quarta-feira, 21 de maio de 2008

POLLY

Saí de casa nesta segunda com muita fome. Embora não tenha o hábito tradicional de tomar café da manhã, percebi que precisava me alimentar. Comprei um maço de cigarros. Não sobrou dinheiro para o café. Não me desesperei, pois não era a única refeição do meu dia. Tão logo chegaria o almoço e eu poderia me esbaldar. Fui convidado na noite anterior pra um churrasco.
Nessas ocasiões é melhor fazer um jejum. Adoro carne. Não tenho essa de pena de animal, sabem, consciência de um mundo melhor, essas babaquices. Que se foda o mundo! Eu quero é comer. E bem. Se tiver carne ótimo. Se não tiver, como macarrão com alho e óleo. Aliás, não é só o café da manhã que eu costumo dispensar. Às vezes como um pãocomqualquercoisa no almoço. E daí? Também não acho que vou morrer porque não almocei arroz com feijão um dia. Se bem que tem vezes que eu fico mais de um dia assim... o fato é que não sou desses que se dizem politicamente corretos. Jogo papel no chão, bituca de cigarros, cuspo, meu lixo não é separado, se eu tiver de porre e me der vontade de mijar e não tiver nenhum lugar, mijo na rua mesmo. É isso, não costumo enganar as pessoas. Nem as trouxas. Pra que falo tudo isso? O fato é que cheguei no tal do churrasco, faminto, e fui logo atrás da carne. Fiz logo amizade com o churrasqueiro. Enchi a pança legal. Fiz por merecer o jejum. Depois, tive que aturar um monte babacas contando vantagens, sabem, esses que se dizem politicamente corretos. Que cagam cheiroso. Que vomitam perfume de rosas. Que não ficam bebaças e sim saem um pouco dos limites. Que arrotam literatura estrangeira, se dizem profundos conhecedores, mas no fundo mesmo são os reis das sinopses decoradas. Meu, dá pra perceber quando o cara, ou a carinha, não entende da porra do assunto. O papo fica na superfície. Não rola mergulho, entende? Não rola conexão com outras paradas. Aí é mole, meu irmão, leio a sinopse, sei um pouco da história do autor e aí vomito as minhas idiotices. O caso é que preferi apenas ouvir. Quando rola essas maluquices, eu prefiro ouvir. Aliás, ultimamente tô preferindo ouvir mesmo. Até porque o que eu falo por aí, o povo interpreta tudo errado. Errado porra nenhuma. Neguinho é burro mesmo! E esperto também! Mas vou levando, sei que lá pela sexta latinha de cerveja resolvi mudar o rumo da prosa. - E aí, quando vocês fodem vocês falam muitas bobagens? Silêncio total. As pessoas se olharam. Parecia Hiroshima pós-bomba! As caras se caguetaram. De repente, parece que todo mundo resolveu me censurar. - porra, cara, qual é a tua? - nossa, o que é isso? - Marcelo, tu pirou? - Meu Deus do céu! - Que história é essa?
Cara, eu abri outra latinha e continuei o meu assunto.
- Sério, vocês curtem falar e ouvir bobagens quando trepam? Não, porque com a quantidade de merda que vocês já falaram, fico imaginando que a foda de vocês deve ser o maior sucesso!
Levantou uma pra ir ao banheiro. O outro foi acender um cigarro com uma pessoa mais adiante. A outra disse que ia pegar outra latinha pra ela e assim foi indo e eu fiquei sozinho. E pior, sem a minha resposta. Derrubei a lata e abri logo a oitava. Apenas observei. Por um momento me deu uma leve sensação de estar num ambiente muito fake. Até mesmo os sorrisos eram falsos. Montados. Por mais que fosse um churrasco de comemoração, saquei que por trás daquilo tudo havia uma atmosfera de interesse e que com certeza eu não fazia parte daquela festa. De longe avistei a empregada. Já havia reparado nela durante a roda de conversa. Tava sempre em volta. Me olhou de um jeito esquisito. Eu já tava zonzo. Fui ao banheiro e esqueci de fechar a porta. De repente sinto uma mão tapar os meus olhos. Balancei o pau. Tentei tirar a mão. Me virei e dei de cara com a empregada. Gostosa. Segurou na minha pica e disse - Seu safado asqueroso! eu apenas dei uma gargalhada curta e então disse à ela - sua putinha sem vergonha, você quer é sacanagem não é? Ela deu um sorriso safado e concordou com a cabeça. Em seguida se agachou e começou a mamar a minha pica. Parava por uns momentos pra me xingar. Tinha ouvido minha pergunta pros cabeças. Era da minha tribo. Adorava putaria de verdade. Ficamos lá, durante um tempo, nos xingando, até que deitamos no chão do banheiro e de ladinho, começamos a nos chupar. Gozamos. Eu primeiro, lógico. Fazer o quê? Mas ela chegou lá. E satisfeita, me deu uma tapa na cara. Sorriu e saiu do banheiro ajeitando o seu vestido. - Deixa eu ver o que os mascarados estão precisando. Saiu. Levantei a tampa da privada. Sentei e dei uma bela cagada. Acendi um cigarro. Observei a fumaça. Tenho mania disso. Folheei uma época qualquer e fui embora pra casa. Sem me despedir. Arrastei mais uma latinha e saí com meu carro caidinho ao som de Polly, Nirvana. Precisava esquecer as risadas forçadas. Lembrei da Polyana, atriz maluca que estudou comigo. Se estivesse nessa festa, teríamos nos divertido muito com todo esse povo.

Nenhum comentário: