domingo, 15 de junho de 2008

SALVADOR DALÍ III


Completou com uísque seu último gole de café requentado e já frio. Bebeu de uma só vez. Nem fez cara feia. Até porque não tinha uma outra. Pegou as chaves de casa, a capa de chuva e colocou Helena nos braços. Bateu a porta. Dirigiu-se ao elevador e esperou. Demorou. Acendeu um canceroso. Demorou. Acariciou Helena. Resolveu descer as escadas. Oito andares. Isso não seria um problema se não estivesse acompanhado. Era pesada demais. Quando estavam atracados, parados, a coisa rolava que era uma beleza. Helena gemia barulhos infernais. Deixava qualquer um enlouquecido. Era tudo que precisava na vida. Não podia viver sem ela. Depois de muito sufoco e cuidado para não machucá-la, ganhou a rua. Acenou para um táxi. Nada. E outro. E nada. As horas não brincavam. Eles não podiam perder aquele trabalho. E não perderam. A casa lotada. Gente caindo pelo ladrão. O ambiente tomado pela fumaça dos cigarros. Parecia que todos os fumantes resolveram ir ao mesmo local aquela noite. Ele e Helena dirigiram-se ao palco. A banda já estava por lá. Ele despiu Helena. Apoiou-a em suas pernas, que ficaram aquecidas. E meteu a vara ali mesmo. Ela gemeu sem reclamar e levou a platéia ao êxtase total. Chegou em casa pela manhã. Bebaço. Jogou seu violoncelo, a Helena, na cama. Empurrou alguns comprimidos goela abaixo e caiu pregado no chão. Quase apagou como a linda Monroe.




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