sábado, 7 de novembro de 2009

CONSEGUI. E AGORA?

Quem conseguiu entrar em uma universidade, sabe muito bem os sacrifícios que teve que fazer para se tornar um universitário. Eu me considero um cara privilegiado, eu sou um universitário! Aos 40 anos de idade e universitário. Bom, não que isso me garanta emprego ao me formar e muito menos ficarei mais inteligente ao sair daqui, mas o fato é que eu ralei muito para ser aprovado em um vestibular. Foram oito vestibulares. Em 16 anos. Praticamente é um processo de educação inteiro. Faz as contas comigo, Ensino Fundamental e Médio, 11 anos. Mais um ano de cursinho preparatório, e já são 12. Coloca aí mais quatro anos de um curso universitário qualquer, 16 anos. Exatamente o mesmo tempo que eu levei tentando chegar até aqui. E não é para eu festejar? Fiz o primeiro vestibular em 1990 e apesar de eu estar com o Supletivo fresquinho na minha memória, não foi daquela vez que eu passei. No ano seguinte tentei novamente. Eu fui tentando durante cinco anos. Em 1995 eu comecei a desconfiar. Todos os meus amigos passaram no vestibular, até mesmo os mais burros. Uma vez um colega me confidenciou que ele tinha chutado todas as questões das provas de matemática, física e química. E o cara passou! Não é possível. Eu fiquei paranóico com essa história, desconfiado demais. Resolvi fazer o vestibular de dois em dois anos, para não chamar a atenção, sei lá, de repente me esquecem. Nessa época eu já fazia teatro e depois de cinco anos tentando, eu resolvi fazer as provas com o figurino dos meus personagens. Sério. Disfarçado. Uma vez fui de Quindim. E não era o doce... fui vestido de rinoceronte, o Quindim do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Uma roupa discreta. Tirando a cabeça imensa...Eu fazia essa peça na época. E lá fui eu de rinoceronte. Totalmente disfarçado. Dois anos depois estava eu lá tentando novamente. Já fiz prova de vestibular como Lobo Mau, Gasparzinho, até vestido de mulher eu já fiz essa maldita prova. Mas não teve jeito. Cismaram comigo mesmo. Rapidamente bolei uma fuga geográfica radical. Peguei o mapa do Brasil, fechei os olhos e enfiei o dedo bem na ponta do estado de Roraima. Quase fui parar no exterior. E assim cheguei nesse estado. Do outro extremo do país eu já estava marcado. Perceberam agora? Os caras lá embaixo já tinham a minha ficha, - de novo esse idiota? Vamos reprovar o desgraçado! Não queriam que eu me tornasse um universitário! Mas aqui estou eu. Orgulhoso por estudar em uma Universidade Federal. Assim que passei, em 2006, eu fui correndo contar o milagre para a minha mulher. Afinal, 16 anos não são 16 dias. Ela deu uma leve risada e me disse certeira, - Entrar na universidade é mole. O difícil é você permanecer!




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2 comentários:

Luana disse...

Oi Marcelo, adorei a sua crônica o "O Lanterna, o anticristo e a farsa Religiosa", e fiquei muito feliz por você se lembrar do grupo do qual faço parte, o ERRO Grupo. Nos conhecemos em Boa Vista em 2004?
Acho que irias gostar de nosso novo trabalho Enfim Um Líder, tudo a ver com a situação que você passou na Pça das Aguas...
Um abraço e vamos manter contato, esperamos voltar a Boa Vista em breve.
Luana Raiter

Marcelo Perez disse...

Obrigado, Luana. Não nos vimos quando esteve aqui, mas quando voltar faça contato...