quinta-feira, 12 de junho de 2008

POW...PLAFT...TRABLEFT

Entrou na rotatória assustado. Não gostava de dirigir ao meio-dia. Exitou. Lembrou-se do piloto de fórmula 1 na saída dos boxes. Ele sabia que precisava acelerar para enfiar o carro na pista. Não pensou duas vezes. Arriscou. Não escolheu a hora certa. Uma caminhote alucinada veio na sua cola. Ele arrancou o máximo do seu caidinho. Quase bateu na outra pista. Sinal vermelho. Freada brusca. Deu até para ver a cicatriz na testa do motorista da frente pelo retrovisor do próprio. Sofreu com a demora do sinal. Não suportava ficar parado em alguns momentos. Sentiu o caidinho encolher.
- essa porra tá me apertando, se ajeitou no banco, abriu os braços e mexeu os ombros. Sinal verde. Passou a marcha. Morreu. Buzinas estéricas. Acelerações repetidas. E total desespero.
- essa merda tinha que desistir agora? Tentou ligar várias vezes. A bateria nem gemia. Energia zero. Em pouco tempo viu o seu carro parado no meio de uma pista com carros em alta velocidade. Torceu pelo próximo sinal. Mas lembrou-se das buzinas e das acelerações repetidas e resolveu se mandar dali. Sem pensar, abriu a porta do carro. POW...PLAFT...TRABLEFT, a porta decolou. Poderia ter perdido o braço. Por pouco. Olhou para trás e percebeu um intervalo. Se sentiu um surfista na arrebentação. Mergulhou para o outro lado da calçada. Do chão, avistou o caidinho encolhido como um inseto amedrontado. Pegou o celular e teclou o número do reboque. POW...PLAFT...TRABLEFT, um caminhão de melancia atropelou o seu veículo.
- Alô!
- deixa pra lá...




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