quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

AS CIDADES E AS SERRAS

outro dia estive falando dos livros que tenho que ler para o meu curso de Letras. meti o pau. já acostumado com as pérolas que me pedem pra ler, meti o pau mesmo. bom, hoje eu terminei de ler o primeiro de Literatura Portuguesa II, A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós. O cara me surpreendeu. No início, muita descrição, como eu havia escrito por aqui. chato demais, mas no decorrer, comecei a me acostumar com aquela linguagem da época. do capítulo oito em diante, o cara, simplesmente me pegou. aliás, ele escreve pequenos capítulos, chega no oitavo e no nono ele emenda imensos textos e que acabaram por me pegar de jeito. vejam bem, não tenho a pretensão de fazer uma crítica literária, longe disso, mas o cara me pegou legal. daí por diante, é tudo belo, tudo conectado. tá legal, o cara faz uma crítica ao progresso, tudo bem, isso tá na cara, tá nas letras, mas o jeito que ele escolhe pra contar essa história é maravilhoso. um cara que é obstinado pela cidade e doente por suas consequências, um pessimista de mão cheia, como quase todos nós que vivemos em cidades, de repente vai pro mato e tudo muda. o encanto da serra, da vida rural o enfeitiça de tal modo que o indivíduo esquece completamente os encantos da cidade. engraçado que as desgraças da cidade grande evidenciam cada vez mais com o decorrer da permanência de seu personagem pelas serras. não é o discurso negativo das cidades que faz com que o leitor pense ser ruim por lá, e sim o deleite de viver entre árvores, campos e outras calmarias que me pôs em cheque quanto ao verdadeiro valor de estar por aqui, na cidade. muito bom, como diz Jacinto, personagem de Eça, - o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado. se fudeu, né, Jacinto! descobriu que não é nada disso. me surpreendi com Eça, embora ainda ache um saco o excesso de descrições em sua linguagem. mas é a época. é a linguagem do cara. fechei esse feriado com chave de ouro. o próximo será As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis. espero que ele me surpreenda tanto quanto o Eça de Queirós.



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