sábado, 19 de setembro de 2009

SUICÍDIO


hoje pensei nos suicidas. deve ser uma merda o exato instante em que o cara, não sei, pensa que nada tem mais jeito. no texto do Bortolotto, o homem, se suicida. o estado de Roraima tem o maior índice de suicídios do país. na proporção, lógico. tive um projeto contemplado pela FUNARTE, em 2008, e que fala do suicídio de jovens. a estréia será em 2010. esse ano não foi possível, me suicidei de montão... mas no próximo, com certeza, ele vai sair do computador. é uma foda, não é? suicídio? caralho! esse momento exato de que falo, de forma alguma conseguirei abordar em meus textos. é só uma impressão do que imagino. o momento mesmo, deve ser algo de outro mundo. quando jovem, até já pensei nessa saída. quem não pensou? só mesmo os jovens que tiveram uma vidinha arrumada, sem percepção dos seus conflitos é que, de repente, não pensaram nisso. eu pensei. hoje, isso é um drama. aos 40 não dá pra pensar em me mandar desse jeito. não tem nem graça, certo? como na peça do autor citado acima, - tô fudido! tô careca de saber que existem outras saídas. mas confesso que tem vezes que me mato. tem vezes que me suicido. nem sei se isso é possível, ou permitido pela gramática normativa. mesmo sabendo que tô cagando e andando pra ela. puxo a corda amarrada ao meu pescoço sem dó nem piedade. nada literal, senão, essas palavras seriam redigidas por um fantasma. o que não é o caso. mamãe...papai...não se preocupem, são apenas metáforas. pode parecer esquisito, mas tento entender os suicidas. os jovens. pensamentos radicais. sem possibilidades de outras saídas. a decisão sem volta. pra você entender melhor o que quero dizer, tá nascendo um puta de um dia lindo lá fora. olha só que contradição! entendeu? tudo bem, antes mesmo que você entenda, a corda já tá pendurada faz tempo. o salto, como reza meu amigo André, não tem volta. seja ele pro que penso ser vitória...seja ele pro que penso de fracasso...não consigo recriminar essa gente cheia de coragem e com tão pouca percepção da realidade. ou, não sei, com a real percepção da realidade. coisa que jamais pensamos em pensar...realidade...quem sou eu pra falar nisso? quando resolvo dormir, mesmo sabendo que não posso, e não devo me dar a esse luxo, me mato mais um pouco. dormir, diante de tanta coisa pra falar, escrever, discutir, viver, experimentar... é como se eu pulasse da escada com uma baita de uma corda amarrada ao meu pescoço. no edifício que morei em Vila Isabel, teve um cara que se matou assim. e não era jovem. mas isso eu nem posso recriminar. só fico com aquela pergunta desgraçada na minha cabeça, por que ele demorou tanto tempo pra tirar o time de campo? acho que sofrimento mesmo, sofrimento de verdade, deve ser algo assim. sinistro, maluco!






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