quarta-feira, 25 de junho de 2008

PÉ DE VALSA ENGOMADINHO, PORRA NENHUMA, CARA!

Chegou no baile todo amarrotado. O cabelo pouco grudado na cabeça até que dava seu charme. Limpou os sapatos nas costas da calça e invadiu o salão. Deu uma geral e separou as gatas das barangas com o olhar. Pediu uma coca. Filou um careta. Jogou bolas de fumaça pelo ar. Bolas que se transformavam em corações. Ajeitou a pica no lugar e partiu à sua caça. Era um bote fácil demais. Fazia sempre assim quando queria curtir a noite com mais de uma mulher. A presa fácil atraía as piranhas mais caras. Dançou um bolero. Beijou muito. Ele e sua parceira provisória arrasaram na pista de dança. Se valesse prêmio, com certeza teriam levado um. Esquivou-se de sua dançarina e arrastou as asas para um outro lado. Deu de cara com uma morenaça. Muito alta. estilo - já derrubei muito caboclo por aí... Estacionou ao lado e puxou assunto.
- Então? Mandou ele.
- Já é! Mandou ela. Simples. Dançaram a noite toda. Haviam escolhido um ao outro. Foram os últimos do salão. O sol já cutucava a moleira dos boêmios sem endereço certo. Eles foram tropeçando aos beijos pelo caminho, trocando babas nervosíssimas, se apalpando de montão. E foi assim, durante todo o tenebroso percurso até o motel à beira da estrada. A única coisa que lembraram de pedir, apenas com gestos, foi para que não os incomodasse jamais. Nunca mais.






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