domingo, 10 de janeiro de 2010

MOLECAGEM



Abriu a porta lentamente com a arma em punho. Foi alvejado no peito aberto. Descuido imperdoável de profissão. Longe da porta, ainda ouviu seu coração reclamar. Teto preto. O tempo fechou geral. Era uma presa fácil. Levantou a pistola com muita dificuldade, se ajeitou e levou um bicão na mão. O trabuco foi longe. Sem chance de recuperação. Viu seu carrasco se aproximar. Foi arrastado para dentro do armazém, deixando para trás apenas seu rastro de sangue. Permaneceu por muito tempo sem saber direito o que lhe acontecia. Só dor. Facas, alicates sujos de graxa, fios e sacos plásticos. Era uma seqüência punk com os mais sádicos métodos de tortura nazista. Não conseguiu gritar. Sofreu em silêncio, sabia que não seria resgatado dali com vida. Um gato nos dentes de um pitbull raivoso. Viu sua perna esquerda sendo pendurada, aos pingos. A visão embaçou. Esticou-se até alcançar a outra, mas escorregou no seu sangue quente que jorrava. Era o seu fim. Caiu para o lado e quebrou-se todo no chão. - Mãnhêeee! O Paulinho quebrou o enfeite da mesa, disse o irmão invejoso. E a mãe, com seu discurso de mãe, disparou na direção do garoto, - desgraçado! Foi presente da sua avó. Vem cá que eu vou arrancar sua orelha! O garoto saiu correndo para o quintal, subiu na mangueira e ficou por lá até a hora do seu pai chegar.




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