sentou no bar e pediu um uísque. o garçon olhou com desdém. deu uma risada e se mandou. não entendeu a reação do cara. acendeu um cigarro e esperou. não estava nem um pouco afim de uma briga. na verdade, acabava de surrar um guardador de carros. vinte pratas para guardar seu 147 é sacanagem.... esse era o tipo de carro que nem Deus se preocupava mais. o garçon trouxe a sua bebida. e deu mais uma risada. ele não segurou e perguntou, - qual foi? saí de casa sem tirar a melancia da cabeça? o cara simplesmente deu outra risada e saiu. ele deu uma tragada potente. lembrou-se de sua analista. não queria decepcionar a coitada. tantos anos de estudo e com poucos resultados na manga. resolveu dar crédito para Freud. emborcou o copo de uma só vez. fez sinal para o garçon, que logo lhe trouxe o cardápio. ele disse que não estava com fome e o cara insistiu, - pra ficar aqui você precisa comer. ele retrucou, dizendo não estar com fome e que só queria mesmo fumar e tomar uns tragos. o pinguim insistiu, - não vai dar. você precisa comer alguma coisa. ele se esqueceu da psicóloga e gritou, -olha, seu filho da puta, não tô afim de comer porra nenhuma, mas se você insiste, vira esse rabo gordo que eu traço. e traço agora! uma morena, que observava tudo à distância, levantou-se. os beberrões do balcão também interromperam seus rituais de suicídio e o encararam. a bandinha, que tocava The Doors e muito mal, silenciou-se. um gordo, barbudo e lotado de espinhas na cara, muito mau encarado, gritou do andar de cima do bar, - ei, seu fuleiro, qual o problema? come logo qualquer porra! e vê se não enche o saco. ele ficou muito puto. não gostava de ser chamado a atenção. abriu a mochila pesada e sacou uma metralhadora. - vocês querem que eu coma? vocês querem que eu coma qualquer porra? então toma, seus filhos da puta! descarregou a metralha em todos os clientes. foi pulo para todos os cantos. os que não faleceram, ficaram, no mínimo com o pé furado. caminhou até a mesa do lado, pegou uma coxa de galinha gelada. mordeu. não viu mas nenhum obstáculo. foi até o balcão, pegou uma garrafa de Jack Daniels e disse, - quanto custa essa bosta? não tinha ninguém para lhe responder. deu uma risada e saiu do bar. foi atropelado por um caminhão da Sadia, que trazia escrito no baú: QUER COMER O QUÊ?
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