terça-feira, 17 de junho de 2008

AMOR CLICHÊ

Apareceu na concentração completamente bêbado e atrasado. O Diretor de Bateria só olhou. Abriu a torneira enferrujada do banheiro e molhou a cara encharcada. Enxugou-se com o restinho do papel higiênco e saiu. Pegou seu tarol e pediu uma gelada no bar. Acalmou-se. Ainda deu tempo até para azarar uma preta gostosa. Mulher do Diretor de Bateria. Sapecou-lhe um beijo. A casa caiu. Acordou meio zonzo com um cara pesado em cima de sua barriga, só deslanchando de mão fechada. Sentiu gosto de sangue na boca. A mulher não parava de berrar. Tumulto geral. O cara não desgrudava. E a bateria, na intenção de acalmar ou distrair, começou a tocar. Arrancaram o cara. Ficou só um corpo torto espalhado no chão. A mulher chorava como uma criança. O marido a pegou pelo braço. Ela arrastou junto uma garrafa de cerveja e a destruiu em sua cabeça. Espatifou vidro igual granada em campo de batalha. A bateria parou. Ela se aproximou dos pedaços, ajoelhou e juntou tudo dentro do seu coração.





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