quarta-feira, 15 de abril de 2009

QUEM SABE EM UMA OUTRA OPORTUNIDADE...

Acordou às dez da manhã. Desistiu de levantar da cama por um momento. Olhou pro teto do quarto e toda a sua dimensão entupida com teias de aranha. Pensou em faxinar. Ligou o som. Ouviu Autum in New York. A voz calma da Billie não o ajudou em nada no processo de levantar e cair na vida. Coçou as malditas picadas dos monstros que o banqueteiam todas as noites. Mesmo com ar condicionado e ventilador, os desgraçados o detonavam sem nenhuma piedade. Pegou a lixa no criado-mudo e deu um jeito nas pontas dos dedos amarelados. Lembrou de um amigo que tem um sol em cada dedo indicador e polegar de suas mãos. Não gostava desta aparência bandeirosa. Sentou-se na cama. Pensou em tomar um café. Mas precisava prepará-lo primeiro. Então, desistiu. Dobrou o lençol ainda deitado, com toda meticulosidade de um dorminhoco profissa. A casa estava um silêncio. Não ouvia os cachorros, os morcegos do forro, e nem mesmo a mulher com suas novidades sem vírgulas. Acendeu um cigarro. Sem culpa, pois não costumava comer nada pela manhã. Fumou com André Cristóvão. Puta bluseiro. Aventurou-se com Bukowsky. Não sabia o por que, mas não conseguia terminar o tal do Hollywood. E mais uma vez não foi em frente. No máximo duas páginas. Olhou novamente a construção lenta das aranhas. Encontrou semelhança com sua existência. Não encontrou nenhum motivo pra se levantar. Deitou novamente. Desligou o som. E dormiu (Quem sabe em uma outra oportunidade...).






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