terça-feira, 29 de julho de 2008

FOI UM FESTIVAL!

Renildo Araújo dando uma última conferida no material.
Praça das Caixas D'água.
Foto: Marcelo Perez.

Esse foi o visual que nos abrigou durante uma semana. Então, falando mais tecnicamente, me surpreendi muito com este festival. A organização esteve perfeita, a hospedagem foi bacana, sem luxo, mas tinha lá o ar condicionado, banheiro, cama gostosa e um café na moral. As refeições eram feitas no SESC, na hora do almoço. Uma comida caseira, simples e sem muita frescura. A janta era em um restaurante próximo ao Hotel. Cara, comi bem pra porra, a semana toda. Não tenho do que reclamar. O transporte tava dez. O Bené, motorista, a Braguinha, produtora e a Veruska, assistente (eu acho) deixaram a gente super à vontade. Em nenhum momento demonstraram insatisfação no meio daquela correria toda. Estavam sempre prontos e com uma cara de cansados...O Chicão também atendeu a todas as nossas angústias. Parecia ser o sujeito mais calmo do festival. Mas acho que o cara devia tá nervoso e não quis demonstrar. Sei como é isso, é igual comigo na Cia. do Lavrado. Às vezes bate uma insegurança...mas não dou mole. Não posso deixar de falar dos oficineiros, Narciso Teles e André Garcia. Pessoas generosas, que souberam se aproximar dos grupos e discutir os espetáculos. São caras que realmente entendem de teatro de rua, já tão nessa faz tempo e em nenhum momento omitiram as dificuldades de seus locais de origem, sempre num bate-papo de pura identificação. E os artistas, cara, só tinha gente boa. Pelo menos os que eu me relacionei eram todos nota 1000!
O público curtiu muito o trabalho do Grupo Baião de Dois, TORTURAS DE UM CORAÇÃO. Eu já tinha assistido no Festival de Teatro da Amazônia, em Manaus e gostei demais do espetáculo. O elenco entrosado, soube adaptar muito bem o espaço cênico, pois o espetáculo foi concebido pra palco italiano. Eles estavam conosco direto e nos divertimos muito.
O pessoal do Acre, puta, só figuraça. O espetáculo MANOELA E O BOTO abriu o festival. Um trabalho sem cenário, com o peso todo em cima dos atores e dos músicos, que seguraram bem a onda e fizeram um ótimo espetáculo. Eles usaram muitos objetos cênicos, muitas soluções interessantes. Eu vi teatro de rua. Digo isso porque fui pra lá com a impressão de que o que a Cia. do Lavrado faz é teatro na rua. Acabou que na oficina do Narciso Teles essa minha impressão foi por água abaixo. Fazemos sim teatro de rua. O elenco afinado, com ótimos atores, os músicos em cima, com muita precisão dando a linha do espetáculo e uma direção precisa que não precisou nem ficar perceptível. Foi assim o Acre.
O Imaginário (RO) apresentou O Mistério do Fundo do Pote. Um espetáculo do veterano Illo Krugli. De todos os trabalhos, este foi o mais circular. Utilizaram todos os lados e ângulos possíveis. Soluções cênicas também muito interessantes. Muitas coisas já estamos trazendo pra Boa Vista, copiando, adaptando pra nossa realidade. Ótimos atores no elenco.
O Salto, do nosso amigo André Garcia lá do RJ, foi uma surpresa. Me lembrei do Grupo Clownstrofobia que fiz parte l´pa no RJ há alguns anos. O Salto foi um espetáculo repleto de palhaçadas, que traziam como costura um mistério desgraçado, que no final surpreendia a todo mundo. O cara dizia o tempo todo que ia dar três saltos do banco sem tirar o pé do banco. Entre uma tentativa e outra, o cara fazia uma porrada de números de palhaço. Foi muito agradável de assistir, sem falar na técnica que o André domina muito bem, manter a atenção de um público de pelos menos 400 pessoas em plena rua e sozinho, não é mole não.
A Cia. do Lavrado já falei. Aprendemos muito. Nos surpreendemos com o resultado do trabalho. Uma parte da Cia tinha a certeza de queria seria muito legal e outra parte que viajou e que ficou em Boa Vista não botava fé, acharam que era só pra cumprir tabela. E foi o contrário. O público legitimou o trabalho, os artistas comentaram direto, fizeram críticas bem legais, souberam fazer críticas, deram sugestões de mudanças, sim e por que não? Foram generosos. Um exemplo pra gente.
A avaliação da Cia. do Lavrado foi a melhor possível. Percebi isso na fala e nos olhares e sorrisos da moçada. Apesar de todos exaustos, a satisfação era transparente.












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