segunda-feira, 30 de novembro de 2009

BEM PRÓXIMOS DOS CINCO ANOS!


Adrya Mayara e Marcelo Perez
Foto: Tatiana Sodré


Ontem foi a última apresentação de Absurdópolis, que nos perdoe Aristófanes. A roda mais uma vez ficou lotada. A população em geral curte muito teatro, é uma pena que o poder público não se importe com isso, quero dizer, o poder público do estado de Roraima. É uma pena que o dinheiro, que é nosso, que é do povo, não chega nas nossas mãos. Mas em espírito natalino, vou deixar as críticas pro ano que vem, o importante mesmo é que ontem o público compareceu. Os amigos estavam lá. E a roda ficou lotada do início ao fim do espetáculo. Depois do espetáculo, ouvimos algumas críticas. É legal ouvirmos críticas sobre o nosso trabalho, sejam elas elogios, ou algumas sugestões, ou observações pertinentes que irão contribuir com o desenvolvimento artístico de todos nós. Sinto muita falta desse retorno. Nem sempre as pessoas estão afim de falar o que pensam, principalmente os artistas locais. Depois do espetáculo tava comentando na pizzaria que seria legal demais se pudéssemos debater a nossa contrução, o nosso processo de trabalho e o resultado daquele dia específico, pois não dá pra falarmos do todo, pois esse todo está sempre em intensa transformação. Eu sou muito tarado com esse negócio de teatro. Gosto de ficar falando toda hora, discutindo ideias, questionando e defendendo opiniões, eu fazia muito isso lá no Rio de Janeiro. O povo era tarado também pelo assunto e percebo o quanto eu cresci no meio daquelas discussões. Aqui é tudo mais complicado e pelo andar da carruagem, não vai mudar nunca!
Começamos o espetáculo às 20:40h, com a música de abertura, é o tempo certo pra que o povo perceba que tá rolando alguma coisa por ali e com isso, curiosos como são, acabam se aproximando e formando a roda. Com a roda formada, entram os ambulantes em cena, vendendo cargos públicos na saúde, educação, cultura, vendendo remédio superfaturado, licensas para incendiar o Lavrado, vendendo animais em extinção, enfim, começamos o espetáculo colocando o dedo na cara de todo mundo. É legal, pois muita gente ri, meio nervosa, outros tentam mudar de posição, é um puta de um incômodo. Não tem como não se identificar com o que falamos. Em seguida, entra Joana, a nossa Lisístrata do Lavrado, já entra revoltada com toda essa situação absurda, tudo muito parecido com o que vivemos aqui no estado, na região norte, sul, sudeste...enfim, o Brasil inteiro é um absurdo, não acham? E a peça continua, um a um vão chegando os outros personagens, e o clima é estabelecido. O público, ligado até o fim, não arredou o pé. Eu continuo achando que esse é o melhor termômetro da rua. Se não tiver legal, o povo se manda na hora. Foi divertido fazer. Estamos extremamente felizes com o ano de 2009, apesar de não termos grana, produzimos. Tem muita gente por aí que coloca dinheiro no bolso e não produz, a gente sabe como é, por isso e por dezenas de outras razões, o ano foi ótimo. Olha, a Cia. do Lavrado continua de pé, pagamos nossas contas, aluguel, internet, luz, site, apesar de toda a dificuldade que enfrentamos em fazer teatro em um estado que praticamente é ausente de incentivos pra quem produz cultura, produzimos um espetáculo com dinheiro do próprio bolso. Levamos ele pra Porto Velho, ganhamos mais um prêmio, o YAMIX, que mesmo com a ausência de alguns grupos locais, ganhamos sim, e comemoramos muito por isso. Conseguimos terminar nossa curta temporada, foram cinco apresentações, três em Boa Vista, uma em Pacaraima, fronteira com Venezuela e uma em Porto Velho, e um total estimado de mais de 2.500 pessoas. É isso, agora vamos descansar bastante em dezembro. Voltamos no início de janeiro com a corda toda, afinal de contas, em 2010 vamos comemorar cinco anos de existência e resistência!



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