quinta-feira, 13 de março de 2008

NINGUÉM É SANTO PÔRRA NENHUMA

Esses dias recebi uma notícia ruim. Um amigo de infância morreu. Câncer. No fígado. O Aninha ou o Piranha ou o Carlos, seu nome verdadeiro era uma cara incompreendido. Bebia todas. Fumava todas. Batia de frente com as pessoas, mas e daí? Viver numa sociedade hipócrita pra aqueles que não tem papas na língua é uma dor fudida. E o Piranha falava o que pensava. Na hora. Lembro de várias pasagens com ele. Nenhuma heróica. Pôrra, também não éramos heróis mesmo...assisti com ele no cinema o filme Missipi em Chamas, esse mesmo que já passou 300.000 vezes na tv, em um cinema poeirinha no Bairro de Ramos. Acho que ele nem existe mais. Provavelmente virou uma Igreja de uma religiãomerdaqualquer. Voltamos à pé pra casa. Conversamos bastante e lembro que nesse dia me senti super bem de estar com ele, pois o cara era mais velho e eu me amarrava em sair com o pessoal mais velho. Tive poucos amigos da minha idade. Outra vez foi a Copa do Mundo de 82. Resolvemos fazer vários litros de batida de limão. Todo mundo ficou muito louco. Não sei quem deu a idéia de misturarmos a caipirinha com Optalidon. Pôrra, esses comprimidos, que nem lembro pra que servem, tinham uma fórmula que ao misturar com o álcool, me Deus, era foda! Cheguei em casa às três da manhã e fiquei sentado no chão, apoiado na privada com a cara lá dentro vomitando água até cinco e meia. Essa foi uma das vezes que tive a ligeira impressão de que ía morrer. Essas e outras maluquices me fazem lembrar do Aninha. Mas dentro dessa loucura toda tem muito espaço pra lembrar que ele era um cara amigo, companheiro, generoso, sabia dividir o pouco que tinha, era humilde, e talvez, sei lá, se entorpecer demais era forma que ele encontrou de conviver nessa sociedade filha da puta em que vivemos. Ninguém é santo pôrra nenhuma!

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