sábado, 23 de janeiro de 2010

ALMOÇO DE DOMINGO



cambaleou até a cozinha com a visão turva de outros passados
escorou-se no fogão
abriu o gás e acendeu o isqueiro sem noção
sentiu o calor beijando sua pele
sustentou até o primeiro berro maldito
partiu pra carne e meteu a mão na cara
colocou as moscas pra correr
quer dizer pra voarem
jogou todos os temperos possíveis
mexeu daqui e dali
jogou-a pelos cantos da tigela sem nenhum perdão
apanhou a faca e apunhalou-a
sem perdão
obssessivamente mandou 32 estocadas
enfiou o alho sem jeito
na maior grosseria possível afogou-a em azeite vinagre e transbordou-a em sal
respirou
acendeu um cigarrro
deixou-o no canto da boca
levou a vasilha com a carne completamente derrotada pra dentro da geladeira
deixou para o outro dia a execução da dita cuja





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