticamente o que escrevo nem publico, a não ser por aqui. O único texto teatral que consegui levar pra cena foi O ÚLTIMO DIA, que conta a história de Paulinho, um usuário de drogas e tem a participação de alguns personagens que circulam por seu meio alucinado. Tive um projeto aprovado na FUNARTE - Fundação Nacional de Artes, o texto se chama APENAS UM BLUES E UMA PAREDE PICHADA, a minha menina dos olhos, vivo modificando essa porra, mas ainda não consegui colocá-lo em cartaz. Primeiro, devido ao acúmulo de atividades da Cia. do Lavrado e depois porque falta uma atriz pra fazer esse trabalho. Aqui no estado de Roraima não tem muita gente disposta a encarar a pedrada dos ensaios, principalmente quando falamos da vida de outsiders, ninguém quer se expor, mas acredito que em 2010 eu coloque este (ou esse, eu não consigo acertar nunca essa diferenciação) espetáculo em cartaz. Tenho três textos registrados na Biblioteca Nacional, um deles é o que já mencionei acima, inclusive apresentei ele no I Festival de Teatro da Amazônia, no tempo em que os artistas de Manaus estavam abertos para outras propostas, hoje, a coisa por lá tá feia. Entrou grana, saiu a excelência artística. Tudo por dinheiro. Enfim, nesse caminho tortuoso, ainda tenho um livro, que não consegui publicar e até tentei pela Lei de Incentivo do Estado de Roraima, mas fui censurado. Talvez o publique em 2010 com recursos próprios. Ele se chama O DESGASTE DO TEMPO NOS DENTES, e fala dos nossos dias sem chances. Vejam vocês, censurado...eu? Quem me acompanha sabe que não exalo nenhum risco à sociedade. Bom, além dos leitores do Brasil, ainda conto com a leitura de muita gente de fora, como Portugal, que tá sempre na área, EUA, que também marca uma presença constante, França, Rumânia, Espanha, Venezuela, Itália e Alemanha. Eu acho que o povo do exterior tá ligado porque eu tenho uma amiga aqui que é adepta ao Couch Surfing, a Grazi Camilo, uma puta de uma atriz da Cia. do Lavrado e que já tá de passagem comprada pra fora do extremo norte, que merda, né, tamos na merda! Ela divulga o meu blog na página dela. Agora, vamos deixar de conversinha fiada e mergulhar na produção!
Beijocas a todos!!!




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LUA CHEIA



- você lembra da época em que ficávamos de bobeira paquerando a lua?
- como é que eu poderia me esquecer de uma maluquice dessa? você vivia dizendo que ela tava afim da gente...
- eu queria te comer e você fazia muito jogo duro na época.
- sei...
- é verdade, esse negócio de não trepar no primeiro encontro é uma babaquice desgraçada. meninas...
- babaquice é essa história de brochar no primeiro encontro. garotos...
- vamos voltar pra lua?






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NÃO DESLIGO NEM DORMINDO...

E chegou mais um final de semestre na UFRR. Hoje entrego meu último trabalho, Português VIII e depois fico livre, férias! Consegui finalizar as três disciplinas e acredito que vou passar. Ano que vem, o bicho vai pegar legal. Preciso pegar umas seis disciplinas, é que tô atrasado e se eu bobear acabo ficando mais tempo na Federal do que imaginei. Não tenho sido um aluno exemplar, na verdade eu nunca fui. Desde a época do primário eu nunca gostei muito de estudar. Aproveitava mais era na hora do intervalo, na hora da entrada e saída e nas horas que ganhei matando um monte de aulas, às vezes pra jogar bolinha de gude na terra batida atrás da escola, outras vezes atracado em alguma boca gostosa dentro do terreno baldio do lado, e muito tempo depois consumindo muita porcaria pra escapar de uma realidade qualquer. Nunca tive um sonho de estudante, sabem, nunca desejei ser alguma coisa, seguir alguma profissão. Não tive esses anseios pra me direcionar pra qualquer porra nessa vida. Foi tudo por acaso. Assim como fazer teatro veio do nada, como vir pra Roraima não teve nada de planejado, assim como escrever, me deixo levar e aposto no que vai dar. Já até tentei ser diferente, mas não acredito na mudança. As pessoas não mudam. O mundo não muda. Nada muda, meu caro leitor, as coisas apenas se mascaram, mas na primeira oportunidade tudo volta a ser como sempre foi. O grande lance é aprender a se amar. Insisto nisso o tempo todo e confesso que é o que me alivia e me permite não chutar o balde de vez. Na próxima sexta tem encerramento na federal de uma das turmas, no sábado, talvez role uma festinha com outra turma e então, vou fazer as malas e desligar total. Olha a contradição aí, lembra que eu disse que as coisas não mudam? Então, tudo balela, eu não desligo nem dormindo... mas vamos ver no que isso vai dar.




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HEINER MULLER



1 - posso pôr meu coração a seus pés.
2 - se não sujar o meu chão.
1 - meu coração é puro.
2 - é o que veremos.
1 - eu não consigo tirar (chora).
2 - calma. pra quê que eu tenho um canivete. trabalhar e não desesperar. pronto, aqui está. mas é um tijolo. seu coração é um tijolo.
1 - mas ele só bate por você





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