sexta-feira, 18 de abril de 2008

CACO DE VIDA


Hoje foi um dia legal pra caralho. Sexta-feira! Acordei tarde. Fui à UFRR e mais uma vez não tive aula. Fui comer com a Tati e conversamos bastante. A menina é guerreira, foi a mais uma entrevista de trabalho. É um puta exemplo. Comemoramos no Tortas & Tortas. Vou logo avisando, o salgado de lá é frio e pelo preço que cobram deveriam ter no mínimo um forno microndas pra esquentá-lo. Vão se fuder! Pegamos filmes. Li uma peça, Deve ser du caralho o carnaval em Bonifácio, de Mário Bortolotto. Ainda estou nos textos dele. Em seguida passo para os dois livros do Bukowsky, depois o livro de contos de Tchekhov, Um Homem extraordinário e por último A Carta Roubada, de Edgar Allan Poe. Agora tô curtindo Celso Blues Boy. E foda-se o resto. Daqui a pouco vou continuar meu novo texto. Tô escrevendo pra caralho. Quando tô nessas fases fico completamente tumultuado. Confuso. Muitos personagens, muitas referências autobiográficas, muitas lembranças, nostalgia. Quando o dia amanhece / O brilho da noite se vai / Vejo as pessoas tão caladas / num canto amarguradas/ Isso é Celso Blues Boy, entendem? Me lembro agora do Circo Voador, no Rio de Janeiro. Eu perdi as contas de quantos shows assisti desse cara lá. Ele sempre foi um clássico. Praticamente de dois em dois meses fazia show por lá. Eu tinha até o canhoto dos ingressos colados nas paredes do meu quarto. Eu colecionava. A parede do meu quarto era cheia de papel. Várias referências do que eu era naquela período da minha vida. As vezes olho pras paredes de minha casa e não vejo nada. É lógico, não tem nada. Isso me incomoda. Esse vazio na parede. Essa falta de referência. As paredes da casa são como um mapa do interior do indivíduo que ali habita. Tô sem mapa. Existem apenas umas borboletas que ganhei dos meus pais e confesso que não preciso olhar pra elas pra lembrar deles. Os caras são muito mais do que essas borboletas ridículas. Não tenho quadros. Gosto de quadros. Já quis até pintar alguns. Não sou pintor de quadros, mas também não sou dramaturgo. Não sou estudante. Não sou ator. Não sou diretor. E daí? Por que não posso pintar quadros? Quase aos 40 percebo que a vida realmente nos coloca o tempo inteiro em busca de algo. Somos escravos dessa pôrra de vida. De vida maravilhosa. Sim. Mas escravos. Ela não permite que façamos o que queremos de verdade. Somos fantoches nas mãos de não sei quem. Outro dia conversando com a Dani fiquei sabendo de uma série que passa na TV à cabo, uma tal de 14.000, sei lá se é isso mesmo, mas o fato é que a moçada, sim esses 14.000 desapareceram e de repente retornaram em uma outra época. Caralho, as vezes me sinto assim. Vindo de um outro lugar e até as pessoas mais próximas me parecem estranhas. Tento me afinar com elas e é difícil, pois não sou daqui. Sou estranho. Me parece que sou, porque ando à margem e elas não. Por isso, às vezes algumas pessoas me perguntam se estou bem. Acham que tô diferente. Não é nada gente. É apenas um caco de vida que arranha minha goela de vez em quando.



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