terça-feira, 10 de junho de 2008

ESTIVE AQUI

(trilha sonora para a leitura: Diamonds on the Inside - Ben Harper)

Chegou no trabalho com cara de poucos amigos. Trazia um copo descartável com café. Largou sua bolsa no chão. Ao lado da cadeira. Sentou-se. Passou uma rápida vista no ambiente. Era um espetáculo ao vivo. Inacabado e inacabável. Estava farto de tudo aquilo. Queria dar um berro naquela sala. Xingar todos eles. Pegou o jornal na mesa ao lado e abriu os classificados. Foi na parte de acompanhantes. Escolheu o anúncio mais atraente. Ligou. Falou besteiras pelo telefone e ficou de pau duro. Já estava valendo. Marcou no seu próprio trabalho. Combinou com a puta que ele iria esperá-la na parte de trás. No horário marcado ela chegou. Ele estava cortando as unhas com uma tesourinha da repartição. Não deu nem tempo para ela terminar o cumprimento e ele colocou seu pau para fora, agarrou seus cabelos e levou sua cabeça, com força, para chupá-lo. Como um centroavante que pega de bate e pronto ela engrenou uma sugação infinita. Sugou e arranhou a barriga dele, que sem aguentar esmurrou a lata de lixo ao lado. Tudo no silêncio. Gozou. Não tinha imaginado dessa forma. Queria meter. Tentou.
- pera aí, disse a puta, afastando-o para trás.
- Que isso, vadia, agora eu quero te fuder! Falou e já foi levantando o vestido dela.
- já foi, meu irmão, você ainda me deve uma gozada. Ela cobrava por gozada. Poderia pegar algum homem que demorasse muito para gozar ou, como na sua grande maioria, faturava com os ejaculações precoces que atendia todos os dias. Era o risco da profissão.
- porra nenhuma. A gente nem começou? Tô pagando uma foda. No anúncio não falava nada de gozada. No cú que tu vai me enrolar. Vem cá, piranha! Deu-lhe um tapa que pegou no pescoço e no pé da orelha. Ela rolou meio-fio. Ele a trouxe de volta para o canto. Colocou- a de bruços na lixeira e meteu com força. Ela nem gemeu. Ele soltava urros esganiçados, quase silenciosos. E mais uma vez gozou. Precocemente. Se afastou para se arrumar. Ela se virou. Olhou um monstro à sua frente. Sacou uma gilete do soutien e cortou um talho do seu pescoço. Esguicho. Ela se abaixou. Guiou o corpo até o repouso. Afastou- o. Vasculhou a carteira dele e levou tudo o que poderia ser transformado em dinheiro. Interrompeu sua ida. Pegou a gilete. Abriu a calça dele. Tentou em vão escrever no seu pau:
ESTIVE AQUI




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