terça-feira, 10 de junho de 2008

AINDA TEM MUITO TEMPO PRA MANDAR BEM

Saiu de casa às pressas. Bateu a porta. Descançou a cabeça nela. Não sabia que próximo passo tomar. Segurava apenas um casaco. Saiu assim. Sem tempo. Olhou em direção da rua e não conseguiu encontrar o seu fim. O céu estava em movimento. Viu sua relação em questão de segundos. Foi uma porrada no queixo. Escorregou-se pela porta até o chão. Parecia uma esporrada no ladrilho do banheiro após uma punhetabembatidaefartadeleite. Se sentiu culpado. Mas nada o faria tomar atitude contrária. Tudo para ele era motivo de humilhação. Levantou-se. Colou a testa na porta. Rezou baixinho para um Deus qualquer lhe ouvir. Os soluços internos desviaram a sua atenção. Ela não estava nada bem. Era uma mulher com mania de perseguição. Bastava olharem em seus olhos por segundos e ela já partia para porrada. E sempre com a cara trastornada, dessas de cadêminhabolsaprospapsquiátrico? Tinha no currículo algumas tentativas de suicídio. Suas balinhas eram as de tarja preta. Ele ficou agoniado. Falou o nome dela baixinho. Só soluços. Aumentou a voz. Soluços e ameaças. Gritou. Soluços e berros de pedido de socorro completamente desesperados. Ele socou a porta. Chutou. Bateu na porta dos vizinhos. Nem uma alma viva nas redondezas. Voltou e tentou conversar com sua apaixonada. Já não ouvia os soluços. Já não ouvia mais nada. Mais uma vez percebeu que havia tomado a decisão errada. Não devia ter saído para buscar ajuda. Queria tanto ter ouvido a última palavra que ela disse antes de morrer.



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