sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

MAGOO

Magoo era um cara esquisito. costumava acordar as seis da matina. todos os dias. mas só levantava as oito. reprogramava o seu despertador várias vezes. dizia que se sentia bem assim. acordava mais descansado. numa sexta-feira qualquer resolveu que não iria trabalhar. desligou o despertador. ficou deitado. acordado. contando os mosquitos do teto. pensou que poderia ficar o dia inteiro ali, afinal, eram muitos mosquitos e além deles, ainda havia uma infinidade de moscas no teto de seu quarto. ouviu o telefone tocar. desligou-se do barulho. o telefone voltou a tocar. colocou o travesseiro na cara e adormeceu. acordou com o telefone a insistir.
- alô?
- Magoo?
- quem deseja?
- eu quero falar com o Magoo...
- ele não se encontra, meu amigo, na verdade ele tá deitado e me pediu pra não incomodá-lo.
- é que estão precisando dele lá na prefeitura, tem uma oficina pra ela ministrar.
- sei... e pagam quanto?
- olha, o Prefeito disse que uma mão lava a outra.
- entendi. diz pro Prefeito que a mão do Magoo tá limpa.
desliga. volta pra cama. assim que ele deita, o telefone volta a tocar.
- Alô?
- o Magoo, por favor?
- quem deseja?
- é da parte do Departamento de Cultura do Estado...
- sei...e aí?
- o pessoal aqui tá precisando dele, eles querem que ele faça uma pecinha de Natal e dizem que só ele pode realizar.
- sei...e pagam quanto?
- olha, o pessoal aqui mandou dizer que vai ser bom pro Maggo, pois vão divulgar o nome dele em toda a cidade...
- diz pro teu pessoal que o Magoo não tá afim de publicidade.
desliga. volta pra cama. deita-se. o telefone toca. ele liga a tv e coloca na estação de rádio. aumenta o blues sorteado. empurra, com os pés a porta do quarto. apaga em seus sonhos infinitos.



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