terça-feira, 23 de junho de 2009

ENCONTRO COM FERNANDO PESSOA




Quem curte Fernando Pessoa não pode deixar de visitar o site
encontrocomfernandopessoa, que o meu amigo, diretor e mestre Paulo César de Oliveira me indicou hoje. É um site sobre o trabalho dele, que interpreta o Pessoa como ninguém. Um verdadeiro especialista sobre o assunto. Tem muita coisa pra ler. Arranquei esse abaixo de lá:




Sentir é pensar sem idéias, e por isso sentir é compreender, visto que o Universo não tem idéias. Ter opiniões é não sentir; todas as nossas opiniões são dos outros. Pensar é querer transmitir aos outros aquilo que se julga que se sente, mas só o que se pensa é que se pode comunicar aos outros: o que se sente não se pode comunicar. O sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha a alma. A lucidez só deve chegar ao limiar da alma. Nas próprias antecâmaras do sentimento é proibido ser explícito.

Sentir é compreender. Pensar é errar. Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra pessoa sente é ser ela. Ser outra pessoa é de uma grande utilidade metafísica. Deus é toda a gente.

Ver, ouvir, cheirar, palpar – são os únicos mandamentos da lei de Deus. Os sentidos são divinos porque são a nossa relação com o Universo e a nossa relação com o Universo Deus. Só sentir é crença e verdade; nada existe fora das nossas sensações. Por isso agir é trair o nosso pensamento: agir é descrer.

Não há critério da verdade senão NÃO concordar consigo próprio. A vida não concorda consigo mesma, porque morre. O paradoxo é a forma típica da Natureza. Afirmar é enganar-se na porta. Pensar é limitar. Raciocinar é excluir. Há muito que é bom pensar, porque há muito que é bom limitar e excluir.

Substitui-te sempre a ti próprio. Tu não és bastante para ti. Deves ser um universo sem leis para poderes ser superior. Faze da tua alma uma metafísica, uma ética e uma estética; faze das tuas sensações um rito e um culto. Substitui-te a Deus indecorosamente; é a única atitude realmente religiosa. Deus está em toda parte exceto em si-próprio.

São estes os princípios essenciais do sensacionismo.














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