terça-feira, 17 de junho de 2008

CIDADE DAS CEM CÚPULAS

Subiu a ladeira na primeira hora iluminada do dia. Olhou a cidade adormecida. Poucas luzes ainda necessárias. Colocou o boné para trás. Acendeu um canceroso. E fumou. Sentou-se no seu carrinho de rolimã e o aqueceu para frente e para trás. MP3 agitado na orelha. Jogou a guimba longe com um peteleco e apenas observou o rastro de sua fumaça. Lembrou do fim com sua namorada.
- se quer ir a exposição daquela piranha, não precisa nem bater na porta de volta!
Aumentou o som. Firmou o boné. E despencou com tudo no tapete neurótico. Seus ossos se separavam a cada curva. A cabeça pesava. As mãos agarradas ao seu carrinho. As pernas eram as mais exigidas. Davam a direção. Chegou a curva do skatista sem braço. Seu coração quase pediu para voltar. Desejo impossível até para algum gênio da lâmpada. Jogou seu corpo para o outro lado, fez um contra-peso, rezou, berrou. Capotou quinze vezes até o barranco em que foi encontrado na noite do dia seguinte. Morto.




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