sábado, 12 de julho de 2008

BONITO NA FOTO

Entrou no bar e escolheu a mesa do canto. Era sempre a mesma solitária. Perto dos banheiros, razão pela qual ninguém a desejava. Mas ele gostava de sentir aquele cheiro de mijo. De presenciar o entra e sai desesperado dos moleques e das meninas loucas pelo diabo ralado. Se o dono do bar cobrasse a entrada no banheiro já estaria rico. Ele gostava mesmo é de ficar por ali, à espreita. No final da noite, sempre recolhia uma maluca qualquer para arrochar na sua Kitchnet fedorenta. Todos os dias era a mesma coisa. Uma rotina enlouquecida e recheada de sexo casual. Uma japonesinha, aos tropeços, estacionou em sua mesa. Silêncio. Ela parecia que o conhecia. Cheia de intimidade, não perdeu tempo e bebeu do gargalo. Era o código para mais uma noite infernal. Subiram as escadas do prédio completamente entorpecidos. Ficaram por ali mesmo. A japonesinha era um tesão desgraçado, uma sainha curtíssima, maquiagem exagerada, quase escondia seus traços orientais. Ela ficou por trás e começou a morder sua orelha. Ele estava muito tonto para perceber o final da história. Ela colocou a mão no seu pau. Ele fechou os olhos. Ela arranhou sua nuca com os dentes. Arrepiou sua presa. Tirou o cadarço da bota enquanto lambia deliciosamente as orelhas de sua carne fácil. Ele delirou. Era uma gata de se apaixonar. Ele viajou naquela sacanagem toda. Ela, rápida e cruel, envolveu o cadarço no seu pescoço, tirou uma faca da cintura e alisou sua jugular sem nenhum medo de errar. O sangue espirrou deixando uma imagem surreal na parede do edifício, ela ainda aproveitou o pau de sua vítima, duro. Chupou até brochar. Desceu as escadas sorrindo. Ele ficou por lá. Famoso por um dia em todas as páginas de jornais da cidade. Bonito na foto.





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