terça-feira, 1 de julho de 2008

SEM SUAS COISAS

Sentou-se à mesa e pediu uma caipivodka com bastante limão. Não tinha ninguém ao seu lado. Apenas dois garçons coçando o saco. Era cedo demais. Percebeu a ausência de sua bolsa. Estava só. Bukowsky e as músicas que mais gostava, tudo havia ficado dentro da bolsa, no carro. Não se animou em buscar. Bebeu sossegado. Não conseguia nem ouvir a conversa das mesas distantes. A vodka bateu. Fumava sem parar. Suou muito. A solidão imposta pela sua péssima escolha não lhe deu outra chance, virou para o rio. Barcos. Pescadores camuflados por entre a vasta vegetação da beira. Risos. Viu uma garrafa nas mãos de alguém. Pagou a conta. Desceu para debaixo da ponte e se juntou aos mendigos. Ouviu histórias. Bebeu. Fez rateio para outra. Chegou em casa às nove da noite. Sentou-se no computador e escreveu uma conto qualquer. Sabia que não tinha a habilidade de lembrar-se, então, sem outro caminho, precisava inventar alguma coisa. Escreveu até o amanhecer.





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