- ele não chegou ainda...disse o mais velho.
- sério? Mas ele combinou comigo...ela respondeu.
- quem é você? É filha dele? Falou Tony Esotérico. Ela gaguejou. Olhou certeira para os meninos babões, uns com as mãos para frente do corpo, escondendo a empolgação, outros com o olhar fixo em seus peitões. Ela deu uma risada, colocou o indicador na boca e em seguida respondeu com voz de vítima.
- sim, sim, é meu papaizinho. A moçada só faltou gritar. Foi um coça daqui, se ajeita de lá. E a menina curtindo demais a situação. Naquele dia, o papaizinho dela havia cancelado o jogo semanal. Ela não sabia disso. E nem eles. O coroa havia viajado para São Paulo. Tinha negócios urgentes na Terra da Garoa. A gostosa das pernas imensas alimentou a conversa. Tony Esotérico, mais feio do que um cão chupando manga, mas que tinha uma lábia legal, inventou uma conversa qualquer para segurar a gata. Ele sabia a língua das prostitutas e aproveitou sua experiência no diálogo. E tudo indicava que a filha do velho, na verdade, era uma puta de luxo. Dessas que fazem faculdade, moram com os pais, que ainda tem noivos com data marcada para o casamento e que não dão a bunda para eles nem por um decreto, mas que vivem uma vida dupla, sem que ninguém saiba a fonte de seus rendimentos. Para todos os fins, Beth, A Puta, era promotora de uma empresa de gêneros alimentícios. E ninguém tinha dúvida de que ela vendia comida. E com certeza era muito, quer dizer, muita comida! E das boas. Depois de meia hora de conversa, e sem esperanças da chegada de seu papaizinho, ela resolveu que não iria perder a viagem. Ela não era dessas que ficavam na esquina, nada disso, Beth era alto luxo, mas também sabia o momento certo de baixar o nível, ainda mais com a imagem de suas contas vencidas na porta da geladeira. Ela olhou para os olhos arregalados daqueles meninos tarados, nas babas nervosas que escorriam pelas suas bocas e pensou que poderia sair dali com algum nas mãos. Estava decidida a não perder a viagem. Conversa vai... conversa vem... ela começou a provocar os garotos. O mais novo ali tinha 15 anos, Xandinho, um gordinho com dentes podres e a boca com cheiro de esgoto. E que adorava comer pão com banana. E ainda virgem. O mais velho, Tony Esotérico, tinha 19, mas aparentava 30 com aquela cabeça calva e cheio de cabelos pelo corpo. Beth aqueceu o papo. Puxou assunto sobre namoradas, mandou alguns falsos elogios aos meninos e assim a conversa desenrolou com a maior tranqüilidade. Os garotos, que antes estavam intimidados com a imagem daquele avião monumental, depois de um tempinho de lorotas já até acreditavam no interesse dela por eles. E a conversa ficou mais quente. Ela, já sentada no chão, e com a calcinha à mostra, sabia que poderia conseguir tudo que quisesse com os tarados do cabeça. Ela deixou a conversa chegar a tal ponto em que Xandinho, o mais novo e mais abusado levantou a hipótese dela ensinar à eles alguma tática certa para que eles pudessem conquistar uma gata como ela. A isca foi lançada e os peixes já brigavam por morder o anzol. A profissional não vacilou, fez a proposta indecente, que fez os meninos até tossirem de nervoso. Um sonho impossível estava prestes a ser realizado. Nunca eles puderam imaginar que teriam algum contato físico em suas vidas com uma dama daquele naipe. Beth era descolada e como toda puta, não tinha o menor senso de perdão. Prometeu uma mamada em cada um dos cinco meninos. Isso se eles lhe pagassem R$ 50,00 cada um. Ela estava acostumada a ganhar R$ 1.000,00 com o papaizinho, mas tinha que dormir com ele e aturar todo aquele bafo de alho que impregnava o quarto. Nesse caso, ela iria faturar ¼ e apenas com mamadas, que ela tinha a certeza de que não duraria nem 30 segundos de trabalhos forçados. Talvez o mais velho desse um pouco mais de trabalho, mas ela sabia muito bem o que fazer para acelerar o processo do gozo. Estava decidida em não perder a viagem. Foi um corre-corre para dentro de suas casas. Os moleques não tinham nenhum tostão. Alguns reviraram a carteira de seus pais, que já dormiam àquela hora. Outros trouxeram o cofre. E ela foi logo avisando, - não aceito moeda! Foi um desespero geral. Outra correria e no final das contas todo mundo roubou o dinheiro de seus pais. Ela entrou na lixeira com Xandinho, que gozou desesperadamente ao ver a Puta abaixar a calcinha. Os outros não passaram muito disso. Tony Esotérico, o mais velho, brochou, mas teve que pagar assim mesmo. Ela despediu-se dos jovens e saiu do prédio antes da meia-noite. Os meninos não voltaram para as suas casas. Passaram a noite no corredor tentando descrever o que acontecera ali. Foi um festival de vantagens. Não queriam dormir e dar fim a noite incrível e inesquecível que tiveram. Coitado do mais velho, que sofreu nas mãos dos mais novos. O caso da Santa Beth, como ficou conhecida a história no bairro, virou lenda, pois ninguém, até hoje, acredita que aquilo tenha acontecido de verdade.

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