quarta-feira, 14 de maio de 2008

SÓ SE FOR AGORA

Estacionou o carro na esquina. A festa estava bombando a poucos metros dali. Acendeu um cigarro. Observou a passarela de modelitos falsos. O ambulante se aproximou e lhe vendeu uma cerva gelada. Não estava na hora de entrar. Até porque não tinha convite. Precisava perceber o ambiente e só então avançar como um soldado determinado nas trincheiras do Afeganistão. As Patrícias não paravam de chegar. Os Maurícios, como sempre, falavam alto e chamavam a atenção. Pediu mais uma cerva ao ambulante. Queria entrar ligado. Sabia que em festa de riquinho a bebida era controlada. É verdade. Festa de pobre é que dá pra encher a cara. Percebeu uma gata diferente do outro lado da rua. Sozinha. Estava com botas pretas, vestido preto e maquiagem preta. Cara completamente sinistra. Mas não tirava os olhos dele. Deu uma última tragada no cigarro e resolveu se aproximar. A gata não parava de olhar. Atravessou a rua e ela não tirava os olhos dele. Se aproximou e ela não tirou os olhos dele. - E aí? Disse na lata. - Vamos? Ela respondeu. Ele rapidamente pegou no braço dela e foi em direção da entrada da festa. - Pera aí. Se tá indo aonde? ela perguntou. - Pra festa. Ele respondeu. - Cara, não tô afim de entrar nessa bosta não. Eu pensei que você fosse me levar pra outro lugar. - Outro lugar? Ele disse. - Sei lá, pro outro lado da rua, atrás daquele carro, não sei. Meu, tô afim de fuder, sacou? ela disse. -Sei...então...vamos lá. Ele disse. Então os dois foram pra trás do tal carro. Ela prontamente levantou o vestido. Ele ficou nervoso com toda a praticidade da menina. Ela segurou no pau dele, mole, e deu uma risada. Foi o suficiente pra que a noite terminasse em zero-a-zero. Os homens não estão acostumados com toda esta modernidade. Ela ensaiou uma punheta e nada. Ele a olhou com cara de mais uma chance. Ela acendeu um cigarro. Deu uma tragada demorada e disse, - aí, fui. Ele ficou lá, com o pau na mão e com a imagem daquela gostosa que nunca mais aparecerá novamente em sua vida.

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