segunda-feira, 9 de junho de 2008

TEM TEMPO...

Chegou cedo no hospital. Estava há três meses tentando marcar consulta no médico. Não poderia nem correr o risco de se atrasar. Trazia todos os exames solicitados pela doutora, mas acreditava que alguns já deveriam estar vencidos. A Assistente começou a gritar os nomes dos pacientes. Chamou o seu. Era o nono da lista. Dava tempo até de sair para almoçar. A sala de espera tinha muita informação para um paciente no estado em que ele estava. Televisão, muita conversa misturada, gente quebrada e muitos circulando pelo ambiente. Era demais para ele. Resolveu fumar um cigarro do lado de fora. Se aproximou do vendedor de cd pirata. O ambulante tinha um som ligado. Tocava um Led Zeppelin. Estranhou aquela situação. Dentro do hospital? Era mais fácil encontrar Calcinha Preta. Sentou-se. Ouviu. Acendeu o canceroso. Aproximou-se dele um senhor de idade.
- meu filho, sabia que isso mata? Disse, com uma voz bem suave. Angelical.
- tô sabendo...respondeu e deu uma leve tragada.
- aproveita que tá dentro do hospital e trata disso, falou o velhinho simpático.
- vovô, seguinte, o meu problema não é o cigarro, falou na cara-de-pau.
O velhinho não entendeu, como não seria um problema se ele estava fumando? Então o jovem concluiu.
- o meu problema é a vontade que sinto de acender mais um que não me larga. Se ela desaparecer, aí eu largo o cigarro, disse o cara e deu uma forte e demorada tragada.




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