domingo, 14 de junho de 2009

ENSAIOS DOLOROSOS, MAS NECESSÁRIOS

Tem gente que não gosta de nostalgia. Eu sempre retorno ao passado e quase que intuitivamente eu traço alguns paralelos com minha vida atual. Cresço assim. Esses dias me lembrei da época da escola de teatro. Estudei e me formei na Casa das Artes de Laranjeiras, CAL, no Rio de Janeiro. Naquela época, eu era muito louco. Um puta de um irresponsável. E estudava teatro. Todo semestre nós sempre apresentávamos alguma cena, ou até mesmo espetáculos de término de semestre ou a formatura no final do curso. Eu sempre chegava cedo. Gostava de ficar na piscina. Que na verdade não era uma piscina, não tinha piscina na CAL, era apenas um local neutro em que os estudantes faziam parada obrigatória antes de entrarem na sala de aula. Ali podíamos tudo. Quando estávamos em tempos de espetáculo, via meus amigos chegando cedo também. Na verdade aprendi com eles. Chegavam cedo. Faziam a social na piscina e se mandavam cada um pro seu canto. Tínhamos uma peça pra ensaiar. Chegava um momento em que todos estavam concentrados. Alguns passavam o texto, outros aqueciam o corpo, outros a voz, as cenas eram repassadas várias vezes antes mesmo de serem repetidas infinitas vezes nos ensaio. Não tinha esse papo de estar cansado. Havia unidade. Todos nós sabíamos que havia um prazo, uma data de estréia e não podíamos fracassar. No meu primeiro ano na escola, eu achava muito estranho aquele povo espalhado pelos pátios ensaiando. Escola de teatro é assim. Cada canto você encontrava alguém passando seu texto, procurando aperfeiçoar o seu trabalho, o tempo era sempre curto e precisava ser melhor aproveitado. Ninguém queria descer a escadaria da CAL sozinho. Se você fizesse uma cena ruim, descia sozinho. Incrível, as pessoas não queriam compartilhar o seu fracasso. Hoje eu entendo isso. As vezes sinto falta deste comportamento urgente dentro da Cia. do Lavrado, principalmente daqueles que tem mais experiência, pois já viveram diversos processo similares de trabalho. Não sei, mas sinto que sou responsável pelos que não tem nenhuma experiência, aqueles que nunca fizeram teatro e trabalham hoje conosco. Eu faço parte da única vivência deles. Se eu não der o exemplo, que profissionais serão esses? Bom, chega uma hora em que as coisas apertam e todos precisam dar aquele gás que muitas vezes não tem. É foda. Mas é assim mesmo que funciona. Nós, artistas, somos quase fazedores de milagres. Não temos uma escola de teatro em Roraima e pelo visto vai demorar muito pra isso acontecer. Então a formação de atores por aqui é realizada dentro dos grupos. Eu tenho sempre que ter registrado na minha cabeça, que nesse jogo não cabe espaço pra desistência e corpo mole. Não posso nem pensar na possibilidade de não dar certo, pois se pra dar certo depende também de mim, então, preciso estar dentro sempre. É isso. Hoje recebi uma mensagem de um amigo lá de Ariquemes, ator também e a mensagem falava disso.
Hoje tudo pode parecer triste, sem direção.Mas lembre - se por quantas vezes você já se sentiu assim e, de alguma maneira as coisas se resolveram. O sol voltou a ter esperança. Não se esqueça que a vida é feita de altos e baixos. Não se entregue ao desânimo. Olhe para frente, respire fundo, e procure a saída...

Sei que parece lugar-comum demais, mas caiu como uma luva no dia de hoje. É isso, vamos correr na frente, porque correr atrás já não dá mais tempo.






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