quarta-feira, 19 de março de 2008

NINGUÉM É NADA

A Cia. do Lavrado agoniza. E parece que só eu percebo a gravidade da situação. Mais uma vez bati boca, quando na verdade eu apenas queria chamar atenção pra um problema grave. Mais uma vez saio com a impressão de que realmente o errado sou eu. Errado por me dedicar demais e não ter pessoas ao meu lado que se dediquem também. Errado por atender primeiro aos gritos de socorro de um grupo de teatro, enquanto que outras áreas da minha vida também agonizam. Continuo acreditando que se todos fizessem um pouco mais, não estaríamos passando pelo que estamos passando. A maior merda disso tudo é ser chamado de vítima. Pôrra, como é que eu vou pedir socorro sem aparentar ser uma vítima?

Olha, o teatro se tornou muito sério pra mim. E não é de hoje. Já tô nessa há 18 anos. O teatro em Roraima precisa ser encarado com mais seriedade ainda, pois por aqui as coisas são mais difíceis mesmo. Faço parte de uma federação no qual os grupos não estão nem aí pro coletivo. É verdade, cada um olha pro seu umbigo. E quer saber? Tô de saco cheio dessa pôrra, dessa gente toda que se acha e que nem percebem que cagam bem fedido igual a todo mundo. Me preocupo demais... eu não desejo que a Cia. do Lavrado tenha atores fodões, que saibam Stanislawsky de trás pra frente, ou qualquer outro teórico. Desejo sim, que o grupo esteja cada vez mais pensando no coletivo e que este coletivo não fique apenas no nosso umbigo, que possamos trocar com outros grupos. Sei que isso é complicado quando se trata de Roraima. A moçada por aqui não entende muito bem o que é isso. Questão de educação. Mas eles não são culpados. Nunca tiveram nada. Sempre sugaram do poder público. É normal que quanto mais gente nova apareça por aqui, eles se sintam mais ameaçados de perderem o pouco que eles pensam que tem. Ninguém tem nada. Ninguém é dono de nada. Ninguém é nada. Caralho, comecei falando sobre uma coisa e terminei falando sobre outra...

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